sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Grupo cria rede de investidores-anjo para mulheres empreendedoras



NOVA YORK - Pelos últimos 14 anos, a organização sem fins lucrativos Astia tem tentado aumentar o número de mulheres no comando de empresas de alto crescimento. Promover o encontro entre startups e investidores sempre foi uma parte desse trabalho. No ano passado, o grupo começou sua própria rede de investidores-anjo, a Astia Angel, para investir diretamente em empresas que têm mulheres em posições de liderança.

A ideia é vasculhar a rede de quatro mil conselheiros, investidores e empreendedores da Astia para encontrar oportunidades que outros investidores deixaram passar, diz Sharon Vosmek, CEO da organização. "Com frequência vemos negócios que deveriam ser apoiados por fundos, mas que não são por causa da falta de acesso à rede que ensina como fazê-lo", diz. Aproveitar as conexões do grupo significa que "teremos menos pontos cegos".

Menos de 7% das empresas apoiadas por investidores são comandadas por mulheres, apesar de startups bem-sucedidas terem, normalmente, mais mulheres em posições seniores, de acordo com uma pesquisa publicada no ano passado pela Dow Jones VentureSource. (7% é menos do que a metade da participação que mulheres têm nos cargos de liderança e nos conselhos das empresas da Fortune 500). Assim como outros grupos dedicados a financiar mulheres empreendedoras, como o Golden Seeds, o Astia Angel espera diminuir essa diferença.

Na primeira reunião do Astia Angel, realizada em 24 de janeiro na cidade de Palo Alto, na Califórnia, quatro empreendedoras apresentaram suas ideias aos oito investidores fundadores – que já investiram em empresas da Astia – e dezenas de outros investidores-anjo que estavam em busca de negócios. O grupo de mulheres e homens inclui tanto "super anjos", experientes e preparados para investir meio milhão de dólares, quanto novos investidores que podem contribuir com até US$ 10 mil, diz Amy Gips, sócia-fundadora do Astia Angel.

O Astia Angel vai se encontrar mês sim, mês não. Amy diz que o grupo espera anunciar seus primeiros investimentos em breve e já fala da possibilidade de expandir a rede para incluir investidores do Reino Unido e América do Sul. Ela vê espaço para crescer, já que mais mulheres estão começando negócios de alto crescimento. "O capital que é oferecido para essas mulheres é que não consegue acompanhar".

(Bloomberg Businessweek)

Balança comercial tem o maior saldo negativo em 20 anos

No mês de janeiro, a diferença entre as importações e as exportações foi negativa em US$ 4,035 bilhões

01 de fevereiro de 2013 | 15h 21


Renata Veríssimo, da Agência Estado
 
BRASÍLIA - A balança comercial brasileira registrou em janeiro o pior saldo mensal em 20 anos. O resultado - diferença entre exportações e importações - ficou saldo negativo de US$ 4,035 bilhões. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no período, as exportações somaram US$ 15,968 bilhões e as importações, US$ 20,003 bilhões. As compras internacionais foram recordes para meses de janeiro. 

Na quarta semana, o déficit foi de US$ 1,058 bilhão, com exportações de US$ 3,556 bilhões e importações de US$ 4,614 bilhões. Na quinta semana de janeiro, o saldo também foi negativo, em US$ 276 milhões. As vendas externas somaram US$ 2,919 bilhões e as importações, US$ 3,195 bilhões.
 
Exportações  
 
A média diária das exportações no primeiro mês do ano foi de US$ 725,8 milhões, segundo maior resultado para meses de janeiro. No entanto, tiveram uma redução de 1,1%, em comparação a igual período do ano passado. O resultado foi favorecido pelas exportações de semimanufaturados, que atingiram o valor recorde de US$ 2,668 bilhões, um crescimento de 6,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já a vendas externas de manufaturados no mês passado somaram US$ 6,261 bilhões, com alta de 1%.

Por outro lado, os produtos básicos explicam a queda das exportações em janeiro. Eles totalizaram US$ 6,546 bilhões, um recuo de 5,9% em relação a janeiro de 2012. As principais quedas foram de petróleo em bruto, café em grão, farelo de soja, fumo em folhas, carne de frango e minério de cobre.
Nos manufaturados, cresceram, principalmente, os embarques de etanol, suco de laranja congelado, açúcar refinado e automóveis de passageiros. Nos semimanufaturados, a alta foi puxada por ferro fundido, açúcar em bruto, alumínio em bruto, catodos de cobre e couros e pele.
 
Importações
 
As importações tiveram média diária de US$ 909,2 milhões em janeiro, alta de 14,6% em relação a igual mês de 2012. Bens de capital (máquinas) foram responsáveis pelo aumento de 14,6% na comparação com o mesmo mês de 2012. As importações de matérias-primas e intermediários aumentaram 7,9% e de combustíveis e lubrificantes, 55,7%. As importações de bens de consumo, por outro lado, tiveram queda de 2,1% em janeiro na comparação com o mesmo período de 2012.   No período, a corrente de comércio alcançou a cifra recorde para meses de janeiro, de US$ 35,971 bilhões, aumento de 7,1%, pela média diária (US$ 1,635 bilhão), em relação a janeiro de 2012.

Angolanos não Conseguem se Regularizar

Angolanos que chegaram ao Brasil em situação de refúgio e desejam solicitar o visto permanente – conforme dispões recente portaria do govern, reclamam das dificuladades burocráticas a eles impostas.

O leitor Viriato, angolano, há 20 anos residente no Rio de Janeiro, casado com brasileira e pai de 03 filhos brasileiros, relata a situação kafkaniana na qual ele se encontra.

Viriato está no Brasil desde em 1993, quando fugiu de sua terra natal devido à guerra civil que ocorria em todo território angolano naquele momento. Ao chegar no Brasil, ele solicitou o estatuto de refúgio junto a Cáritas Rio de Janeiro, conforme estipula a lei 9.474 de 22-07-1997.

Porém, até agora, relata ele, não consegue renovar seu RNE, tendo em vista que foi publicado no diario oficial que todos os Angolanos e Liberianos na condição de refugiados, tornariam-se permanente nas suas classificações – conforme a portaria 2650 de 25-12-2012.

Viriato reclama que Cáritas não repassa as informações precisas referente às documentações necessarias. Enquanto a Policia Federal exige uma declaração de Cáritas para liberar as renovações.

Caritas por sua vez, sempre segundo o leitor, alega que não poderá fornecer a tal declaração tendo em vista que a tarefa não era mas de sua responsabilidade. Em consequencia, a Policia Federal passou a exigir a carterinha consular e a correspondencia administrativa enviadas ao refugiados.

Ora, reclama o Viriato, muitos Angolanos – senão a maioria, quando chegaram ao Brasil fugindo da situação na qual o país encotrava-se à época, não estavam em possessão de todos seus documentos necessarios. Alguns usaram nomes falsos para poderdeixar o território angolano.

Lembremos que a portaria 2650 de 25-12-2012 publicada no DOU do 26/10/ 2012, dispõe que os refugiados angolanos (e liberianos) podiam tirar registro de residência permanente no Brasil, atendendo assim à orientação do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. A retirada do registro é necessária para que esses estrangeiros continuem a viver no país,  porque a ONU não mais considera liberianos e angolanos como refugiados.

Cidadãos dessas duas nacionalidades que vieram para o Brasil como refugiados têm 90 dias para iniciar o processo de obtenção do registro de residência permanente. O pedido deve ser feito junto à Polícia Federal.

Para conseguir o registro, os estrangeiros devem atender a um destes requisitos: morar no país há pelo menos quatro anos, ser contratado por instituição registrada no Ministério do Trabalho, ter capacitação profissional reconhecida por um órgão da área pertinente ou ter um negócio estabelecido com capital próprio.

Eles precisam também entregar declaração reconhecida em cartório atestando que não respondem a processos criminais, nem no Brasil nem no exterior. Menores de 18 anos terão que se apresentar acompanhados pelos pais.

INDÚSTRIA DE DEFESA PODE EXPORTAR MUITO MAIS


A indústria brasileira de defesa tem potencial para exportar mais, mas isso depende do governo.          Para  que as vendas ao exterior cresçam, o novo presidente da Associação  Brasileira das  Indústrias  de  Materiais  de  Defesa e Segurança (Abimde), Sami Youssef Hassuani, afirmou nesta quinta-feira  (31), após tomar posse, que irá trabalhar em parceria com os ministérios para colocar em prática projetos já existentes e, então, vender para outros países. Youssef disse  que  a  indústria brasileira só exporta 10% do seu potencial,   mas observou que o Brasil tem atraído outros países interessados em conhecer sua Estratégia Nacional de Defesa.

"É fundamental exportar, mas antes disso existe outra tarefa, que é ter um produto de primeira linha. No setor  de defesa, os países só compram um produto se ele for muito bom e se for usado pelas Forças do seu país de origem. As nossas exportações hoje são 10% do que poderiam ser. Temos margem para crescer muito", afirmou.

Hassuani disse que uma das suas prioridades à frente da Abimde será trabalhar em parceria com ministérios como os da Justiça, Fazenda e Planejamento para que projetos que já existem sejam colocados em práticas ou ampliados.

O setor  prevê  que  o  governo  brasileiro  irá investir US$ 100 bilhões nos próximos 20 anos em programas como o Sistema  de  Vigilância  de  Fronteiras   (Sisfron),  o   Sistema  de  Gerenciamento  da  Amazônia  Azul   (Sisgaaz), o Programa de Aquisição de Navios de Superfície (Prosuper) e o FX-2, de compra de caças para a Força Aérea.

"Vamos buscar apoio para que os recursos sejam disponibilizados e para isso, vamos buscar os ministérios.     Não pode haver descontinuidade [de projetos] porque, desta forma, perde-se riqueza", afirmou Hassuani. Ele pretende enviar aos ministérios da Defesa e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior  um levantamento  que está sendo feito com a Base Industrial de Defesa (BID) sobre quais são as dificuldades enfrentadas pelo setor.

As  projeções  da  Abimde  indicam  que,  se  o  orçamento   previsto  para   o   período  até   2020 for executado, as exportações possam dobrar e chegar a US$ 4 bilhões.  Atualmente, o país importa  US$  2 bilhões  e exporta outros US$  2  bilhões,  segundo  a  entidade.  Com isso, a quantidade de postos de trabalho pode crescer dos atuais 30 mil para 48 mil.

O novo presidente da Abimde disse que a participação de empresas brasileiras em feiras no exterior deverá crescer nos próximos anos. Atualmente, o País envia representantes para cinco feirar por ano.

As exportações podem estar aquém de seu potencial, mas o Brasil não deixa de atrair interesse nesta área. Hassuani disse que o País tem recebido nos últimos anos visitas de militares estrangeiros interessados em conhecer melhor os projetos nacionais. Estes visitantes vêm, principalmente, de nações asiáticas.

De acordo com Hassuani, há oportunidades para o setor no mercado doméstico porque o Brasil vai realizar a Copa das Confederações neste ano, a Copa do Mundo em 2014 e o Rio de Janeiro será sede dos Jogos Olímpicos em 2016. Estes eventos vão precisar de equipamentos como veículos blindados,  aparelhos  de análise  de  agentes  químicos e defesa antiaérea. "Isso pode chegar a bilhões de reais", disse.

Neto de sírios e  libaneses,  Hassuani é também presidente da Avibras,   que fabrica veículos  blindados,  explosivos, mísseis, foguetes guiados e veículos aéreos não tripulados (Vants).            Na Abimde, ele substitui Carlos Frederico Aguiar, que passa a ocupar a primeira-vice-presidência da instituição.

Fonte: Agência Anba

Brasil tem uma das moedas mais sobrevalorizadas do mundo, segundo índice Bic Mac


  • Levando em conta o preço do sanduíche e o PIB per capita das nações, país está no topo do ranking

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Sanduíche serve para comparar moedas
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Sanduíche serve para comparar moedas Arquivo
RIO - Apesar das tentativas do governo de conter a valorização da moeda brasileira, o real continua a ser uma das moedas mais sobrevalorizadas do mundo, destacou a revista “The Economist”. Segundo o índice Big Mac, em sua versão ajustada, divulgado pela publicação na quinta-feira, que leva em conta o preço médio do sanduíche nos países e o PIB per capita de 48 nações, incluindo a zona do euro, o Brasil estaria no topo do ranking, praticando o preço de US$ 5,64, o que corresponde a uma sobrevalorização de 92,3% ante o que é cobrado nos Estados Unidos (US$ 4,37). Na sequência, vêm Colômbia, com um Big Mac de US$ 4,85 e sobrevalorização de 79,2%, e Turquia, com um preço de US$ 4,78 e com sua moeda 68,4% sobrevalorizada.

Os países de valor mais próximo dos EUA são Coreia do Sul (US$ 3,41, ou sobrevalorização de 2,6%) e Polônia (US$ 2,94, ou subvalorização de 0,7%).

Já levando-se em consideração apenas o preço do sanduíche, pelo Índice Big Mac tradicional, o país ocupa a quinta posição no ranking: o que corresponde a uma sobrevalorização de 29,2% da moeda. Nessa lista, à frente do país, estariam Venezuela, com a moeda sobrevalorizada 107,9% e um Big Mac de US$ 7,84; Noruega, com sobrevalorização de 79,6% e preço de US$ 7,84; Suécia (75,5% e US$ 7,62) e Suíça (63,1% e US$ 7,12).

O Índice Big Mac foi criado em 1986 pela “Economist” com base na teoria econômica da Paridade do Poder de Compra, que considera que os preços nacionais para um mesmo produto seriam iguais quando mensurados em uma mesma moeda, sem contar os custos de transação e de barreiras ao comércio internacional. O índice seria um guia para se analisar o câmbio de forma mais “palatável” para as pessoas e é considerado por pouco preciso por analistas. A versão ajustada, segundo a própria revista, reflete melhor a realidade dos países.

Na ponta oposta do ranking do índice ajustado, vêm Hong Kong, com o Big Mac a R$ 2,19, ou a moeda 42,3% subvalorizada; e China, com subvalorização de 2,5%, cobrando US$ 2,57 pelo Bic Mac. Sem considerar o PIB per capita, estariam nas últimas posições África do Sul, com o sanduíche valendo US$ 2,03 e subvalorização de 53,6%, e Índia, com a moeda 61,8% subvalorizada e o preço a US$ 1,67.

O Globo

A Petrobras perdeu até o senso



ARTIGO - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
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Sabe qual a melhor coisa que poderia acontecer para a Petrobrás? Uma forte queda do preço internacional do petróleo. Isso derrubaria também as cotações da gasolina e do diesel, produtos que estão quebrando a estatal brasileira. Como não há produção interna suficiente desses combustíveis, a companhia tem que importá-los. Como o governo Dilma segura os preços internos para conter a inflação, a Petrobrás se vê na situação esdrúxula de comprar caro e vender barato – que perdura mesmo depois do reajuste anunciado na última terça. Prejuízo na veia.

Logo, se o governo não deixa aumentar mais o preço interno, resta torcer pela queda da cotação internacional.

Pode? Uma companhia petrolífera, dona de reservas elevadas, dependendo de uma queda no preço de seu principal ativo!

Acrescente aí uma forte valorização do real e o quadro “melhoraria” ainda mais para a estatal. Se o dólar voltasse, digamos, para R$ 1,70, a Petrobrás economizaria cerca de 15% nas suas compras externas de combustível.

Claro que, nesse caso, também cairia o valor das reservas da Petrobrás. De novo, pode? Uma companhia precisando de queda no valor de seu patrimônio.

Por outro lado, que sempre tem, a queda do preço internacional de petróleo colocaria em risco a operação no pré-sal. Ainda não se sabe o custo exato, pois a tecnologia está em desenvolvimento, mas certamente será muito caro retirar o óleo lá do fundão do oceano. Assim, se a cotação global cair muito, o pré-sal torna-se economicamente inviável.

Consequências: a Petrobrás não conseguiria financiamento para as novas operações e os estados e municípios perderiam os royalties pelos quais tanto brigaram.

Ou seja, é uma ideia de jerico torcer pela queda dos preços internacionais do óleo e dos combustíveis.
De outro lado, ainda, um dólar mais barato facilitaria as importações de equipamentos para extração e refino. Bom, não é mesmo?

Seria, se as políticas para o setor tivessem alguma lógica. Ocorre que a Petrobrás é obrigada pelo governo a dar preferência ao produtor nacional, mesmo pagando mais caro, até um certo nível. Ora, com o real valorizado, a diferença de preços entre o local e o estrangeiro ficará bem maior, de modo que a estatal não terá como justificar a compra do equipamento made in Brasil.

Isso destruiria a política do governo para estimular a indústria nacional ou, caso o modelo fosse mantido, aumentaria os custos da Petrobrás em reais.

Ou seja, é outra ideia de jerico torcer pela valorização do real neste caso.

Voltamos assim ao senso comum, pelo qual uma companhia de petróleo deve se dar bem quando o preço do petróleo está em alta. Esta lógica não mudou. O que a subverte é a gestão do governo brasileiro. Um desastre de grande competência: não é fácil fazer uma petrolífera perder dinheiro.

Outra coisinha: lembram-se de toda aquela campanha do governo Lula comemorando a autossuficiência em petróleo? Pois é, foi só marketing eleitoral. Só não, porque a estatal, que não pertence só ao governo, muito menos ao PT, pagou por aquela fraude. Custo na veia da população.
Protecionista quem?

Andam dizendo por aí que as negociações comerciais entre Mercosul e União Europeia (UE) não avançam por causa por causa do protecionismo dos dois lados.

Curioso. A UE, só na América Latina, tem acordos de livre comércio fechados com Chile e México (já em vigor) e mais Peru, Colômbia e América Central (a vigorar neste ano). Fora da região, tem acordos com diversos países da Ásia, inclusive Coreia do Sul, e esta prestes a iniciar negociações com os Estados Unidos.

Já o Mercosul tem acordos com Israel e Jordânia.
Mas, dizem governo Dilma e aliados, neste ano as conversas com a Europa vão avançar.

Sério?

Se o Brasil não consegue ter livre comércio nem com a Argentina, principal sócia no Mercosul, se a Argentina, pelo calote, está excluída do mercado financeiro global, e se a Venezuela, nova sócia, só quer acordos com os amigos bolivarianos, Cuba, por exemplo, quem mesmo vai negociar com a UE?

No último fim de semana, a Comunidade dos Estados da América Latina e Caribe, Ceal, reuniu-se com a UE – encontro de cúpula, solene. Olhando bem, no entanto, os líderes europeus mantiveram duas conversas bem diferentes. Uma com o pessoal do Mercosul – só protocolar, para os fotógrafos.
Outra, para valer, com o chamado bloco do Pacífico, liderado por Chile, Peru, Colômbia e México. 

Enquanto o Mercosul torna-se cada vez mais restrito ao grupo bolivariano de Chávez, Cristina Kirchner e outros menores, o bloco do Pacífico já tem acordos com os EUA, Europa e negocia um megatratado com a Ásia.

Devem estar todos equivocados, não é mesmo?

Carlos Alberto Sardenberg é jornalista

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Problemas de caixa da Petrobras começam a contaminar parceiros


 
Leila Coimbra e Jeb Blount
  • Arquivo Folha Imagem
RIO DE JANEIRO, 31 Jan (Reuters) - A Petrobras tem atrasado pagamentos a fornecedores e provocado dificuldades financeiras na cadeia de prestadores de serviços, após ter adotado uma política de redução de custos em meio a prejuízos na sua divisão de Abastecimento, aumentos de custos e produção estagnada.

Há também o atraso de pagamento para fundos de recebíveis criados para financiar esses prestadores de bens e serviços, segundo afirmaram fontes à agência de notícias Reuters, observando que a estatal alterou sua política de pagamentos recentemente e vem olhando com mais rigor os contratos.

Com isso, tem demorado mais tempo para liberar os recursos. Em uma espécie de efeito dominó, os prestadores de serviços também atrasam seus compromissos financeiros.

"Não vou dizer que a Petrobras é inadimplente, mas que está em atraso. Enquanto algumas companhias estão sofrendo, estou confiante que os pagamentos serão feitos", disse à Reuters Fernando Werneck, gestor de um portfólio de fundos creditórios na BI Invest, exclusivos de fornecedores da Petrobras.

Alguns dos fundos de investimento dedicados exclusivamente aos fornecedores da Petrobras registraram aumento da inadimplência. 

Os pagamentos em atraso em cinco Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) saltaram 58,6%, para R$ 18,4 milhões, em 31 de dezembro, ante R$ 11,6 milhões em setembro, segundo uma pesquisa da Reuters junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). 

O FIDC existe para ajudar a Petrobras a terceirizar o negócio de financiamento aos fornecedores. Fundos de investimento fazem empréstimos às empresas que possuem contratos com a estatal utilizando como garantia os recebíveis junto à Petrobras.

Ao longo dos últimos dois anos a Petrobras aportou cerca de R$ 7 bilhões para ajudar os fornecedores.

Pedidos de falências

Problemas financeiros já empurraram algumas empresas fornecedoras da estatal menores, como a GDK, a um processo de recuperação judicial. Grandes empresas, tais como a Lupatech, tiveram que vender ativos e levantar capital novo para evitar o pior.

Preocupações sobre como fazer negócios no Brasil, onde a Petrobras é responsável por mais de 90% da produção de petróleo, levaram a uma queda de 34% nas ações da italiana Saipem na quarta-feira.

A empresa prestadora de serviços e equipamentos offshore disse que os problemas do Brasil poderiam ajudar a cortar o seu lucro em 80% em 2013. As concorrentes Subsea 7 e Technip França, ambas também fornecedoras da Petrobras, chegaram a cair mais de 6% na quarta-feira (30).

O programa de redução de despesas, que visa cortar custos de R$ 32 bilhões no período de 2013 a 2016, foi anunciado no final do ano passado, após a Petrobras ter acumulado nos nove primeiros meses de 2012 mais de R$ 17 bilhões em prejuízo na área de Abastecimento (combustíveis), ao mesmo tempo que tem um plano de cinco anos de investir mais de US$ 200 bilhões.

Nessa conjuntura que favorece o crescimento do passivo, a agência de classificação de risco Moody's alterou em dezembro para negativo o rating da dívida da companhia.

Dificuldade para receber

Segundo fontes de empresas que prestam bens e serviços à estatal, a Petrobras tem demorado mais tempo para liberar os aditivos aos contratos.

Nas licitações, as empresas ganhavam oferecendo um orçamento abaixo do valor de mercado e depois recorriam aos aditivos, uma prática comum, já que depois esses aditivos eram liberados com mais facilidade.

"Agora há um rigoroso processo de avaliação por parte da estatal e sempre há a necessidade de mais e mais documentos. Enquanto isso, o dinheiro não sai", disse uma fonte de uma empreiteira de médio porte que presta serviço à Petrobras.

Com a demora na liberação dos pagamentos, as empresas precisam tomar empréstimo de curto prazo, disse a fonte, a custos altos, gerando um desequilíbrio nas contas. 

"Em geral tem demorado uns meses a mais. Como dois terços do nosso faturamento depende de contratos com a Petrobras, há um desajuste", disse à Reuters o executivo, na condição de não ter seu nome divulgado.

Algumas empresas têm quase a totalidade das receitas atreladas aos contratos com a Petrobras e podem acabar falindo com o atraso dos pagamentos. 

É o caso da Tenace Engenharia, que com 90% de faturamento oriundo da estatal pediu falência no fim do ano passado. 

A empresa tinha um grande contrato de construção de uma unidade de gasolina e diesel no Polo de Guamaré, no Rio Grande do Norte. Também prestava serviços para a estatal em Urucu, no Amazonas.

Segundo uma fonte da empresa, a Petrobras não concordou em renegociar aditivos aos contratos. A Tenace enviou um comunicado aos seus credores responsabilizando a estatal pelo seu fechamento, segundo a fonte, que preferiu não ser identificada.

A construtora GDK, também grande fornecedora da estatal, teve o seu pedido de recuperação judicial aprovado no dia 10 de janeiro pela Justiça da Bahia, segundo nota enviada pela empresa à Reuters.

E a construtora Egesa, responsável por parte das obras de uma unidade de fertilizantes da Petrobras, também anunciou recentemente aos seus funcionários e credores que "está passando por uma reestruturação financeira em função do cenário econômico atual".

Segundo a Petrobras, os pagamentos de seus compromissos "reconhecidos" são realizados de acordo com os prazos estabelecidos contratualmente.

Procurada pela Reuters, a estatal disse em nota que os eventuais pleitos de pagamentos adicionais aos contratados por parte dos fornecedores são submetidos a uma avaliação técnica por uma comissão constituída para este fim, bem como a uma avaliação jurídica.

"Após a conclusão deste processo, que está de acordo com contrato e com a legislação vigente, a negociação é submetida à aprovação das instâncias corporativas competentes. Dessa forma, eventuais pleitos não representam a existência de dívida por parte da Companhia", disse a estatal.