segunda-feira, 1 de abril de 2024

Abertura de processo pode levar a Enel São Paulo a perder a concessão, diz ministro

 


Ministro Alexandre Silveira

Ministro Alexandre Silveira (Crédito: Divulgação/ MME)

 

O Ministro de Minas e Energia, Alexandro Silveira, disse nesta segunda-feira, 1, que determinou à agência reguladora Aneel a abertura de um processo disciplinar contra a Enel. A medida pode levar a Enel para um processo de caducidade, determinando a perda da concessão do serviço de distribuição de energia em São Paulo.

“O ministério está tomando medida extremamente radical, importante e educativa para outras distribuidoras de energia”, afirmou o ministro em entrevista à GloboNews.

A medida, apresentada pelo ministério, foi tomada após diversas problemas que não foram solucionados pela empresa. Em novembro do ano passado, por exemplo, fortes chuvas geraram apagões na região metropolitana de São Paulo, e diversos bairros da capital ficaram até uma semana sem o abastecimento de energia elétrica.

A declaração ocorre em um momento em que governo e Eletrobras estão em conversas no âmbito de uma câmara de Mediação e de Conciliação para buscar uma solução consensual para a controvérsia discutida na Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) na qual o governo federal questiona o modelo de privatização da companhia.

R$ 300 milhões em multas aplicadas e não pagas

“Foram mais de 300 milhões em multas aplicadas a Enel, nenhuma delas paga. A Enel tem, reiteradamente, prestado um serviço de qualidade muito aquém daquilo que determina a regulação e do que a população exige”.

Silveira também pontuou que os contratos feitos com as distribuidoras de energia, há 15 anos, foram muito frouxos, permitindo uma qualidade de serviço inferior ao desejado pela população. “Nós queremos aproveitar esse momento de renovação das distribuidoras para poder demonstrar que nós vamos corrigir esse problema”.

Segundo o ministro, a Aneel tem 20 dias para responder ao governo sobre o processo de caducidade da concessão da Enel São Paulo. Ainda,  em um eventual cenário de perda do contrato da distribuidora, o governo poderá avaliar uma relicitação da concessão ou “até reestatização”.

Procurados, a Enel e a Aneel não retornaram imediatamente a pedidos de comentário.

Com uma base de mais de 15 milhões de consumidores, a Enel opera três concessões de distribuição de energia no Brasil, em São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, e precisará renovar seus contratos junto ao governo nos próximos anos para continuar operando nessas áreas no longo prazo.

Segundo Silveira, o processo de renovação dos contratos de 20 distribuidoras de energia, envolvendo grandes grupos do setor elétrico, vai “corrigir” contratos que ele considera como “frouxos”. Haverá regras mais rígidas para garantir a qualidade da prestação dos serviços à população, disse.

“Estamos fazendo um decreto (de renovação) muito minucioso… Inclusive um ponto que estou colocando é de que os prefeitos municipais devem ter linha direta com as distribuidoras”, afirmou.

 

 https://istoedinheiro.com.br/abertura-de-processo-pode-levar-a-perda-da-concessao-da-enel-sao-paulo-diz-ministro/

domingo, 31 de março de 2024

Procuradoria afirma que ‘impunidade’ a violações da ditadura pode ter estimulado o 8 de Janeiro

 


“Um dos maiores erros de nossa história.” Assim a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão se pronunciou neste domingo, 31, sobre os 60 anos do golpe militar de 1964.

“Homicídios, torturas, estupros, sequestros, ocultações de cadáver e abusos de autoridade”, segue a nota ao dar o tom das perseguições que marcaram a ditadura militar no Brasil (1964-1985).

A Procuradoria dos Direitos do Cidadão concentra iniciativas do Ministério Público Federal contra violações de direitos humanos, inclusive ações de reparação pelos anos de chumbo.

No comunicado divulgado neste domingo, o órgão afirma que é “dever jurídico e moral do Estado” preservar a memória do golpe para evitar que algo semelhante aconteça.

“Nossa democracia não será plenamente estável sem o conhecimento, a análise e a discussão acerca das ações e omissões dos envolvidos no regime de exceção, bem como das consequências delas decorrentes. A real conciliação demanda, no lugar do esquecimento, a memória”, diz o texto.

O texto, assinado pelo procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, e por outros oito membros do MPF que participam do Grupo de Trabalho Memória e Verdade, relacionada ainda a “impunidade estrutural” de violações da ditadura com o 8 de Janeiro.

“As tentativas, após as eleições gerais, de ações antidemocráticas em Brasília, em dezembro de 2022, seguidas da invasão das sedes dos Poderes da República, em 8 de janeiro de 2023, comprovam que o esquecimento deliberado, os segredos e a ocultação da história se mostram incompatíveis com a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, o pluralismo político, o acesso à justiça e o direito à informação, incentivando a impunidade.”


Startup especialista em cidadania europeia completa 5 anos e inaugura escritório no Uruguai

 


A startup Cidadania4u, especialista em cidadania europeia, completa cinco anos e anuncia a internacionalização da marca por meio da BeCivis, com abertura de um escritório em Montevidéu, no Uruguai. Fundada em 2019, a Cidadania4u já atendeu mais de 30 mil clientes e só no ano passado faturou cerca de US$ 20 milhões.

“Nunca perdemos um processo no Brasil e sabemos que no Uruguai manteremos a eficiência dos resultados para que os legítimos descendentes de italianos tenham o acesso facilitado a mais de 190 países, possam morar e trabalhar livremente em território europeu, estudar e fazer negócios”, afirmam Rafael e Rodrigo Gianesini, sócios-diretores da Cidadania4u e da BeCivis.

A exemplo do que já acontece no Brasil, a BeCivis vai usar uma plataforma exclusiva para facilitar e automatizar os pedidos de cidadania por meio de inteligência artificial, o que agiliza o processo de reconhecimento da dupla cidadania. A expectativa da empresa é que o tempo médio para finalizar o processo de cidadania siga os mesmos moldes do que ocorre no Brasil e leve de um a dois anos.

Em média, tanto no Brasil quanto no Uruguai, os descendentes que buscam o reconhecimento da cidadania italiana por via administrativa no consulado podem esperar por mais de dez anos. Para reduzir esse tempo de espera, assim como a Cidadania4u no Brasil, a BeCivis no Uruguai oferecerá atendimento totalmente remoto por meio da via judicial na Itália, o que é uma opção para quem não quer sair do seu país.

“Nesse formato, a exemplo do que acontece no Brasil por meio da Cidadania4u, o cliente da BeCivis será assistido por um time de especialistas e assessores jurídicos que cuidam de cada detalhe, desde as pesquisas genealógicas, ao comparecimento nos tribunais italianos até o cadastro e acompanhamento da inscrição no AIRE (Anagrafe degli Italiani Residenti all’Estero)”, afirma a startup.


The Led emite debênture de R$ 25 mi e estuda entrada de novo sócio

 THE LED Oficial | LinkedIn


A The LED, empresa líder de vendas e manutenção de painéis eletrônicos no Brasil, acaba de finalizar sua segunda emissão de debêntures no valor de R$ 25 milhões com vencimento em 2029. De acordo com o presidente da empresa, Richard Albanesi, os recursos serão investidos em novos projetos para ampliar a presença no mercado de comunicação digital com painéis de LED. A emissão teve como coordenador líder a Galapagos Capital DTVM e a FRAM Capital DTVM, como agente fiduciário. As garantias compreendem alienação fiduciária de equipamentos, cessão fiduciária de recebíveis e aval.

A intenção da The LED era emitir uma debênture de R$ 60 milhões em dezembro do ano passado conforme o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) antecipou em outubro e investir R$ 100 milhões.

Essa é a segunda operação concretizada entre a The LED e a Galapagos. A primeira foi realizada em 2021 no valor de R$ 31,3 milhões e permanece vigente, com bom desempenho das garantias e atendimento integral dos convênios, segundo a empresa. A ideia inicial, de acordo com Albanesi, era emitir os R$ 60 milhões e quitar a primeira debênture com a Galapagos. Ocorre que, entre outubro e dezembro, a empresa recebeu proposta de um potencial sócio interessado em comprar uma parcela da The Led.

Tal proposta, segundo Albanesi, está sendo estudada internamente e deve haver uma decisão no segundo semestre. Por conta dessa proposta, a The Led decidiu fazer a emissão menor com o objetivo de atender apenas as necessidades de curtíssimo prazo. Apesar da debênture de valor reduzido que o previsto inicialmente, Albanesi reitera o plano de investir R$ 100 milhões este ano para superar os R$ 80 milhões realizados em 2023.

”Essa nova emissão reflete nosso compromisso de investimentos e política de crescimento para ampliar nossa liderança de mercado e pioneirismo tecnológico. Entramos em uma nova fase de crescimento escalonado e consciente, confiantes no potencial estratégico do nosso negócio”, afirma Albanesi.

Com 13 anos de atuação no mercado brasileiro, período no qual se estabeleceu como referência em inovações tecnológicas para mídias interativas, a The LED detém 90% do mercado brasileiro neste segmento mantendo parcerias com importantes administradoras de complexos comerciais como JHSF, Multiplan e brMalls. Também se destaca no setor varejista com projetos direcionados para líderes de mercado como C&A, Riachuelo, Ultrafarma, Sam´s Club, Carrefour, Reebok e Hering, entre outros.

Estrangeiros miram ações cíclicas na B3 com proximidade de corte de juros nos EUA

 


B3 - Crédito: Divulgação

 

As ações mais ligadas à economia doméstica devem ganhar espaço no portfólio dos investidores estrangeiros, que provavelmente voltarão a fazer aportes na Bolsa brasileira assim que os Estados Unidos começarem a reduzir os juros. Neste primeiro trimestre, a saída de recursos externos já deu sinais de ser a maior desde 2020, em boa medida pela perda de atratividade de papéis ligados a commodities com incertezas envolvendo a China e ruídos políticos em torno de Petrobras e Vale.

“A atratividade das empresas cíclicas pode vir a se potencializar por serem mais sensíveis a juros, com os cortes na Selic, e enquanto o ciclo de commodities está mais complexo”, afirma Rodrigo Moliterno, sócio fundador da Veedha Investimentos.

O Itaú BBA elevou nesta semana a recomendação para o setor de consumo discricionário para overweight (equivalente a compra), mencionando tendência de melhora na economia doméstica, à medida que a equipe macro do banco revisou recentemente sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2024 de 1,8% para 2%.

Em relatório recente, o Bank of America (BofA) diz que ainda vê falta de apetite por commodities entre os investidores. O fraco desempenho do minério de ferro no acumulado do ano e o anúncio de não pagamento de dividendos extraordinários da Petrobras são fatores-chave, afirma.

Também citando o caso Petrobras, o Goldman Sachs recomendou nesta semana a venda de ações de estatais brasileiras por conta do “aumento da intervenção governamental” e considerando que as cotações estão com múltiplos historicamente mais elevados do que de seus homólogos privados.

Moliterno, da Veedha, pondera que os estrangeiros ainda devem continuar se posicionando em grandes nomes, como Petrobras, Vale e Itaú, e não se limitar às ações cíclicas que têm baixa liquidez.

Mas em relação a outros países emergentes, o Brasil segue com múltiplos descontados e tem bons fundamentos – sendo o corte da Selic um dos principais por estimular a economia – para que se destaque no olhar dos investidores estrangeiros assim que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) iniciar a trajetória de flexibilização monetária, segundo Paulo Abreu, sócio e gestor da Mantaro Capital.

Depois que o Fed divulgou decisão para manter as taxas inalteradas na quarta-feira, 20, a chance de que os juros americanos comecem a cair em junho subiu para perto de 75%, segundo monitoramento do CME Group.

Até a última sexta-feira, 22, a saída de recursos externos da B3 totalizou R$ 22,19 bilhões no primeiro trimestre deste ano, sugerindo que este será o pior em apetite do investidor estrangeiro desde 2020, início da pandemia de covid-19, quando houve retirada de R$ 64,3 bilhões.

O movimento decorreu do adiamento das expectativas em relação ao início de corte de juros nos EUA, mas o especialista em Bolsa do Inter, Matheus Amaral, afirma que a falta de apetite a cases do Brasil, como de empresas com grande relação com a China, adiciona pressão.

A cautela com a segunda maior economia do mundo respinga em empresas brasileiras de grande peso no Ibovespa, como a Vale, porque o minério de ferro, por exemplo, perdeu o patamar de US$ 120 por tonelada que detinha até o início do mês com o receio de que as dificuldades no setor imobiliário da China reduzam a demanda pela commodity. Além disso, o governo chinês pode não conseguir cumprir a meta de crescer “em torno de” 5% em 2024.

Brasil tem 918 locais com nomes de presidentes da ditadura 60 anos depois do golpe

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Em 1994, o Estado do primeiro presidente civil depois da ditadura militar, o Maranhão de José Sarney, criou um novo município e homenageou, com o nome da cidade, o homem que comandou a ditadura militar brasileira em seus momentos mais sangrentos: Presidente Médici. Esse é o mais recente dos seis municípios com nome de chefes de governo do último período autoritário da história do Brasil. Os outros são Medicilândia (PA), outro município chamado Presidente Médici (RO), Presidente Castelo Branco (PR), Presidente Castello Branco (SC) e Presidente Figueiredo (AM).

As homenagens aos presidentes da ditadura militar não param por aí. Quase exatamente 60 anos depois do golpe, deflagrado em 31 de março de 1964, que instaurou a ditadura militar, o País ainda tem 918 localidades cujos nomes homenageiam algum dos cinco presidentes do período. Além de municípios, há nomes de ruas, praças e outros logradouros públicos. Os dados foram obtidos pelo Broadcast Político junto aos Correios.

Leia a seguir quantas dessas homenagens são feitas hoje em dia a cada ditador do regime militar, que terminou em 1985:

Humberto de Alencar Castelo Branco – governou de 1964 a 1967, atualmente recebe 469 homenagens do tipo;

Arthur da Costa e Silva – governou de 1967 a 1969, dá nome a 233 logradouros;

Emílio Garrastazu Médici – governou de 1969 a 1974, dá nome a 90 lugares;

Ernesto Beckmann Geisel – governou de 1974 a 1979, dá nome a 44 lugares;

João Baptista de Oliveira Figueiredo – governou de 1979 a 1985, dá nome a 82 locais.

Professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e organizadora da coleção de livros ‘Arquivos da Repressão no Brasil’, da Companhia das Letras, Heloísa Starling deu possíveis explicações para os dois primeiros presidentes do regime autoritário terem tantas citações a mais que os outros três.

Starling afirmou que Castelo Branco foi o grande articulador do golpe dentro das Forças Armadas. “É um militar que estava conspirando desde 1962”, disse ela. “Homenagear Castelo significa, para quem está fazendo essa homenagem, homenagear o que aparece como o principal líder militar do golpe”, afirmou a pesquisadora.

O segundo mais homenageado, Costa e Silva, já disputava poder com Castelo Branco mesmo antes do golpe, explicou Starling. “Ele é a principal liderança, talvez seja isso [o motivo de tantos lugares terem seu nome], de uma facção militar que pede o tempo todo aumento da repressão”, disse. “É provável que a ênfase no Costa e Silva venha dessa facção militar que tinha muita interlocução no governo Médici”, afirmou a professora. Em 2024, a pesquisadora lançou o livro ‘A máquina do golpe’, que reconstitui passo a passo a tomada do poder pelos militares há 60 anos.

Nomes alterados

Um dos locais que homenageava Costa e Silva era uma das pontes sobre o Lago Paranoá, em Brasília. Em 2015, a Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou uma lei para que o nome fosse alterado para Honestino Guimarães, estudante da Universidade de Brasília (UnB) preso e torturado pela ditadura e desaparecido desde 1973. A lei foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por questões técnicas – os deputados distritais não teriam cumprido uma etapa da tramitação, a realização de audiência pública sobre o tema.

O assunto voltou à tona em 2022, quando a Câmara Legislativa do DF aprovou uma nova lei, desta vez cumprindo todos os requisitos regimentais. Quem propôs o texto foi Leandro Grass (PV-DF), ex-deputado distrital e atual presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para que o nome fosse alterado, foi preciso, ainda, os deputados distritais derrubarem o veto do governador, Ibaneis Rocha (MDB), que tentou manter a homenagem a Costa e Silva.

“Foi um sentido de homenagear alguém que fez oposição à violência e violações da ditadura. A ponte hoje está lá com o nome dele [Honestino] e passa a ser um ponto de memória da democracia e liberdade”, disse Grass.

Logo após a primeira mudança no nome, em 2016, houve reação de parte da sociedade. A placa que renomeou o local foi pichada com os dizeres: “Costa e Silva! O nome é esse!”. Leandro Grass minimizou o ato. Disse que houve mais mobilização da sociedade justamente para rebater as pichações.

“A mobilização a favor da mudança foi maior e muito mais relevante. Um conjunto de pessoas cujos parentes foram agredidos e até pessoas que não tiveram essa experiência, mas se engajaram. Eventuais reações [nesse sentido] têm que ser tratadas com educação, no sentido de formação histórica. Educação em direitos humanos, explicação do que de fato ocorreu [na ditadura militar]”, afirmou.

Ao vetar a proposta, Ibaneis mencionou tentativas anteriores de alterar o nome da ponte. Finalizou sua mensagem de veto com os seguintes argumentos: “Dada a importância e representação da Ponte Costa e Silva para Brasília, a sua idealização pelo arquiteto Oscar Niemeyer e o momento histórico que não pode ser esquecido, aliado à decisão proferida pelo Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, entende-se pelo veto da presente iniciativa.”

Outro local emblemático que até pouco tempo atrás rememorava o general Costa e Silva é o Elevado João Goulart, conhecido como “Minhocão”, em São Paulo. O nome da via, construída pelo ex-prefeito da capital paulista Paulo Maluf (PP), foi dado em homenagem a Costa e Silva por ter sido ele quem nomeou Maluf como prefeito (não havia eleição para o cargo na época).

Em 2016, o então prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou uma lei aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo alterando o nome do local para Elevado João Goulart, em homenagem ao presidente deposto pelo golpe militar de 1964. Maluf criticou a posição, à época. Disse ser uma decisão “preconceituosa”. “Há 200 anos, Napoleão já dizia: ‘Povo que não tem memória não tem história'”.

“João Goulart merece uma homenagem, mas Costa e Silva foi presidente da República e ninguém pode apagar da história do Brasil que Costa e Silva foi presidente da República”, afirmou.

A professora Heloísa Starling disse que as homenagens a presidentes da ditadura militar em nomes de locais públicos ajudam a escorar um imaginário autoritário em vez de democrático. “Quando você dá nome de pessoas à rua, está dizendo que a pessoa fez um grande feito e precisa ser lembrada pelo feito. O feito desses generais foi a ditadura militar”, disse ela.

Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Daiana Santos (PCdoB-RS), a homenagem aos presidentes da ditadura militar demonstra, ainda, que o País “não soube lidar de maneira crítica com o seu passado”. “Tanto com a escravidão, quanto com a ditadura militar. Diferentemente de outros países, o Brasil não puniu torturadores e genocidas. Nosso país ainda não virou essa página triste da história”, disse a deputada federal.

Governo em silêncio

O Broadcast Político tentou, desde o início da semana passada, um posicionamento do Ministério dos Direitos Humanos e do ministro Silvio Almeida sobre o levantamento. Primeiro, a assessoria de imprensa da pasta informou que Almeida estava cumprindo agenda em Marajó. Após a reportagem informar que a entrevista poderia ser por telefone ou por escrito, a pasta negou conceder o posicionamento. Questionado formalmente por e-mail, o ministério também não se manifestou.

Há uma orientação, nos bastidores do Executivo, para que não haja declarações que possam provocar um atrito com os militares por causa da efeméride de 60 anos do golpe militar. Como mostrou o Estadão, o governo mandou cancelar os atos alusivos à data. Também tem travado a recriação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), uma ideia proposta por Silvio Almeida.

Logradouros por Estado

Leia a seguir quantos locais públicos têm nome em homenagem a um dos presidentes da ditadura militar em cada Estado:

SP – 164

BA – 78

RJ – 76

MG – 73

PE – 64

PA – 53

PR – 50

ES – 43

RS – 43

MA – 41

MT – 33

RN – 30

CE – 29

SC – 29

GO – 24

AM – 19

PB – 13

RO – 12

PI – 11

TO – 9

MS – 5

AC – 4

AL – 4

AP – 4

RR – 4

SE – 3


Chefe da AGU cita Bíblia e critica ‘populismo penal’ de Tarcísio, Zema e Leite

Ficheiro:01.01.2023 - Posse de Jorge Messias, Ministro-chefe ...


O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, citou a Bíblia ao criticar medidas propostas por governadores de estados do Sul e do Sudeste para a área de segurança pública levadas ao governo federal na última semana. Liderado pelos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o grupo pede o endurecimento da legislação brasileira, com penas mais duras e novas tipificações penais.

Evangélico, o chefe da AGU criticou o “populismo penal” citando dois versículos bíblicos: um no qual Jesus diz a um dos ladrões que fora crucificado com ele que este terá lugar no paraíso e outro que cita o mandamento “não matarás”.

“Populismo penal, à semelhança do que se observou em tempos bíblicos, mata inocentes, mas não reduz a criminalidade. A violência deve ser combatida por uma política de segurança eficiente, com uma polícia equipada, organizada e valorizada”, disse no X (antigo Twitter), ao compartilhar trecho de editorial do Estadão, na sexta-feira, 29.

Messias argumenta que para enfrentar a violência “é preciso também ter capacidade para construir políticas públicas que levem ao povo esperança na forma de emprego, habitação, saúde e educação”. “Vamos lembrar que a insegurança pública é irmã da insegurança alimentar”, disse.

Como mostrou o Estadão, os chefes dos Executivos estaduais das regiões Sul e Sudeste firmaram um Pacto Regional de Segurança Pública, no início de março, para enfrentar o crime organizado. A aliança prevê a criação de um gabinete integrado de inteligência para compartilhar informações. As polícias farão cursos de forma conjunta para aumentar a integração e padronizar procedimentos e técnicas.

O pacto ainda propõe o endurecimento da legislação brasileira. Na última semana, o grupo apresentou um pacote de mudanças no Código Penal, no Código de Processo Penal e na Lei de Execução Penal ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. O texto também foi entregue aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Entre as proposta está a possibilidade de prisão preventiva mesmo sem condenação com trânsito em julgado de pessoas que reiteradamente praticam atos ilícitos. Outra medida propõe alteração na lei para que se permita a prisão em casos de abordagens policiais que não tenham sido feitas com base em elementos objetivos. Ou seja, se acolhida, a abordagem policial poderá ser conduzida ancorada em mero comportamento suspeito, definido a critério “subjetivo” do policial.