quarta-feira, 8 de maio de 2024

VÍDEO: Embraer divulga primeiras imagens do “carro voador”

 


VÍDEO: Embraer divulga primeiras imagens do "carro voador"
(Foto: Divulgação)

As primeiras imagens em escala real do protótipo do ‘carro voador‘ que está sendo fabricado pela Embraer no Brasil foram divulgadas na manhã desta quarta-feira (8). O vídeo foi publicado pela Eve Air Mobility, empresa de mobilidade aérea urbana da montadora. O modelo está em produção na fábrica em Taubaté.

No comunicado, a Eve Air Mobility afirma que tem construído primeiro protótipo em escala real e que está entusiasmada “em dar uma prévia do que está em andamento”. Novas informações devem ser divulgadas nos próximos meses.

Embora as imagens não mostrem muitos detalhes, é possível ver um modelo preto e verde.

Veja o vídeo do carro voador:

Sobre o carro voador da Embraer

As entregas dos carros voadores devem começar em 2026, a partir de uma parceria com a Avantto, empresa que atua no ramo de compartilhamento de aeronaves.

Em outubro de 2021, a Embraer assinou uma carta de intenções para desenvolver 100 aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (conhecidos como carros voadores) no Brasil e na América Latina.

Os esforços, segundo a Embraer, focarão nas experiências dos passageiros, na acessibilidade e na inclusão das operações de embarque da aeronave.

O eVTOL, popularmente conhecido como ‘carro voador’, é uma aeronave de emissão zero, baixo ruído e design simples, que permite com que haja decolagens e pousos verticais com o uso da energia elétrica.

Um levantamento feito pelo site Reset mostra que a Embraer e a Eve estão na vice-liderança do mercado de eVtol, com até 635 unidades encomendadas da aeronave que é movida por eletricidade. O último contrato anunciado foi com a empresa britânica Bristow, para o fornecimento de até 100 unidades do ‘carro elétrico’ da Embraer.

Em abril deste ano, a Eve assinou uma carta de intenção de compra com AirX para até 50 eVTOLs, Vector e serviços. O pedido de compra apoiará o desenvolvimento contínuo e o dimensionamento de operações inovadoras de transporte no Japão.

 

https://www.cbnvale.com.br/video-embraer-divulga-primeiras-imagens-do-carro-voador/

Irmãos Batista fecham acordo de R$ 15,5 mi com CVM em caso da incorporação da Bertin pela JBS

 CVM: o que é e para que serve a Comissão de Valores Mobiliários


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aceitou uma proposta de acordo coletivo, no valor de R$ 20 milhões, com Joesley e Wesley Batista, Gilberto Biojone Filho, Natalino Bertin e Silmar Roberto Bertin para encerrar processo relativo à incorporação da Bertin pela JBS. Os irmãos Batista pagarão R$ 7,75 milhões cada.

Joesley e Wesley Batista foram acusados, na qualidade de acionistas controladores da Blessed Holdings LLC, de suposto abuso de poder de controle. Natalino Bertin e Silmar Roberto Bertin responderam na qualidade de administradores da Bracol Holding Ltda. Biojone respondeu na qualidade de representante legal da Blessed Holdings no Brasil. Os três foram acusados de realizar operações fraudulentas e pagarão R$ 1,5 milhão cada.

Antes da incorporação, em 2009, a Bertin tinha como acionistas a Bracol Holding (73,1%) e o BNDES Participações (26,9%). Depois, a família Bertin se tornou acionista da empresa controlada pela família Batista.

Como parte dos desenvolvimentos da operação, foi criada a Blessed Holdings, em Delaware (EUA), para a qual a Bracol Holdings cedeu cotas do Bertin Fundo de Investimento em Participações (Bertin FIP) por “valores simbólicos”, de acordo com o parecer do Comitê de Termo de Compromisso (CTC) da CVM.

Conforme o parecer do CTC, “os valores simbólicos pagos à Bracol Holding pela Blessed Holdings evidenciariam que o valor atribuído à Bertin foi muito superior ao valor real da companhia, razão pela qual a família Bertin teria aceitado ficar com apenas 14,7% do valor que lhe cabia na incorporação”.

O valor da Bertin teria sido inflado para que, na sequência da incorporação, por meio de operações, em tese, fraudulentas, os controladores da JBS recebessem de volta as ações desta companhia atribuídas à controladora da Bertin, prossegue o parecer.

Assim, ainda de acordo com o CTC, a Blessed Holdings teria sido um instrumento usado por Joesley e Wesley Batista para a realização de operações, em tese, fraudulentas entre eles e a Bracol Holding, esta última sob o comando de seus sócios administradores Natalino e Silmar Bertin. As operações teriam causado prejuízo aos acionistas minoritários da Bertin.

A suspeita de que a Blessed Holdings pertencia à família Batista veio a se confirmar em declarações de Joesley Batista em acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal. “A opção pela criação dessa estrutura no exterior Blessed Holding se deu em razão da urgência, visto que no Brasil a notória burocracia para sociedades empresariais impediria a conclusão do negócio que deveria ocorrer em tempo muito exíguo”, reproduz o parecer.

Esta não foi a primeira vez que os acusados tentaram encerrar o caso com um acordo. Em fevereiro do ano passado, o Colegiado rejeitou prposta feita pelos irmãos Batista e Biojone Filho. A proposta não incluía os demais acusados do processo. Em setembro de 2023, foram apresentadas novas propostas conjuntas por Joesley e Wesley Batista, Biojone Filho, Natalino Bertin e Silmar Roberto Bertin.

Em nota, a J&F Investimentos diz que “fechou um termo de compromisso, sem assunção de culpa ou responsabilidade, que encerra discussões desnecessárias sobre uma operação realizada há mais de 15 anos. Essa operação também já havia sido analisada em procedimentos de investigação que não encontraram qualquer irregularidade”.

0,25 ou 0,50 ponto? Mercado aposta em corte menor da Selic no Copom de hoje

 


Copom anuncia nesta quarta-feira, 8, sua decisão sobre a nova taxa de juros

Copom anuncia nesta quarta-feira, 8, sua decisão sobre a nova taxa de juros (Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anuncia nesta quarta-feira, 8, sua decisão sobre a taxa básica de juros, que está atualmente 10,75% ao ano. É consenso no mercado que a Selic deve sofrer um novo corte, mas nos últimos dias os analistas passaram a ver como maior a probabilidade de um corte menor nos juros, de apenas 0,25 ponto percentual.

O ciclo de redução da Selic começou em agosto do ano passado e, desde então, já foram feitos 6 cortes seguidos de 0,50 ponto percentual. A decisão do BC será anunciada a partir das 18h30.

O BC encerrará sua reunião de política monetária num cenário de incertezas renovadas que levou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a abrir as portas em abril para o Copom reduzir o ritmo de cortes nos juros, apesar de sua orientação futura mais recente ter indicado manutenção do ritmo de 0,50 ponto.

O levantamento semanal feito pelo BC por meio do Boletim Focus, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que os economistas elevaram para 10,50% sua estimativa para o patamar dos juros ao final de maio, interrompendo sequência de 38 semanas em 10,25%. Ou seja, a maioria das projeções passaram a embutir corte menor da Selic, de apenas 0,25 ponto percentual.

No mercado, segue majoritária a expectativa de que a cúpula do BC optará por uma redução menor da taxa, de 0,25 ponto porcentual, depois de um ciclo de seis cortes consecutivos de 0,50 pp, iniciado em agosto do ano passado. Conforme a pesquisa do Projeções Broadcast, a diminuição do ritmo é a aposta de 25 das 45 casas consultadas (55%). Duas semanas antes, a avaliação preponderante era de novo corte de meio ponto na taxa básica de juros – 20 instituições permanecem nesta posição.

“O cenário para corte de 50 é possível, mas não parece provável. O Comitê se comprometeu com este corte e este é o melhor argumento para 0,5% amanhã. Porém, o México deverá manter os juros em 11% na quinta-feira e a situação do câmbio é desconfortável desde que o mercado jogou para frente o corte de juros nos EUA”, disse o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em comentário enviado a clientes.

Entre os fatores a serem levados em consideração pelo Copom para a decisão está um cenário mais adverso no Brasil, com incertezas fiscais e enchentes no Rio Grande do Sul, como um cenário complicado também nos EUA, que têm adiado a queda na taxa de juros por lá em razão da inflação persistente.

Incertezas no radar

Rodrigo Azevedo, economista, planejador financeiro e fundador da GT Capital, projeta um cenário de queda de 0,50% de queda em maio e 0,25% em junho. “O cenário negativo após o último Copom acabou por validar a decisão da mudança da sinalização futura (forward guidance) do plural para o singular, dando mais liberdade para os próximos passos de política monetária a partir de junho”, diz.

Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, ressalta a maior incerteza do mercado em relação ao corte nesta reunião, contrastando com o consenso nas reuniões anteriores. “A maior parte do mercado está confiante em um corte de menor magnitude, ou seja, de 25 bps, para esta reunião. Essa expectativa de cortes menores decorre de uma série de dados que foram divulgados pelos Estados Unidos e também por fatores internos”, afirma.

Apesar da expectativa majoritária de um corte menor, ele defende a possibilidade de um corte de 0,50 ponto, embasado na inflação controlada e no patamar elevado da taxa Selic. “Nossa inflação está bastante controlada, com seguidos dados divulgados abaixo do consenso e o atual patamar de juros reais ainda está muito alto, havendo caminho para maiores cortes na taxa de juros”, diz.

Para Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, além das incertezas no cenário externo, os dados de mercado de trabalho por aqui e a composição da inflação sugerem maior cautela da política monetária, além de um cenário fiscal bastante preocupante.

“Diante de um cenário em que a taxa de juros tende a cair menos que o previsto no início do ano, as aplicações em renda fixa têm se mostrado ainda atrativas. Para o investidor com perfil mais arrojado, dada uma forte abertura nas curvas de juros futuras, surgiram boas oportunidades em ativos prefixados e em papeis que pagam IPCA + juros com vértices mais longos. Já para os investidores com perfil conservador, os papeis pós-fixados com prazos de até dois anos continuam sendo boas opções com preferência para ativos isentos”, avalia.

A expectativa mediana no boletim Focus para o nível da Selic ao final deste ano subiu a 9,63%, de 9,50% na semana anterior. Para 2025, a projeção segue em 9%.

Já em relação à inflação, a previsão do mercado para o IPCA subiu para 3,73% em 2024 e para 3,364% em 2025. O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Haddad diz que crédito para compra de bens materiais a moradores do RS deve ser amplo

 

Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 8, que a medida de estruturação de linhas de crédito especiais para a população do Rio Grande do Sul deve ser “ampla” em relação aos bens materiais que poderão ser financiados. Haddad não detalhou quais produtos estariam incluídos, mas disse que o momento exige uma providência “abrangente”, permitindo uma avaliação posterior mais concreta sobre o que efetivamente será necessário.

“É amplo, primeiro, temos que fazer medida ampla para depois fazer avaliação concreta sobre o que vai precisar. Mas, assim, pelo que estamos vendo no noticiário, imagens deixam claro que muitas vezes estamos falando de reconstrução de uma vida toda. Precisamos ter muito cuidado, claro, acompanhamento, transparência, já falei que conversei com o presidente do TCU sobre isso, mas a tragédia exige providência mais abrangente”, disse Haddad a jornalistas, ao ser questionado sobre que tipos de bens materiais estão sendo considerados.

O ministro encaminhou na terça-feira, 7, à Casa Civil um projeto de lei sobre crédito subsidiado que será ofertado à população do Estado gaúcho afetada pelas enchentes.

Há ainda uma proposta que trata da suspensão da dívida do Rio Grande do Sul com a União.

terça-feira, 7 de maio de 2024

Itaú está com ‘algum excesso’ de capital e pode ter dividendo extraordinário, diz CEO

 


Agência do Itaú Unibanco

Agência do Itaú Unibanco (Crédito: Divulgação / Itaú Unibanco)

 

Reutersi

O Itaú Unibanco vem trabalhando com “algum excesso” de capital e, mais próximo do final do ano, com mais informações disponíveis, fará uma calibragem para, eventualmente, fazer um pagamento de dividendo extraordinário, afirmou nesta terça-feira o presidente-executivo do banco, Milton Maluhy Filho.

“A nossa política será trabalhar com o capital adequado para fazer frente aos desafios, para crescer o banco, investir no negócio, esse é o nosso objetivo central”, disse o executivo em coletiva de imprensa após a divulgação do balanço na véspera, acrescentando que o Itaú não tem meta de pagamento de dividendo.


“Tendo sobra e excesso (de capital), a ideia é distribuir sim e fazer um novo dividendo extraordinário, se for o caso”, afirmou.

O Itaú encerrou o primeiro trimestre com um índice de capital nível 1 – Basileia III de 14,5%, acima dos 13,5% apurados um ano antes. O Índice de Capital Principal (Common Equity Tier I) – Basileia III encerrou o período em 13%, de 12% no mesmo período de 2023.

O executivo citou que ainda existem incertezas no radar, principalmente no ponto de vista regulatório, o que explica manter um certo colchão. Ele ressaltou, contudo, que todas as mudanças regulatórias por vir são de magnitude “absolutamente absorvíveis” dentro das simulações do banco.

Nos primeiros três meses do ano, o Itaú apurou um lucro líquido recorrente de R$ 9,77 bilhões, crescimento de 15,8% ano a ano, em resultado marcado por melhora na rentabilidade, com expansão da carteira de crédito e queda na inadimplência.

O CFO Alexsandro Broedel ressaltou que o Itaú não tem sacrificado o crescimento do banco por conta de reduções de custos, citando que o banco tem buscado eficiência e, ao mesmo tempo, investido em novos negócios e tecnologia.

Maluhy Filho acrescentou que o banco continua atento a oportunidades de crescimento inorgânico (M&A), com a mesma disciplina de alocação de capital, mas ponderou que o Itaú Unibanco está bastante confortável com o tamanho, com a disciplina e com a capacidade de crescimento orgânico.

Às 11h18, as preferenciais do Itaú tinham elevação de 0,9%, a R$ 32,71, enquanto o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 0,7%. Veja cotações.

Inadimplência

O CEO também afirmou que espera certa estabilização dos índices de inadimplência olhando para frente, talvez uma leve queda, mas acrescentou que vai depender do ritmo de crescimento de carteira de crédito e do mix onde essa carteira será construída.

“Mas o banco está super confortável com os indicadores, eu acho que o pior da crise já ficou para trás no nosso caso há bastante tempo”, disse. “Daqui para frente, talvez, eu espero menos reduções, são sutis os efeitos, mas uma estabilidade nesses patamares eu acho que é bem adequado para a gente continuar crescendo com qualidade”.

No primeiro trimestre, a carteira de crédito total ajustada apurou uma expansão de 2,8%, para 1,18 trilhão de reais em março, enquanto o índice de inadimplência de 90 dias caiu de 2,9% para 2,7%. O custo do crédito totalizou 8,793 bilhões de reais, queda de 3,2% ano a ano.

De acordo com Maluhy, tal movimento na inadimplência foi desencadeado por uma ação direcional do banco, de redução de exposição em determinados segmentos que o Itaú entende serem menos interessantes.

A queda na inadimplência ocorreu devido à menor inadimplência do segmento de pessoas físicas no Brasil, principalmente nas carteiras de cartão de crédito, crédito pessoal e veículo, de acordo com os números divulgados na véspera pelo maior banco brasileiro.

“Embora o ajuste do Itaú no apetite ao risco provavelmente limite o crescimento… acreditamos que isso provou criar valor em uma base ajustada ao risco”, afirmou o Goldman Sachs em relatório a clientes enviado no final da segunda-feira assinado por Tito Labarta e equipe.

“Os ROE também permaneceram saudáveis em todos os segmentos, com o varejo em 23,0% e o corporativo em 28,0%. Acreditamos que os resultados serão bem recebidos e reforçarão as perspectivas de crescimento de lucros e distribuição de dividendos.”

 

Com alta na receita e nas encomendas, Embraer reduz prejuízo no 1º trimestre

 


Pátio da Embraer (Crédito: Embraer / Divulgação)

A Embraer registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 63,5 milhões no primeiro trimestre de 2024. O número representa uma redução de 86% em relação ao resultado negativo de R$ 460,5 milhões reportado no mesmo período do ano passado.

O lucro líquido atribuível aos acionistas da Embraer e o lucro líquido por ADS foram de R$ 142,7 milhões e R$ 0,1943 nos três primeiros meses de 2024, comparados a prejuízos de R$ 368,3 milhões e R$ 0,5014, respectivamente, entre janeiro e março de 2023.

O Ebitda ajustado da companhia somou R$ 233,7 milhões, mais do que quadruplicando o resultado de R$ 53,9 milhões do primeiro trimestre de 2023. A margem Ebitda ajustada ficou em 5,3% ante 1,4% um ano antes.

O Ebit ajustado ficou em R$ 33,8 milhões, revertendo o número negativo em R$ 163,9 milhões do mesmo período do ano passado. A margem Ebit ajustada ficou em 0,8% ante 4,4% negativos no primeiro trimestre de 2023.

Já as receitas líquidas totalizaram cerca de R$ 4,5 bilhões no trimestre, alta de 19% em relação ao ano anterior. A companhia destaca o desempenho do segmento de Aviação Executiva, com crescimento de 2,6 vezes ano sobre ano – a maior receita e número de entregas para um primeiro trimestre dos últimos 8 anos.

A carteira total de pedidos atingiu US$ 21,1 bilhões – o maior nível dos últimos 7 anos. A da Aviação Comercial registrou um aumento de US$ 2,3 bilhões (+26% em relação ao trimestre anterior).

Juiz de garantias não é só um dever, mas uma necessidade da Justiça, avaliam advogados

 

Quem é (e o que faz) o juiz de garantias, mudança que o STF ...

O Conselho da Justiça Federal publicou a Resolução CJF nº 881/2024, que dispõe sobre a implementação do instituto do juiz das garantias e a tramitação de investigações, ações penais e procedimentos criminais na Justiça Federal a partir de agora. Em agosto do ano passado, o plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do juiz de garantias, que deverá atuar apenas na fase do inquérito policial.

Ele será responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais dos investigados. A partir do oferecimento da denúncia, a competência passa a ser do juiz da instrução.

Para o advogado criminalista Fernando Hideo Lacerda a regulamentação do juiz das garantias atende a determinação do STF. Segundo Hideo, o Supremo reconheceu a constitucionalidade da reforma processual penal que instituiu o juiz das garantias “como órgão responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário”.

“Em linha com a regulamentação pioneira por parte do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, o Conselho da Justiça Federal agiu corretamente e adotou as providências necessárias à adequação das leis de organização judiciária dos Tribunais Regionais Federais visando à efetiva implantação e ao regular funcionamento do juiz das garantias em todo o país”, considera o criminalista.

Os tribunais têm prazo até dezembro, que poderá ser prorrogado por 12 meses, para regulamentar o juiz das garantias, possibilitando a implementação do novo sistema em todo o país a partir das diretrizes fixadas pelo Conselho Nacional de Justiça.

A advogada Carolina Carvalho de Oliveira, especialista em Direito Penal Econômico, afirma que a Resolução deixa a critério dos tribunais regionais a definição das varas competentes com a confirmação de que a denúncia será distribuída para juízo diverso daquele da apuração. “Está oficialmente consagrada a criação do juiz de garantias na esfera federal que diverge do juiz da instrução e julgamento do processo.”

Carolina Carvalho pontua que “o juiz das garantias será responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal, pela salvaguarda dos direitos individuais, bem como da determinação do trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento”.

Daniel Bialski, mestre em Direito Processual Penal, afirma que a regulamentação é mais um passo para colocar vigente o juízo de garantias, “que não só é um dever, mas uma necessidade da nossa Justiça”.

Mas Bialski faz um alerta. “Como isso, na prática, vai ser executado? Já que a Justiça Federal, diferentemente da Justiça Estadual, não tem varas distintas, uma para comandar inquéritos policiais e providências cautelares e as outras varas onde seriam distribuídos os processos. Há que se aguardar esta definição para que todos esses expedientes possam ter o respeito e a obediência à determinação, não só legislativa, mas também disposta no julgamento do STF.”

O advogado constitucionalista Adib Abdouni entende que a normatização é uma evolução importante da legislação processual penal introduzida pela Lei 13964/19 (pacote anticrime). “Na esteira do que decidido pelo STF nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade números 6298, 6299, 6300 e 6305, sua implantação é atribuição típica de organização judiciária de competência aos tribunais”, observa.

Para ele, a Resolução 881/24 estabeleceu diretrizes uniformes, no âmbito da Justiça Federal, que “buscam vencer, com segurança jurídica, as dificuldades administrativas de sua execução e funcionamento, a assegurar as garantias e o controle de legalidade da investigação criminal, assim como preservar os direitos individuais de investigados”.

“A competência do juiz das garantias cessa com o oferecimento da denúncia e, por conseguinte, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. A Resolução debruçou-se sobre a atuação dos magistrados, a distribuição dos feitos criminais a juízo diverso daquele do procedimento apuratório, assim como para aclarar a excepcionalidade do emprego de videoconferência para a realização da audiência de apresentação de pessoa presa, tudo a conferir segurança jurídica à nova sistemática implementada”, afirma Adib.