JOSÉ ARNALDO DE OLIVEIRA
arnaldo.oliveira@bomdiajundiai.com.br
Os estudos do governo federal para facilitar a entrada no Brasil de
profissionais qualificados de outros países deve ter reflexos em
Jundiaí, na opinião de diversos analistas.
“Não temos tempo hábil para formar a atual demanda de mão de obra,
principalmente das nossas indústrias. Temos que aproveitar a oferta que
existe em países que enfrentam dificuldades”, afirma o presidente do
Ciesp Jundiaí (Centro das Indústrias do Estado), Mauritius Reisky.
Entretanto, ele destaca que a medida deve ser limitada e não criar
concorrência com os postos de trabalho existentes, processo chamado de
“canibalização” do mercado.
Um dos motivos da atenção é que a AUJ (Aglomeração Urbana de Jundiaí)
é um dos atuais polos econômicos do país e também de sua globalização.
Na região do Ciesp, formada por 11 cidades, há empresas de 30 países e
apenas no município são 22 nacionalidades (veja quadro na página 3).
Investimento / O economista Everton Ubirajara Araújo da Silva
(Baiano) avalia que o baixo crescimento do ano passado no PIB (Produto
Interno Bruto) mostra que o consumo interno não puxa sozinho a economia.
“A mão de obra deixou de ser um gasto e já é tratada como investimento, porque os demais dependem dele”, explica.
Para ele, o risco está em repetir erros do passado. O avanço de empresas
acaba gerando novas demandas de competitividade em toda a sua cadeia
produtiva.
“Vamos precisar de um trabalho de melhoria da educação como um todo
para evitar que essa concorrência do momento vire algo permanente”, diz.
Análise de dados / Na administração pública, o assunto já começa a
ser estudado. Para Gilson Pichioli, diretor de fomento industrial da
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, um
levantamento da situação atual é imprescindível para o debate de
políticas adequadas em um novo cenário.
“Esse tema da mão de obra não é um desafio recente, tanto que as
empresas investem em treinamentos da mão de obra que chega de cidades
vizinhas. Mas vamos detalhar melhor com a chegada do novo secretário, no
dia 21”, afirma sobre o titular, Marcelo Cereser, que já tinha
compromisso internacional antes de iniciar o governo do prefeito Pedro
Bigardi.
Para o setor privado, até lentidão de programas governamentais como o
PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem entre causas a falta
da mão de obra qualificada.
Núcleo ligado à Presidência cuida de estudos finais
As propostas de flexibilização para estrangeiros qualificados, com
anúncio previsto para março, estão sendo discutidas no Projeto
Imigração, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência. De
acordo com nota do órgão, os estrangeiros chegaram a 7,3% da população
em 1900 e equivalem a apenas 0,3% em 2012, uma das taxas mais baixas do
continente americano.
Para o economista Everton Araújo da Silva (Baiano), essa analogia
deve reforçar ainda mais a necessidade da qualificação educacional do
país. “E, com isso, uma disputa mais valorizada da mão de obra
nacional”, diz ao lembrar o programa Ciência sem Fronteiras, que
pretende destinar 100 mil bolsas de estudo de brasileiros o exterior em
dez anos. Jundiaí teve primeira onda com a ferrovia
Formada pela base de povos ibéricos, indígenas e africanos entre os
séculos 16 e 19, a cidade recebe na segunda metade dos anos 1800 o
“know-how” dos ingleses com a ferrovia e até máquinas têxteis. Na época,
o governo investiu mais em imigração do que em educação dos nativos.
Indústria vai investir R$ 100 mi até 2015
Dados do Ciesp Jundiaí mostram que o sistema Sesi-Senai (que inclui a
rede de escolas e cursos do setor na região) prevê receber R$ 100
milhões em recursos nos próximos três anos, a maior parte para educação
de base.
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