quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Petrobrás perde 40% de valor em 3 anos e cai em ranking de petrolíferas

31/01/2013 - 06:42:36 


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Empresa passou da segunda para a quarta colocação na lista de maiores empresas de gás e petróleo dos Estados Unidos e América Latina, segundo estudo da Economatica.
 
A Petrobrás perdeu 40% do seu valor de mercado em três anos e passou da  segunda  para a  quarta  posição   no  ranking  das maiores  empresas  de  gás e petróleo dos Estados Unidos e da América    Latina,    segundo    levantamento    da   consultoria Economatica para o Estado.
 
A estatal valia US$ 199,3 bilhões no dia 1º de janeiro de 2010, valor que despencou para US$ 119,9 bilhões nesta quarta-feira - uma diferença de quase US$ 80 bilhões. Em 2012, a  Petrobrás foi ultrapassada pela primeira vez pela Ecopetrol e a diferença agora se amplia. A empresa colombiana está avaliada hoje em US$ 130,1 bilhões e ocupa o terceiro lugar no ranking.
 
Com trajetória oposta à da concorrente brasileira, a Ecopetrol viu o seu valor de mercado disparar 165% no mesmo período, roubando o posto da Petrobrás de maior empresa latino-americana. As norte-americanas ExxonMobil e Chevron, que atualmente lideram o ranking do setor, também se valorizaram entre 2010 e 2013, com altas de 27,7% e 47,5%, respectivamente.
 
Para o professor de finanças do Insper Ricardo Almeida, o principal fator que explica o descolamento da Petrobrás é a decepção dos acionistas minoritários com a bilionária  capitalização   da  companhia, realizada em setembro de 2010. "O governo fez a cessão onerosa de uma forma que as regras ficaram muito   questionáveis.     Houve   um   desequilibro entre as condições do governo e a dos outros investidores", explica Almeida.
 
A chamada cessão onerosa foi uma troca feita entre a União e a Petrobrás. O governo "cedeu" barris de petróleo do pré-sal para a estatal e, em troca, recebeu ações da empresa. Nessa operação, na visão do  mercado  , o   governo    aumentou   a   sua   participação   na companhia com base em um valor superestimado do barril.
 
"Temos ainda um componente de incerteza que é a revisão dessa cessão onerosa,  quando teremos as mesmas dúvidas que ocorreram em 2010 em relação ao preço do barril",   destaca Almeida. Para ele, enquanto a revisão estiver pendente,  o papel  da empresa seguirá pressionado.     A nova leitura está marcada para setembro de 2014.
 
Interferência
 
Para o analista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi, prevalece a sensação  de  que o  governo  está interferindo  fortemente  na  Petrobrás,  destruindo  seu  valor. "Lá na frente,  a  empresa pode  ficar sufocada por prejuízos e não conseguir nem mesmo tocar o pré-sal."
 
Na  visão  de Galdi, a  redução  do  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados   (IPI)  impulsionou a produção de carros no País, sem que o refino de combustíveis tenha crescido na mesma proporção. "Por esse motivo, a companhia precisa importar e paga um preço maior lá fora do que vende aqui dentro."
 
O reajuste   de  6,6%  para a gasolina e de  5,4% para o diesel, anunciado pela estatal na última terça-feira, não foi suficiente para mudar o ânimo dos investidores. Apenas no pregão desta quarta-feira, as ações ON da Petrobrás recuaram 5,12%, enquanto as PN caíram 4,76%.    Grande parte dos analistas esperava   um  reajuste maior, entre 7% e 10%. Segundo Galdi,  mesmo com a alta nos preços, ainda resta uma defasagem de 6% no valor da gasolina.
 
Ânimo minado
 
A perda de valor de mercado da Petrobrás nos últimos três anos também é reflexo da frustração  dos investidores com a empresa, afirma o analista da corretora Coinvalores Bruno Piagentini.  "O ânimo com o pré-sal foi minado ao longo do tempo com números de produção abaixo da meta e atrasos em projetos, que elevaram os custos." Segundo ele, o  mercado agora  está apenas   precificando a  forte ingerência do governo na empresa.
 
Piagentini destaca, contudo, que a troca de comando na companhia - agora presidida por Graça Foster - trouxe mais transparência, além de um planejamento mais realista. "Não acredito que   s papéis vão despencar muito mais. Agora os investidores estão de olho nos números de produção.      " Os dados financeiros e de produção serão publicados na próxima segunda-feira, dia 4

 (O Estado de S.Paulo, 31/1/13)

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