terça-feira, 24 de setembro de 2024

Entenda por que a Selic vai entrar em um novo ciclo de altas

 


Roberto Campos Neto (esq.) e Gabriel Galípolo na sede do BC: sinais de uma transição sem conflitos na instituição (Crédito: Cristiano Mariz)

 

A iniciativa do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar os juros em 0,25 ponto percentual era esperada pelo mercado e tinha fundamentos técnicos. Mas foi a decisão unânime que trouxe alívio.

Gabriel Galípolo, que deve assumir a presidência do BC a partir de 2025 após ser indicado pelo governo, referendou a primeira alta da Selic na terceira gestão do presidente Lula, demonstrando alinhamento com Roberto Campos Neto, atual comandante do BC. Isso afasta o temor de uma mudança de rumo na política monetária e de um cavalo de pau na política econômica por parte do petista. A sinalização é de que a instituição manterá o controle da inflação, deixando de se dobrar às seguidas críticas de Lula aos juros altos.

A alta da Selic e a queda dos juros americanos, também anunciada na última quarta-feira (18), devem favorecer o Brasil com aumento na entrada de capital estrangeiro, queda do dólar, e freio na inflação.

Antes de mais nada, esse novo ciclo de elevação das taxas, que deve ser breve, tem o objetivo de segurar as expectativas, diante de várias pressões inflacionárias. Seca, queimadas e as enchentes no Sul devem impactar os preços de alimentos como café, açúcar e laranja – fortes candidatos a serem os vilões da temporada. Mas, além disso, a questão fiscal e o aquecimento da economia também podem resultar em descontrole inflacionário.

Fernando Haddad, que foi o articulador da indicação de Gabriel Galípolo à presidência do BC, evitou comentar a decisão do Copom (Crédito:Mateus Bonomi) (Crédito:Estadão Conteúdo)
A Selic passou de 10,50% para 10,75% ao ano, uma alta que interrompe o movimento de redução iniciado pela autoridade monetária em agosto de 2023. Com isso, o juro real está em 6,5%, o segundo mais elevado do planeta. A taxa deve continuar subindo nas três próximas reuniões do Copom.

Diante do atual cenário, a aposta é de que nesse curto ciclo de alta o juro básico da economia chegue em fevereiro de 2025 em 11,75% ou 12% ao ano. Tudo vai depender do comportamento do câmbio, da valorização do real frente ao dólar.

Nos EUA, o corte foi de 0,5 ponto porcentual. A banda pela qual transitam as taxas agora vai de 4,75% a 5% ao ano. Esse recuo nos juros americanos tende a contribuir para a queda da moeda americana nos mercados internacionais, e deve estimular os investidores a buscar opções mais atraentes para alocar seus recursos em países emergentes, como o Brasil. Esse movimento contrário dos juros e a diferença entre as taxas permitem operações mais rentáveis no mercado doméstico.

“Isso alarga o spread e propicia as chamadas operações de carry trade, trazendo o dinheiro estrangeiro para cá. Por isso, a tendência racional é de contenção na cotação do dólar”, explica Luiz Rogé, economista, gestor de investimentos e sócio da Matriz Capital Asset. Com o dólar mais sossegado e até em queda, há uma redução nos preços de produtos importados, retirando parte da pressão inflacionária. Esse fator tem um forte peso na execução da política monetária, segundo o especialista.

Não houve surpresas com a decisão do Copom, que já estava precificada em outros ativos do mercado, como juros futuros ou ações frente aos eventos climáticos que estão prejudicando safras de vários produtos.

Para Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, “há pressões sobre a inflação em alimentos e logística em decorrência das queimadas. As secas também provocam fortes impactos, na medida em que impedem o transporte e escoamento de produtos por rios, que ficam intransitáveis, encarecendo os fretes”.

Os dados do boletim Focus do Banco Central, que refletem as projeções do mercado para a macroeconomia, já revelavam desde abril que os agentes trabalhavam com a perspectiva de avanço da inflação, segundo o professor de economia da FGV EAESP Renan Pieri. “A demanda aquecida, o PIB crescendo mais que o esperado, salários mais altos, mais renda, são todas pressões de alta para a inflação, além da questão fiscal. Há sinais de dificuldade para o governo conseguir alcançar as metas do arcabouço fiscal.”

Nesse contexto, em que é preciso reancorar as expectativas com uma política monetária mais restritiva, o professor espera por mais dois ajustes para cima na Selic este ano, de 0,25 p.p. em novembro e outro de igual tamanho em dezembro, o que levaria a taxa para 11,25%.

A situação fiscal do País é um dos principais entraves para a economia brasileira, porque alimenta as projeções de alta de inflação, fornece sustentação aos preços do dólar,  pode afugentar o capital estrangeiro e impede a estabilidade ou queda dos juros.

“O aspecto fiscal é muito ruim, de pressão sobre os juros, e sem perspectiva de melhora com o Orçamento engessado, a destinação obrigatória de recursos e o crescimento das despesas, comprometendo o arcabouço fiscal”, afirma Rogé, da Matriz Capital. O que foi previsto no arcabouço fiscal, como déficit zero em 2024 e superávit na dívida pública em 2025, perdeu credibilidade na opinião do professor associado da Fundação Dom Cabral Carlos Primo Braga.

“O mercado espera por um sinal do governo em relação ao controle das contas públicas, que até agora não veio”, ressalta Pieri. Ele lembra que o calendário eleitoral pode levar as autoridades econômicas a represar algumas medidas, para anunciá-las após as eleições. Na tentativa de equacionar a situação e defender o poder de compra da moeda, o Banco Central atua com as ferramentas que tem.

Operador da bolsa de Nova York (NYSE); o mercado acionário comemorou a queda de juros nos EUA. Abaixo, o presidente do Fed, Jerome Powel: sem garantia de novos cortes (Crédito:Spencer Platt) (Crédito:Estadão Conteúdo)

A principal delas é a política monetária, calibrando os juros de modo a perseguir a meta de inflação anual fixada em 3%, com a possibilidade de variação de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. As projeções do Focus apontam para uma inflação de 4,4% em 2024 e de 4% no ano que vem.

De concreto, o professor Braga lembra que estamos com uma inflação acumulada de cerca de 4,25% em 12 meses, com a possibilidade de ultrapassar os 4,5%, o teto da meta. Para ele, esse números precisam ser analisados cuidadosamente pelo futuro presidente do BC. Ainda que haja um componente político na questão, já que Galípolo foi indicado por Lula, ele terá de convencer o mandatário, sempre com duras críticas à elevação dos juros, de que é preciso manter a restrição monetária e evitar a desancoragem das expectativas dos agentes econômicos.

Somente dessa forma será possível iniciar uma política de queda dos juros em 2025 ou 2026. Nesse sentido, Galípolo, que é o atual diretor de Política Monetária do BC, tem sinalizado uma postura técnica.

(Andrew Harnik) (Crédito:Estadão Conteúdo)

Vigor da economia preocupa

O avanço de 1,4% do PIB no segundo trimestre deste ano levou a uma revisão para o crescimento do País em torno de 3%, quase o dobro das projeções iniciais. O mercado de trabalho também tem surpreendido, apresentando uma taxa de desemprego de 6,9% no segundo trimestre de 2024. É o menor nível em dez anos.

Esse vigor da economia também entrou no radar de preocupações e foi destaque no comunicado emitido pelo Copom após a reunião da última quarta-feira. Juros mais elevados também são usados para encarecer o crédito e frear o aumento da demanda.

Nos EUA Em relação ao cenário externo, parece ser inquestionável que a queda dos juros americanos traz alívio para a definição dos rumos da Selic. No entanto, os diretores do BC revelaram dúvidas sobre quando e qual será o tamanho de nova redução das taxas nos EUA. Isso porque Jerome Powell, o presidente do Fed, Banco Central americano, logo após anunciar a queda de 50 pontos-base dos juros, não deu garantias de continuar promovendo cortes, nem de que serão na mesma proporção, como aguardava o mercado. Apenas negou que não haverá aumento desses juros e deu indicações de que o ciclo iniciado de queda deve terminar quando a taxa atingir os 2,9% ao ano.

“O Fed postergou o início do ciclo de corte nos juros. No Brasil, o processo teve início bem antes, em agosto do ano passado. Não podemos dizer que o País está na contramão, eles iniciaram o processo mais tarde. Os contextos também são diferentes. Lá, a perspectiva é de que os EUA entrem em recessão técnica, com o desemprego aumentando de maneira rápida, assim como a inadimplência”, acrescenta Pieri.

Para reanimar a economia, o Fed iniciou a queda dos juros. Ao mesmo tempo, o professor Braga, da Fundação Dom Cabral, aponta que os EUA começaram a subir os juros em março de 2022, quando estavam em 0,25% ao ano, e vieram nessa escalada até atingir os 5,5%. Já o Brasil vem diminuindo os juros há mais de um ano, e teve a necessidade de engatar um novo movimento de alta porque a economia está aquecida e com várias incertezas e pressões inflacionárias no horizonte.

Campos Neto e ata do Copom mostram visão pessimista para inflação e receio com fiscal

 


Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto

A reabertura do ciclo de comunicação do Banco Central após a decisão de elevar os juros básicos evidenciou uma visão mais pessimista para a inflação, enquanto preocupações sobre a credibilidade dos números fiscais do governo ganharam força, conforme ata da última reunião do Copom e declaração do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.

Na ata do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) que marcou a primeira elevação da Selic em dois anos, em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano, o BC excluiu do texto a menção feita em julho de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) “tem arrefecido”. O documento foi divulgado na manhã desta terça-feira.

Segundo a autarquia, dados sugerem uma deterioração da composição da inflação, ainda que o número agregado não tenha divergido significativamente do que era esperado, citando uma interrupção no processo desinflacionário no período mais recente.

“O Comitê avalia que o cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas em uma trajetória de taxa de juros mais elevada”, acrescentou, ao reforçar que o balanço de riscos para a inflação deixou de estar equilibrado e passou a ser assimétrico, com maior peso dos riscos de alta de preços.

Atenção voltada para a inflação

Em evento organizado pelo J. Safra logo após a divulgação da ata, quando se encerra o período de silêncio da diretoria do BC, Campos Neto disse que o número mais recente de inflação foi “até melhor”, mas defendeu que se observe o quadro mais completo, antes de ressaltar que a seca no país gera alerta sobre os preços de alimentos e energia. “A dinâmica de inflação ainda preocupa o Banco Central,” disse.

A meta central estabelecida para a inflação no país é de 3%, mas as expectativas do mercado para os preços à frente seguem persistentemente acima desse alvo, tema que o BC destacou como “fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê”.

As atenções do mercado na quarta-feira estarão voltadas para a divulgação de números do IPCA-15 de setembro, com economistas consultados pela Reuters prevendo uma alta de 0,30% no índice, de 0,19% no mês anterior. Em 12 meses, a expectativa é de que o número chegue a 4,30%, ante 4,35% em agosto.

As análises do BC também têm focado nos riscos de surpresas positivas na atividade e no mercado de trabalho apertado pressionarem a inflação. Na ata, a autarquia avaliou que o crescimento real de salários acabará impactando preços caso seja persistente, embora o momento e a magnitude desse movimento sejam incertos.

“A conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito às famílias seguem indicando um suporte ao consumo e consequentemente à demanda agregada”, disse a ata.

Preocupação fiscal

Em meio a críticas de analistas sobre iniciativas criativas adotadas pelo governo na gestão das contas públicas, o BC enfatizou a importância da credibilidade e da transparência nessa área.

“Uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados, em conjunto com a persecução de estratégias fiscais que sinalizem e reforcem o compromisso com o arcabouço fiscal nos próximos anos são importantes elementos para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de riscos dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, afirmou.

O trecho do documento que defende regras previsíveis e transparência dos resultados fiscais representa um passo adicional na comunicação do BC, já que não fazia parte da ata da reunião do Copom de julho.

Entre as ações do governo criticadas por especialistas estão uma proposta para bancar o auxílio-gás a famílias carentes fora do Orçamento, o uso de fundos privados para financiar políticas públicas e a tentativa de usar a captação de recursos esquecidos por correntistas em bancos para turbinar o resultado primário, ponto que enfrenta discordância do BC.

Na sexta-feira, o governo afrouxou a contenção orçamentária adotada para cumprir regras fiscais, argumentando que seus cálculos apontam para uma receita maior que a esperada compensando uma elevação de despesas obrigatórias. O congelamento de verbas foi reduzido de 15 bilhões de reais para 13,3 bilhões de reais.

Na apresentação desta terça, Campos Neto disse que o aumento observado no prêmio de risco captado na parte longa da curva de juros futuros parece estar associado a uma dúvida sobre números fiscais do país, ressaltando que o tema das contas públicas é importante para a atuação da política monetária.

Tanto a ata do Copom quanto Campos Neto ponderaram que a autarquia incorpora em seus cenários uma desaceleração no ritmo de crescimento dos gastos públicos ao longo do tempo. O presidente do BC afirmou ainda que o aumento do risco nas leituras de mercado “parece exagerado”.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Quais as chances e impactos de uma possível compra da Intel pela Qualcomm?

 


Logo da Intel 06/03/2023 REUTERS/Dado Ruvic

 

(Reuters) – Um possível acordo para a compra da Intel pode acelerar a diversificação da Qualcomm, mas sobrecarregará a fabricante de chips para smartphones com uma unidade de fabricação de semicondutores deficitária, que ela poderá ter dificuldades para reestruturar ou vender, disseram analistas.

Uma compra também enfrentará um duro exame por parte de autoridades de defesa da concorrência em todo o mundo, pois unirá duas grandes empresas, criando um gigante global com uma forte participação nos mercados de smartphones, computadores pessoais e servidores.

As ações da Intel subiam 2,5% nesta tarde, após publicações da mídia na sexta-feira sobre a abordagem em estágio inicial da Qualcomm pela empresa. As ações da Qualcomm caíam 2%.

“Os rumores de um acordo entre Qualcomm e Intel são intrigantes em muitos níveis e de uma perspectiva puramente de produto fazem certo sentido, já que elas têm várias linhas de produtos complementares”, disse Bob O’Donnell, fundador da TECHnalysis Research.

“No entanto, a probabilidade de que isso realmente ocorra é muito baixa. Além disso, é improvável que a Qualcomm queira toda a Intel e tentar separar o negócio de produtos da divisão de fundição neste momento simplesmente não seria possível”, disse ele.

Outrora a força dominante na indústria de chips, a Intel, com cinco décadas de existência, está enfrentando um de seus piores períodos, à medida que as perdas aumentam na unidade de fabricação por contrato que está construindo para competir com a taiuanesa TSMC.

O valor de mercado da Intel caiu abaixo de 100 bilhões de dólares pela primeira vez em três décadas, com a empresa perdendo o boom da inteligência artificial generativa depois de deixar passar um investimento na OpenAI, criadora do chatGPT A Qualcomm, enquanto isso, tem um valor de cerca de 190 bilhões de dólares.

Considerando que a Qualcomm tinha cerca de 7,77 bilhões de dólares em caixa e equivalentes em 23 de junho, analistas esperam que um negócio entre as duas seja financiado principalmente por meio de ações. Com isso, uma transação envolvendo Qualcomm e Intel seria altamente diluidora para os investidores da Qualcomm.

A Qualcomm, que também fornece para a Apple, acelerou esforços de expansão para além de seu principal negócio de smartphones, com chips para setores como automotivo e de PCs, sob o comando do presidente-executivo Cristiano Amon. No entanto, a empresa continua muito dependente do mercado de telefonia móvel, que enfrentou dificuldades nos últimos anos devido à queda na demanda por aparelhos no pós-pandemia.

Amon está pessoalmente envolvido nas negociações com a Intel e vem examinando várias opções para um acordo com a empresa, disseram fontes à Reuters.

Essa não é a primeira vez que a Qualcomm está buscando uma grande aquisição. A empresa tentou a compra da rival NXP Semiconductors por 44 bilhões de dólares em 2016, mas abandonou a oferta dois anos depois, após não conseguir obter a aprovação dos órgãos reguladores chineses.

Enquanto a Intel projeta e fabrica seus chips que equipam computadores pessoais e data centers, a Qualcomm nunca operou uma fábrica de chips. A empresa usa fabricantes contratados, como a TSMC, e projetos e outras tecnologias fornecidas pela Arm Holdings.

De acordo com os analistas, a Qualcomm não tem a experiência necessária para impulsionar o incipiente negócio de fundição da Intel, que recentemente nomeou a Amazon.com como seu primeiro grande cliente.

“Não sabemos por que a Qualcomm seria uma proprietária melhor para esses ativos”, disse Stacy Rasgon, da Bernstein.

“Também não vemos um cenário sem esses ativos; não achamos que outra companhia queira realmente administrá-los e acreditamos que é improvável que o desmantelamento seja politicamente viável”, acrescentou.

O negócio de fundição da Intel é considerado crucial para a meta de Washington de aumentar a fabricação de chips nos EUA. A Intel garantiu cerca de 19,5 bilhões de dólares em concessões e empréstimos federais sob a Lei CHIPS para construir e expandir fábricas em quatro Estados dos EUA.

Alguns analistas disseram que a Intel preferiria investimentos externos em vez de uma venda, apontando para um movimento recente para tornar o negócio de fundição mais independente.

A Qualcomm também poderia decidir comprar partes dos negócios da Intel, em vez de toda a empresa. A Reuters informou no início deste mês que a Qualcomm tinha interesse especial na unidade de design de PCs da Intel.

Pedidos de recuperação judicial registram maior volume em um único mês em quase 8 anos


Número de pedidos de falência foi o maior registrado desde 2019 (Crédito: Freepik)

 

Pedidos de recuperação judicial chegaram a 238 registros em agosto, quantidade 76,3% maior do que no mesmo mês do ano passado. É a segunda maior quantidade de pedidos em um único mês da série histórica, iniciada em 2005. O recorde foi registrado em setembro de 2016, com 244 requisições. Os dados são compilados pela Serasa Experian.

Até então, o mês de julho de 2024 ocupava o segundo lugar no ranking de mais pedidos de recuperação judicial, com 229 requerimentos.

A alta dos pedidos nos últimos dois meses foi impulsionada por pequenas e médias empresas, que representam 183 dos requerimentos feitos em agosto e 166 em julho. Veja no gráfico e na tabela:

Para o economista do Serasa Experian, as altas dos juros e da inflação estão impactando a capacidade dos pequenos e médios empresários de arcarem com suas dívidas. “A inadimplência crescente dos consumidores afeta o fluxo de caixa delas, enquanto a dificuldade no acesso ao crédito limita suas opções de financiamento”, diz.

Falências

As empresas que fecharam as portas e declararam sua incapacidade de arcar com dívidas chegaram a uma centena em agosto. Foi a maior quantidade em um mês desde agosto de 2019, quando 162 organizações encerraram suas atividades. O número porém não está entre os maiores da série histórica que é mais longa, iniciada em 1991.

Empresas pequenas e médias também foram destaque nos pedidos de falência de agosto de 2024, com 66 no primeiro grupo e 20 no segundo.

Repercussão

Segundo Rafael S. Coelho, sócio do escritório Paschoini Advogados, o salto no número de pedidos de recuperações judiciais reflete o cenário econômico-financeiro, mas a crise, contudo, “não é nova e se arrasta há anos a fio”.

“É bom lembrar que a utilização do mecanismo da Recuperação Judicial para reestruturação empresarial contribui em muito para credibilidade e uso do instituto, afastando a ‘pecha’ de etapa pré-falimentar, para uma potente ferramenta de reestruturação e equacionamento empresarial”, diz o especialista.

Para Luís Alberto de Paiva, economista e sócio da Corporate Consulting, empresa especializada em reestruturação financeira de empresas, a estatística deve crescer mais ainda este ano. “As empresas têm se preparado para o pior e certamente, ainda em 2024, teremos o dobro dos pedidos de recuperação observados em 2023, e caminhamos para inadimplência e níveis de endividamento sem precedentes no Brasil”, avalia Paiva.

 

Não se pode subestimar desafios técnicos na área equatorial, diz executivo da Exxon Mobil

 


Os desafios técnicos para desenvolver a exploração de petróleo na Margem Equatorial não podem ser subestimados, disse nesta segunda-feira, 23, o vice-presidente da Exxon Mobil, J. Hunter Farris. O executivo participa do evento Rio Oil & Gas, na região central do Rio.

O executivo comentou que a companhia perfurou sem sucesso 40 poços na Guiana até conseguir desenvolver os projetos. “Menos de cinco anos atrás a produção era zero”, disse, acrescentando que hoje a companhia tem três projetos funcionando e projetos para 2027.

Farris destacou que “o povo da Guiana se beneficiou muito por meio do conteúdo nacional, criação de negócios no país”. Ele acrescentou que “pela primeira vez em muito tempo o povo tem acesso à energia acessível e confiável”.

MDIC esclarece: Fluxo anual de quase R$ 1,5 tri mencionado por Alckmin refere-se LCI e LCA

 


O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) esclareceu na tarde desta segunda-feira, 23, que o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin referiu-se ao mercado de letras de crédito (LCI e LCA) ao mencionar mais cedo um fluxo de quase R$ 1,5 trilhão. As letras de crédito de desenvolvimento (LCD), que devem ser lançadas em outubro, têm expectativa de movimentar até R$ 10 bilhões anuais por banco de desenvolvimento.

“A outra boa notícia é o LCD. A gente espera o BNDES agora em outubro estar lançando o título. Existe o LCA para a agricultura, o LCI para o imobiliário. Para ter uma ideia do significado disso, o fluxo é de quase R$ 1,5 trilhão. E não é governo, é mercado”, disse Alckmin em conversa com empresários da indústria em São Paulo hoje pela manhã, na sede da Fiesp.

Mercado Pago faz primeira emissão de letras financeiras e capta R$ 1 bilhão

 

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O Mercado Pago finalizou a emissão de R$ 1 bilhão em letras financeiras (LFs), na primeira vez em que recorreu a esse instrumento de captação. São duas séries de R$ 500 milhões cada, sendo a primeira com vencimento em dois anos e taxa de CDI + 0,50% ao ano; e a segunda com prazo de três anos, e remuneração de CDI + 0,60% ao ano.

De acordo com a fintech do Mercado Livre, a demanda superou em 2,7 vezes o volume ofertado. Os recursos serão aplicados no crescimento das atividades junto a pessoas físicas e jurídicas, em frentes como crédito, processamento de pagamentos e capital de giro.

Com a emissão, a empresa também diversifica as fontes de captação e alonga os seus passivos. A operação, emitida pela Mercado Crédito SCFI, foi coordenada pelo Itaú BBA, e vem após a captação de cotas de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) em julho, também de R$ 1 bilhão.

“Conseguimos ampliar a visão dos investidores institucionais sobre o Mercado Pago para além do negócio de meios de pagamento, que agora compreendem os diferenciais do nosso banco digital por fazer parte do ecossistema Mercado Livre”, diz em nota o diretor sênior de tesouraria do Mercado Livre e do Mercado Pago no Brasil, Lourenço Cassandre.

Segundo ele, a fintech deve realizar novas emissões no futuro, diante do rápido crescimento e da percepção de que há apetite por parte dos investidores.