segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Banco Central endurece atuação de fintechs com novo conjunto de regras; veja mudanças

 

O Banco Central (BC) e o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiram novas regras de capital mínimo de instituições financeiras e endureceram a norma para o funcionamento de fintechs, impactando um grupo de aproximadamente 500 instituições, que serão demandadas a elevar em conjunto o aporte exigido de R$ 5,2 bilhões para R$ 9,1 bilhões, informou a autarquia nesta segunda-feira, 3.

O conjunto de regras, que, segundo avaliação do BC, pode levar à saída de instituições do mercado, também busca fechar brechas em contas que dificultam a identificação dos beneficiários finais, após operações policiais detectarem uso de fintechs para atividades criminosas.

O novo regramento aumenta o valor mínimo de capital das instituições de pagamento, as chamadas fintechs, de R$ 1 milhão para R$ 9,2 milhões. As instituições de serviço terão exigência mínima ampliada de R$ 400 mil para R$ 5,6 milhões.

No caso de corretoras e custodiantes, o aumento será de R$ 245 mil para R$ 8 milhões. A exigência será ampliada de R$ 1 milhão a R$ 9,8 milhões para sociedades de crédito e de R$ 7 milhões a R$ 56 milhões para bancos.

Em entrevista à imprensa, o diretor de Fiscalização do BC, Ailton de Aquino, disse que a mudança pode levar a uma saída organizada de instituições do sistema, reorganizações societárias ou incorporação de instituições.

“Esta não é uma norma para reduzir o universo supervisionado, é uma norma muito clara para equilibrar o jogo”, disse Aquino.

Segundo ele, o endurecimento da regra não acaba com a agenda de inovação da autarquia, que reforçará uma evolução do sistema que seja associada a um cuidado com segurança.

Ao defender que essas instituições tenham estrutura e recursos suficientes para funcionar com qualidade, o diretor afirmou que “chegamos ao absurdo” de ter fintechs que eram baseadas em escritórios compartilhados, conhecidos como “coworking”.

“Para uma empresa de tecnologia, a garagem pode ser algo importante. Agora, para uma instituição financeira, que precisa ter confiança e estruturas robustas, penso que não é o melhor modelo”, disse.

De acordo com o BC, a definição dos novos valores mínimos de capital social e de patrimônio líquido passa a levar em conta principalmente as atividades efetivamente exercidas, e não mais o tipo de instituição, além de prever uma parcela do capital para cobrir custos associados a serviços intensivos em tecnologia.

A exigência exata para cada instituição dependerá de fatores relacionados ao formato da operação, ao tipo de investimento e à forma de captação de recursos.

Segundo a autoridade monetária, a nova regulação ainda requer uma parcela adicional de capital às instituições que utilizem em sua nomenclatura a expressão “banco” ou qualquer termo que o sugira.

A regra passa a valer imediatamente, mas haverá um processo de transição para que as instituições atualmente em funcionamento possam se adaptar. A norma prevê aplicação de 25% dos novos valores exigidos até dezembro de 2026, 50% até junho de 2027, 75% até dezembro de 2027 e 100% a partir de janeiro de 2028.

Aquino enfatizou que “o sistema financeiro nacional é muito bem capitalizado”, ressaltando que o objetivo da medida é reforçar a resiliência do sistema.

Em relação às chamadas contas-bolsão, que são abertas por fintechs em bancos tradicionais, mas com difícil rastreio do cliente detentor do recurso, a norma deve forçar o fechamento de parte das contas existentes.

Haverá obrigatoriedade de encerramento quando for identificado que o cliente utiliza a conta para prestar serviços financeiros ou de pagamento sem respaldo legal, com objetivo de ocultação ou substituição de obrigações financeiras de terceiros, inviabilizando sua identificação.

A vigência dessa regra valerá a partir de dezembro deste ano e os critérios de identificação serão de responsabilidade da instituição.

As novas normas representam mais um conjunto de iniciativas voltadas a evitar o uso de fintechs pelo crime organizado, como detectado pela operação Carbono Oculto, que investiga lavagem de dinheiro de facções criminosas por meio de contas em instituições de pagamento.

Em outra área, problemas em prestadores de serviço de tecnologia levaram a invasões do sistema de pagamentos com desvio de recursos.

Kimberly-Clark desembolsa US$ 48,7 bilhões e compra Kenvue

 

Imagem destaque: Kimberly-Clark desembolsa US$ 48,7 bilhões e compra Kenvue


 Em uma transação mista de dinheiro e ações avaliada em US$ 48,7 bilhões, a Kimberly-Clark adquiriu a Kenvue, dona das marcas Tylenol, Listerine, O.B., Neutrogena e Carefree. De acordo com o comunicado divulgado pelas empresas, o objetivo da transação é formar uma líder global em saúde e bem-estar, com forte presença internacional e foco em produtos essenciais, ciência aplicada e cuidados cotidianos. "Estamos entusiasmados em unir duas empresas icônicas para criar uma líder global em saúde e bem-estar", disse Mike Hsu, presidente do Conselho e CEO da Kimberly-Clark. Segundo Larry Merlo, Presidente do Conselho da Kenvue, o acordo "proporciona um valor inicial significativo para nossos acionistas e um substancial potencial de crescimento por meio da participação na empresa combinada".

 Mike Hsu será o Presidente do Conselho e CEO da empresa resultante da fusão. Após a conclusão da transação, três membros do Conselho da Kenvue integrarão o colegiado da Kimberly-Clark. A empresa combinada manterá a sede da Kimberly-Clark em Irving, Texas, e continuará a ter uma presença significativa nas localidades da Kenvue. A conclusão da transação está prevista para o segundo semestre de 2026, sujeita à aprovação dos acionistas, às aprovações regulatórias e ao cumprimento de outras condições usuais de fechamento.

 

 https://gironews.com/informacoes-de-fornecedores/kimberly-clark-desembolsa-us-487-bilhoes-e-compra-kenvue/

Bancos promovem mutirão para negociar dívidas bancárias em atraso

 

Consumidores que têm dívidas no cartão de crédito, cheque especial, consignado e outras modalidades de crédito contraídas de bancos e instituições financeiras e que queiram negociar esses débitos têm até o próximo dia 30 para participar do Mutirão de Negociação e Orientação Financeira.

Mais de 160 instituições participam da ação, além de parceiros como o Banco Central, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e Procons. Financiamentos de veículos, motocicletas e imóveis não entram no mutirão.

As negociações poderão ser feitas diretamente com as instituições participantes em seus canais oficiais ou pelo portal ConsumidorGovBr, um serviço público e gratuito que conecta consumidores e empresas para que encontrem alternativas para conflitos de consumo.

Para solicitar a negociação pela plataforma é necessário que o consumidor tenha conta Prata ou Ouro no aplicativo Gov.br. Podem ser negociadas dívidas desde que estejam em atraso e não tenham bens dados em garantia, ou prescritas.

Segundo a Febraban, o mutirão é uma oportunidade para negociar os débitos em condições especiais, como parcelamento, descontos no valor total da dívida ou taxas de juros reduzidas para refinanciamento.

Também será possível solicitar apoio presencial aos Procons que aderiram ao mutirão para negociar diretamente nos canais digitais dos bancos.

“Para as pessoas superendividadas o fluxo de negociação é diferente, pois exige um maior entendimento das dívidas e apoio do Procon para criação de um plano de pagamento”, explica a entidade.

Adesão

Todas as informações sobre o mutirão, assim como a relação completa das instituições participantes e os canais oferecidos pelos bancos para a negociação das dívidas, estão disponíveis na plataforma Meu Bolso em Dia Febraban. Para aderir ao mutirão é possível acionar diretamente o canal digital do seu banco.

Outra maneira de aderir é fazer o cadastro no site www.consumidor.gov.br, fazer o login, selecionar a instituição com a qual deseja negociar e seguir as orientações. A empresa tem até dez dias para analisar e responder sua solicitação.

Para verificar se tem dívidas em atraso, o consumidor pode acessar um relatório atualizado mantido pelo Banco Central, chamado Registrato.

Se a dívida não for com uma instituição financeira, é possível procurar o Serasa, que também promove o Feirão Serasa Limpa Nome, por meio do qual o consumidor tem a oportunidade de quitar dívidas não bancárias em atraso, e com descontos, contraídas de empresas de varejo, telecomunicações, concessionárias de energia, saneamento, universidade e financeiras.

Outra possibilidade é negociar as dívidas atrasadas nas agências dos correios participantes do feirão.

Kimberly-Clark compra Kenvue, dona do Band-Aid e Cotonetes, por US$ 48 bilhões

 

A Kimberly-Clark, que fabrica produtos de higiene, anunciou a aquisição da Kenvue – empresa fruto de um spin-off da Johnson & Johnson – pela cifra de US$ 48,7 bilhões, em uma transação de dinheiro e ações envolvendo dívidas.

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Em comunicado, a Kimberly-Clark declarou que o intuito da aquisição é formar o maior player de saúde e bem-estar do mundo – segundo o CEO, Mike Hsu, as marcas de ambas as empresas somadas chegam à ‘quase metade da população mundial’.

A Kenvue é dona de marcas como Tylenol, Band‑Aid, Neutrogena e Cotonetes, ao passo que a Kimberly-Clark é dona da Scott (papel higiênico), Huggies e Kotex.

A visão da gestão é que são portfólios de consumo ‘altamente complementares e estrategicamente alinhados’, com 10 marcas de valor superior a US$ 1 bilhão.

Além disso a empresa, em comunicado, declarou que o M&A deve ampliar investimentos em marketing, inovação e capacidades de P&D para fortalecer as vantagens exclusivas da nova empresa, que tem sinergias totais projetadas de US$ 2,1 bilhões.

Hsu seguirá como CEO da companhia resultante da aquisição, ao passo que três conselheiros da Kenvue integrarão o colegiado da nova empresa.

 

 


 

 

Como ficam os acionistas da Kenvue e Kimberly-Clark

Segundo o acordo, os acionistas da Kenvue receberão US$ 3,50 por ação em dinheiro e 0,14625 ação da Kimberly-Clark por cada ação da Kenvue, totalizando US$ 21,01 por ação.

Assim, os atuais acionistas da Kimberly-Clark devem ficar com cerca de 54% da empresa combinada, enquanto os acionistas da Kenvue terão aproximadamente 46%, em base totalmente diluída. A operação recebeu aprovação unânime dos Conselhos de Administração de ambas as empresas.

A transação é baseada em múltiplos financeiros de 14,3 vezes o EBITDA ajustado da Kenvue nos últimos 12 meses – ou 8,8 vezes considerando sinergias esperadas de US$ 2,1 bilhões, líquidas de reinvestimentos.

As sinergias de custo estimadas somam US$ 1,9 bilhão, e as de receita cerca de US$ 500 milhões, com reinvestimento de US$ 300 milhões previsto. A Kimberly-Clark estima que serão necessários US$ 2,5 bilhões em investimentos de caixa nos primeiros dois anos para alcançar essas sinergias.

De acordo com a Kimberly-Clark, a empresa combinada deve gerar receitas líquidas de aproximadamente US$ 32 bilhões em 2025 e EBITDA ajustado de US$ 7 bilhões.

A empresa informou que manterá perfil de ‘crédito robusto e flexibilidade financeira para investimentos estratégicos de longo prazo’.

A operação inclui financiamento comprometido do JPMorgan e será parcialmente financiada com recursos próprios da Kimberly-Clark, emissão de nova dívida e receita da venda de 51% da unidade International Family Care and Professional (IFP).

A conclusão da transação está prevista para o segundo semestre de 2026, sujeita à aprovação de acionistas, órgãos regulatórios e cumprimento de condições usuais de fechamento.

Impacto nas ações

As ações da Kimberly-Clark recuam 12,6% por volta das 14h (horário de Brasília), negociadas a US$ 104,62. No acumulado do ano, os papéis caem 19%.

Já os papéis da Kenvue disparam 16%, negociados a US$ 16,71. Desde o início deste ano, a companhia soma uma desvalorização de 21%, contudo.

Mesmos sem ida de CEOs, grandes empresas se preparam para participar da COP30

 

As empresas do setor privado estão nos ajustes finais para marcar presença em mais uma Conferência das Partes. Mas nem todo alto escalão as maiores companhias do país demonstram disposição em participar da COP30, em Belém. Muitos CEOs do ranking TOP 50 maiores empresas do Brasil não comparecerão ao evento e estão delegando a tarefa a seus subordinados das áreas ESG, sustentabilidade e afins.

Seja para assumir algum compromisso público ou dar publicidade a seus produtos e projetos, as COPs sempre foram encaradas pelo setor privado como uma vitrine importante quando se trata de sustentabilidade. Não é incomum ver parcerias entre grandes empresas serem anunciadas ou mesmo metas ambientais e sociais divulgadas, seja por pressão social ou por estratégia comercial.

Na COP30, em Belém, não será diferente. Muitas empresas de diferentes portes e setores já estão nos preparativos finais para embarcar para a capital paraense nos próximos dias e iniciar mais uma rodada de prospecção e promoção, mesmo que muitas dificuldades e barreiras ainda precisem ser superadas.

De modo geral, o setor privado está otimista. Uma recente pesquisa da Ipsos-Ipec mostrou que para 56% dos brasileiros, a próxima Conferência das Partes trará mais benefícios do que prejuízos para o Brasil. Apenas 18% disseram acreditar que as perdas serão maiores do que os ganhos. A maior parte das pessoas, contudo, disse que Belém está pouco ou nada preparada para receber a COP, devido a todas as dificuldades logísticas e de infraestrutura já amplamente conhecidas.

COP30
Cidade de Belém no Pará, Capital da Cop30 Amazônia. Foto: Rafa Neddermeyer/Cop30 Amazônia

Menos retórica e mais prática

Ainda assim, as expectativas sobre a participação do setor privado são elevadas. Na agenda de ação desenhada pela presidência da COP30 para este ano está exatamente a expectativa de uma mobilização dos atores não estatais. E é exatamente o que o setor privado almeja: menos retórica diplomática e mais execução prática.

Para Caio Victor, especialista em políticas climáticas do Instituto Talanoa, integrante do Observatório do Clima, considera que para as empresas que possuem efetivamente compromissos climáticos e sustentáveis, a COP é a oportunidade para promover seus produtos e buscar alianças estratégicas.

“Os últimos surveys globais sobre as ações do clima indicam que 75% dos consumidores estão ativamente preocupados com os efeitos das mudanças climáticas nas suas próprias vidas. Isso significa uma mudança gradual, porém exponencial, de padrão de consumo. Então, se os CEOs das maiores empresas do Brasil não pretendem estar aqui, CEOs de outras empresas aqui estarão e trarão os seus produtos, falarão de suas soluções, conseguirão fechar contratos e conseguirão atrair investimentos, dado que não existe ausência de oportunidade”, disse Victor.

A International Chamber of Commerce do Brasil (ICC-Brasil) chegou a elaborar um documento intitulado Como impulsionar uma nova era de ação climática e o entregou ao governo federal com algumas propostas de implementação de projetos que criem condições propícias ao investimento privado. Entre as ideias estão a revisão das regras de Basileia III, harmonização das taxonomias verdes, expansão dos mecanismos de blended finance e o apoio à criação do Fundo Tropical das Florestas.

Estímulo para investimentos

Nessa mesma linha, 54 empresas membros do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) apoiaram publicamente uma chamada à ação em favor de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) mais ambiciosas. No documento, as companhias defendem a criação de mecanismos que estimulem os investimentos e a participação do setor privado.

Apesar das ações conjuntas por meio de entidades de classe ou associações setoriais para que o governo crie e defenda estímulos ou incentivos, são poucas as empresas que se posicionam claramente sobre o que querem, mas, principalmente, sobre o que vão se comprometer a fazer na COP de Belém.

A IstoÉ Dinheiro entrou em contato com as 50 companhias com maior receita do país perguntando se elas participariam de alguma forma do evento, qual o tamanho das comitivas, se o CEO estaria presente em algum dia e quais os compromissos que seriam assumidos.

Das cinco maiores empresas do Brasil – Petrobras, JBS, Raízen, Vale e Vibra – nenhuma delas respondeu aos questionamentos. Faltando pouco mais de uma semana para o início da Conferência das Partes, ainda não é possível saber se os grandes grupos do país estarão representados, por quem e se pretendem assumir algum novo compromisso ou apenas fazer publicidade sobre novas ações ou mesmo sobre as que já estejam em andamento.

COP30
Embaixador André Correa do Lago, presidente da COP30 (Fotos: Rafael Medelima)

CEOs de grandes empresas já disseram que não estarão presentes em Belém. Muitos optaram por participar em São Paulo e outras capitais do Sudeste de eventos que antecedem a COP30, mas que debatem os mesmos temas.

Para o especialista do Instituto Talanoa, a mudança do clima é uma centralidade do mercado contemporâneo e tende a selecionar os participantes do mercado no futuro. “Se, por voluntarismo, alguns dos CEOs deixam de participar, outros, um pouco mais afetos aos ganhos de mercado e também às transições concretas rumo a uma economia de baixo carbono, ocuparão esse espaço. Isso é completamente natural. Outra vez, é a concorrência mercadológica dando o seu, enfim, dando o seu tom”, afirma.

Ainda que grandes empresas não tenham deixado claro suas estratégias de participação na COP30, há quem já esteja com tudo pronto. Grupos como MBRF, Brasken, WEG, Nestlé, Hitachi Energy, Mapfre, Siemens Energy, Saint-Gobain, Yara, Caixa Seguridade, Cubo Itaú, ISA Energia, Itaú BBA, estão nos preparativos finais para embarcar a Belém.

Cada uma dessas empresas tem sua estratégia. Na MBRF, por exemplo, o CEO da empresa, Miguel Gularte, não irá a Belém. No entanto, entre os nomes que representarão a empresa de alimentos está o de Marcella Molina, filha do controlador da MBRF, Marcos Molina, e considerada nos bastidores da empresa e do próprio mercado para suceder seu pai à frente dos negócios da família no futuro.

Já a Nestlé quer ocupar todos os espaços possíveis. O principal executivo da companhia, Marcelo Melchior, estará presente, assim como Barbara Sapunar, diretora de business transformation no Brasil, e outros executivos globais. A maior empresa de alimentos do mundo tem planos para estar na Blue Zone, onde as negociações oficiais entre os países-membros acontecem, na Green Zone, onde as entidades e organizações climáticas realizam seus debates, e na Agri Zone, onde as conversas ficarão mais centradas em aspectos da cadeia produtiva do agronegócio.

Seja com a presença dos principais executivos ou apenas com representantes de escalões inferiores, espera-se que o setor privado tenha um papel central nas discussões sobre implementação e financiamento da agenda climática, com uma forte presença por meio de delegações, pavilhões de exposição e propostas concretas.

Os desafios logísticos da COP30 podem fazer com que a participação dos altos executivos das grandes empresas nacionais e internacionais seja menor ou mais seletiva do que o ideal, mas espera-se que o setor privado tenha um papel central nas discussões sobre implementação e financiamento da agenda climática.

“A participação na implementação [das ações], precisa contar com as empresas, porque são os agentes econômicos que fazem a economia acontecer no nosso modelo de desenvolvimento. Agora, seus compromissos são verificáveis, críveis, alcançáveis e efetivos? Eles estão alinhados com o que a ciência está dizendo que esses setores precisam fazer ou é só maquiagem verde para conseguir enganar por um tempo mais os investidores e os consumidores? Essas são as grandes perguntas”, afirma Victor.

 

Brasil dá início a semanas de eventos climáticos da COP30; veja desafios

 

O Brasil inicia nesta segunda-feira, 03, três semanas de eventos ligados à cúpula climática COP30, na esperança de mostrar um mundo ainda determinado a enfrentar o aquecimento global, mas isso pode ser difícil em um ano marcado por turbulências econômicas e compromissos cancelados dos Estados Unidos.

Os líderes empresariais reunidos em São Paulo estão pressionando por políticas mais fortes para financiar a transição energética, com uma carta aberta nesta segunda-feira pedindo aos governos incentivos “urgentes” para a adoção de energia renovável em vez de combustíveis fósseis.

“É um reconhecimento dos grupos empresariais da importância do multilateralismo e da importância de aumentar a ambição”, disse a presidente-executiva Maria Mendiluce da We Mean Business Coalition, que coordenou a carta de 35 grupos que representam 100.000 empresas.

No Rio de Janeiro, nesta segunda-feira, prefeitos, governadores e outros líderes subnacionais participarão de uma cúpula de líderes locais, que ameaça ser ofuscada por protestos contra uma megaoperação policial na semana passada que deixou 121 mortos.

Separadamente, o príncipe William, do Reino Unido, presidirá uma cerimônia no Rio para o Prêmio Earthshot, que reconhece as contribuições ao ambientalismo no ano passado.

Entretanto, os países e as empresas podem ter dificuldades para projetar o mesmo otimismo que marcou a diplomacia climática nos últimos anos.

Atualmente, a cooperação global está estagnada em meio a tensões geopolíticas e várias guerras. Uma série errática de tarifas dos EUA abalou a estabilidade econômica em todo o mundo, enquanto as reviravoltas dos Estados Unidos em relação à política de energia limpa e à ciência climática abalaram os investidores. E, embora os custos da energia renovável tenham caído para níveis inferiores aos dos combustíveis fósseis, muitos países estão fazendo malabarismos com metas concorrentes, como a segurança alimentar ou o desenvolvimento de inteligência artificial.

Os líderes empresariais ainda esperam impulsionar as políticas de energia limpa como uma prioridade. “Isso faz muito sentido para os negócios e garante a segurança energética e a competitividade”, disse Gonzalo Sáenz de Miera, presidente do Grupo de Crescimento Verde da Espanha.

Cúpula das florestas tropicais

O fato de o Brasil ser o anfitrião deste ano marca 33 anos desde a Cúpula da Terra no Rio, onde os países assinaram pela primeira vez o tratado das Nações Unidas que se compromete a combater as mudanças climáticas.

Desde então, a cúpula se transformou em um importante fórum multilateral, reunindo países ricos e pobres, cientistas e a sociedade civil para enfrentar a ameaça climática. Mas, até o momento, ela não conseguiu interromper o aumento das emissões de carbono, embora o ritmo tenha diminuído. Cerca de 40% das emissões da era industrial na atmosfera foram liberadas desde que o tratado foi assinado.

Ao participar da cúpula anual, os líderes geralmente têm como objetivo confirmar o compromisso de seus países e responsabilizar uns aos outros. Mas é provável que a COP30 tenha a menor participação de líderes mundiais desde 2019, quando cerca de 50 chefes de Estado foram a Madri para a COP25.

Para a cúpula de líderes de 6 e 7 de novembro na cidade amazônica de Belém, “menos de 60” líderes haviam confirmado com a presidência brasileira até sábado. Mais de 80 participaram da COP29 do ano passado em Baku, depois de mais de 100 nas três cúpulas anteriores em Dubai, Sharm el-Sheikh, Egito, e Glasgow.

A principal cúpula de 10 a 21 de novembro em Belém também teve menos pessoas registradas do que nas COPs do passado recente. Com a capacidade limitada dos hotéis e os altos preços dos quartos em Belém, apenas cerca de 12.200 pessoas haviam se registrado até 8 de outubro, de acordo com dados preliminares da agência climática da ONU.

A COP29 do ano passado em Baku teve mais de 54.000 participantes, enquanto a COP28 de Dubai atraiu quase 84.000. O Brasil havia dito que esperava mais de 45.000.

O planejamento da COP30 causou meses de ansiedade entre os países que tiveram dificuldades para encontrar acomodações a preços acessíveis, e alguns acabaram planejando reduzir suas delegações.

Isso também levou mais pessoas aos eventos com foco em finanças nesta semana em São Paulo ou à cúpula de líderes locais no Rio.

“É ótimo ver tantos líderes empresariais e prefeitos convergirem para o Brasil às vésperas da COP30, apresentando suas ações climáticas e buscando oportunidades de colaborar e ir mais longe mais rapidamente”, disse Dan Ioschpe, presidente do conselho da Ioschpe-Maxion, fabricante de autopeças sediada no Brasil, que está liderando os esforços da COP30 para acelerar a ação de empresas e outros atores não estatais.

O Brasil disse que a localização de Belém tinha o objetivo de agitar as coisas, colocando as comunidades indígenas no centro das negociações.

Uma flotilha com líderes e ativistas indígenas está descendo o rio Amazonas até Belém, onde os grupos planejam entregar uma lista de exigências de conservação aos líderes mundiais no final desta semana. Durante a conferência, muitos grupos indígenas planejam acampar na floresta tropical ao redor da cidade.

Crise dos chips: China concorda em abrir diálogo com indústria brasileira para evitar escassez

 

O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, relatou ao governo brasileiro que Pequim vai abrir canais de diálogo com a indústria automotiva do Brasil para evitar o desabastecimento de chips necessários à produção de carros no país, disse o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, neste sábado, 1º de novembro.

“Seguindo as orientações do presidente @LulaOficial, vamos seguir o caminho do diálogo com nossos parceiros, gerando emprego, renda e oportunidades compartilhadas”, disse Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, na rede social X.

O risco para a oferta de chips ocorreu após o governo da Holanda ter tomado, em outubro, o controle da Nexperia, subsidiária da fabricante de semicondutores chinesa Wingtech. Como resposta, a China bloqueou as exportações dos chips vendidos pela empresa, gerando a interrupção do fornecimento de semicondutores da Nexperia às empresas da cadeia de autopeças no Brasil.

A empresa chinesa que opera na Holanda e detém 40% do mercado mundial de chips essenciais para carros flex.

Em nota separada, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) comemorou a abertura de diálogo com a China “para liberar as exportações de semicondutores ao Brasil”.

Segundo a Anfavea, o governo chinês concordou em analisar a concessão de autorização especial às empresas brasileiras que estiverem com dificuldades para importar os chips.

A medida abre caminho para o fim do embargo às importações de semicondutores da Nexperia que poderia levar ao desabastecimento dos fornecedores de autopeças no país e à consequente paralisação da indústria automotiva, disse a Anfavea.

As empresas brasileiras poderão solicitar exceção ao embargo por meio da embaixada ou diretamente com o Ministério do Comércio da China. A China concederia a licença para importação a partir da análise de cada caso, segundo a Anfavea.