Rio de Janeiro
- O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da
Presidência da República, Moreira Franco, afirmou hoje (30) que, para
compensar a escassez de profissionais qualificados, especialmente nas áreas técnicas, é necessário facilitar a vinda de estrangeiros gabaritados para o país.
“Esse
é um problema grave. Precisamos de uma sociedade aberta, amigável, para
criar um ambiente de negócios favorável à meritocracia, ao
empreendedorismo e à inovação visando ganhos
de produtividade e inovação”, disse Moreira Franco ao ponderar que
falta uma política migratória mais atraente para o estrangeiro
qualificado. “Mas também precisamos ter uma sociedade mentalmente aberta
e o debate sobre política migratória deve passar pelo plano político”,
destacou o ministro durante o seminário "Política Migratória Produção e
Desenvolvimento", promovido pela Câmara de Comércio e Indústria
Brasil-Alemanha na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro
(Firjan).
Ele destacou que, nos últimos 100 anos, o
Brasil retrocedeu e parou no tempo ao dificultar a entrada de mão de
obra estrangeira. Segundo ele, apenas 0,3% da população
brasileira é composta por imigrantes e um terço desse total tem mais de
65 anos. Em 1900 o país chegou a ter 7,3% da população composta por
imigrantes. “No passado, muito da nossa inovação tecnológica e da
agricultura deveu-se a esse fluxo migratório.”
Ainda
segundo o ministro, o Brasil precisaria ter cinco vezes mais imigrantes
para alcançar a média latino-americana, dez vezes mais para alcançar a
média mundial e 50 vezes mais, para chegar aos números da América do Norte e Oceania.
Além
de mecanismos para diminuir a burocracia, Franco propôs também a
modernização do processo de concessão de vistos e criação de tratamento
diferenciado para os imigrantes interessados em trabalhar em alguns
setores mais carentes de profissionais qualificados.
“Sem ampliar a
mão de obra qualificada, teremos grandes dificuldades de conseguir
aumentar a produção e estimular a inovação”, defendeu, ao lembrar que o
país não está formando profissionais na mesma velocidade em que cresce a
demanda por mão de obra em determinados setores.
O cônsul-geral
de Portugal no Rio, Nuno Bello, salientou a necessidade de se acabar com
a burocracia nas universidades e entidades de classe, responsáveis
pelos processos de validação de diplomas e registros profissionais.
“Tenho conversado com empresário aqui e lá em Portugal e tenho visto uma
falta de diálogo dessas instituições com as estrangeiras.”
Para o
presidente em exercício da Firjan, Carlos Mariani Bittencourt, o novo
fenômeno da imigração de mão de obra apresenta desafios cruciais que o
país precisa ultrapassar.
“Nos últimos dois anos, houve 64% de
aumento de profissionais expatriados no Brasil, sobretudo no setor de
petróleo e gás devido à descoberta do pré-sal. A entrada de estrangeiros
para suprir necessidades eventuais é bem-vinda”, declarou Bittencourt,
que disse ainda que o estado do Rio está sofrendo muito com a burocracia
para a concessão de vistos de trabalho para estrangeiros.
Jornal do Brasil - 29/01/2013
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