“Não temos tempo hábil para formar a atual demanda de mão de obra, principalmente das nossas indústrias. Temos que aproveitar a oferta que existe em países que enfrentam dificuldades”, afirma o presidente do Ciesp Jundiaí (Centro das Indústrias do Estado), Mauritius Reisky.
Entretanto, ele destaca que a medida deve ser limitada e não criar concorrência com os postos de trabalho existentes, processo chamado de “canibalização” do mercado.
Um dos motivos da atenção é que a AUJ (Aglomeração Urbana de Jundiaí) é um dos atuais polos econômicos do país e também de sua globalização. Na região do Ciesp, formada por 11 cidades, há empresas de 30 países e apenas no município são 22 nacionalidades.
O economista Everton Ubirajara Araújo da Silva (Baiano) avalia que o baixo crescimento do ano passado no PIB (Produto Interno Bruto) mostra que o consumo interno não puxa sozinho a economia.
“A mão de obra deixou de ser um gasto e já é tratada como investimento, porque os demais dependem dele”, explica.
Para ele, o risco está em repetir erros do passado. O avanço de empresas acaba gerando novas demandas de competitividade em toda a sua cadeia produtiva.
“Vamos precisar de um trabalho de melhoria da educação como um todo para evitar que essa concorrência do momento vire algo permanente”, diz.
Na administração pública, o assunto já começa a ser estudado. Para Gilson Pichioli, diretor de fomento industrial da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, um levantamento da situação atual é imprescindível para o debate de políticas adequadas em um novo cenário.
“Esse tema da mão de obra não é um desafio recente, tanto que as empresas investem em treinamentos da mão de obra que chega de cidades vizinhas. Mas vamos detalhar melhor com a chegada do novo secretário, no dia 21”, afirma sobre o titular, Marcelo Cereser, que já tinha compromisso internacional antes de iniciar o governo do prefeito Pedro Bigardi.
Para o setor privado, até lentidão de programas governamentais como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem entre causas a falta da mão de obra qualificada.
As propostas de flexibilização para estrangeiros qualificados, com anúncio previsto para março, estão sendo discutidas no Projeto Imigração, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência. De acordo com nota do órgão, os estrangeiros chegaram a 7,3% da população em 1900 e equivalem a apenas 0,3% em 2012, uma das taxas mais baixas do continente americano.
Para o economista Everton Araújo da Silva (Baiano), essa analogia deve reforçar ainda mais a necessidade da qualificação educacional do país. “E, com isso, uma disputa mais valorizada da mão de obra nacional”, diz ao lembrar o programa Ciência sem Fronteiras, que pretende destinar 100 mil bolsas de estudo de brasileiros o exterior em dez anos.
José Arnaldo de Oliveira
(Bom Dia Jundiaí – 08/01/2013)
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