terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Brasil que atrair pesquisadores estrangeiros

Programa do governo traz pesquisadores estrangeiros ao Brasil.

Diante da falta de mão de obra especializada no país, o governo está investindo na atração de lideranças científicas internacionais e na busca por “cérebros” no exterior –brasileiros que concluíram doutorado ou pós-doutorado em instituições estrangeiras e não retornaram ao país.
Por meio do programa Ciência sem Fronteiras, 597 especialistas já foram selecionados para desenvolver pesquisas em solo nacional. A meta é chegar a 1.250 até 2015.
Duas modalidades do programa, lançado no final de 2011, estão focados nessa tarefa: a bolsa para “atração de jovens talentos” e a de “pesquisador visitante especial”.
As áreas prioritárias são as mesmas da escolha de alunos de graduação para intercâmbio: engenharias, ciências exatas e da saúde, biologia, tecnologias e indústria criativa.
“Eu espero que haja uma imigração grande para o nosso país. Não para competir, mas para criar junto com os nossos”, afirma Helena Nader, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

O movimento já traz resultados. Na Faculdade de Medicina da USP, uma bióloga cubana está envolvida na construção de um laboratório para estudo da sinusite.
Outra pesquisadora, brasileira, desenvolveu uma fórmula para o tratamento de infecção na córnea e já pediu a patente da descoberta.

Os cientistas recebem uma bolsa mensal de R$ 7 mil ou R$ 14 mil, além de auxílio anual para desenvolvimento da pesquisa. Até agora, R$ 155 milhões já foram comprometidos com a ideia.
A remuneração dos bolsistas contrasta com a feita aos pesquisadores com bolsas da Capes e CNPq, agências de fomento no Brasil. Uma bolsa para alunos de pós-doutorado da Capes é de R$ 3.700, pouco mais da metade da remuneração de jovens inscritos no Ciência sem Fronteiras.

“O governo brasileiro precisa acabar com a ideia de que ser pesquisador é hobby. Esse valor não é um auxílio”, pondera Ariana Serrano, 36 anos, selecionada pelo programa federal.
Com graduação e mestrado em engenharia elétrica na USP, Ariana retornou ao Brasil no ano passado após fazer pós-doutorado na universidade de Grenoble, na França.

A italiana Noemi Spagnoletti concluiu doutorado há três anos no Piauí sobre macacos-prego e voltou ao país para pesquisa sobre a relação desses animais com moradores da região.
O projeto começou ano passado, com auxílio da bolsa do Ciência sem Fronteiras.

A maioria dos bolsistas vêm da Europa. É lá que está o polo mais importante de estudo sobre causas da sinusite, segundo o professor de medicina da USP, Richard Voegels.
Com auxílio da bióloga Claudina Novo, da Universidade de Ghent, na Bélgica, a faculdade planeja construir um laboratório para estudo das causas da sinusite.

Flávia Foreque
(Folha de S. Paulo – 21/01/2013)

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