sexta-feira, 28 de agosto de 2015

TJ de São Paulo manterá condenação de autor de peça sobre Isabella Nardoni

Cortinas cerradas




Até mesmo um texto de ficção gera danos morais quando ofende direitos da personalidade de alguém, ainda que tenha sido pouco divulgado. Com esta tese, desembargadores da 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo indicam que condenarão o autor de uma peça de teatro baseada na morte de Isabella Nardoni a indenizar a mãe da menina em R$ 20 mil por danos morais.

Um pedido de vista suspendeu o julgamento iniciado nesta quinta-feira (27/8). Na prática, como dois membros do colegiado já seguiram o mesmo entendimento, deve valer decisão de primeira instância que viu problemas na peça Edifício London.

O espetáculo, da companhia Os Satyros, foi proibido de ser apresentado por uma liminar de 2013. No ano passado, a sentença atendeu pedido da mãe de Isabella. Ana Carolina Cunha de Oliveira alegou que era retratada como uma mulher vulgar e considerou como “verdadeira aberração” cena em que uma boneca decapitada era lançada através de uma janela.
Trecho da peça Edifício London, montada em 2013 e proibida de ser encenada.
O grupo teatral não foi responsabilizado. Só foram condenados o autor do texto e a editora Coruja, que publicou a obra em livro.

Em sustentação oral, a defesa do autor afirmou que, apesar do título, a peça tratava de várias tragédias familiares, com referências inclusive a Medeia (personagem da mitologia grega) e Macbeth (Shakespeare), e retratava a mãe da menina como “carinhosa” e “afetiva”, sem qualquer intenção de denegrir a imagem de Ana Carolina.

O advogado Caio Victor Fornari disse que o caso Nardoni foi amplamente divulgado por meios de comunicação e que Edifício London teve pouca repercussão nesse cenário, já que o espetáculo foi retirado de cartaz e o livro teve menos de 500 exemplares. Baseou-se ainda na liberdade de expressão e apontou recente decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a publicação de biografias não autorizadas.


Passado remexido
 

Já o desembargador Fortes Barbosa, relator do caso, entendeu que o direito de livre expressão artística se chocou com direitos da mãe de Isabella, retratada em algumas cenas em “condutas inadequadas”. Em uma delas, por exemplo, ela aparece bêbada, em uma boate, ao mesmo tempo em que sua filha está sendo espancada por um casal.

Para Barbosa, o fato de o livro ter sido publicado e a peça ter contado com “alguma divulgação” já são suficientes para gerar o dano, pois a situação “reavivou acontecimentos trágicos em uma situação que macula a integridade moral da apelada e de sua filha”. Ele também considerou adequado o valor da indenização.

O revisor, desembargador Paulo Alcides, disse que a peça “remexe o passado de maneira desvirtuada”, como uma “lembrança de mau gosto”, e representa o que ocorreu de forma  “muito mais violenta do que a própria realidade” ao retratar a menina como uma boneca decapitada e jogada pela janela. Ele entendeu que a obra não pode ser comparada com notícias de jornais nem com biografias.
Pediu vista o desembargador Eduardo Sá Pinto Sandeville. O advogado Caio Fornari já planeja recorrer ao Superior Tribunal de Justiça.


ConJur censurada
 
A controvérsia sobre o espetáculo também rendeu censura à revista Consultor Jurídico, no ano passado. 

Como o processo corre em segredo de Justiça, a juíza Fernanda de Carvalho Queiroz, da 4ª Vara Cível de São Paulo, determinou que o site retirasse do ar uma notícia sobre o caso, fixando multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

Mas a publicação foi liberada no Supremo Tribunal Federal, pelo ministro Celso de Mello. Ele avaliou que o sigilo imposto a processos não atinge a imprensa e declarou preocupação com “o fato de que o exercício, por alguns juízes e tribunais, do poder geral de cautela tenha se transformado em inadmissível instrumento de censura estatal”.

Processo 0007919-86.2013.8.26.0001

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Fornecedora do setor petroleiro compra rival por R$ 58 bi




REUTERS/Richard Carson/Files
Fachada da sede da Schlumberger, em Houston, no estado do Texas, nos EUA
Schlumberger: transação já foi aprovada pelos conselhos de administração das duas companhias
 
 
 
São Paulo - A líder mundial em soluções para empresas de petróleo e gás Schlumberger anunciou nesta quarta-feira (26) que comprará a concorrente Cameron por nada menos que 14,8 bilhões de dólares (algo em torno de 53,8 bilhões de reais).

A transação já foi aprovada pelos conselhos de administração das duas companhias e o pagamento será feito em dinheiro e ações. Juntas, elas alcançaram receitas de 59 bilhões de dólares no ano passado.

Pelo acordo, os investidores da Cameron receberão 14,44 dólares por cada papel que possuem na empresa e mais 0,716 ações da Schlumberger. Após a conclusão do tratado, eles terão uma participação de 10% na compradora.
A aquisição deverá trazer sinergias de cerca de 300 milhões dólares no primeiro ano e de 600 milhões de dólares no segundo ano, antes de impostos. Elas serão obtidas por meio da redução de custos operacionais, otimização da cadeia de suprimentos e melhoria de processos manufaturados.

"Com os preços do óleo em níveis baixos, empresas de serviços petrolíferos que entregam tecnologias inovadoras e uma maior integração enquanto melhoram a eficiência, o que os nossos clientes cada vez mais demandam, vão se sobressair no mercado", disse Paal Kibsgaard, presidente da Schlumberger, em nota.

Ambas as empresas ficam sediadas no estado do Texas, nos Estados Unidos. Elas possuem ativos que se complementam. 

"Nós acreditamos que a próxima transformação na indústria técnica será alcançada através da integração das tecnologias de reservatórios e poços da Schlumberger com a liderança da Cameron em tecnologias de superfície, perfuração, processamento e controle de fluxo", completou.

"Juntos, nós vamos criar uma empresa líder em equipamentos e serviços com uma plataforma expandida para impulsionar o crescimento acelerado", afirmou o presidente da Cameron, Jack Moore.

A Schlumberger foi assessorada financeiramente pelo Goldman Sachs na operação, enquanto a Cameron foi aconselhada pelo Credit Suisse.

ESPERANDO O NOVO ESTATUTO







Imigrantes tentam driblar lei arcaica para conseguir documentação no Brasil.

Em meio a uma política descoordenada, imigrantes pobres se deparam com uma dura realidade burocrática para obter documentos no Brasil e culpam diretamente o Estatuto do Estrangeiro. Na lei, sancionada em 1980 pelo último presidente da ditadura civil-militar, João Baptista Figueiredo, eles são vistos como uma potencial ameaça à segurança da nação. Para tentar contornar o Estatuto, estes migrantes têm entrado como refugiados no país.

Haitianos encontram, além disso, um problema adicional: não se encaixam na categoria de refugiados. 

Oriundos de um local com catástrofe natural, e não de uma situação de perseguição política ou guerra civil, eles entram no país por meio de uma autorização legal chamada “visto humanitário”. Esse documento é destinado apenas a nacionais do Haiti e garante a permanência no Brasil durante cinco anos. O certificado pode ser renovado por igual período, e, dependendo da situação, ser trocado pelo visto permanente.

A ausência de secretarias de imigração no país é outro dos entraves para regularização do estrangeiro. Imigrantes andinos são alguns dos que mais sofriam com esta situação. Geralmente empregados na indústria têxtil, acabam suscetíveis à exploração em tecelagens e em outros subempregos.

Todavia, imigrantes andinos mais recentes já possuem uma estrutura mínima que lhes permite de se organizar melhor contra esses problemas, após o acordo do Brasil com os países do Mercosul. Com ele, um nacional dos países-membros pode cruzar a fronteira sem visto e ficar no país durante três meses como turista. Caso estenda o período provisório e ele queira se regularizar, precisará reunir diversos documentos. Entre eles, passaporte ou documento com foto que tenha o nome dos pais, antecedentes criminais do país de origem e do Brasil emitidos pelas Justiças Federal e Estadual e mais uma série de taxas que somam, ao total, R$ 200,00.

“Nós temos uma legislação muito atrasada, defasada e violadora de direitos humanos”, alertou Camila Lissa Asano, coordenadora de política externa da ONG Conectas Direitos Humanos, durante a palestra “Como é ser migrante no Brasil”, realizada em São Paulo no último mês de fevereiro. “Entre os países da região da América do Sul, o Brasil é o que está mais atrasado – tanto em termos de legislação quanto em termos de políticas públicas.”


Imigrante pobre x imigrante rico


A dualidade de tratamento do imigrante rico para o imigrante pobre também é uma realidade. Veronica, nascida na Bolívia e criada no Brasil, destaca essa diferença na recepção dos imigrantes. “O imigrante rico tem espaço garantido no Brasil, o pobre não. O rico não precisa torcer para ser bem tratado, ele tem flexibilidade na questão burocrática. Se ele vai empregar algumas pessoas ou é um Neymar versão boliviana, tudo fica bem mais fácil. Se for um imigrante pobre, a impressão que fica é que existe uma vontade do país de mantê-lo nessa situação”, diz.

A jornalista Bianca Vasconcellos, diretora de documentários da TV Brasil, realizou um trabalho que aborda a vida dos imigrantes andinos sob exploração em São Paulo. Na reportagem “A mão de obra escrava urbana”, que ganhou menção honrosa do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos em 2012, bolivianos e paraguaios trabalham trancafiados em porões e galpões, na região do Brás, costurando mais de 13 horas por dia. Boa parte deles é oriunda de um cenário hostil em suas nações.

“Eles trabalham em uma situação análoga à escravidão. O melhor momento para conversar com eles é no final do dia, quando eles ‘saem da toca’. Faço uma analogia até pior; em vez de escravo, bicho. Quando o sol se põe, eles se sentem mais seguros de pôr o rosto pra fora”, explica Bianca.

A atividade têxtil é algo cultural entre os bolivianos e paraguaios. Na zona rural, as famílias possuem varias máquinas overlocks como forma de sustento. “Aqui no Brasil, eles têm a oportunidade de crescer fazendo o que eles sabem fazer desde berço, que é costurar. Por mais que seja uma condição subumana, que a nossa legislação trabalhista condena, eles vão construindo uma vida aqui, diferente daquela em que eles viviam nas suas origens. São homens e mulheres supercorajosos”, comenta Vasconcelos.


Uma legislação humanitária


“A imigração é um fenômeno complexo, uma vez que existe a figura do imigrante, a maneira mais eficaz de garantir o seu direito é regularizando-o”, afirma Raísa Cetra, assessora de Política Externa da Conectas.

Não existe, atualmente, uma política migratória no Brasil e nem quem pense essa política de forma conjunta. Três ministérios podem atuar sobre a questão da migração, mas não necessariamente estabelecendo um diálogo entre eles. Dentro dessas estruturas, se encontram o Ministério de Relações Exteriores (MRE), que controla a emissão de vistos; Ministério da Justiça (MJ), que se foca em deportações, expulsões e o setor da Polícia Federal na área de regularização; e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Além disso, existe o Conselho Nacional de Imigração (CNIg), órgão central que decide sobre os casos que a legislação não abarca.

“A Polícia Federal atua com uma lógica securitária, ela sempre vai olhar para migração como um risco, como se os migrantes fossem muitas vezes potenciais criminosos. Ela não irá enxergá-los pela ótica dos direitos”, alega Cetra.

Dentro da América Latina, outros países já reviram as suas leis. Argentina e Uruguai mudaram o paradigma de segurança pública e laboral para um de direitos. No Brasil, o projeto de Lei do Senado (PLS) 288/2013, de autoria do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), tenta uma mudança semelhante. Aprovado pelo Senado, o texto foi encaminhado para a Câmara.

O projeto tem 65 artigos e sete títulos e estabelece critérios relacionados à concessão de vistos, repatriação, deportação, expulsão e naturalização. Conforme a proposta, o Estatuto do Estrangeiro será substituído por uma mudança na política migratória, atualmente subordinada à lógica da segurança.
 
“Esse é o momento de definir que sociedade seremos com relação a migrantes. Quem deve responder isso é o Estado, aprovando uma nova legislação migratória. Nós precisamos de um governo que trate as pessoas sem discriminação”, diz Cetra.

Luan Ernesto Duarte
(Opera Mundi – 27/07/2015)

Abilio e Lemann se juntam e compram rede de padarias em SP



Fernando Frazão / Veja Rio
 
Pães
Padaria: empresários compraram rede de Benjamin Abrahão, conhecido por ter fundado a Barcelona Pães
 
 
 
São Paulo - Os megaempresários Abilio Diniz e Jorge Paulo Lemann se uniram para comprar a rede de padarias Benjamin Abrahão.

A aquisição, antecipada pela Forbes Brasil, foi fechada por meio de uma parceria dos fundos Península (de Abilio), Ocean e Innova Capital (criado por Lemann e hoje administrado por Verônica Serra).

Benjamin Abrahão é conhecido por ter fundado a Barcelona Pães, situada na praça Vilaboim, no bairro Higienópolis, em São Paulo.
Atualmente, a rede possui mais uma unidade no bairro Jardins e seis pontos de vendas em universidades da capital paulista.

De acordo com a Forbes, o faturamento anual da empresa é próximo de 50 milhões de reais.

Em nota a EXAME.com, a Península disse que os fundos "adquiriram participação societária relevante na rede de padarias Benjamin Abrahão com o objetivo de expandir suas operações".

Conforme publicou a Forbes, uma fonte disse que a fatia comprada foi de 80%, por um preço de aproximadamente 30 milhões de reais.

Explosão em terminal da Petrobras deixa 2 operários mortos



Dado Galdieri/Bloomberg
Petrobras
Petrobras: bombeiros e a brigada de incêndio da BR Distribuidora estão no local. Segundo a empresa, o incêndio já foi debelado e não há risco para a população
 
Antonio Pita, do Estadão Conteúdo

Rio - A explosão de uma caldeira administrada pela BR Distribuidora provocou a morte de dois operários da subsidiária da Petrobras na manhã desta quarta-feira, 26.

O acidente aconteceu por volta das 10h20 no Terminal de Granéis Líquidos (TGL) do complexo portuário de Tubarão, em Vitória, no Espírito Santo.

Bombeiros e a brigada de incêndio da BR Distribuidora estão no local. Segundo a empresa, o incêndio já foi debelado e não há risco para a população.
Ainda não há informações sobre a identidade das duas vítimas já confirmadas, segundo Mirta Chieppe, diretora de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES).

Os dois funcionários seriam de uma empresa prestadora de serviços contratada pela BR Distribuidora que realizavam uma manutenção programada no tanque. Segundo ela, as equipes de resgate ainda estão no local em busca de outros funcionários.

"A explosão aconteceu em um tanque de combustível da BR Distribuidora no terminal, em área da Vale", informou Mirta.

A área de armazenamento de combustível da BR Distribuidora fica próxima ao terminal de cargas da Vale, utilizado para escoamento da produção local. A empresa confirmou o acidente e indicou que a área é de responsabilidade da subsidiária da Petrobras.

Em nota, a BR Distribuidora informou que uma comissão interna irá apurar as causas do acidente. "O incêndio, cujas causas serão apuradas por uma comissão interna, foi controlado pelas equipes de emergência e não há risco para a população do entorno.

A Petrobras Distribuidora lamenta o ocorrido e está colaborando com a empresa terceirizada para dar apoio às famílias das vítimas", diz o comunicado.

A China fez o que o mercado queria


Corte de juros era algo esperado, mas ainda não é suficiente para ajudar na recuperação econômica, afirmam especialistas

Por Infomoney

A China fez o que o mercado queria


O mundo todo esperava por medidas do governo chinês, e sem nenhum anúncio na segunda-feira (24), os mercados globais desabaram. Então o governo "atendeu" às expectativas e na terça (25) comunicou o corte na taxa de compulsório e da taxa de empréstimos, empolgando os investidores. Porém, a instabilidade na segunda maior economia do mundo segue fazendo estragos. Em Xangai, o Xangai Composto fechou em baixa de 1,27%, aos 2.927,29 pontos. No Brasil, o dólar chegou a bater R$ 3,6512 por volta de 11h30, uma alta de 1,12%. Na máxima, chegou a R$ 3,6552. A bolsa, no mesmo horário, somava leve alta de 0,5% aos 44.762 pontos. A percepção de que as medidas adotadas pelo governo chinês não são suficientes para evitar um quadro de desaceleração e o cenário político e econômico brasileiro ainda muito negativos devem continuar pesando sobre os negócios. Então, qual o peso das recentes medidas chinesas para sustentar as altas do mercado?

Os investidores que os anúncios da China estão longe de serem suficientes para ajudar o mercado. "É normal o mercado ter um impulso positivo. Sempre que temos esses anúncios, os investidores demoram um pouco para analisarem o que ele realmente significa", explica Alex Agostini, economista da Austin Rating. Segundo ele, atualmente "volatilidade é o nome do jogo", sendo que o mercado está sempre "buscando mais", querendo alguma notícia, estímulo ou anúncio para decidir seu rumo, principalmente por conta da tensão econômica – e no caso do Brasil, política. Agostini explica que a notícia, do lado econômico, tem seus pontos positivos, mas os investidores sempre levam em conta o "lado emocional" também, e neste caso, faltou confiança do governo chinês.

Para o professor de economia do Insper, Roberto Dumas Damas, não havia um motivo para os investidores esperarem pelos estímulos. “ [Os anúncios] não mudam nada. É uma medida paliativa que o governo chinês utiliza apenas para administrar o transatlântico rumo ao rebalanceamento de seu modelo de crescimento econômico", reflete Damas. Ele explica que a China passa por um período de remodelação do seu crescimento econômico para passar a desenvolver o consumo da sua população, mas o mercado insiste em não acreditar nisso e criar expectativas. "Ainda não caiu a ficha [do mercado]. O pessoal precisa perceber que a renda do trabalhador chinês já está subindo. Outra medição desta remodelação [da economia] está no aumento do setor terciário (serviços) em detrimento do secundário (indústria)", assegura Dumas.

Em relatório divulgado na terça (25), a equipe de análise do Bradesco destaca que o ajuste para baixo dos mercados se deve aos fatores estruturais que, dificilmente, serão revertidos com políticas de estímulo. "Será que o governo do país aumentou a tolerância a taxas menores de crescimento no curto prazo (em relação à meta de expansão do PIB de 7%) e/ou não consegue mais intervir na economia como antes? Ou o mercado se deu conta de que as intervenções têm limite e desistiu de esperar que os estímulos levem a uma recuperação da economia nos trimestres à frente?", questionam os analistas do banco. Conforme destaca o diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, Octávio de Barros, parece precipitado responder a essas questões  apenas à luz do comportamento dos mercados financeiros nessas últimas semanas, pois ontem o banco central chinês reagiu ao anunciar a redução do depósito compulsório e da taxa de juros. 

Porém, afirma Barros, os sinais negativos vindos do gigante asiático demandam alguma reflexão, incluindo o fato de que os problemas do gigante asiático são estruturais.

Agostini, Dumas e a equipe do Bradesco concluem que o mercado não assimilou o que a medida da China significa, pois a alta ocorreu simplesmente porque era algo que os investidores queriam. A tendência para os próximos dias é que os mercados globais registrem forte volatilidade, enquanto todos analisam e tentam projetar realmente qual será o futuro. Mas é unânime que apenas o anúncio de ontem está longe de ser o que o mercado realmente precisa.


Varas de falência em São Paulo passam a concentrar conflitos sobre arbitragens






Há quase um mês, todos os conflitos que chegam à Justiça paulista envolvendo arbitragens são distribuídos à 1ª e à 2ª Varas de Falências e Recuperações Judiciais. Enquanto anteriormente esses processos iam parar em diferentes varas cíveis, agora ficam com juízes especializados no tema.

A estratégia segue meta fixada pelo Conselho Nacional de Justiça para 2015: todos os tribunais de Justiça devem apresentar duas varas focadas em arbitragem nas capitais de seus estados. Até meados de julho, só 12 TJs haviam seguido integralmente a medida — São Paulo, por exemplo, estava fora da lista.

O juízo é proibido de mudar o mérito do que foi definido pelo tribunal arbitral, mas pode anular decisões que apresentaram vícios, como omissão sobre os argumentos citados no processo, parcialidade de quem julgou e uso de provas ilícitas. O juiz também pode aplicar medidas cautelares — como bloquear bens e suspender a negativação de quem teve o nome cadastrado em serviço de restrição ao crédito —, além de levar à execução sentenças arbitrais descumpridas pela parte perdedora.

“O TJ-SP entendeu que as varas de falência e recuperações são essencialmente empresariais, contam com juízes acostumados a lidar com questões inclusive envolvendo companhias de grande porte”, afirma o juiz Daniel Carnio Costa, titular da 1ª Vara. Ele calcula já ter despachado em dez controvérsias distribuídas desde o dia 31 de julho, quando passou a valer resolução do TJ-SP disciplinando os procedimentos.

Outros casos já em andamento continuam nas varas de origem. A resolução cita ainda uma 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, inexistente até hoje.

“O aprofundamento dos magistrados proporcionará celeridade processual, qualidade das decisões e previsibilidade, decorrente da consistência nos critérios de julgamento”, afirma nota assinada pelos advogados Rafael Villar Gagliardi e César Rossi Machado, do escritório Demarest Advogados. “Vale lembrar que juízes das varas de recuperação judicial e falência possuem vasto conhecimento em direito empresarial, tornando-os ainda mais indicados para esses litígios que passaram a julgar.”

Roberto Pasqualin, sócio sênior do escritório PLKC Advogados e presidente do Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem (Conima), avalia que criar varas específicas é uma “evolução” no país, para evitar que processos caiam nas mãos de juízes sem conhecimento da ferramenta arbitral. “Meu receio pessoal é que os processos de falência e recuperação judicial são complexos e exigem muitas decisões urgentes. O acúmulo pode deixar questões da arbitragem em segundo plano”, avalia.