sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Estrangeiros buscam cursos para entender melhor o país


Por Adriana Fonseca | De São Paulo

Não são apenas estudantes matriculados em escolas de negócios internacionais que vêm ao Brasil para entender o mercado e a forma de se fazer negócios do país. A Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV), sediada no Rio, também recebe estudantes "avulsos", de intercâmbio. No ano passado foram 75, mais do que o dobro dos que chegavam na instituição dois anos atrás.

De acordo com Alvaro Cyrino, vice-diretor da Ebape/FGV, o número de interessados em fazer intercâmbio sem o apoio de outra escola estrangeira é muito maior do que a instituição consegue atender atualmente. "Os estudantes já entenderam que conhecer o mercado brasileiro mais a fundo pode dar a eles uma vantagem competitiva na carreira", afirma.

Já no caso da escola de negócios espanhola Iese, assim como acontece na concorrente IE, os alunos escolhem alguma localidade fora da Espanha para cursar um módulo opcional do programa no segundo ano do MBA "full-time". Desde o ano acadêmico 2011/2012, esses executivos têm a opção de vir a São Paulo para conhecer mais de perto o ambiente de negócios brasileiro. As alternativas são Nova York (EUA), Xangai (China), Nairóbi (Quênia) e Cingapura. Na primeira edição, 18 alunos escolheram o Brasil. No ano acadêmico seguinte, 2012/2013, o número subiu para 28.

A escola brasileira Ibmec também tem apostado na demanda forte e crescente de estrangeiros interessados em conhecer o mercado nacional. A unidade fluminense da instituição começa a oferecer, neste ano, o programa Doing Business in Brazil, com a primeira turma prevista para março.

Além da economia do país chamar a atenção dos estrangeiros, Fernando Schuler, diretor geral do Ibmec, ressalta as particularidades do Rio de Janeiro que atraem os executivos, como as Olimpíadas, que acontecem em 2016, e os setores de óleo e gás e infraestrutura. "Diante desse cenário do país e da cidade, em particular, recebemos muitos pedidos de instituições do exterior que querem conhecer o ambiente de negócios brasileiro", afirma.

O curso do Ibmec está concentrado em seis áreas: economia brasileira, finanças e bancos, análise geopolítica, aspectos legais, macroeconomia e demografia, além de aspectos culturais e suas interferências nos negócios com o país.

Além das aulas, o grupo de alunos vai visitar empresas sediadas no Rio e participar de rodadas que promovem o encontro com outros executivos para estabelecer networking. A meta da escola é abrir duas turmas do programa por ano. "Chegavam propostas do exterior e não tínhamos um programa estruturado para atender essa demanda", revela Schuler.

No ano passado, quem deu início a um curso semelhante, batizado como Brazil - Economic Outlook, Business and Employment Opportunities, foi a International Business School (IBS), de São Paulo. Na primeira edição do programa, nove alunos assistiram as aulas. Para a próxima turma, que vai de 28 de janeiro a 7 de fevereiro, já há 15 confirmados - e, para julho, está previsto um novo grupo, que já conta com 28 matriculados.

"Os alunos não residem no Brasil e estão em busca de oportunidade de trabalho ou de negócios aqui", afirma Ricardo Britto, fundador e diretor geral da IBS-SP. "A partir deste ano estamos oferecendo esse mesmo formato de curso para os profissionais estrangeiros que já estão trabalhando no país", ressalta.

A Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Eaesp/FGV), sediada em São Paulo, é pioneira no recebimento de estrangeiros interessados no cenário brasileiro. "Desde que foi criada, a instituição recebe alunos do exterior. A partir de 2001, no entanto, foi desenvolvido um curso especificamente para esse público", explica Rodrigo Bandeira de Mello, diretor do programa também nomeado Doing Business in Brazil, oferecido na capital paulista.

Com duração de uma a duas semanas, o curso inclui aulas durante todo o dia com professores da escola e palestrantes convidados, visitas a empresas e atividades socioculturais. O público, segundo Mello, é formado por alunos de MBA que vêm ao país como parte do mestrado que fazem no exterior.

Os alunos de MBA das escolas internacionais ainda são a maior parte dos interessados, mas há um novo perfil com participação crescente no programa, de acordo com o diretor da escola: são grupos de executivos - de uma só empresa estrangeira ou de companhias diversificadas, mas de um único país - que chegam aqui querendo conhecer melhor a realidade brasileira. Mello dá o exemplo de uma turma de executivos suecos que veio, recentemente, representando empresas do país como Scania e Volvo, além de um grupo de 40 gestores da empresa francesa de óleo e gás Total.

Segundo o diretor, dobrou o número de estrangeiros frequentando o Doing Business in Brazil desde 2010. No ano passado, foram 500 participantes e para o primeiro semestre deste ano já são mais de 250 inscritos. "O Brasil ainda tem uma perspectiva favorável aos olhos dos estrangeiros", conclui o diretor.

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