Demonstrando maior otimismo com as perspectivas econômicas globais
para 2013, Brasil e União Europeia criaram ontem uma comissão para
tratar da cooperação bilateral, prospecção de oportunidades econômicas e
impulsionar investimentos. Na sexta reunião de cúpula entre Brasil e
UE, ambos os lados reafirmaram a vontade política de avançar nas
negociações para a assinatura de um acordo comercial entre o Mercosul e a
União Europeia, o que depende dos demais países do bloco sul-americano.
A parceria estratégica entre o Brasil e o bloco europeu foi lançada
em 2007. Desde então, as negociações para um acordo entre o Mercosul e a
União Europeia foram retomadas, mas as tratativas não foram concluídas e
governos de ambos os lados reconhecem que as parcerias entre o Brasil e
a UE estão aquém do patamar desejável.
Para a presidente Dilma Rousseff, uma maior cooperação internacional
tem potencial para ajudar a elevar a competitividade brasileira. A UE é o
principal parceiro comercial do Brasil e maior investidor no país. Já o
Brasil é o quinto principal investidor no bloco.
"O plano de ação conjunta Brasil-União Europeia tem diretrizes para
atuação em 30 diálogos setoriais, abrangendo política industrial e
regulatória, ciência e tecnologia, educação, direitos humanos e serviços
financeiros", disse a presidente em discurso no fim da reunião de
cúpula. "Definimos uma comissão bilateral para tratar sistematicamente
das nossas relações, em especial da questão do investimento, com foco na
questão da complementaridade."
Após um longo encontro a portas fechadas, Dilma demonstrou maior
otimismo com o cenário econômico mundial. Segundo a presidente, existe
atualmente uma melhor avaliação quanto às situações das economias da
Europa, China e Estados Unidos. "Há uma generalizada percepção de que a
pior parte [da crise financeira internacional] ficou para trás", afirmou
Dilma, ao lado do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e
do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
Em seu pronunciamento, Rompuy contou ter dito à presidente brasileira
que a União Europeia "avançou muito" e hoje se encontra num ponto de
inflexão. Ponderou, entretanto, que agora o desafio europeu é reduzir o
tempo necessário para que o crescimento econômico seja acelerado e o
mercado de trabalho volte voltar a ficar aquecido.
Durante a conversa, Dilma e os líderes europeus também concordaram
sobre a necessidade de os integrantes do G-20 realizarem mais esforços
para a promoção do crescimento, geração de empregos e recuperação da
demanda global, elementos considerados essenciais para a superação da
crise econômica global.
"Hoje, estamos em melhores condições para lidar com choques
experimentados durante a crise", afirmou Rompuy. Segundo ele, os países
do bloco estão "reformando" suas economias a fim de aproximar suas
politicas econômicas e orçamentárias. "O projeto de união bancária está
bem avançado."
Durão Barroso defendeu a assinatura de um acordo comercial entre o
Mercosul e o bloco europeu. O tema deve voltar a ser tratado na reunião
ministerial bilateral que ocorrerá nos próximos dias. "Reafirmamos o
empenho para chegar a um acordo de associação entre União Europeia e
Mercosul", disse o presidente da Comissão Europeia, acrescentando
considerar "importante" ver que Brasil e UE "dão prioridade" ao assunto.
"Nossas regiões podem ter dividendos econômicos."
Para Dilma, porém, o acordo deve considerar as "sensibilidades" de
cada região. A presidente brasileira, Rompuy e Durão Barroso conversaram
ainda sobre a situação na Síria, o processo de paz do Oriente Médio, a
violência no Mali e a crise política e institucional na Guiné Bissau.
Além disso, Brasil e o bloco europeu assinaram um acordo sobre
"bem-estar animal", para a troca de informações e cooperação na produção
pecuária. Outro documento assinado pelos dois lados foi um acordo de
cooperação na área de ciência e tecnologia.
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