quinta-feira, 25 de julho de 2024

Recepção de Macron e jantar da presidência do COI: a agenda de Janja nas Olimpíadas de Paris

 


A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, cumpre agenda de chefe de Estado em Paris, representando o Brasil na abertura dos Jogos Olímpicos. Na agenda de quatro dias na capital francesa, estão previstos jantar com a presidência do Comitê Olímpico Internacional (COI) e recepção oferecida pelo presidente da França, Emmanuel Macron, para líderes mundiais.

Janja chegou a Paris nesta quinta-feira, 25, e ficará na cidade até o domingo, 28. Assim que desembarcou na capital francesa, a primeira-dama participou de reunião do Comitê Gestor da Conferência de Prefeitos da Rede C-40. O evento reúne prefeitos de 40 cidades espalhadas pelo mundo que se unem para combater a crise climática.

Ainda nesta quinta, a primeira-dama vai participar de jantar com o presidente do COI, Thomas Bach. No encontro, Janja apresentará a delegação de atletas que representará o Brasil nos jogos ao executivo do Comitê Olímpico.

Antes da abertura dos Jogos Olímpicos, Janja vai ser recepcionada por Emmanuel Macron, e pela primeira-dama do país, Brigitte Macron. Segundo a assessoria da primeira-dama brasileira, o evento é voltado para o acolhimento do governo da França aos chefes de Estado e governo que estão em Paris.

Depois da recepção, a Janja vai estar no espaço voltado aos líderes mundiais na cerimônia de abertura dos jogos, no rio Sena, que corta a capital francesa. A solenidade está prevista para começar às 14h30.

No sábado, 27, a assessoria de Janja prevê que ela participe de uma cerimônia onde será apresentado o vídeo intitulado “Juntos somos imbatíveis”. A filmagem foi feita com atletas olímpicos em apoio à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

No mesmo dia, a primeira-dama estará no lançamento da campanha Europa, promovida pela Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A iniciativa busca atrair para o Brasil turistas de diversos países que estarão na capital francesa para prestigiar os jogos.

O lançamento da campanha ocorrerá na Casa Brasil, que vai ser inaugurada nesta sexta-feira. Também criado pela Embratur e pelo Sebrae, o espaço servirá como um ponto de encontro entre torcedores e atletas brasileiros em Paris.

Credencial para abertura dos Jogos Olímpicos

É a primeira vez na história dos Jogos Olímpicos que o governo brasileiro será representado por uma primeira-dama. Normalmente, o papel é desempenhado pelo presidente da República ou pelo presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, esteve na cerimônia de abertura de duas edições: 2004, em Atenas, na Grécia, e 2008, em Pequim, na China.

Lula disse a Macron que estava com a “agenda cheia” e que não poderia ir até Paris acompanhar a abertura dos jogos. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que é o primeiro na linha sucessória na Presidência da República, não foi escalado pelo petista para o evento.

Janja conseguiu a credencial de representante do governo brasileiro fora do prazo estipulado pelo COI para o envio dos nomes dos chefes de Estado. O documento foi emitido pelo COB com excepcionalidade.

Na segunda-feira, 22, Macron disse para a imprensa internacional que Janja será bem-recebida em Paris e que “pelo menos” ela vai para o evento esportivo. Brigitte Macron, por sua vez, afirmou que mantém uma relação de amizade com a socióloga.

Taxação de bilionários: G20 terá ‘documento histórico’ sobre tributação, diz Haddad

 


A declaração sobre tributação a ser aprovada pelas lideranças financeiras do G20 é um documento histórico, disse nesta quinta-feira, 25, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmando que a busca por formas de tributar super-ricos é uma prioridade para o Brasil na presidência do grupo das maiores economias do mundo.

Falando na abertura de reunião das lideranças financeiras do G20 sobre cooperação tributária internacional no Rio de Janeiro, Haddad afirmou que o documento será um ponto de partida para o diálogo global sobre justiça tributária.

Ele ainda defendeu que seja construída uma convenção “ambiciosa” nas Nações Unidas que permita avançar no plano de criar um imposto mínimo global coordenado sobre os bilionários.

“Alguns poucos bilionários continuam evadindo os nossos sistemas tributários, jogando os Estados uns contra os outros, utilizando brechas para evitar o pagamento da sua justa contribuição em impostos, e minando capacidades das autoridades públicas”, afirmou o ministro.

Ponto prioritário na agenda proposta pelo Brasil, que preside o G20 até o fim do ano, a taxação de bilionários tem encontrado respaldo parcial das maiores economias do mundo.

Lideranças do grupo indicaram apoio a uma declaração conjunta que mencione a necessidade de uma tributação efetiva sobre super-ricos, mas sem passos concretos em relação ao tema, com autoridades citando dificuldade de implementação ou pregando que um acordo global não é necessário.

Pelo plano desenhado pelo Brasil, a reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais no Rio nesta semana terá a emissão de um comunicado conjunto com os principais tópicos debatidos e uma declaração sobre cooperação internacional em temas tributários, além de um documento separado, assinado pela presidência brasileira, sobre geopolítica.

“Esta declaração será um documento histórico. É a primeira vez que nós, ministros da trilha de Finanças do G20, falamos em uníssono sobre uma série de questões relativas à cooperação tributária internacional… incluindo a tributação dos super-ricos”, afirmou Haddad.

Na reunião, transmitida apenas durante a fala de abertura de Haddad, o ministro argumentou que iniciativas aprovadas internamente pelo Brasil vão na mesma direção defendida pelo país no G20, citando uma reforma tributária sobre o consumo com maior progressividade e tributação de fundos exclusivos e offshore.

“Devemos tributar mais os ricos e menos os pobres, melhorando a eficiência global e a legitimidade democrática do sistema tributário. Gosto de ver a declaração não como o ponto de chegada, mas como um ponto de partida”, afirmou.

Jay-Z entra no marketing esportivo no Brasil


Vini Jr. comemora gol do Real Madrid

 

A agência do rapper Jay-Z, que cuida da carreira de jogadores como Vini Jr, Endrick e Paquetá, está expandindo sua atuação no Brasil abrindo uma divisão de marketing esportivo.

Além de agenciar jogadores e atletas, a Roc Nation Sports agora vai oferecer a estes clientes um serviço completo que envolve PR, social media e até filantropia.

A ideia também é prestar consultoria para ligas como Conmebol, FIFA e clubes esportivos, assim como trabalhar com marcas e atletas na realização de eventos. Seu cartão de visita, sem dúvida, é o famoso show do intervalo do Super Bowl, em parceria com a NFL.

Aqui no Brasil, a empresa também quer desenvolver esportes pouco tradicionais e conhecidos no país, e algumas modalidades já estão no radar, assim como a possibilidade de trazer grandes shows internacionais.

Leia a matéria completa no Brazil Journal.

Brasil vai declarar fim do foco da doença de Newcastle à Organização Mundial de Saúde Animal

 Secretários de Defesa Agropecuária e de Inovação do Mapa são ...


O governo brasileiro vai comunicar nesta quinta-feira, 25, à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) sobre o encerramento do foco da doença de Newcastle em um aviário comercial de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, confirmado há uma semana. O processo, assim como a notificação do foco, é obrigatório.

“Todas as informações técnicas indicam a conclusão do foco. Encerraremos o foco em comunicado à OMSA e prestaremos todas as informações para os países, sobre o diagnóstico atual e as ações tomadas”, explicou o secretário da Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Carlos Goulart, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Com a conclusão do foco e com as suspeitas descartadas – cinco testes realizados apresentaram resultado negativo para o vírus -, o ministério espera a retomada da comercialização para os mercados com suspensão das emissões de certificados de exportação. A retomada, contudo, depende do aval da autoridade sanitária de cada país importador.

“É difícil predizer o comportamento das autoridades sanitárias, mas com habilidade negocial mostraremos a eles que as informações são suficientes e críveis para que as autoridades sanitárias revejam a postura para o Brasil poder retomar a certificação”, explicou o secretário. “Com as informações robustas de hoje (quinta, 25) de conclusão do foco, esperamos que a reação dos países importadores comece a ocorrer brevemente”, antecipou.

Segundo Goulart, não é possível estimar um prazo para retomada do fluxo comercial, já que a autorização parte do país importador e não do exportador. Na prática, os países importadores precisarão reconhecer que o Brasil está livre da doença. Posteriormente à validação de cada autoridade sanitária dos países importadores, o Brasil pode retomar a certificação das exportações em cumprimento dos requisitos sanitários acordados e, assim, reabrir o comércio.

O governo brasileiro suspendeu as emissões de certificações para exportações para 42 mercados, com restrições em vários graus, conforme previsto pelo protocolo sanitário acordado entre o Brasil e os países importadores. Goulart destaca que a suspensão não é uma decisão discricionária do governo brasileiro, mas trata-se do cumprimento dos acordos bilaterais estabelecidos.

Com a notificação à OMSA sobre o encerramento do foco e a regionalização da emergência sanitária a um raio de 10 km de onde o vírus foi constatado, a próxima etapa do governo brasileiro é negociar país a país as liberações para o retorno das vendas externas.

“Temos mantido discussões frequentes com as autoridades sanitárias e entregamos o máximo de informações com credibilidade e transparência. Depois disso, entra a parte negocial, mostrando a necessidade da celeridade dessa análise para que possamos retomar os embarques o mais rápido possível”, observou Goulart. Ele citou que as informações técnicas são enviadas diariamente por meio dos adidos agrícolas e embaixadas para cada país importador.

Para a China, principal destino das exportações brasileiras de frango, o protocolo bilateral prevê a suspensão das certificações na detecção da doença e, concluído o foco, o envio de um dossiê técnico de informações para avaliação da Administração Geral de Alfândega da China (GACC), autoridade sanitária do país asiático, e autorização do retorno das exportações. “No caso da China, como não há regionalização prevista no protocolo de aves, tanto a restrição quanto a liberação tendem a valer para todo o País”, explicou o secretário.

Além da China, as exportações de produtos avícolas de todo o Brasil estão suspensas também para o México e Argentina. Para outros 39 países, o Brasil suspendeu a emissão de certificações de exportações ou do Rio Grande do Sul ou da região afetada, conforme previsto no protocolo sanitário com cada país.

“Amanhã faremos uma reunião com todos os países do continente americano, visando principalmente os mercados com maior sensibilidade, para o qual estão fechados os embarques de todo o País. Temos todas as informações sanitárias que não dão condição de anunciar a eles o encerramento do foco de Newcastle, ou seja, dizer que não há mais agente patógeno presente ou colocando em risco a operação comercial e agora solicitar a manifestação dos países importadores na maior brevidade possível sobre o pacote técnico informado”, observou o diretor do Departamento de Saúde Animal da pasta, Marcelo de Andrade Mota.

Mesmo com a conclusão do foco, o ministério vai continuar com protocolos sanitários de vigilância e ações de controle na região afetada. “Encerramos a situação que nos impedia de emitir a certificação sanitária de exportação, com o encerramento do foco, mas faremos uma segunda rodada de vigilância nas 800 propriedades do raio afetado e a inclusão de aves sentinelas (para verificar a não circulação do vírus na região)”, detalhou Mota. As demais aves da granja afetada foram sacrificadas e o aviário limpo e desinfetado. As medidas, segundo as fontes, visam à retomada da normalidade sanitária.

CNC estima prejuízo de R$ 97 bilhões à economia brasileira com enchentes no RS

 


A tragédia climática das enchentes no Rio Grande do Sul (RS) provocará perdas de R$ 97 bilhões para a economia brasileira em 2024, estima a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Deste valor, R$ 58 bilhões serão perdidos pelos gaúchos, e os R$ 38,9 bilhões restantes pelos outros estados.

O impacto sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro poderá ser de até -1%. No mercado de trabalho, serão eliminados 195 mil empregos no RS e 110 mil empregos em outros estados, totalizando 305 mil empregos.

Segundo a CNC, os setores de comércio, serviços e turismo demandam medidas mitigatórias urgentes para que a situação não se agrave. ““A reconstrução do Rio Grande do Sul exigirá esforços contínuos e investimentos substanciais”, afirma o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.

Estimativas por setor

As perdas projetadas no comércio podem chegar a R$ 10 bilhões, o equivalente a 5% do faturamento de 2023. O impacto acontece também pela redução do tráfego de mercadorias nas estradas, com queda de 28% no fluxo de veículos.

No turismo, as baixas estimadas são de R$ 49 milhões por dia, com um acumulado de R$ 2 bilhões só até junho de 2024. Em 2023, o RS foi responsável por 6% do faturamento do turismo no Brasil, em 2023.

Há ainda as perdas agrícolas. O setor representou cerca de 6% do PIB gaúcho em 2023.

Companhias aéreas Flybondi e Jetsmart avaliam expandir operação no Brasil

 


Avião da Flybondi no Aeroporto Aeroparque-Jorge Newbery, em Buenos Aires, Argentina 07/07/2023 (Crédito: REUTERS/Miguel Lo Bianco)

As companhias aéreas Flybondi e Jetsmart estão mirando o Brasil como um dos principais destinos para voos nos próximos meses, buscando expandir rotas conforme o mercado se abre, disseram executivos de ambas as empresas.

A chilena Jetsmart, que atualmente opera nove rotas dentro e fora do Brasil, vê o país como um “mercado instrumental” para suas operações, segundo Ortiz. “É verdade que falta no Brasil uma linha aérea ultra ‘low-cost’? Provavelmente”, afirmou o presidente-executivo, Estuardo Ortiz, a jornalistas nesta quinta-feira.

A rival argentina Flybondi também está considerando expansões de rotas no Brasil, disse à Reuters o presidente-executivo, Mauricio Sana, em entrevista na quarta-feira.

Acordos internacionais

Nos últimos meses, a Argentina assinou uma série de acordos de “céus abertos” com outros países. O tratado com o Brasil aumenta o número de frequências de voos permitidas. Com o Chile e o Uruguai, por outro lado, permite a operação de voos domésticos na Argentina pelas companhias aéreas desses países, e vice-versa.

“O acordo firmado com o Brasil é de frequências, de aumentar a quantidade de frequências, e portanto ainda não tem (o direito de operar voos domésticos). Esse é um tema interessante, porque o governo (argentino) quer executá-lo”, disse uma fonte da Flybondi.

Uma fonte da secretaria de transportes da Argentina confirmou esperar que um acordo desse tipo possa ser assinado. “(O Brasil) não tem companhias aéreas de baixo custo, tem a Gol e a Azul, que não são ‘low cost'”, disse a fonte da Flybondi. “Têm tarifas caríssimas e falta muita conectividade.”

A fonte acrescentou que a Flybondi está avaliando a possibilidade de operar voos domésticos no Brasil.

Jetsmart foca no internacional

A Jetsmart, por sua vez, está se concentrando no momento “unicamente em voos internacionais”, disse Ortiz.

O executivo também disse que as regulações no Brasil, como proteções rigorosas ao consumidor e uma proposta para incluir automaticamente o preço da bagagem nos custos das passagens, afetaram a “viabilidade” de operar no país, além dos custos elevados do combustível de aviação.

Ministro diz que Vale está ‘acéfala’ e fala em aplicar ‘sanções mais duras’

 


Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira

 

reutersi

Desde que ficou decidida a saída do presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, em março deste ano, a companhia ficou “acéfala” e “sem alguém com autoridade” para tratar de assuntos que são relevantes ao interesse nacional, afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à Reuters.

Na avaliação do ministro, a situação dificulta a conclusão de um acordo entre Vale, BHP e Samarco com autoridades federais e estaduais para a reparação e compensação pelo rompimento de barragem em Mariana, em Minas Gerais, que ocorreu em 2015. Silveira, que é mineiro, disse estar preocupado com a “falta de proatividade” das companhias.

“Me preocupa inclusive uma postura da Vale, que parece que só vai mudar, infelizmente, na hora que nós tivermos que aplicar medidas e sanções mais duras na empresa. E se necessário até avaliar a legislação brasileira nesse sentido, dela mudar a postura arrogante dela com relação ao Brasil”, afirmou Silveira em entrevista à Reuters na quarta-feira, durante visita ao Estado de Sergipe.

A expectativa de todas as partes, inclusive do governo, é que um acerto seja concluído ainda neste ano. Havia expectativa de que o acordo pudesse ser fechado até o final do primeiro semestre, mas uma proposta de desembolso totalizando 140 bilhões de reais ficou aquém do pretendido pela autoridades.

“Não deveria ser assim, mas o fato de a Vale estar acéfala é evidente que está atrasando um acordo (por Mariana)”, disse o ministro.

Segundo Silveira, a Vale “deixou de ser mineradora” e “passou a ser quase que exclusivamente vendedora da infraestrutura”, não explorando ativos estratégicos no país.

‘Sanções mais duras’

Ele disse ainda que o governo estuda inclusive “medidas e sanções mais duras” contra a empresa, avaliando a legislação brasileira, e por meio de políticas públicas, sem entrar em detalhes.

Silveira comentou também que tem de “estar muito atento” para a postura da maior companhia de mineração do país.

Para ele, trata-se de uma mineradora “quase que monopolista, que deixou e deixa de explorar ativos estratégicos no país, que passou a comercializar esses ativos com investidores internacionais e distribui esses dividendos sem nenhum critério estratégico convergente com o interesse do país”.

Uma fonte com conhecimento do assunto afirmou, na condição de anonimato, que há estudos sobre possível mudança nas regras sobre direitos minerários. Essa fonte não detalhou o que poderia ser alterado.

Com frequência, o ministro e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm feito duras críticas contra a Vale e sua gestão, em momento em que a companhia, uma das maiores mineradoras do mundo e privatizada há cerca de 30 anos, trabalha no processo de sucessão de seu presidente.

Mudança na presidência

O mandato do CEO vencia em maio deste ano, mas foi estendido até dezembro, após o conselho — responsável pela escolha da nova liderança — ter ficado dividido entre manter o presidente por mais um período ou abrir um processo para a escolha de uma nova liderança.

“Desde que anunciaram a saída do atual presidente, a gente sabe bem como isso acontece, a Vale ficou sem alguém com autoridade para tratar de assuntos que são extremamente relevantes ao interesse nacional”, disse Silveira.

“Está passando inclusive do limite da razoabilidade a forma e a condução da direção da Vale com relação a esses assuntos que precisam ser resolvidos, e eu vou te afirmar que está muito próximo do limite da tolerância.”

Procurada, a Vale afirmou que não tem comentários sobre as declarações do ministro. Disse ainda que segue “engajada” junto com autoridades para estabelecer um acordo sobre o desastre de Mariana “que garanta a reparação justa e integral às pessoas atingidas e ao meio ambiente”.

Bartolomeo manterá seu cargo até o final de dezembro deste ano. A companhia definiu também que o CEO apoiará a transição para a nova liderança no início de 2025 e que atuará como advisor da companhia até 31 de dezembro do próximo ano.

‘Nunca houve uma ingerência do governo’

O impasse no conselho sobre a sucessão da Vale ocorreu em meio a diversas notícias de que o governo estaria tentando emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como CEO da mineradora. Silveira voltou a afirmar que “nunca houve uma ingerência do governo com relação à Vale”.

“E eu afirmei peremptoriamente e desafiei qualquer conselheiro a dizer que nós intervirmos falando sobre o ministro (Guido Mantega)”, disse Silveira.

Na semana passada, o colunista Lauro Jardim publicou que o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, foi sondado por conselheiros da Vale para entrar na corrida pela presidência.

Questionado sobre a notícia, Silveira disse entender “que seria um grande erro, porque o secretário-executivo é governo”.

“Eu sou daqueles que entendem que na vida pública não basta ser honesto, tem que parecer ser honesto”, afirmou. “Não basta a gente não querer intervir. A gente tem que parecer que não está intervindo.”

O conselho da Vale tem competência exclusiva para decidir sobre a escolha do presidente da companhia. No início do mês, a mineradora anunciou a segunda renúncia de um membro independente de seu conselho de administração em três meses.

No primeiro caso, ao deixar a empresa em março, o então membro independente José Luciano Penido enviou uma carta ao presidente do colegiado, apontando que o processo de sucessão estava sendo conduzido de maneira manipulada, com influência política, segundo o documento visto pela Reuters à época.

Penido defendia a renovação do mandato de Bartolomeo, segundo a Reuters publicou à época.

Silveira, porém, defendeu que “o que ele (Penido) diz não tem nada a ver com o governo”. “Todo mundo teve essa impressão. O Penido fez uma denúncia com relação ao conselho da Vale”, afirmou.

O ministro disse ainda que quer que a escolha do novo presidente “aconteça rápido” e de forma técnica para ter “alguém que possa compreender melhor o papel da Vale”.

Nos últimos anos, a Vale passou a ter um controle pulverizado, com novas normas para tentar blindar sua governança corporativa de interferências políticas. Mas tem ainda como importante acionista a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que é uma instituição de economia mista controlada pelo Estado brasileiro.