
O
Brasil registrou um recorde de 5,196 milhões de entidades empresariais
formais em 2021. Em dois anos de pandemia, houve abertura líquida de
mais de 512 mil empresas privadas no País. Os dados são do levantamento
Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo 2021,
divulgados nesta quinta-feira, 26, pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Foi
o terceiro ano seguido de saldos positivos na abertura de empresas,
depois de cinco anos consecutivos de extermínio de companhias.
Segundo
o IBGE, o bom desempenho pode ter influência de diferentes fatores,
entre eles os incentivos do governo a empresas e manutenção de empregos
durante a crise sanitária, e a mudança recente na metodologia de cálculo
do levantamento do IBGE, que tem como base o Cadastro Central de
Empresas (Cempre) – e passou a incorporar também as informações do
eSocial, num processo de substituição gradativa dos dados da Rais
(Relação Anual de Informações Sociais).
Outro elemento que pode
ter influenciado o resultado é o chamado empreendedorismo por
necessidade, movimento de abertura de CNPJs por trabalhadores que
perderam seus empregos ou que precisaram complementar a renda da
família.
“Isso a gente vai ver principalmente nas empresas de
pequeno porte. O crescimento acelerado fora do comum nas empresas de
pequeno porte, que não contratam trabalhadores, significa que pode haver
ali indicativo de empreendedorismo por necessidade”, diz Thiego
Ferreira, gerente da pesquisa do IBGE.
O
retrato apresentado pela pesquisa considerando o porte da empresa
mostra que o recorde foi puxado justamente pela abertura de CNPJs sem
pessoal ocupado assalariado, ou seja, sem funcionários contratados. Esse
universo de empreendedores alcançou um ápice de 2,748 milhões em 2021.
Em três anos de crescimento, o País ganhou mais de 728 mil entidades
empresariais desse porte, sendo 439 mil delas abertas nos dois anos de
pandemia (2020 e 2021).
No grupo de empresas com 1 a 9
trabalhadores assalariados, havia 1,976 milhão de empresas ativas, 71
mil a mais que no ano anterior, mas ainda aquém do recorde de quase 2
milhões alcançado em 2015.
Na faixa que empregava 10 ou mais
funcionários assalariados, havia pouco mais de 472 mil empresas ativas,
quase 29 mil a mais do que em 2020, mas ainda abaixo do auge, de cerca
de 489 mil companhias existentes, em 2014.
Em 2021, as quase 5,2
milhões de empresas ativas no País empregavam 41,7 milhões de pessoas
ocupadas, sendo 34,3 milhões (82,4%) como assalariadas e 7,3 milhões
(17,6%) na condição de sócios ou proprietários. Os salários e outras
remunerações pagos por essas entidades totalizaram R$ 1,2 trilhão. O
salário médio mensal foi de R$ 2.823,92. A idade média das empresas era
de 11,4 anos.
No ano de 2021, 82,2% das empresas ativas eram
sobreviventes, 4,3 milhões. As demais (17,8%) existentes foram as que
entraram no mercado, 926,1 mil empresas (776,9 mil nascimentos e 149,1
mil reentradas).
A
taxa de entrada de empresas foi de 17,8%, enquanto a taxa de saída
ficou em 11,7%, a mais baixa da série histórica. Em 2021, 605,8 mil
empresas tiveram suas atividades encerradas, o que, considerando também
as entradas, gerou um saldo positivo de 320,2 mil empresas a mais no
ano, o maior da série histórica da pesquisa.
Segundo Thiego
Ferreira, o saldo positivo no número de empresas foi mais influenciado
pela queda na taxa de saída. No ano anterior, em 2020, a taxa de entrada
foi de 16,9%, enquanto a taxa de saída foi de 13,0%, gerando um saldo
positivo mais modesto, de 192 mil empresas a mais.
O segmento de
comércio foi o que mais contribuiu para o saldo positivo de 2021, com 66
mil empresas a mais, seguido pelos ramos de atividades profissionais,
científicas e técnicas, mais 53,4 mil, e saúde humana e serviços
sociais, mais 45,2 mil.
Empresas de alto crescimento
O
levantamento mostrou ainda que houve um aumento de 13,4% no número de
empresas empreendedoras no País, totalizando 27,6 mil companhias de alto
crescimento em 2021.
As
empresas de alto crescimento, chamadas de empreendedoras, são aquelas
com pelo menos 10 empregados assalariados que aumentaram as contratações
acima de 20% ao ano por três anos.
Em 2021, as empresas
empreendedoras ocupavam 3,971 milhões de assalariados, um aumento de
11,7% no total de funcionários atuando nessas entidades empresariais em
relação ao ano anterior.
O levantamento do IBGE compreende apenas
as entidades empresariais privadas consideradas ativas, ou seja, exclui
órgãos da Administração Pública, entidades sem fins lucrativos e
organizações internacionais listadas no Cempre. Os Microempreendedores
Individuais (MEI) também não são considerados no estudo, frisou o IBGE.