Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Interior de uma cafeteria Cheirin Bão (Crédito: Reprodução/Cheirin Bão)
Matheus Almeidai
Em
menos de 5 anos de operação, a Cheirin Bão chegou a 800 unidades em
funcionamento, ultrapassou a concorrência e se tornou a maior rede de
franquias de cafeterias do Brasil.
A liderança no segmento foi
consolidada em 2023, quando encerrou o ano com 539 unidades e um
crescimento de 23,2% em relação aos 414 estabelecimentos da rede em
2022, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Para
efeito de comparação, a empresa aparece no ranking da ABF das 50
maiores franqueadoras brasileiras pouco atrás da Kopenhagen, que fechou o
ano passado com 672 lojas, mas com chocolate como carro-chefe. A
Kopenhagen informa, em números mais recentes, possuir 689 lojas com
cafeteria.
No
mesmo ranking, apenas duas são do segmento exclusivo de cafeterias: a
Cheirin Bão e a Casa de Bolos, que tinha ao final do ano passado 481
estabelecimentos.
O Rio de Janeiro é o estado com o maior número de unidades da rede, com 163. Em São Paulo, também são 163.
A história da Cheirin Bão
Fundada
em 2019, a Cheirin Bão cresceu de forma acelerada através de um modelo
montado para apressar seu escalonamento. As unidades requerem uma
estrutura enxuta, com apenas um forno e uma máquina de café alugada. Já
os produtos servidos são integralmente fornecidos pela franqueadora,
assim como a publicidade.
Com
apenas R$ 300 mil, é possível tornar-se um franqueado. Segundo Wilton
Bezerra, CEO e co-fundador da empresa, o faturamento das lojas varia de
R$ 40 mil a R$ 1 milhão a depender do ponto, com lucro líquido de cerca
de 25%. “Quanto mais eu mantenho esse investimento baixo, maior a
possibilidade de retorno de capital. Isso possibilita que esses
franqueados se tornem multifranqueados”, afirma.
O
resultado foi um faturamento de R$ 350 milhões em 2023. Este ano, a
projeção informada pela empresa é de que a receita chegue a R$ 400
milhões.
Para
montar um modelo que fosse bem sucedido para o franqueado e assim
crescesse mais rápido, os fundadores utilizaram suas raízes no sul de
Minas Gerais e a experiência de ambos no setor de franchising. Wilton
Bezerra veio da área estratégico-operacional de franquias, e outro
fundador, Eduardo Schroeder, do administrativo-jurídico.
Ambos
fundaram a holding Universal Franchising (UF), que antes da Cheirin Bão
possuía duas empresas de estética (Depilesse e BeautyB), e hoje conta
ainda com a rede de restaurantes Culinária Mineira.
Marca ainda desconhecida do grande público
A
Cheirin Bão não possui uma marca tão conhecida como seu tamanho
sugeriria. Isso é explicado em parte pela estratégia adotada nos
primeiros anos, com pouco investimento em mídia.
“A gente
inicialmente trabalhou muito em termos de posicionamento de lojas,
crescendo marca, mostrando a marca através das lojas”, explica o CEO.
“Mas agora a gente este ano, em 2024, entrou forte com mídia.”
A
empresa investiu neste ano R$ 10 milhões em campanhas de publicidade
para televisão e internet. O ator Jackson Antunes, da atual novela da
Rede Globo Pantanal, foi escolhido como rosto da marca.
Do plantio ao pó da máquina
O
modelo da Cheirin Bão conseguiu cortar custos dos franqueados através
de diferentes estratégias. Primeiramente, a holding possui um
ecossistema para atuar em todas as etapas de produção do que é vendido
ao cliente.
“Desde
a produção lá na fazenda, o plantio do café, a industrialização dos
produtos e a distribuição até chegarem nas lojas, todas as empresas são
do grupo”, afirma Bezerra. “Não são parcerias. São empresas do grupo,
CNPJs distintos obviamente, mas a UF é sócia em todas.”
As
comidas congeladas para aquecimento na loja são o único alimento que
conta com um parceiro produtor. Ainda assim, a distribuição fica por
conta dos centros logísticos da UF.
“A gente faz a curadoria dos
fornecedores, negociação de preço, compra esses produtos, armazena no
operador logístico e entrega nas lojas”, resume Bezerra. “O frentista
não precisa comprar nada localmente, tudo chega pra ele.”
O CEO
destaca, porém, que mesmo as comidas produzidas por parceiros contam com
receitas exclusivas. A rede lança dois cardápios por ano. A cada seis
meses, entram cerca de vinte produtos para a lista de comidas e bebidas
servidas nas cafeterias.
Outra estratégia para baratear os custos é
o estabelecimento de um valor fixo de royalties de R$ 2,5 mil por mês.
Já a máquina de café expresso é alugada por R$ 600 ao mês, com
manutenções inclusas.
Além disso, o formato com apenas forno e
cafeteira dispensa a contratação de mão de obra qualificada e espaço de
dispensa ou cozinha.
No cardápio fixo, o CEO destaca os waffles de pão de queijo, os sanduíches do mesmo waffle e o café coado.
Planos de expansão
A
rede prepara o início da comercialização de seus produtos no varejo
digital, para enviá-los a lugares onde ainda não há lojas. A operação
deve começar em setembro. Assim, espera aumentar a sua presença no país.
Atualmente, mais de 300 unidades estão no Sudeste. Os recursos
arrecadados com a venda do comércio pela internet serão destinados ao
fundo de publicidade da empresa.
Também estão nos planos da
Cheirin Bão as primeiras unidades franqueadas fora do país, a serem
abertas por empresários e franqueadores master em Miami e Boston,
cidades dos Estados Unidos com grande presença de brasileiros. A
expectativa é que sejam inauguradas entre o final do ano e o começo de
2025.
Para o futuro, os mineiros não descartam levar a UF para a
bolsa de valores brasileira. “É o objetivo de qualquer empresa que
cresce. Eu não escondo que é um desejo futuro também”, diz Bezerra, que
esclarece que o plano aguardará um bom momento no mercado de capitais.
“A gente tem hoje processos de governança bem estabelecidos, de
compliance, deixando a empresa pronta pra isso.”
Rede
social do bilionário Elon Musk acusa ministro do STF de “censura” por
determinar bloqueio de perfis. Oficial de Justiça teria feito diversas
tentativas de intimar representantes legais da plataforma, sem
sucesso.Em mais um capítulo da briga que o bilionário Elon Musk trava
com o Supremo Tribunal Federal (STF), a rede social dele, o X (antigo
Twitter), declarou neste sábado (17/08) que encerraria suas operações no
Brasil “com efeito imediato” devido ao que chamou de “ordens de
censura” do ministro Alexandre de Moraes.
O X, porém, afirma que a medida não deve afetar a disponibilidade da plataforma no Brasil.
A
rede social alega que Moraes ameaçou, em despacho sigiloso, prender um
de seus representantes legais no Brasil em caso de descumprimento de
ordens judiciais para a retirada de conteúdos da rede social.
“Apesar
de nossos inúmeros recursos ao Supremo Tribunal Federal não terem sido
ouvidos, de o público brasileiro não ter sido informado sobre essas
ordens e de nossa equipe brasileira não ter responsabilidade ou controle
sobre o bloqueio de conteúdo em nossa plataforma, Moraes optou por
ameaçar nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o devido
processo legal”, afirmou a plataforma.
“Como
resultado, para proteger a segurança de nossa equipe, tomamos a decisão
de encerrar nossas operações no Brasil, com efeito imediato”, continua o
comunicado. “A responsabilidade é exclusivamente de Alexandre de
Moraes. Suas ações são incompatíveis com um governo democrático. O povo
brasileiro tem uma escolha a fazer – democracia ou Alexandre de Moraes.”
Moraes
havia determinado o bloqueio de algumas contas na plataforma – sendo
uma delas a do senador Marcos do Val (Podemos-ES) –, no âmbito do
inquérito das milícias digitais, que apura a divulgação de fake news e
discurso de ódio durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A
julgar pelo conteúdo das “ordens secretas” de Moraes, o oficial de
Justiça teria feito diversas tentativas de intimar os representantes
legais da plataforma, sob ameaça de multa, sem sucesso.
Musk também foi alvo do Supremo
Ícone
da ultradireita, o próprio Musk se tornou alvo de inquérito por
suspeita de obstrução da Justiça, após afirmar que reativaria contas na
rede social que estavam bloqueadas por ordem judicial, em decisões
cumpridas quando a plataforma ainda se chamava Twitter e não estava nas
mãos do empresário. Ele também foi incluído no inquérito das milícias
digitais.
O empresário americano alegou que as decisões de Moraes
que embasaram o bloqueio de perfis na rede são “inconstitucionais”, mas
acabou recuando por meio de seus subordinados, que anunciaram que
seguiriam as determinações da mais alta corte brasileira.
Reagindo
em abril a uma intimação de Moraes, advogados que representam o X no
Brasil atribuíram a “falhas operacionais” a volta à rede de usuários que
deveriam estar bloqueados.
A
economia reage, o empresariádo investe, a roda gira. Então, por que o
país não consegue sustentar o crescimento? A resposta está mais na falta
de capacidade de condução da política pública do que na escassez de
dinheiro
Educação, tamanho do estado, exportações mais bem negociadas e o
mercado financeiro são alguns dos fatores levantados pelos economistas
consultados pela Dinheiro para alavancar as riquezas do país (Crédito:
Ricardo Stuckert)
Editora Trêsi
16/08/2024 - 18:49
Para compartilhar:
Entender
o desenvolvimento econômico não é tarefa fácil. Talvez nem o mais
notório dos economistas do século XX, Celso Furtado, tenha sido capaz de
prever o que estava por vir. Na base de sua teoria econômica, o Estado
não deveria ser apenas um carimbador de cheques em branco, mas sim um
agente de promoção, de impulsão e de criação de condições para o
desenvolvimento saudável e duradouro de uma nação.
Ainda
que a história econômica do Brasil carregue, em parte, uma adaptação
mambembe do liberalismo europeu, há muito o que se pode observar e se
inspirar nos modelos do velho continente quando pensamos em
desenvolvimento.
Também devemos olhar para a Ásia, onde países
como China e Coreia do Sul obtiveram bons resultados adotando caminhos
diferentes, mas que foram absorvidos como parte de um projeto de país,
não de governo. Por aqui, os desafios são imensos, mas há formas de
chegar lá. Nesta reportagem, elencamos sete pontos centrais para o
desenvolvimento brasileiro, apontando como cada um deles poderia
contribuir para a expansão do PIB.
Por
trás das indicações, estão Lant Pritchett (economista de
desenvolvimento da Universidade de Oxford), Marcus Pestana
(diretor-executivo do Instituto Fiscal Independente), Roberto Giannetti
da Fonseca (economista e ex-secretário-executivo da Camex), Felipe Salto
(economista-chefe da Warren), Zeina Latif (ex-secretária de
Desenvolvimento Econômico de SP e sócia-diretora da Gibraltar
Consulting), Alberto Ramos (diretor de pesquisa macroeconômica do
Goldman Sachs) e o ex-ministro Sérgio Rezende.
Uma receita
completa que, se aplicada, tem o potencial de elevar o PIB em até 3,8
pontos percentuais ao ano, segundo o Ipea, o equivalente a R$ 675
bilhões em riquezas para o País. Vamos a eles.
1. Educação: +0,3 p. p.
Entender
a educação como parte do processo de desenvolvimento de uma nação é uma
retórica que parece óbvia, mas não é. Lant Pritchett, economista de
desenvolvimento da Universidade de Oxford, explica que, além de cada
real investido em educação triplicar em retorno para o PIB, a
musculatura que o país ganha ao fortalecer a base do ensino altera a
estrutura econômica. “Até aqui, o Brasil só focou em quantidade, não em
qualidade.” Um estudo de Oxford para países subdesenvolvidos estima que,
em média, três anos de uma educação construtiva, inclusiva e agregadora
têm a capacidade de elevar em 1,8 ponto percentual o PIB per capita de
um país.
Segundo o IPEA, em uma análise superficial sobre o
currículo escolar brasileiro, é possível concluir que, se os alunos
aprendessem o que está pré-definido na grade, o ganho no PIB seria de
0,3 ponto percentual ao ano, sem grandes esforços.
“O Brasil ainda peca no feijão com arroz. Os alunos saem da escola
sabendo ler? Sabendo fazer contas? Sabendo projetar o futuro? Se a
resposta for não, o caminho está errado”, disse Pritchett.
E
para quem acha que a solução está em mais investimento público, um
alerta: não falta dinheiro, falta capacidade administrativa.
O
Fundeb, que escoa recursos da União para estados e municípios, tem, só
em 2024, 172 denúncias abertas de possíveis corrupções. Há ainda uma
desproporção orçamentária nas prefeituras que, por exigência da
Constituição, são obrigadas a investir um determinado percentual em
educação, mas disfarçam essa verba para aplicá-la em outras áreas.
É
o caso clássico da Ronda Escolar, recurso de segurança pública muitas
vezes custeado com verba da educação. Como resolver isso? Para
Pritchett, a solução é ampliação do papel do Estado.
“Não adianta apenas definir a grade e obrigar o investimento. O governo
central precisa cobrar resultados, mensurar dados, avaliar o desempenho
macro. Foi assim na China e na Coreia do Sul recentemente”, disse.
Na
Inglaterra, um processo similar, que oferecia bônus orçamentários para
cidades que atingissem níveis de escolaridade funcional na metade do
século passado, foi determinante para a disseminação da educação.
2. Reforma Administrativa: +0,85 p. p.
Entre
as mudanças mais relevantes para destravar a economia, reavaliar o
tamanho do Estado se torna imperativo. A ideia central, muito além de
revisar cargos, salários e privilégios, precisa ser a reavaliação da
necessidade do número atual de cidades, descentralizando micropoderes em
municípios que não possuem capacidade de se financiar e dependem, quase
integralmente, de repasses da União
. Segundo Marcus Pestana,
diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente), as medidas
podem reduzir os gastos em R$ 128 bilhões em 10 anos. Ele afirma que as
medidas poderiam desafogar as contas públicas do governo federal,
melhorando a capacidade de investimento da União.
Segundo o IPEA, a
redução do Estado colocaria recursos na economia ativa e teria um
impacto no PIB de quase um ponto percentual ao ano. Para entender o
efeito das mudanças, basta olhar para o passado. Entre 1950 e 1970,
período considerado de maior crescimento médio da economia brasileira,
os gastos públicos representavam 25,5% do PIB.
Em 2023, essa fatia
estava em 43,4%; as despesas correntes, antes 20%, hoje batem 40%. Para
equilibrar as despesas, o investimento nacional caiu de 5,5% do PIB
para 1,5% em 2022. Não há, neste momento, qualquer disposição do governo
Lula em avançar com este tema.
O ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, tem afirmado que, pelo entendimento da equipe econômica, o foco
neste momento é começar a reforma mirando “o andar de cima”. Ele cita
privilégios em cargos dos Três Poderes. A ministra de Gestão e Inovação,
Esther Dweck, confirmou à DINHEIRO que a reforma em curso no Congresso,
a PEC 32/2020, nos termos atuais, não terá apoio do governo por ser
“essencialmente punitivista e com foco na base da pirâmide do serviço
público”.
3. Comércio exterior: +0,35 p. p.
Depender
de commodities tem sido uma muleta para a economia brasileira. O bom
desempenho da balança comercial, apoiado basicamente no agronegócio, é
pouco para o potencial brasileiro. Para Roberto Giannetti da Fonseca,
economista, ex-secretário-executivo da Camex e ex-diretor da Fiesp,
falta um projeto claro de país e uma rota mais definida para aumentar as
exportações e abrir mais o Brasil para o comércio exterior.
“Para um país ser competitivo, não basta produzir. É preciso saber
vender bem, vender valor agregado, marca. Infelizmente, a cultura
exportadora brasileira ainda é muito incipiente”, disse.
Segundo
o economista, nenhum país da atualidade se desenvolveu sem o que ele
definiu como “surto de exportação”. Entre os exemplos, ele cita
Alemanha, Coreia do Sul, China e Japão, países que cresceram agregando a
demanda externa à sua capacidade de oferta, aumentando o emprego e a
renda com a possibilidade de atingir mercados externos.
“É a
maneira mais lógica e mais óbvia de um país crescer e trazer
competitividade para dentro, o que envolve qualidade, preço e
marketing.” Nesse sentido, apesar de o governo estar trabalhando na
diplomacia para firmar novos acordos comerciais, ainda é preciso
garantir condições de igualdade competitiva para a cadeia produtiva
brasileira.
A matriz industrial brasileira, desde a indústria
extrativista até a de transformação, possui uma base anacrônica,
antiquada e custosa. Com a virada do século, enquanto países como a
China já começavam a mirar os negócios do futuro, a indústria brasileira
ainda possuía uma estrutura fordista usada na segunda metade do século
XX.
O ponto de inflexão para que o Brasil use melhor os novos
acordos comerciais, vislumbrando até uma troca mais pujante com a União
Europeia, é dar aos empresários condições de adaptar seu pátio fabril,
assim como acontece no agronegócio, por meio do Plano Safra.
R$ 128 bilhões é o potencial de redução dos gastos públicos em dez anos, caso a Reforma Administrativa saia do papel
4. Desindexação do orçamento: +1,02 p. p.
Assunto
sensível e com capacidade de aflorar os ânimos da população, a
desindexação de parte do Orçamento federal também pode ser um motor para
a economia. Hoje, muitos dos gastos públicos são obrigados pela
Constituição a terem reajuste com base na inflação passada, uma forma de
tentar garantir a mesma capacidade de investimento ano após ano.
Para
Felipe Salto, economista-chefe da Warren, esse pensamento é falacioso,
já que nem tudo depende do volume de recursos alocados, mas da
inteligência na aplicação.
“Temos de debater um novo sistema para os gastos com saúde e educação, sem essa correção automática”, disse.
Outro
benefício de tal mudança, segundo ele, seria deixar o orçamento livre
para investimentos menos engessados. Atualmente, segundo estimativa do
Tribunal de Contas da União, o governo federal poderia ter disponível
para investimento R$ 131 bilhões ao longo de dez anos com a medida.
“Garantir gastos permanentemente não quer dizer que você esteja melhorando as políticas públicas”, afirmou.
Quando
ampliada a discussão para desindexar benefícios previdenciários, seja
aposentadoria ou auxílios esporádicos, a cifra pode superar os R$ 200
bilhões em uma década. Dentro da cúpula do governo federal, o tema
chegou a ser debatido e foi encabeçado pelo Ministério do Planejamento,
com Simone Tebet à frente do estudo de viabilidade, mas ainda não
avançou. Segundo Fernando Haddad, este não é o momento para discutir o
assunto.
R$ 200 bilhões Podem ter novos destinos em uma década se o governo não usar a inflação nas correções obrigatórias
5. Reforma Tributária: +0,25 p. p.
Em
vias de finalização, a reforma tributária também tem a capacidade de
estimular o PIB, mas apenas se for simples o bastante para atrair
investimento estrangeiro, assertiva o suficiente para não abrir brechas
para privilégios e constante para garantir estabilidade jurídica.
Para
Zeina Latif, ex-economista-chefe da XP Investimentos e ex-secretária de
Desenvolvimento Econômico do estado de São Paulo, atualmente
sócia-diretora da Gibraltar Consulting, o nó envolvendo a reforma
tributária tem sido tão grande que alguns conceitos se perderam.
“O argumento de que a menor taxação implicará em preços mais baixos é frágil.”
Isso porque, explica ela, o benefício pode se transformar em aumento da margem de lucro, e não em redução do preço.
Movimento
similar ao que aconteceu com a desoneração da folha. Era para gerar
mais empregos, mas, na prática, apenas deu um fôlego para os empresários
nos encargos trabalhistas. Há ainda o impacto direto na alíquota padrão
para compensar as desonerações. “No orçamento das pessoas de baixa
renda, o aumento da tarifa média é uma notícia ruim”, disse.
Na
prática, um estudo de 2023 do IPEA revelou que a base da pirâmide social
paga, em média, entre 21% e 28% da própria renda mensal em impostos.
Tal fatia cai para entre 15% e 19% entre os mais ricos.
O
resultado, segundo o IPEA, é que o dinheiro não gasto pelos ricos é
direcionado a investimentos, enquanto, no orçamento dos mais pobres, é
recolocado na economia real, o que ajuda a desenvolver a economia.
6. Mercado financeiro: +0,15 p. p.
Entre
os setores mais estruturados do Brasil, o mercado financeiro tenta
acompanhar o ritmo mundial dos investimentos, mas escorrega na falta de
estabilidade. Prova disto são as baixas e altas históricas vividas em
2024 no Ibovespa.
Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa
macroeconômica do Goldman Sachs, ainda há algum nível de incerteza do
investidor estrangeiro em relação a operações no Brasil, principalmente
devido à complexidade dos processos legais e à instabilidade fiscal do
país.
Além disso, os juros elevados nos EUA reduzem o apetite pelo
mercado brasileiro, que precisaria ganhar novos contornos para voltar
ao jogo. Até julho, os estrangeiros retiraram R$ 42,4 bilhões do Brasil,
a maior cifra desde 2020.
O motivo, segundo Ramos, é que, apesar
das vantagens que o Brasil possui, como não estar em guerra, ter energia
limpa e barata e boas atividades no agronegócio, ainda falta um melhor
posicionamento diante do mundo.
“O investidor que sai da China ou da Rússia vai para a Índia, para a Indonésia, para a Tailândia, para o México”, disse.
A
reversão deste cenário e o retorno do capital estrangeiro podem ocorrer
com medidas simples. A promoção de condições mais atraentes para
negócios que envolvam ativação econômica, como energia limpa, construção
ou economia criativa, além de uma sinalização mais forte de controle
das contas públicas, reduziria o risco no investimento e garantiria
recursos a serem utilizados no país.
7. Ciência & Tecnologia: +0,90 p. p.
Se
o plano é pensar no futuro, o movimento precisa ser já. O investimento
em ciência e tecnologia no Brasil precisa disparar para tentar competir
com o mundo. E quem afirma isso é o ex-ministro de Ciência e Tecnologia,
Sérgio Rezende.
“Um país que honra o pagamento de uma dívida trilhardária não é pobre”, disse.
De
acordo com dados do Portal da Transparência, o Brasil investiu no
último ano o equivalente a 1,3% do PIB em desenvolvimento tecnológico e
científico, um número considerado muito baixo.
“Muitas pessoas me perguntam por que o Brasil nunca ganhou um prêmio Nobel, e a resposta é clara: não há investimento”, disse.
Com
a atenção do mundo voltada para soluções sustentáveis e respostas que
andem lado a lado com os recursos naturais, o Brasil deve investir no
desenvolvimento de soluções utilizando a própria cultura como porta de
entrada para ampliar consideravelmente os ganhos.
“Não adianta ter
o queijo na mão, se a faca não corta.” A reconstrução da estrutura
científica brasileira, que foi lateralizada por anos, envolve acordos de
cooperação internacional, atração de mão de obra estrangeira e
capacitação dos pesquisadores, facilitação do crédito para estudos e
criação de produtos, além de políticas públicas nacionais para estimular
novas descobertas.
Com soluções possíveis e relativamente
simples, a solução para o Brasil está, parafraseando Celso Furtado, nas
mãos de quem se compromete a fazer a mudança.
São
Paulo, 16 – A Coamo Agroindustrial Cooperativa inaugura nesta
sexta-feira, 16, uma indústria de rações e lança a pedra fundamental da
indústria de etanol de milho em Campo Mourão (PR). Em nota, a
cooperativa diz que o investimento na indústria de rações foi de R$ 178
milhões e na de etanol a previsão é de R$ 1,67 bilhão.
A indústria
de ração tem 6 mil metros quadrados de área construída e capacidade
produtiva de 200 mil toneladas de rações por ano. “A indústria de rações
já opera com 100% da capacidade produtiva. O plano para expansão dessa
produção já está em andamento”, disse a Coamo na nota.
Com
12 indústrias nos parques industriais em Campo Mourão e Paranaguá, no
Paraná, e em Dourados (MS), a Coamo se prepara para inaugurar a 13ª
unidade: uma usina de etanol de milho. Será a primeira do Paraná
dedicada exclusivamente a essa produção.
“A previsão é que no segundo semestre de 2026 possamos inaugurar essa nova planta”, disse o diretor industrial Divaldo Correa.
Segundo
ele, o milho, que até recentemente não tinha um processo completo de
industrialização na Coamo, passou a ser mais consumido dentro da nova
indústria de rações, representando 2% de tudo o que a cooperativa
recebe. Com a usina de etanol, esse porcentual deve saltar para 20%.
A
nova planta terá capacidade para produzir 765 m³ de etanol hidratado
por dia, 510 toneladas de DDGS (farelo de milho) e cerca de 37,4
toneladas de óleo diariamente. A usina termelétrica também produzirá 30
MW de energia elétrica, suficiente para tornar o parque industrial da
Coamo em Campo Mourão energeticamente autossustentável.
As
redes de varejo de produtos e serviços para animais de estimação Petz e
Cobasi anunciaram nesta sexta-feira que assinaram acordo para uma
combinação de suas operações, que criará a maior empresa no setor no
país, unindo as duas companhias que já lideram o segmento.
O
acordo prevê que a Petz será uma subsidiária integral da Cobasi, empresa
que criou o conceito de megalojas de produtos para animais de estimação
no país na década de 1980. Além disso, os acionistas da Petz terão
52,6% da empresa combinada. A relação de troca é ligeiramente diferente
dos 50%-50% que constavam em memorando de entendimento assinado em
abril, quando as empresas anunciaram intenção de unirem operações.
O
presidente-executivo e acionista de referência da Petz, com 30,57% da
empresa, Sergio Zimerman, afirmou em conferência com analistas e
investidores que a mudança na relação de troca decorreu de “um processo
de ajuste para gerar conforto para ambas as companhias”.
O
conselho de administração do grupo combinado, que será listado no Novo
Mercado, terá nove membros, sendo cinco indicados pelos controladores da
Cobasi, os irmãos Nassar e o fundo Kinea, e o restante por Zimerman.
As
duas redes anunciaram em abril memorando de entendimento não vinculante
para combinação dos negócios de olho em um mercado formado por mais de
139 milhões de animais de estimação, o segundo maior do mundo, de acordo
com Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. Segundo Cruz,
a cada 100 famílias brasileiras, 44 possuem um animal de estimação,
enquanto apenas 36 têm crianças em casa.
Pelo acordo, os
acionistas da Petz receberão 400 milhões de reais, quantia equivalente a
entre 0,85 e 0,90 real por ação, afirmou Zimerman na conferência.
Anteriormente, a parcela em dinheiro do negócio seria de 450 milhões de
reais.
Desse
valor, 130 milhões de reais serão distribuídos em dividendos pela Petz
antes do fechamento da operação com recursos oriundos de lucros
acumulados da empresa. O restante será pago “pro rata” de acordo com a
participação dos acionistas no capital da companhia. Esta parcela
restante de 270 milhões de reais será paga em até 15 dias úteis do
fechamento da transação por meio de resgate de ações da nova empresa.
A
união de Petz e Cobasi, que vai precisar de aprovação de órgãos de
defesa da concorrência, algo previsto para ocorrer em 2025, vai criar
uma companhia com receita bruta ao redor de 7 bilhões de reais, com
cerca de 11% de participação de mercado, 494 lojas em mais de 140
cidades e 20 marcas próprias de produtos.
Na
ótica de Zimerman, a combinação das duas maiores empresas do setor no
país será boa para o consumidor. Segundo ele, a chamada “racionalização”
de abertura de lojas das duas redes terá um impacto “muito relevante e
uma parte será repassada para o preço para a gente deixar o mundo físico
mais competitivo e a outra parte recompor rentabilidade que tem sido
pressionada pelo digital”.
Na visão do executivo, a empresa
combinada não vai “jogar no colo do fornecedor” e seguirá sendo
pressionada por rivais que atuam no comércio eletrônico.
“Aumentar
preço (para o consumidor) seria o fim das companhias…É fazer alguma
bobagem em precificação e imediatamente os players do online vão
abocanhar nossos clientes…O marketplace regula o mercado”, disse o
executivo.
Nos cálculos da Petz, o resultado operacional medido
pelo Ebitda das duas empresas somou no ano passado 464 milhões de reais e
a expectativa é que a união gere um valor incremental de 220 milhões a
330 milhões de reais por ano na forma de sinergias.
A
vice-presidente financeira da Petz, Aline Penna Peli, afirmou que 85%
das sinergias esperadas devem ser capturadas pela nova empresa em até
três anos.
A companhia combinada nascerá com dívida líquida de 194
milhões de reais, tendo Zimerman como presidente do conselho de
administração e Paulo Nassar, da Cobasi, como presidente-executivo.
Na
véspera, as ações da Petz fecharam a 3,45 reais, dando à companhia um
valor de mercado de 1,6 bilhão de reais. Em 2024, os papéis acumulam
queda de 12,6%. No IPO, em 2020, as ações saíram a 13,75 reais.
Nesta
sexta-feira, por volta de 13h, as ações da Petz disparavam quase 20%,
cotadas a 4,13 reais, liderando os ganhos do Ibovespa, que rondava a
estabilidade. Segundo Peli, “a ideia é continuarmos (grupo combinado) no
Ibovespa”.
Segundo a Petz, a assinatura do acordo é baseada na
premissa de que a incorporação de ações não vai gerar Imposto de Renda
sobre ganho de capital. Caso o entendimento da Receita Federal seja
diferente, e o acionista resolva abrir ação judicial, a empresa
combinada vai conceder empréstimo no valor do imposto devido que está
sendo questionado judicialmente, segundo fato relevante.
RESULTADOS
A
Petz divulgou resultados de segundo trimestre na noite de quarta-feira,
que mostrou crescimento do indicador de vendas mesmas lojas em 0,9%,
que reverteu tendência negativa dos três trimestres anteriores.
Segundo
Zimerman, apesar do crescimento ser pequeno, ele é positivo em termos
de tendência para o terceiro trimestre, considerando ainda os dados de
vendas da primeira metade do período.
“Os números foram fracos na
foto, mas extremamente animadores no filme e a gente deve conferir isso
no terceiro trimestre”, disse o executivo.
“Se depender da primeira metade do terceiro trimestre, vão se confirmar as tendências” de recuperação das vendas, afirmou.
A
britânica Revolut foi avaliada em US$ 45 bilhões por meio de uma venda
secundária de ações para investidores novos e existentes, informou a
empresa de tecnologia financeira nesta sexta-feira, 16, o que a torna
mais valiosa do que alguns dos maiores bancos da Europa.
A
venda de ações, que permite que os funcionários atuais resgatem algumas
de suas ações, está sendo liderada pela Coatue e D1 Capital Partners, e
pelo investidor Tiger Global, disse a Revolut.
A avaliação consolida a posição da Revolut como uma das fintechs mais valiosas da Europa.
Com
a avaliação de 45 bilhões de dólares, ela vale mais do que o dobro do
banco francês Société Générale, que tem uma capitalização de mercado de
19 bilhões de dólares, de acordo com dados da LSEG, e do britânico
Barclays, atualmente avaliado em 43 bilhões de dólares.
Os bancos
europeus tradicionais, entretanto, foram prejudicados por anos de baixa
lucratividade e novas regulamentações, o que prejudicou suas avaliações.
O Barclays, por exemplo, viu suas ações se recuperarem apenas até o
mesmo nível de uma década atrás.
Os
investidores na Revolut estão apostando que a empresa de nove anos tem
perspectivas de crescimento muito melhores do que os credores
tradicionais.
Ela vem crescendo rapidamente, reportando um lucro
recorde antes dos impostos de 438 milhões de libras (564,36 milhões de
dólares) em 2023 e diz que agora tem 45 milhões de clientes em todo o
mundo. Os investidores acreditam que uma licença bancária no Reino
Unido, concedida no mês passado, permitirá que a empresa atraia clientes
que desejam serviços bancários baseados em aplicativos para longe dos
bancos de rua e sem a base de custos de manter uma rede de agências.
Fundada
pelo presidente-executivo, Nikolay Storonsky, em 2015, a Revolut é um
dos poucos aplicativos de serviços financeiros, ou “fintechs”, que
surgiram no Reino Unido na última década. Ela oferece serviços
financeiros por meio de um aplicativo, em vez de ter agências físicas, e
foi avaliada pela última vez em 33 bilhões de dólares em uma captação
de recursos em 2021.
No mês passado, a empresa disse que
finalmente havia conseguido uma licença bancária no Reino Unido,
encerrando uma espera de três anos depois de ter enfrentado dificuldades
após o escrutínio de sua contabilidade interna.
Um porta-voz da
Revolut se recusou a comentar se algum investidor atual da empresa
reduziu sua posição e se Storonsky havia trocado parte de sua
participação. O porta-voz também não quis comentar sobre o valor da
venda.
A
ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta
sexta-feira, 16, que o projeto das cinco rotas de integração
sul-americana pode trazer um impulso à economia parecido com o estimado
na reforma tributária. “Da mesma forma como tenho a expectativa de que a
partir de 2030 a reforma tributária vai fazer o Brasil crescer 1 ponto
porcentual a mais por ano, temos quase uma reforma tributária ou uma
reforma tributária inteira com a integração regional”, comentou, ao
participar de reunião com os conselhos de Economia, Comércio Exterior,
Infraestrutura e Indústria da Construção da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp).
O projeto contempla 190
projetos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento – entre
rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos, redes digitais e
linhas de transmissão de energia – que vão interligar o Brasil a países
vizinhos.
A
ministra destacou que, ao permitir a saída das exportações pelo
Pacífico, a integração regional permitirá reduzir em 10 mil quilômetros –
ou o equivalente a três semanas a menos de transporte – a distância dos
produtos brasileiros à Ásia. Com isso, emendou, as exportações
brasileiras ganharão competitividade. “Estamos falando em mudança no PIB
brasileiro.”
Mais uma vez, a ministra observou que todas
as obras necessárias já estão no orçamento do PAC, sem representar,
assim, um impacto fiscal adicional. Os projetos de integração contam com
US$ 10 bilhões de um fundo gerido por bancos de fomento, do qual a
participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) é de US$ 3 bilhões.
Tebet
voltou a assegurar que os recursos do BNDES serão direcionados apenas a
obras no Brasil, “da porteira para dentro”. A ministra pontuou que os
frutos das rotas de integração mapeadas poderão ser colhidos a partir de
2026. Também defendeu que as rotas representam um projeto necessário de
país, e não de governo.
“Temos que parar de falar que é
projeto ideológico. Não sou de esquerda ou de direita, sou do centro
democrático e estou defendendo com brilho nos olhos essas rotas”,
declarou a ministra.