sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Tesouro desembolsa R$ 8,4 bi para garantir desconto na tarifa de luz

 
 
Por Rafael Bitencourt, Daniel Rittner, Edna Simão e Eduardo Campos | De Brasília
André Borges/Folhapress / André Borges/FolhapressEdison Lobão, Márcio Zimmermann e Maurício Tolmasquim, durante entrevista sobre a redução nas tarifas de energia

O aporte que o Tesouro Nacional precisará fazer para garantir o corte nas contas de luz subiu consideravelmente e chegará a R$ 8,4 bilhões. Em 2014, conforme já admitiram autoridades do setor elétrico, deverá crescer ainda mais. Inicialmente, quando divulgou o plano de redução das tarifas de energia, o governo estimava contribuição de R$ 3,3 bilhões do Tesouro para compensar a retirada de encargos.

Para propiciar o corte de tarifas sem prejudicar as metas fiscais com esse novo ônus, o governo teve que recorrer a um arranjo contábil, com a antecipação de receitas que tem para receber até 2023, relacionadas a empréstimo feito no passado à Itaipu Binacional.

O governo tem entre US$ 14 bilhões e US$ 15 bilhões a receber de Itaipu até esta data, segundo Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Haverá a antecipação de boa parte dessa quantia, provavelmente com a emissão de títulos lastreados pelos créditos que tem a receber da usina.

"Esse mecanismo permitirá que se reduza a conta de energia elétrica nos termos anunciados pelo governo, com efeito positivo para todos os brasileiros, sem afetar a capacidade fiscal da União", disse o Tesouro Nacional, em nota.

A queda de 18% para residências, e até 32% para grandes indústrias, começou a valer ontem mesmo e foi celebrada pelas autoridades. No almoço que ofereceu a líderes da União Europeia, no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff mostrou que pretende usar politicamente a medida: "Meu querido, eu falo de redução da tarifa de energia, não de aumento da gasolina".
Era uma referência à previsão, feita na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), de que haverá um reajuste "em torno" de 5% da gasolina. O Banco Central também falou em queda de apenas 11% das tarifas de energia.

De acordo com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a redução média de 20,2% das contas de luz é "agora e para sempre". Para ele, o BC pode ter incluído em sua estimativa o efeito de revisões tarifárias das distribuidoras e do uso de usinas térmicas, mas a medida anunciada pelo governo é "estrutural e não conjuntural". Tolmasquim reforçou a explicação: "Variações conjunturais vão sempre continuar ocorrendo, mas o que o consumidor está recebendo a partir de agora é uma espécie de cupom de desconto, de 20%, sobre o valor de suas contas de luz".

Houve dificuldades, no início, para explicar como o Tesouro assumiu um aporte tão acima do previsto sem deteriorar suas contas fiscais. "De onde o Tesouro vai tirar o dinheiro, é um problema do Tesouro", irritou-se Lobão, diante da insistência dos jornalistas em buscar explicações.
À tarde, o Tesouro esclareceu que a operação não tem impacto fiscal, pois é "meramente financeira". 

O aporte que vai bancar a redução na conta de energia em 2013 poderá ter duas formas de financiamento. Uma parcela de R$ 4,1 bilhões virá de receitas que o governo já teria a receber de Itaipu. Para o restante da conta, de R$ 4,3 bilhões, o governo ainda não decidiu se antecipará receitas de Itaipu ou se lançará mão de recursos que tem nos fundos do setor de energia, como a Reserva Geral de Reversão (RGR).

Os fundos setoriais de energia têm em estoque créditos de R$ 27 bilhões. Parte desses recursos será utilizado para pagar as indenizações às empresas que aceitaram renovar contratos nos novos moldes. Já foram pagos R$ 7,2 bilhões em janeiro e outros R$ 13,8 bilhões serão pagos nos próximos anos. Dessa fonte de recursos também sairão as indenizações de ativos de transmissão, mas essa conta, segundo o Tesouro, ainda não foi detalhada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Em 2014, a necessidade de aporte do Tesouro para manter as tarifas mais baixas pode aumentar. O diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, lembrou que parte do saldo remanescente de encargos setoriais - como a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) e a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) - terá sido usada em 2013. A partir de 2015, no entanto, a tendência é que haja um processo gradual de redução do aporte.

Alguns programas do setor produzirão um impacto negativo menor. Esse é o caso do programa Luz para Todos, que até lá atingirá as metas de universalização do serviço. Além disso, o alto custo da energia consumida nos sistemas isolados, localizados na região Norte, deixará de existir a partir da conexão dessas áreas ao Sistema Interligado Nacional.

Por outro lado, os consumidores também passarão a contar com energia mais barata da relicitação das usinas com contratos a vencer entre 2015 e 2017. É o caso das geradoras das empresas estaduais de energia (Cemig, Cesp e Copel), que se recusaram a renovar antecipadamente os contratos, por não aceitarem as condições propostas pelo governo no fim do ano passado.

Déficit ameaça o caixa de distribuidoras de energia


Por Daniel Rittner, Rafael Bitencourt e Claudia Facchini | De Brasília e São Paulo
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A complicada engenharia montada pelo governo para assegurar o corte das tarifas de energia criou um déficit de 2.053 megawatts (MW) médios nos contratos de fornecimento das 64 distribuidoras do país. Para fazer a redução nas contas de luz, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) oficializou ontem a divisão, por todas as distribuidoras, de 7.793 MW de eletricidade produzida pelas hidrelétricas que tiveram suas concessões prorrogadas por 30 anos.

As empresas, porém, tinham a necessidade de contratar 9.847 MW para atender à demanda em 2013, segundo a própria Aneel. Contratos mais antigos de fornecimento, que foram assinados após o primeiro grande leilão do setor em 2004, expiraram em 31 de dezembro de 2012 e precisavam ser renovados com urgência. Para cobrir a diferença, as distribuidoras recorrerão ao mercado de curto prazo, no qual o valor do megawatt-hora chegou a R$ 480 nesta semana. Dependendo da variação de preços, a despesa adicional das distribuidoras pode ultrapassar R$ 500 milhões em janeiro, segundo cálculos de especialistas. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) advertiu o governo sobre o risco de inadimplência generalizada e destacou que parte das empresas poderá trabalhar com Ebitda negativo. Uma das propostas encaminhadas às autoridades é a concessão de um empréstimo emergencial para financiamento de capital de giro das empresas.

O Tesouro fará aporte de R$ 8,4 bilhões para garantir o corte das tarifas em 18% para residências e até 32% para indústrias. Inicialmente, a previsão do governo era que a retirada de encargos setoriais exigisse uma contribuição de R$ 3,3 bilhões. A diferença será coberta pela antecipação de recursos - US$ 14 bilhões a US$ 15 bilhões até 2023 - que o Tesouro deverá receber, até 2023, pela dívida de Itaipu com o governo brasileiro. Houve confusão entre as autoridades para explicar como será a antecipação dos recursos. "De onde o Tesouro vai tirar o dinheiro é problema do Tesouro", disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

Estrangeiros buscam cursos para entender melhor o país


Por Adriana Fonseca | De São Paulo

Não são apenas estudantes matriculados em escolas de negócios internacionais que vêm ao Brasil para entender o mercado e a forma de se fazer negócios do país. A Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV), sediada no Rio, também recebe estudantes "avulsos", de intercâmbio. No ano passado foram 75, mais do que o dobro dos que chegavam na instituição dois anos atrás.

De acordo com Alvaro Cyrino, vice-diretor da Ebape/FGV, o número de interessados em fazer intercâmbio sem o apoio de outra escola estrangeira é muito maior do que a instituição consegue atender atualmente. "Os estudantes já entenderam que conhecer o mercado brasileiro mais a fundo pode dar a eles uma vantagem competitiva na carreira", afirma.

Já no caso da escola de negócios espanhola Iese, assim como acontece na concorrente IE, os alunos escolhem alguma localidade fora da Espanha para cursar um módulo opcional do programa no segundo ano do MBA "full-time". Desde o ano acadêmico 2011/2012, esses executivos têm a opção de vir a São Paulo para conhecer mais de perto o ambiente de negócios brasileiro. As alternativas são Nova York (EUA), Xangai (China), Nairóbi (Quênia) e Cingapura. Na primeira edição, 18 alunos escolheram o Brasil. No ano acadêmico seguinte, 2012/2013, o número subiu para 28.

A escola brasileira Ibmec também tem apostado na demanda forte e crescente de estrangeiros interessados em conhecer o mercado nacional. A unidade fluminense da instituição começa a oferecer, neste ano, o programa Doing Business in Brazil, com a primeira turma prevista para março.

Além da economia do país chamar a atenção dos estrangeiros, Fernando Schuler, diretor geral do Ibmec, ressalta as particularidades do Rio de Janeiro que atraem os executivos, como as Olimpíadas, que acontecem em 2016, e os setores de óleo e gás e infraestrutura. "Diante desse cenário do país e da cidade, em particular, recebemos muitos pedidos de instituições do exterior que querem conhecer o ambiente de negócios brasileiro", afirma.

O curso do Ibmec está concentrado em seis áreas: economia brasileira, finanças e bancos, análise geopolítica, aspectos legais, macroeconomia e demografia, além de aspectos culturais e suas interferências nos negócios com o país.

Além das aulas, o grupo de alunos vai visitar empresas sediadas no Rio e participar de rodadas que promovem o encontro com outros executivos para estabelecer networking. A meta da escola é abrir duas turmas do programa por ano. "Chegavam propostas do exterior e não tínhamos um programa estruturado para atender essa demanda", revela Schuler.

No ano passado, quem deu início a um curso semelhante, batizado como Brazil - Economic Outlook, Business and Employment Opportunities, foi a International Business School (IBS), de São Paulo. Na primeira edição do programa, nove alunos assistiram as aulas. Para a próxima turma, que vai de 28 de janeiro a 7 de fevereiro, já há 15 confirmados - e, para julho, está previsto um novo grupo, que já conta com 28 matriculados.

"Os alunos não residem no Brasil e estão em busca de oportunidade de trabalho ou de negócios aqui", afirma Ricardo Britto, fundador e diretor geral da IBS-SP. "A partir deste ano estamos oferecendo esse mesmo formato de curso para os profissionais estrangeiros que já estão trabalhando no país", ressalta.

A Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Eaesp/FGV), sediada em São Paulo, é pioneira no recebimento de estrangeiros interessados no cenário brasileiro. "Desde que foi criada, a instituição recebe alunos do exterior. A partir de 2001, no entanto, foi desenvolvido um curso especificamente para esse público", explica Rodrigo Bandeira de Mello, diretor do programa também nomeado Doing Business in Brazil, oferecido na capital paulista.

Com duração de uma a duas semanas, o curso inclui aulas durante todo o dia com professores da escola e palestrantes convidados, visitas a empresas e atividades socioculturais. O público, segundo Mello, é formado por alunos de MBA que vêm ao país como parte do mestrado que fazem no exterior.

Os alunos de MBA das escolas internacionais ainda são a maior parte dos interessados, mas há um novo perfil com participação crescente no programa, de acordo com o diretor da escola: são grupos de executivos - de uma só empresa estrangeira ou de companhias diversificadas, mas de um único país - que chegam aqui querendo conhecer melhor a realidade brasileira. Mello dá o exemplo de uma turma de executivos suecos que veio, recentemente, representando empresas do país como Scania e Volvo, além de um grupo de 40 gestores da empresa francesa de óleo e gás Total.

Segundo o diretor, dobrou o número de estrangeiros frequentando o Doing Business in Brazil desde 2010. No ano passado, foram 500 participantes e para o primeiro semestre deste ano já são mais de 250 inscritos. "O Brasil ainda tem uma perspectiva favorável aos olhos dos estrangeiros", conclui o diretor.

O corte de juros chegou ao fim


  25 de janeiro de 2013 11:44




Texto de Cláudia Safatle
Publicado pelo jornal Valor Econômico

O Banco Central subiu o tom. Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, ele avisou ao mercado que não haverá mais queda da taxa básica de juros, mesmo com a atividade econômica ainda bastante frágil.

Para o governo, a autoridade monetária também deixou importantes mensagens. A principal pode ser assim resumida: não haverá espaço para um “Pibão” enquanto a taxa de investimento na economia permanecer em queda.

O investimento cai há cinco trimestres consecutivos – os dados do último trimestre de 2012 ainda não saíram, mas não há sinais de reação. Esta dependerá do grau de confiança do setor privado no futuro e, portanto, nas ações do governo para reduzir as incertezas que desestimulam os empresários a botar as mãos no bolso e ampliar produção.

Não haverá “Pibão” sem novos investimentos
No Parágrafo 26, o mais importante da ata, o Copom expõe sua visão: “O ritmo de recuperação da atividade econômica doméstica – menos intenso do que se antecipava – se deve essencialmente a limitações no campo da oferta.” E completa: “Dada sua natureza, portanto, esses impedimentos não podem ser endereçados (aqui usa um anglicismo comum na fala do presidente do BC, Alexandre Tombini) por ações de política monetária que são, por excelência, instrumento de controle da demanda.”

É importante lembrar, nesse contexto, que os investimentos só aumentam a oferta quando maturados. Antes, eles são fatores de maior pressão da demanda.
Como limitações da oferta, há desde o aperto no mercado de trabalho – com o desemprego num nível muito baixo – a restrições na disponibilidade de alguns insumos, como energia, por exemplo.

O consumo de energia cresceu em torno de 4,5% no ano passado, mesmo com a atividade econômica morna – variação em torno de 1% – ao longo de todo o exercício. Com taxas mais fortes de expansão da atividade, o consumo será ainda maior.

Na avaliação do BC, o investimento pode reagir, voltar a crescer e até dar impulso ao crescimento ainda este ano. Ele é a componente mais volátil da demanda agregada. Mas não virão do Copom mais estímulos monetários para animar a economia, assim como não estão nos planos de voo do comitê novos apertos monetários para controlar a alta dos preços que decorre de choques de oferta.

A inflação, alias, só começará a ceder no segundo semestre deste ano, conforme os prognósticos oficiais, mesmo considerando a queda mais pronunciada das tarifas de energia, o adiamento dos aumentos das tarifas de transportes urbanos para meados do ano, e um reajuste de apenas 5% para a gasolina – conforme antecipado pela ata.

Os movimentos de alta de preços estão mais disseminados e “a reversão de isenções tributárias, combinadas com pressões sazonais e pressões localizadas no segmento de transportes, tendem a contribuir para que, no curto prazo, a inflação se mostre resistente”, avisa o BC. Os incentivos do IPI para a compra de automóveis e para os produtos da linha branca começam a ser reduzidos neste primeiro trimestre e devem acabar em junho, com possíveis impactos sobre os preços desses produtos.

O expansionismo fiscal é outro elemento que pesa no balanço de risco da inflação. Em relação à política fiscal, o BC conta com a geração de superavit primário de R$ 155,9 bilhões este ano e de uma cifra equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2014. Nesse caso, a preocupação da autoridade monetária não é com os indicadores de solvência do setor público – dados pela relação dívida líquida/PIB – mas com a expansão da demanda produzida pelo aumento dos gastos governamentais.

O Ministério da Fazenda, porém, não comunicou que meta fiscal pretende, de fato, perseguir neste ano e o Congresso ainda não aprovou o orçamento para 2013.
A ata, assim, poderia ser vista como parte da ação clássica dos BCs – de entrar no salão e retirar o chope no auge da festa. Nesse caso, porém, a festa (entendida como aceleração do PIB) nem começou, mas o Copom já deixou claro que do lado monetário não há mais o que fazer, e problemas de oferta não são da sua alçada.

Haveria uma válvula de escape na política cambial. Afinal, a desvalorização do real promovida no ano passado não se revelou capaz de estimular o crescimento. Ao contrário, se algum efeito teve, além de produzir mais inflação, foi de cunho contracionista: encareceu as importações em geral, a de bens de capital em particular, e retirou poder de compra da classe média. A taxa de câmbio, que chegou ao pico de R$ 2,14 a R$ 2,15, hoje ronda a na casa dos R$ 2,05.

No leque de possibilidades do governo estaria, por exemplo, uma reversão mais acentuada das medidas de restrição ao ingresso de recursos externos. Seria difícil, porém, a presidente DILMA Rousseff a essa altura admitir uma valorização do real.

No início do terceiro ano desta gestão fica exposta a impossibilidade de se ter tudo ao mesmo tempo: inflação na meta, taxa de câmbio desvalorizada, juros baixos e o crescimento econômico que o governo persegue – algo na casa dos 4% a 4,5% ao ano.

A inflação deve bater no teto nos próximos meses e só começa a ceder a partir do meio do ano. O crescimento tende a ser moderado, em torno de 3%. E os juros, por enquanto, vão fixar estáveis em 7,25% ao ano.

Claudia Safatle é diretora adjunta de Redação e escreve às sextas-feiras

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

JUÍZO ARBITRAL PODE SOLUCIONAR CONFLITO ENTRE TRABALHADOR E ORGANISMO INTERNACIONAL



O conflito decorrente da relação de emprego entre um trabalhador e um organismo internacional pode ser dirimido perante um juízo arbitral. Como o organismo internacional tem imunidade de jurisdição - o que impede a apreciação do caso pelo Poder Judiciário -, a existência de cláusula contratual prevendo a sujeição do litígio à arbitragem garante um modo de resolver a controvérsia. Esse tem sido o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho e foi aplicado pela Quarta Turma no julgamento de um recurso de revista.
 
No processo analisado pelo ministro Fernando Eizo Ono, a trabalhadora foi contratada em março de 2000 pela Organização das Nações Unidas/Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (ONU/PNUD) para exercer cargo técnico junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), e demitida em junho de 2004 sem a anotação na carteira de trabalho e a quitação das verbas rescisórias. Na Justiça do Trabalho, ela requereu o reconhecimento do vínculo empregatício com o organismo e a condenação subsidiária do IBAMA, por ter sido beneficiário dos serviços prestados.
 
Entretanto, o juízo de origem considerou válida a cláusula do contrato que convencionara a submissão da demanda a um juízo arbitral e pôs fim ao processo. Ao examinar o recurso da empregada, o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (DF/TO) seguiu na mesma linha. Para o TRT, as cláusulas fixaram as regras da contratação (direitos e obrigações das partes), e, portanto, não seria razoável cogitar que a cláusula compromissória que elege o procedimento arbitral estivesse dissociada do objeto do contrato.
 
Ainda de acordo com o Regional, a alegação da empregada de que a utilização da arbitragem seria facultativa e que o Judiciário teria o dever constitucional de examinar todos os casos que lhe são submetidos (artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal) também não procedia, porque a cláusula previu, expressamente, a utilização da arbitragem na hipótese da impossibilidade de acordo amigável, e foi aceita espontaneamente pelas partes, o que torna sua observância obrigatória.
 
Na avaliação do ministro Eizo Ono do TST, além do descumprimento pela empregada da cláusula contratual de submissão do conflito ao juízo arbitral, o organismo internacional (ONU/PNUD) tem imunidade de jurisdição disciplinada em acordos e tratados internacionais ratificados pelo Brasil, o que significa que não há jurisdição do Estado brasileiro sobre esses organismos. Como a trabalhadora não apresentou exemplos de decisões conflitantes para caracterizar divergência de jurisprudência, o relator rejeitou o recurso de revista e foi acompanhado pelos demais integrantes da Quarta Turma.
 
Assim, com o não conhecimento do recurso, prevalece a decisão do TRT que extinguiu o processo sem decisão de mérito na causa.
 
Por Lilian Fonseca
Fonte Âmbito Jurídico

Mudança no ICMS do comércio eletrônico é prioridade para o Governo


Mudança no ICMS do comércio eletrônico é prioridade para o Governo

O governo voltou à carga pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata da divisão do ICMS do e-commerce entre Estados e municípios. Considerada prioridade para o Planalto, a PEC já foi votada no Senado e o governo espera que a Câmara aprove o texto e as mudanças ainda neste primeiro semestre. No ano passado, o governo fez um esforço para o projeto ser aceito pelo Senado.

Hoje, São Paulo concentra quase 40% das compras eletrônicas no país. O problema é que a inexistência de uma regra clara sobre a cobrança do imposto concentrou no estado as receitas com o imposto. Mas, um problema que pesa no bolso do consumidor é a bitributação. Atualmente, se um produto fabricado em São Paulo é comprado via internet por um consumidor na Bahia, duas alíquotas podem ser cobradas: 18% em São Paulo e 10% na Bahia.

O governo, os estados e os municípios estão atentos às mudanças. “Somente no ano passado, o ICMS eletrônico na compra pela internet cresceu quase 30%”, disse a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, durante café da manhã com a imprensa, ao defender a distribuição dos recursos. “O imposto fica praticamente em um só Estado, São Paulo. Seria adequado que os prefeitos, que têm direito a um quarto do ICMS, acompanhassem porque também são parte interessada na evolução dessa discussão”, declarou Ideli. Ela considera o assunto “pacífico” e sugere que os prefeitos, que estarão reunidos em Brasília na semana que vem, se mobilizem pela divisão do bolo, já que todos serão beneficiados.

A disputa pelo bolo do ICMS nas vendas pela internet chegaram ao Supremo Tribunal Federal (STF). Vários governos estaduais entraram com recursos no STF questionando o pagamento feito pelas empresas apenas no  stado emissor do produto, informa o jornal Valor Econômico. Pela importância política-econômica, o ministro Luiz Fux, relator desse processo, pediu que a decisão tenha repercussão geral, ou seja, que possa ser aplicada em todos os processos com o mesmo tema. O STF volta de recesso em fevereiro.

Outros tributos – Ideli listou também como prioridade de votação em 2013 novas medidas tributárias, como simplificação do PIS e da Cofins. Segundo ela, o governo vai continuar enviando medidas ao Congresso com o objetivo de reduzir os custos da produção no País, para aumentar a competitividade. 

“A determinação da presidente é reduzir o custo Brasil”, declarou Ideli, ao classificar como prioritária “a aprovação de um conjunto de questões que tem a ver com tributo e federação”. Ideli citou como fundamental também a aprovação do novo indexador da dívida dos Estados e municípios. De acordo com a ministra, o governo quer, ainda este ano, a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE).

Ao defender a unificação da alíquota do ICMS no País, com o objetivo de acabar com a guerra fiscal, a ministra Ideli lembrou que o governo “está trabalhando bastante” para que isso aconteça. E explicou: “até porque o ICMS é um dos impostos que têm alíquotas bastante elevadas, é um imposto que tem uma dificuldade operacional grande, já que são 27 legislações, quase 50 alíquotas, e aí você tem situações por exemplo de empresas que atuam em vários Estados e tem de ter uma equipe imensa só para poder administrar essa questão da legislação”.

A ministra Ideli está confiante na aprovação da unificação da alíquota. “Eu acredito que nós sejamos bem-sucedidos por alguns motivos. Primeiro, não se estará fazendo uma mudança brusca, uma mudança na qual a unificação da alíquota vai ocorrer nos próximos anos. A outra questão é que não há desculpa para não fazer, porque as perdas, sejam no ICMS Estado por Estado, têm um fundo de compensação que irá cobrir a diferença”, justificou.
Revista Veja

CEOs estão cautelosos com a contratação de profissionais este ano


Segundo pesquisa, 23% dos presidentes planejam reduzir o quadro de funcionários em 2013
 

SÃO PAULO - Uma pesquisa realizada pela consultoria PricewaterhouseCoopers com CEOs (Chief Executive Officer) de todo o mundo revelou que eles estão cautelosos em relação a contratação de mão de obra. Segundo os dados, 45% dos entrevistados planejam recrutar este ano. No ano passado, o indicador era de 51%. Outros 23% disseram que planejam reduzir o quadro de funcionários.

Ao analisar os setores que estão recrutando e os que planejam corte de pessoal é possível perceber algumas tendências: os maiores índices de contratações são em serviços (56%), engenharia e construção (52%), varejo (49%) e saúde (43%).
Por outro lado, os CEOs que planejam reduzir o efetivo são do setor bancário (35%), indústrias de metal (32%) e papel & celulose (31%).

Escassez

Independentemente da perspectiva de contratação, os CEOs estão preocupados em manter as pessoas certas. Cerca de 60% apontaram a escassez de talentos como uma grande ameaça para as perspectivas de crescimento dos negócios.

Esse problema foi citado principalmente entre as empresas menores e em regiões de alto crescimento, como a África, o Oriente Médio e Ásia-Pacífico.

Os CEOs mais preocupados com a escassez de competências foram os de mineração (75%), engenharia e construção (65%), comunicação (65%), tecnologia (64%) e seguros (64%).

Diante deste cenário, 77% dos CEOs declararam que farão mudanças em suas estratégias de empresa para gestão de talentos durante os próximos 12 meses e quase um quarto dos líderes (23%) afirmaram que essas mudanças serão grandes.