terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Atividade econômica tem alta de 2,45% em 2023

 


Em dezembro, indicador ficou positivo em 0,82% 
 
 
O resultado foi menor que em 2022, quando a alta foi de 2,77%

A atividade econômica brasileira registrou alta em 2023, de acordo com informações divulgadas nesta segunda-feira (19) pelo Banco Central (BC). O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 2,45% no ano, resultado menor que em 2022, quando a alta foi de 2,77%. No último trimestre do ano passado, houve aumento de 0,22% no IBC-Br, uma recuperação parcial em relação ao trimestre anterior (julho a setembro), quando houve queda de 0,64% de acordo com dados dessazonalizados (ajustados para o período). Em comparação ao trimestre de outubro a dezembro de 2022, a alta foi de 1,8% (sem ajuste para o período, já que a comparação é entre meses iguais).

Para o mês de dezembro, o resultado do IBC-Br foi um aumento de 0,82%, atingindo 147,63 pontos. Na comparação com o mesmo mês de 2022, houve crescimento de 1,36% (também sem ajuste para o período). O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica do país e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, definida atualmente em 11,25% ao ano. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade de setores da economia – indústria, comércio e serviços e agropecuária –, além do volume de impostos. A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação. Quando o Comitê de Política Monetária do BC aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas ajudam a redução da inflação, mas também podem dificultar a expansão da economia. Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

O comportamento dos preços já fez o BC cortar os juros pela quinta vez consecutiva, em um ciclo que deve seguir com cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. Em comunicado, o Copom indicou que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista "necessária para o processo desinflacionário". O órgão informou que a interrupção dos cortes dependerá do cenário econômico "de maior prazo". De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de Covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Divulgado mensalmente, o IBC-Br emprega uma metodologia diferente da utilizada para medir o Produto Interno Bruto (PIB), que é o indicador oficial da economia brasileira. Segundo o próprio BC, o índice "contribui para a elaboração de estratégia da política monetária" do país, mas "não é exatamente uma prévia do PIB." O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país. Com resultado trimestral, superando as projeções, no terceiro trimestre do ano a economia brasileira cresceu 0,1% na comparação com o segundo trimestre de 2023, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre janeiro e setembro, a alta acumulada foi de 3,2%. Com o resultado, o PIB está novamente no maior patamar da série histórica, ficando 7,2% acima do nível de antes da pandemia, registrado nos três últimos meses de 2019. Os dados do quarto trimestre de 2023, com o consolidado do ano, serão divulgados pelo IBGE em 1º de março. Em 2022, o PIB do Brasil cresceu 2,9%, totalizando R$ 9,9 trilhões.

Com Agência Brasil

Indústria tem investido mais no desenvolvimento de produtos de menor impacto climático

 


Dados estão na 27ª Global CEO Survey, pesquisa anual da PwC que ouviu mais de 4,7 mil líderes em mais de 100 países, incluindo Brasil 
 
 
Luciana Medeiros, sócia da PwC Brasil, revela que a pesquisa também mostra otimismo maior entre os empresários brasileiros
 
 

A 27ª Global CEO Survey, pesquisa anual da PwC, que nesta edição ouviu mais de 4,7 mil líderes em 100 países, incluindo o Brasil, revelou que CEOs da indústria de consumo e varejo brasileiro tem investido mais no desenvolvimento de produtos de menor impacto climático que a média geral de outros setores do país. Enquanto 83% dos CEOs do setor afirmaram ter projetos de inovação em desenvolvimento ou concluídos em produtos ou serviços de baixo impacto climático, a média geral do país é de 63%. A disrupção tecnológica e as mudanças climáticas são duas megatendências globais que têm impulsionado a reinvenção dos negócios de forma geral e estão em destaque nesta edição do estudo, no setor de consumo não é diferente. Isso gera uma crescente inquietação entre os CEOs em relação à sustentabilidade dos seus negócios: 41% dos participantes no Brasil (45% no mundo) duvidam que, na trajetória atual, suas empresas devem se manter viáveis nos próximos dez anos. No setor de varejo, este percentual é de 30%.

Ainda sob a ótica do compromisso ambiental, o setor de consumo e varejo nacional se destaca da média geral em projetos de descarbonização, mas mantém planos mais tímidos para outras ações climáticas e mostra que há muito em que avançar. Do total de entrevistados do setor, 87% possuem projetos de eficiência energética em curso ou finalizados, enquanto, na média geral do país o percentual é de 71%. A venda de produtos, serviços ou tecnologias que apoiem os esforços de resiliência climática é uma realidade para 67% dos líderes varejistas no Brasil, enquanto a média nacional é de 48%. Por outro lado, apenas 13% dos líderes do setor disseram que já incorporaram os riscos climáticos ao seu planejamento financeiro, o percentual ainda é maior que a média dos CEOs brasileiros, de 9%. Tomadores de decisão do setor de consumo e varejo do país indicam, inclusive, que aceitariam ter menos retorno diante de investimentos mais sustentáveis. Dos líderes ouvidos, 40% afirmam que as empresas aceitam taxas mínimas de retorno para investimentos de baixo impacto climático. No Brasil, o índice é de 34%.

A segunda megatendência com implicações sistêmicas e existenciais para as empresas levantada pela 27ª Global CEO Survey é a disrupção tecnológica. A pesquisa revela que 63% dos líderes de consumo e varejo entrevistados no Brasil acreditam que as mudanças tecnológicas afetarão muito a forma de gerar valor ao negócio nos próximos três anos. Outros 57% indicaram que a inovação influenciou a geração de valor nos últimos cinco anos. Essa mudança de visão traz consequência direta para as perspectivas de futuro sinalizadas pelos líderes na pesquisa. "Ainda que haja esse ponto de atenção, há também um otimismo no setor. Dos líderes de consumo e varejo no Brasil ouvidos na pesquisa, 53% estão confiantes quanto ao crescimento econômico do país, percentual próximo à média dos brasileiros, de 55%. Observamos que este otimismo é maior que a média global, de 44% e atribuímos, possivelmente, pelo cenário de redução de juros no país", avalia Luciana Medeiros, sócia da PwC Brasil.

A adoção da Inteligência Artificial (IA) e a sua capacidade de mudar a operação das empresas é um dos destaques da 27ª Global CEO Survey. A adoção dessa tecnologia no setor de consumo e varejo e a adaptação da estratégica tecnológica para lidar com a inovação que ela representa estão abaixo da média geral das empresas brasileiras. "Apenas 23% dos líderes de consumo do Brasil disseram ter adotado a IA generativa em toda a empresa, enquanto a média no Brasil foi de 32%. A diferença é ainda maior quando perguntamos se a empresa mudou a sua estratégia de negócio por causa da IA. Enquanto 17% dos CEOs do setor de consumo e varejo fizeram alguma mudança neste sentido, no Brasil, a média foi de 34%", destaca Luciana.

Os líderes de consumo sinalizam uma perspectiva de avanço no uso dessa tecnologia para os próximos 12 meses. Para 50% dos respondentes da indústria de consumo e varejo, a IA generativa vai melhorar a qualidade dos produtos e serviços das empresas nos próximos meses. Além disso, 33% destacam que esta tecnologia aumentará a capacidade da empresa em gerar confiança. Para os próximos três anos, 70% dos CEOs de consumo e varejo indicam que a IA vai gerar novas habilidades da sua força de trabalho. Além disso, 60% acreditam no aumento da competitividade no setor a partir da adoção da inteligência artificial e 63% acreditam na mudança significativa na forma como as empresas do setor podem criar e entregar valor a partir da adoção desta nova tecnologia.

 

 https://amanha.com.br/categoria/sustentabilidade/industria-tem-investido-mais-no-desenvolvimento-de-produtos-de-menor-impacto-climatico?utm_campaign=NEWS+DI%C3%81RIA+PORTAL+AMANH%C3%83&utm_content=Ind%C3%BAstria+tem+investido+mais+no+desenvolvimento+de+produtos+de+menor+impacto+clim%C3%A1tico+-+Grupo+Amanh%C3%A3&utm_medium=email&utm_source=dinamize&utm_term=News+Amanh%C3%A3+20_02_2024

Atlas Agro inicia projeto de construção da 1ª fábrica de nitrogenados verdes no Brasil

 


A Atlas Agro, empresa suíça com foco na produção de fertilizantes nitrogenados com zero emissões de carbono, acaba de anunciar a contratação de dois consórcios de engenharia e construção que realizarão, em paralelo e de forma competitiva, o desenvolvimento do projeto de engenharia para a construção da primeira fábrica de fertilizantes nitrogenados a partir do hidrogênio verde no Brasil. A planta será instalada em Uberaba, Minas Gerais, com investimentos totais de cerca R$ 4,3 bilhões (US$ 850 milhões), informa a companhia em comunicado.

Após esta primeira fase de desenvolvimento, a Atlas Agro planeja avançar o projeto para a fase de FEED (Front-End Engineering Design), etapa em que será detalhado todo o projeto da planta, que tem previsão de entrar em operação comercial em 2028. Conforme a Atlas Agro, quando pronta, a planta da Atlas Agro consumirá 2,5 gigawatt-hora (GWh) de energia renovável anualmente.

Em uma operação industrial integrada, a unidade produzirá hidrogênio verde, amônia verde e nitrato de amônia verde. Os produtos finais atenderão aos agricultores locais brasileiros.

A planta aproveitará o know-how e a experiência da Atlas Agro obtidos no primeiro projeto de fertilizantes nitrogenados verdes da empresa no Noroeste dos Estados Unidos.

O cofundador da Atlas Agro e presidente na América do Sul, Knut Karlsen, disse no comunicado: “Estamos animados em iniciar a engenharia de nossa primeira planta no Brasil. Hoje, o Brasil importa mais de 90% de seus fertilizantes nitrogenados, todos produzidos a partir de combustíveis fósseis, como gás natural e carvão. Ao aproveitar as vantagens naturais do País em energia renovável, o Brasil pode substituir suas importações de fertilizantes nitrogenados fósseis por produção local e sustentável. Assim, a proposta da Atlas Agro é contribuir para a reindustrialização verde do Brasil.”

Governo continua aberto à negociação em relação à desoneração, afirma Padilha

 

Vocês fizeram jornalismo”, diz Padilha à CNN sobre imagens ...

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta terça-feira, 20, que o governo está aberto a negociar a desoneração da folha de pagamentos. Também afirmou que ainda não foi descartado o envio de um projeto de lei sobre o assunto para substituir a medida provisória já editada.

Padilha deu a declaração no Palácio do Planalto depois de reunião com ministros, representantes do governo no Congresso e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a agenda do governo no Legislativo em 2024.

O Executivo enviou, no ano passado, uma medida provisória para reonerar as folhas de pagamentos de 17 setores da economia beneficiados com redução de custos trabalhistas. A medida, porém, não foi bem recebida pelo Congresso e corre o risco de não ser aprovada.

A reoneração é parte do plano do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a arrecadação do governo e colocar as contas públicas em dia.

Na segunda-feira, 19, Haddad disse a jornalistas que, além da reunião sobre a pauta do governo no Congresso, depois da qual Padilha deu entrevista, ainda haveria nesta terça uma conversa com o presidente sobre a reoneração da folha.

De acordo com a agenda de Lula, o chefe do governo e Haddad terão uma reunião a sós às 16 horas nesta terça.

Padilha falou ao lado do líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, que ficou em silêncio durante a entrevista a jornalistas. Estavam presentes na reunião, de acordo com a agenda de Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin; os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad, Márcio Macêdo (Secretaria Geral), Alexandre Padilha (Secretaria Geral) e Paulo Pimenta (Secom); os líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, na Câmara, José Guimarães, e no Senado, Jaques Wagner. Além deles, o chefe de gabinete de Lula, Marco Aurélio Marcola.

Perse e reunião com Pacheco

O ministro das Relações Institucionais disse ainda nesta terça que o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) está gerando impactos negativos na economia. Segundo ele, o presidente Lula terá uma reunião com o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o assunto ainda nesta semana.

O encontro também deverá incluir debates sobre a reoneração da folha de pagamentos.

Padilha afirmou que a reunião do presidente Lula, ministros e representantes no Congresso concluída nesta terça-feira no Planalto foi para discutir as prioridades do Executivo no Legislativo neste ano.

De acordo com Padilha, a prioridade é consolidar o “equilíbrio econômico”.


Pesquisa mostra que 73% das lojas virtuais no Brasil são familiares

 


A pesquisa foi realizada em 2024, com base em uma amostra de mais de 23 milhões de sites brasileiros

A pesquisa foi realizada em 2024, com base em uma amostra de mais de 23 milhões de sites brasileiros (Crédito: Pexels)

 

O setor de e-commerce no Brasil apresentou um crescimento forte em relação a 2022. O número de lojas virtuais aumentou em 17% em um ano, chegando a mais de 1,9 milhão. Os dados são da nova edição da pesquisa “Perfil do E-Commerce Brasileiro”, realizada anualmente, pela empresa de dados BigDataCorp. O levantamento foi realizado em 2024, com base em uma amostra de mais de 23 milhões de sites brasileiros.

“Essa edição revela que o comércio eletrônico no Brasil segue em alta, mesmo com a retomada das atividades presenciais. O setor se consolidou como uma opção conveniente, segura e diversificada para os consumidores, oferecendo uma variedade de produtos, serviços e formas de pagamento. A pesquisa também mostra que o e-commerce brasileiro está cada vez mais democrático, atendendo a diferentes públicos e regiões”, afirma Thoran Rodrigues, CEO da BigDataCorp.

A pesquisa aponta um crescimento significativo nas empresas de pequeno porte, aquelas que têm um faturamento anual de até R$ 5 milhões. Esse aumento veio junto com uma queda na parcela de empresas que têm faturamento mais elevado, que hoje totalizam apenas 2.7% do total. 

O estudo apontou que 73,5% dos e-commerces são familiares e que 86% deles tem menos de 10 funcionários. Já 45,7% são na verdade empresas individuais, nas quais apenas o empreendedor trabalha.

Também há uma redução na integração dos canais de venda físicos: a proporção de e-commerces que possuem loja física caiu para 16,5%, contra cerca de 19% em 2022. Os marketplaces, por outro lado, seguem cada vez mais relevantes. O número de e-commerces presentes em pelo menos um marketplace teve um aumento de 61% nos últimos 2 anos, saltando de 14.8% para 23.8%. Ainda para o especialista, a pesquisa evidencia um cenário promissor para o comércio eletrônico no Brasil.

“Esse aumento reflete a resiliência e adaptação do setor em um contexto pós-pandemia. Pequenos negócios estão ganhando destaque, o que mostra uma democratização do e-commerce. A queda na integração com lojas físicas e o aumento significativo em marketplaces realçam a eficácia do comércio eletrônico.” comenta.

Nas lojas online são oferecidos, principalmente, produtos e serviços com preço menor do que R$ 100 (72,3%). Já itens com valores acima de R$ 1 mil tiveram uma queda acentuada de 2022 a 2023 (20,5% vs. 15%). Uma grande parcela dos e-commerces (68,4%), possuem uma variedade de até 10 produtos à disposição do consumidor.

Cerca de 75,6% das lojas online contam com mídias sociais. Embora o Facebook ainda seja a rede mais utilizada, o TikTok vem rapidamente ganhando espaço. Em 2021, estava presente em 1.2% das lojas, e hoje já está em 14%.

 

 https://istoedinheiro.com.br/pesquisa-mostra-que-73-das-lojas-virtuais-no-brasil-sao-familiares/

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Desenrola das empresas pode ter 8 milhões de beneficiados, diz Márcio França

 Desenrola: em cinco dias, dois milhões de nomes limpos ...


Aproximadamente 6 milhões de microempreendedores individuais, além de outras 2 milhões de pequenas empresas que recolhem impostos pelo regime de tributação do Simples Nacional, poderão se beneficiar do programa de renegociação de dívidas que está sendo preparado pelo governo. A estimativa foi feita nesta segunda-feira pelo ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, em participação no período da tarde da reunião do conselho superior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) responsável por temas das micro, pequenas e médias indústrias.

As dívidas dessas empresas se referem tanto a passivos com bancos como atrasos no pagamento de impostos ao governo. “Pode chegar a 8 milhões de eventuais beneficiados”, calculou França, em entrevista a jornalistas durante sua passagem pela sede da Fiesp.

A intenção é lançar até o mês que vem a versão para pessoas jurídicas do Desenrola Brasil, programa que já beneficiou 12 milhões de pessoas com descontos médios de 85% na renegociação de um total de R$ 35 bilhões em dívidas que estavam em atraso.

O ministro disse que certamente muitas empresas vão aderir caso as vantagens do novo programa sejam parecidas com as oferecidas para as pessoas físicas.

Das microempresas e empresas de pequeno porte que, durante a pandemia, recorreram à linha de crédito emergencial do governo, entre 7% e 8% estão hoje inadimplentes em razão da elevação dos juros no período. Este é um dos públicos-alvo do novo Desenrola. “Muita gente se machucou nesses empréstimos”, comentou França.

Para a arrancada do programa, o ministro conta com aproximadamente R$ 8 bilhões em recursos que tinham sido liberados para o Desenrola das famílias, mas que já foram devolvidos por pessoas que decidiram quitar suas dívidas à vista, sem parcelamento.

O montante, explicou o ministro, pode servir para compor um fundo que vai garantir não apenas as renegociações do Desenrola como também linhas com taxas mais baixas a pequenas empresas. A meta, conforme França, é oferecer aos pequenos empreendedores taxas próximas às concedidas a pequenos produtores rurais no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf): 6% ao ano.

Ao conselho da Fiesp, o ministro assegurou que o ministério da Fazenda é simpático à ideia de um programa de renegociação de dívidas a empresas, já que existe lastro financeiro para a iniciativa. A intenção é que, ao regularizarem seus débitos, os empreendedores tenham condições de voltar a contratar crédito e, assim, investir.

De acordo com França, cada bilhão do fundo garantidor pode alavancar R$ 10 bilhões em financiamentos de bancos a pequenos empreendedores, ou R$ 40 bilhões se a operação acontecer por meio de cooperativas. “Para iniciar, o que tem hoje é suficiente.”

Após o lançamento do Desenrola, o ministro explicou que a iniciativa seguinte será na identificação individual de microempreendedores. Atualmente, explicou o ministro, profissionais como vendedores ambulantes e engraxates não contam com um documento que comprove sua situação regular quando abordados, por exemplo, por guardas municipais.


Reforma da governança global domina encontro do G20 no Rio

 


Brasil espera convencer Ocidente da importância do Sul Global no G20, enquanto instância de governança. Entretanto reticência de Lula em relação à Rússia e declarações recentes sobre Israel erodem relações essenciais.O Brasil, que exerce a presidência rotativa do G20, sediará encontros importantes do bloco nos próximos dias. Em 21 e 22 de fevereiro, os ministros do Exterior das maiores economias do mundo se reunirão no Rio de Janeiro. A reunião antecede a cúpula de chefes de Estado do bloco, marcada para novembro.

O encontro do Rio terá no centro da agenda conflitos internacionais como as guerras na Ucrânia e em Gaza. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, e seu homólogo russo, Sergei Lavrov, estarão presentes.

A morte de Alexei Navalny, opositor do presidente russo, Vladimir Putin, numa prisão da Rússia, intensificou o tensionamento entre os dois países. O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou na sexta-feira (16/02) que “não existem dúvidas” sobre a responsabilidade de Putin pelo episódio.

A expectativa é de que Lavrov tenha uma reunião bilateral no Rio com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira. Blinken, por sua vez, vai a Brasília antes do encontro para uma visita ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Postura de Lula quanto a Rússia e Israel erode relações

No domingo, o chefe de Estado brasileiro afirmou ser preciso aguardar o avanço das investigações sobre a morte de Navalny para se posicionar sobre o caso. “Se você julga agora que foi alguém que mandou matar, e não foi, depois você vai [ter que] pedir desculpas”, declarou, durante viagem à Etiópia.

Desde que Lula retornou à presidência, o governo brasileiro adota posições geopolíticas incômodas para o Ocidente. Embora o país tenha condenado a invasão russa nas Nações Unidas, a opção de não se aliar à Ucrânia gerou suspeitas de leniência com Putin, parceiro do Brasil no Brics.

Diante do agravamento da violência em Gaza, Lula endureceu suas críticas às ações militares israelenses, que classificou como “terrorismo de Estado”. Em janeiro, o Brasil se somou à iniciativa sul-africana de denunciar Israel pelo crime de genocídio junto à Corte Internacional de Justiça (CIJ).

Ao comentar o conflito, no domingo, o presidente brasileiro acusou Israel de praticar “genocídio” em Gaza e comparou a situação ao período do Holocausto. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reagiu de imediato nas redes sociais e convocou seu embaixador no Brasil para consultas.

Matias Spektor, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, comenta: “A cada vez que isso acontece, o elo do Brasil com alguns dos seus principais parceiros é erodido. E a troco de quê, exatamente, não é claro para mim. Existe a crença de que, quanto mais o Sul Global se aproxima da China, mais os EUA têm que dar ao Sul Global para impedir que se alinhe à China. Só que essa perspectiva não leva em conta o enorme atrito que isso gera na relação entre países do Sul Global com o Ocidente.”

Reforma da governança global

Brasília considera a presidência do G20 como estratégica para projetar o país como liderança emergente. “Assim como aconteceu no G20 da Índia, Lula também vai tentar fazer que o encontro seja um divisor de águas no sentido de empurrar o Ocidente a fazer um reconhecimento explícito da importância de trazer o Sul Global para dentro dessa instância de governança que é o G20”, projeta Spektor.

Junto com o combate à fome e o enfrentamento das mudanças climáticas, a reforma da governança global é um dos três eixos prioritários da presidência brasileira no G20. No encontro do Rio, será o tema central.

“É preciso que tenha uma nova geopolítica na ONU. É preciso acabar com o direito de veto dos países e é preciso que os membros do Conselho de Segurança sejam atores pacifistas, e não atores que fomentem a guerra”, disse Lula no domingo, em sua passagem pela Etiópia.

As instituições de governança global atuais foram criadas após a Segunda Guerra Mundial. Em linha com outros países do Sul Global, o governo brasileiro entende que esses mecanismos precisam ser oxigenados com a presença de novos atores.

Medo de um retorno de Trump

Em entrevista ao jornal O Globo, o chanceler Mauro Vieira defendeu que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial reduzam “condicionalidades e exigências” para emprestar dinheiro a países em desenvolvimento. “Não digo que é para não ter regras e entregar todos os recursos de qualquer forma, mas ter exigências menores. Tem de haver uma adaptação à necessidade. Não se pode impor uma receita que mata o doente.”

O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB ) Antônio Ramalho avalia que a crise do sistema de governança se deve à negligência dos países responsáveis pela sua criação. Ele alerta para o possível impacto negativo da eventual vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos: “Teríamos um processo bastante significativo na direção de implodir essa ordem. A China, por sua vez, prefere que continue funcionando mal, porque isso aumenta os incentivos para os países migrarem para a Rota da Seda.”

Ramalho lembra que a única reforma importante ocorrida no FMI se deu após a criação do Brics, quando mudanças na distribuição das cotas abriram maior espaço para países emergentes: “É preciso caminhar nessa direção, se quisermos que essas instituições continuem a fazer sentido. Os governos sentem falta de um espaço em que seja possível estabelecer regras de jogo para organizar a sociedade internacional. As Nações Unidas, a OCDE e a Europa não estão sendo capazes de fazer isso.”

Ainda haverá um novo encontro prévio à cúpula do G20: em 28 e 29 de fevereiro, os ministros da área econômica e presidentes dos bancos centrais se reúnem em São Paulo.