Empresas podem ajudar, mas funcionários neurodivergentes não podem ser discriminados. Foto: Pexels
Falta de foco e organização e dificuldades em tomar decisões são alguns dos problemas que pessoas neurodivergentes enfrentam no mercado de trabalho. Apesar delas estarem cada vez mais presentes nas empresas, as companhias ainda precisam lidar de uma forma adequada.
Segundo informações da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), mais de 2 milhões de pessoas são diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) no país. De acordo com o IBGE, 85% dos brasileiros que possuem diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) estão desempregados.
Embora existam leis de inclusão que buscam garantir a presença de pessoas neurodiversas no mercado, como a Lei nº 12.764/12 e a Lei nº 13.146/15, muitas vezes, as empresas não estão preparadas para lidar com as especificidades de cada indivíduo, que, em certos momentos, precisam de determinadas condições para exercer sua função de maneira confortável.
Apesar das companhias poderem prestar apoio ao funcionário, se ele assim desejar, o diagnóstico do funcionário precisa ser tratado com discrição, respeitando o desejo do trabalhador neurodivergente.
“O indivíduo deve ter o direito de ter suas questões emocionais ou diagnósticas reservadas. Caso seja do seu interesse, seu médico psiquiatra poderá dialogar com médico do trabalho para melhorar condições ambientais e/ou da rotina que ampliem o conforto psicológico do trabalhador e consequentemente suas entregas”, disse Camila Magalhães, psiquiatra e cofundadora da Caliandra Saúde Mental.
Como as empresas podem ajudar?
Uma das empresas que possuem um programa específico para pessoas neurodiversas é a Sofist, especialista em engenharia de qualidade. Para Geovana Pavaneli, Gerente de Pessoas e Cultura da companhia, o mais importante é respeitar as especificidades de cada profissional.
“Acredito que o ideal para lidar com pessoas neurodiversas é tratá-las de acordo com suas especificidades. Cada uma possui alguma característica única que pode ajudar a mantê-la mais confortável dentro do ambiente de trabalho. É importante escutá-las e estar sempre atento para oferecer ajuda, quando necessário”, disse.
A analista de Recursos Humanos da empresa Heloísa Monteiro conta que tinha dificuldades de se concentrar e de realizar tarefas simples como escolher um produto no supermercado por conta do seu TDAH.
“Desde a minha liderança até o CEO, foi identificado e valorizado um potencial em meu trabalho que nem mesmo eu reconhecia. O resultado dessa parceria é aumentar as nossas conquistas, uma vez que um entende o modo de trabalhar do outro”, apontou.
Já o assistente de testes funcionais Felipe Sales foi diagnosticado com TEA conta que precisou superar até mesmo os próprios preconceitos para conseguir se inserir em uma nova profissão.
“O primeiro passo para a empregabilidade é o tratamento, sem sombra de dúvidas. Eu tenho certeza que, se eu não estivesse em tratamento, não teria passado na entrevista. Não conseguia ler duas, três páginas de um livro sem esquecer. Hoje, eu vejo os benefícios da decisão de ter tomado essa atitude de procurar ajuda”, aponta.
Por conta do seu quadro, Sales tinha muita dificuldade em aglomerações no transporte público, e conta que o trabalho remoto o ajudou nesse sentido.
“Eu me descobri na questão do home
office, está sendo algo muito bom pra mim. Achei que teria um pouquinho
mais de dificuldade, mas não, tem sido bem fácil a rotina de acordar,
ter um horário para entrar, outro para almoçar e depois sair”,
encerrou.
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