26/01/2013
Em Setembro de 2012, quando apresentamos
nossa palestra sobre o mesmo tema no “Global Customs Forum” realizado em
São Paulo, simbolizamos o assunto com uma borboleta. A despeito das
brincadeiras feitas pelos bons amigos presentes na ocasião, a comparação
foi em nosso entender muito bem feita, já que o processo de metamorfose
equivale à transmutação vivida pelas sérias empresas com operações no
Brasil no que tange à gestão do comércio exterior.
Historicamente vimos de um país fechado
ao comércio exterior, política protecionista advinda de governos
ditatoriais militares que impunham a reserva de mercado e substituição
das importações. Naqueles tempos, anteriores à abertura havida nos anos
90, todas importações dependiam de autorização específica para que fosse
emitida uma Guia de Importação. Mesmo as empresas industriais que
dependiam de insumos tecnológicos não encontrados no Brasil, tinham que
recorrer aos representantes da caserna para conseguir realizar as
importações necessárias ao suprimento de sua linha de produção. Isso fez
com que fossem desenvolvidos nas empresas departamentos de comércio
exterior muito mais ligados ao relacionamento governamental do que
propriamente às rotinas técnicas da área de compras e vendas
internacionais.
Esse tipo de relação serviu também para
fortalecer a imagem de que o Setor Privado não costuma exigir do Governo
o devido cumprimento das contraprestações previstas na legislação, como
é próprio de um Estado Democrático de Direito. Além disso, a forma de
abordagem desenvolvida favoreceu comentários quanto à falta de
transparência no Brasil nas atividades de comércio exterior, algo que
até hoje combatemos em luta árdua.
O modelo anterior prejudicava a discussão
aberta do comércio exterior como uma atividade nobre, cercada de
desafios técnicos e comerciais, a ser vencidos por profissionais de
grande capacidade intelectual e de relacionamento pessoal, dedicação,
persistência, domínio de idiomas e valentia. Nessa linha, mesmo nossas
universidades não formavam profissionais aptos a atuar no comércio
exterior, exatamente pela falta de espaço no mercado de trabalho.
Passados 20 anos da abertura de mercado
perpetrada nos anos 90, é sensível a ascensão da nova geração incumbida
da gestão do comércio exterior nas empresas no Brasil. Fruto do processo
natural de abertura do mercado advindo das mudanças no Brasil e
mundialmente da acentuação da globalização. Essa nova geração em nossa
simbologia é retratada pela borboleta, cuja beleza e aprimoramento a
diferencia do status anterior.
Formada por competentes gestores
treinados para cumprir tecnicamente todos os requisitos esperados de uma
função tão desafiadora quanto a gestão corporativa do comércio
exterior, esses executivos têm desafios muito maiores que seus
antecessores tinham. Tratam-se de gerentes corporativos vinculados ao
negócio global, que respondem pelas metas comuns da operação, pela
gestão de pessoas muitas vezes em diversos países em que a empresa
internacional que representam possui operações e pelas políticas
corporativas do grupo de que fazem parte.
São profissionais destacados,
muitas vezes trilíngues ou poliglotas, que têm o cumprimento absoluto e
irrestrito das normas aduaneiras e a conduta anticorrupção como ponto de
partida necessário e irrestrito para qualquer análise de plano de
negócios.
Fruto de trabalho incessante e dedicação
pessoal, esses profissionais – a quem objetivamos brindar, enaltecer e
congratular pelo importante mérito próprio e pelo serviço prestado à
nação brasileira – são pessoas que estão sempre em busca de
aprimoramento, pelas suas leituras, pensamentos e esforços acadêmicos. O
Brasil se rejubila pela presença cada vez maior dos novos gestores
corporativos do comércio exterior, fruto de um processo tão bonito de
transmutação quanto a transformação da larva em borboleta.
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