As ações da Petrobras operam em queda de mais de 10%
nesta sexta-feira, 8. Os investidores repercutem o balanço do 4º
trimestre de 2023 da companhia e reagem principalmente à decisão da
estatal de não distribuir dividendos extraordinários.
O Conselho de Administração da estatal autorizou a e distribuição de dividendos equivalentes a R$ 14,2 bilhões,
referentes ao resultado da companhia no quarto trimestre de 2023, mas
decidiu reter todo o potencial de dividendos extraordinários, diferente
do ocorrido em 2022.
“O
balanço em si já veio mais fraco, decepcionou. Mas o que chamou
bastante a atenção foi o dividendo. O presidente da Petrobras já havia
falado que a ia revisitar isso, que direcionaria parte disso para
futuros investimentos, especialmente para energia limpa”, descreve o
estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
“Apesar dos
sólidos resultados operacionais e, ainda que inferior, uma decente
distribuição recorrente, acreditamos que isto ficará em segundo plano
para um mercado, que a partir da decisão da empresa em não pagar
dividendos extraordinários, se debruçará intensamente sobre a sua
alocação de capital”, avaliou a equipe de análise da Ativa.
Evolução dos dividendos pagos pela Petrobras
Em
2022, a empresa desembolsou R$ 194,6 bilhões em dividendos, enquanto em
2023 foram pagos R$ 98,1 bilhões em dividendos. Ou seja, uma queda de
49,5%, mostra levantamento da Elos Ayta Consultoria.
Nos últimos
três anos, a estatal distribuiu dividendos vultosos. Em 2022, a empresa
foi a maior distribuidora de dividendos aos seus acionistas na América
Latina e nos EUA. “O volume de dividendos somados da estatal entre 2010 e
2020 foi de R$ 59,2 bilhões, um valor inferior ao desembolsado em 2021,
quando a empresa pagou R$ 72,7 bilhões”, diz Einar Rivero,
sócio-fundador da consultoria.
Apesar de um declínio no lucro em
2023, a Petrobras segue como uma das empresas mais lucrativas do mercado
global de petróleo. Segundo a Elos Ayta, a companhia brasileira manteve
em 2023 a posição de segunda empresa mais rentável em ranking com 13
petroleiras. “Seu lucro em dólares no ano de 2023 foi de US$ 25,7
bilhões, ficando atrás apenas da Exxon Mobil, que registrou um lucro de
US$ 36,0 bilhões no mesmo período”, afirma Rivero.
O que disse a Petrobras
Segundo
o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a política de dividendos
da companhia tem sido aperfeiçoada para a companhia elevar seus
investimentos.
Prates disse em carta publicada junto ao balanço
divulgado pela companhia, que os dividendos referentes ao exercício de
2023 “é um valor que se reverte para a sociedade brasileira”.
De
acordo com Prates, além dos dividendos, o país também se beneficia com a
arrecadação de impostos, com a estatal em 2023 pagando R$ 240 bilhões
em tributos, e os sucessivos recordes de valor de mercado desde que
assumiu a gestão da companhia, em janeiro de 2023.
Segundo a
companhia, a distribuição proposta para o exercício de 2023 está
alinhada à Política de Remuneração aos Acionistas aprovada em 28 de
julho do ano passado, que prevê que, em caso de endividamento bruto
igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano
estratégico em vigor (atualmente US$ 65 bilhões), a Petrobras deverá
distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre.
Os
dividendos complementares do quarto trimestre serão pagos em duas
parcelas iguais nos meses de maio e junho de 2024 no valor de R$
1,09894844 por ação preferencial e ordinária. Sendo a primeira parcela,
no valor de R$ 0,54947422 por ação preferencial e ordinária e a segunda
parcela, no valor de R$ 0,54947422 por ação preferencial e ordinária.
A
data de corte será dia 25 de abril de 2024 para os detentores de ações
de emissão da Petrobras negociadas na B3 e o record date será dia 29 de
abril de 2024 para os detentores de ADRs negociadas na New York Stock
Exchange (NYSE). A Petrobras informou que os dividendos serão pagos em
maio e junho, ainda sem data definida.
https://istoedinheiro.com.br/o-que-mudou-nos-dividendos-da-petrobras-e-por-que-as-acoes-estao-desabando/