quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Petrobras vale menos até que petrolífera colombiana

07 de fevereiro de 2013 • 12h44 •  atualizado 12h51
Luís Guilherme Barrucho
Direto de São Paulo
 
Após sofrer fortes perdas com a defasagem dos preços dos combustíveis e com a valorização do dólar, que culminaram em um lucro 30% menor em 2012, o pior dos últimos oito anos, a Petrobras vem cada vez mais se distanciando, em valor de mercado, das maiores petrolíferas do mundo.
 
Segundo dados compilados nesta quinta-feira pela BBC Brasil, a brasileira possui atualmente valor de mercado inferior a Exxon Mobil (US$ 404 bilhões), PetroChina (US$ 252 bilhões), Chevron (US$ 227 bilhões), Royal Dutch Shell (US$ 220 bilhões), BP (US$ 140 bilhões) e Total (US$ 120 bilhões).
 
Avaliada em US$ 108 bilhões (R$ 215 bilhões) pelo mercado, a Petrobras está atrás até mesmo da colombiana Ecopetrol, que, apesar de ser a maior empresa do setor na Colômbia, possui operações menores do que a estatal sediada no Rio de Janeiro.
 
O quadro é bem diferente do de março de 2011, quando as ações da petrolífera atingiram seu pico histórico. Naquela ocasião, a estatal valia quase duas vezes mais, ou R$ 413,3 bilhões, segundo dados da consultoria Economatica.
 
O cenário também se contrapõe ao de setembro de 2010, quando a Petrobras fez a maior oferta pública de ações da história das bolsas e tornou-se a quarta maior empresa do mundo em valor de mercado.
 
Desde então, no entanto, a estatal brasileira vem perdendo a posição que havia consolidado entre as maiores companhias do globo e, mais especificamente, do setor de petróleo. 
 
BP
 
Na última segunda-feira, a Petrobras anunciou ter obtido, em 2012, seu pior lucro em oito anos, R$ 21,18 bilhões, o que representou uma queda de 36% em relação ao ano anterior. Também no ano passado, de abril a junho, a estatal registrou prejuízo de R$ 1,346 bilhão, algo que não acontecia desde o primeiro trimestre de 1999.
 
O lucro da Petrobras, de R$ 21,18 bilhões, também foi inferior ao da BP, mesmo depois de a gigante britânica ter sofrido uma forte sangria devido a um vazamento em uma plataforma de petróleo no Golfo do México em 2010 e visto seus lucros se reduzirem à metade no ano passado.
 
No Brasil, a estatal também deixou de ser a maior empresa do País em valor de mercado, posição que ocupava há anos, sendo substituída pela Ambev, do setor de bebidas. 
 
Motivos
 
Segundo a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, os resultados da companhia refletem o impacto principalmente da defasagem nos preços dos combustíveis no Brasil e da desvalorização do real.
 
Isso porque, para atender à crescente demanda interna por gasolina e diesel, a gigante brasileira compra os combustíveis no exterior a preços de mercado e depois vende mais barato no País.
 
Esse desequilíbrio foi prejudicado ainda mais com a valorização do dólar frente à moeda brasileira, que elevou os custos de importação.Segundo dados da Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), consultoria especializada no setor, de janeiro a outubro de 2012, a Petrobras perdeu estimados R$ 3,9 bilhões, devido ao descompasso entre a importação e a receita obtida com a gasolina e o óleo diesel.
 
A decisão de não repassar aos consumidores a diferença entre o preço dos derivados do petróleo no mercado internacional e o preço no mercado doméstico, ainda que nociva às contas da estatal, segue uma determinação do governo, que quer evitar a todo custo o aumento da inflação.
 
Os dois últimos reajustes nos combustíveis também não foram suficientes para eliminar a defasagem dos preços, acrescentou Foster na última segunda-feira. 
 
GNL
 
Além disso, o temor de uma possível crise energética fez com que o governo acionasse as termelétricas em outubro do ano passado, acrescentando um novo prejuízo à empresa, uma vez que a Petrobras teve de importar gás natural liquefeito (GNL) e vendê-lo mais barato para manter a operação dessas usinas.
 
Se as termelétricas forem mantidas a 100% durante todo o ano, a empresa será impactada por uma perda de cerca de R$ 4 bilhões, ainda de acordo com o Cbie.
 
Na avaliação dos especialistas, a perda em valor de mercado da companhia brasileira reflete também a desconfiança dos investidores sobre a real capacidade da empresa de entregar melhores resultados.
 
Parte desse pessimismo também advém da lentidão no processo de exploração das novas reservas do pré-sal, cuja primeira rodada de licitação deve acontecer apenas em novembro deste ano.
 
Terra

Governo traça novo 'regime' para o etanol

 
 
Por Rafael Bitencourt e André Borges | De Brasília
Luciana Whitaker/Valor / Luciana Whitaker/Valor 
 
Conforme Pimentel, o governo fará novo esforço para impulsionar o etanol

Depois de passar três anos no limbo e perder completamente a sua competitividade, a indústria do etanol está em vias de passar a contar com um novo regime de mercado. O governo trabalha na conclusão de um pacote de medidas que tem o propósito de retomar o interesse da indústria e do consumidor pelo combustível. Paralelamente, a União enxerga no etanol a possibilidade de contar com mais uma ferramenta para controlar a inflação.

O plano foi confirmado pelo ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Em entrevista ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, Pimentel afirmou que o governo fará, ainda neste semestre, um novo esforço concentrado para impulsionar a produção de etanol no Brasil. As medidas estão sendo desenhadas em conjunto com o Ministério da Fazenda. "O setor de etanol está passando por um estudo mais amplo que, na verdade, é uma construção de um regime específico para o etanol", disse Pimentel.

O novo regime, segundo o ministro, incluirá um conjunto de desonerações tributárias. Em contrapartida, porém, as usinas terão que atender a uma série de metas e compromissos do setor. "É o que fizemos com o setor automotivo, que teve de investir em eficiência e soluções ligadas a tecnologias. O sujeito vai ter benefícios, mas ele vai ter que se comprometer com determinadas exigências. No caso do setor de etanol, a empresa terá de se comprometer com metas como a ampliação da área plantada, nível de produção e formação de estoque", afirmou Pimentel. "Essa é a ideia geral do que está sendo negociado. O estudo está avançado, mas ainda tem que ser objeto de mais consultas".

A prometida reorganização do setor ocorre após o governo transferir o poder de regular a indústria do Ministério da Agricultura para a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que a União decidiu antecipar o aumento da mistura de etanol na gasolina de 20% para 25%. A elevação, que estava programada para 1 º de junho, será antecipada para 1 º de maio. O banco inglês Barclays estimou que o aumento do percentual do anidro na gasolina vai elevar em 3 bilhões de litros a demanda pelo biocombustível no país, atualmente em 8 bilhões de litros.

Com o incremento da indústria de cana-de-açúcar, o governo quer ter mais controle sobre o aumento no preço dos combustíveis e, assim, manter as rédeas da inflação. Na semana passada, a Petrobras anunciou o aumento de preços da gasolina (6,6%) e do diesel (5,4%), válidos para as refinarias. 

Muitos postos de combustíveis, no entanto, repassaram aumentos maiores ao consumidor, chegando a 10% em alguns casos. Em Brasília, é comum encontrar postos onde um litro de gasolina custa mais de R$ 3. Segundo Edison Lobão, o governo vai atuar por meio da ANP para evitar que os aumentos de combustíveis na bomba sejam abusivos.

Segundo o ministro Fernando Pimentel, o aumento da mistura do etanol na gasolina já foi uma sinalização positiva para o setor. A redução ou isenção total de PIS e Cofins é uma das medidas que também estão em análise. A redução dos tributos federais também poderá envolver o Imposto Sobre 
Produtos Industrializados (IPI), o que incentivaria a abertura de novas unidades de produção. As medidas atacariam uma das principais críticas do setor ao governo, acusado de impor tributos ao etanol, enquanto subsidia a gasolina. "Do jeito que nós, com a Fazenda, estamos construindo essa proposta, podemos garantir que ela será bem completa. Acredito que vai resolver bem o problema", disse.

O prometido pacote pró-etanol tem sido estudado pelo MME e a Fazenda há pelo menos um ano. Havia a expectativa de que um amplo conjunto de medidas fosse anunciado ainda no ano passado, o que não ocorreu. Até meados de 2012, a indústria do etanol sofria com a baixa demanda pelo combustível, sufocada em dívidas que chegavam a cerca de US$ 42 bilhões.

Por ações de Usiminas, CSN vai à Justiça contra Techint

Por Ivo Ribeiro e Natalia Viri | De São Paulo


A Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) informou ontem à noite, em comunicado, que entrou com ação na Justiça contra empresas do grupo Techint, que há pouco mais de um ano entraram no bloco de controle da Usiminas. Na ação, requer que o grupo ítalo-argentino faça uma oferta pública de aquisição (OPA) de ações aos minoritários ordinaristas da Usiminas.

Conforme relatou a CSN, no fim de 2011, em operação concluída em janeiro de 2012, o grupo Techint, por meio das controladas Ternium, Confab, Tenaris, Prosid e Siderar, adquiriram 43,3% das ações ordinárias integrantes do bloco de controle da Usiminas que eram de Votorantim, Camargo Corrêa e do Clube dos Empregados (CEU). Além disso, diz que mais 2,65% do CEU foram comprados pela Nippon Steel, também do bloco controlador.

A CSN, do empresário Benjamin Steinbruch, é dona de 11,66% do capital votante da Usiminas, percentual acumulado com aquisições feitas no mercado a partir do segundo semestre de 2010. Esse percentual corresponde a 58,93 milhões de ações.

A CSN aponta que foi pago um preço R$ 36,00 pelas ações do bloco controlador, com um prêmio de da ordem de 90% em relação à cotação de 28 de novembro de 2011, data do anúncio do negócio. Para a empresa, a operação resultou em um novo Acordo de Acionistas da Usiminas entre Ternium, Nippon e CEU, substituindo o acordo firmado em 2006.

Caso tenha sucesso na Justiça, a CSN poderia receber R$ 28,80 por ação (tag along de 80%), o que somaria R$ 1,7 bilhão por sua participação. Pela cotação de ontem na bolsa, de R$ 11,22, esse bloco de aços valia R$ 662 milhões.

A CSN alega que, apesar de ter sido divulgado que o novo acordo de acionistas fora celebrado em "termos essencialmente idênticos", ocorreram "modificações substanciais que resultaram num novo quadro político-societário da Usiminas e conseqüentemente num novo balanço de poder dentro do seu bloco de controle". E que, após isso, a Usiminas vem passando por " profunda reformulação", com a chegada de profissionais da Ternium que assumiram seus principais cargos executivos, como presidente, com "mudanças relevantes de estratégia e gestão".

Para a CSN, ocorreu a alienação de controle acionário, tal como prevista no artigo 254-A da Lei das S. A., e que a operação não se enquadra nos precedentes já analisados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Afirma que a Ternium a violou a legislação e deixou de fazer a OPA, "em grave prejuízo aos minoritários ordinaristas da Usiminas, aos quais não foi dada oportunidade de vender suas ações por preço equivalente a no mínimo 80% do prêmio pago aos vendedores (tag along)".

Em março de 2012, a Superintendência de Registro da CVM proferiu parecer contrário à necessidade de oferta, alegando que não houve troca de controle. No comunicado, a CSN disse que a manifestação da autarquia "não é definitiva e é sujeita a revisão".


Camex aprova incentivos para investimentos de US$ 5,83 bilhões na indústria

Em reunião realizada ontem(05/02), em Brasília, o Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a concessão de 618 ex-tarifários, entre novos incentivos e renovações. Os ex-tarifários são reduções temporárias do Imposto de Importação para compra de máquinas e equipamentos sem produção no Brasil. Foram concedidos 587 ex-tarifários simples para bens de capital (356 novos e 231 renovações) e 31 ex-tarifários simples para bens de informática e telecomunicação (13 novos e 18 renovações).

Os incentivos concedidos pela Camex estão vinculados a investimentos globais de US$ 5,83 bilhões em setores como os de construção civil (43,65%), petróleo (16,27%), bens de capital (5,51%), automotivo (4,20%) e bebidas (4,01%). Entre os principais projetos beneficiados estão a construção de uma ponte em Laguna-SC no valor de US$ 985 milhões; a construção de pontes e viadutos do trecho leste do Rodoanel na cidade de São Paulo-SP, com investimento previsto de US$ 800 milhões; e o processamento de 14 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, em Savador-BA, onde serão investidos US$ 606 milhões. Os principais países de origem dos equipamentos que terão redução de alíquota serão Estados Unidos (26,91%), e Alemanha (17,22%).

Consulta pública

Outra medida aprovada pelo Conselho de Ministros da Camex foi a realização de uma consulta pública sobre os pedidos do setor privado para inclusão de produtos na lista brasileira de elevações temporárias da Tarifa Externa Comum (Decisão CMC n°25/12) e na Lista de Exceção à Tarifa Externa Comum (Letec).

Farão parte da consulta os 262 pleitos encaminhados à Camex até 14 de janeiro de 2013 para inclusão na lista de elevações temporárias da Tarifa Externa Comum, por razões de desequilíbrios comercias derivados da conjuntura econômica internacional. A Camex também receberá manifestações sobre os 56 pedidos relacionados à Letec (44 para inclusão de produtos na lista e 12 para exclusão). A Resolução Camex que vai abrir a consulta pública será publicada nos próximos dias, e vai trazer orientações detalhadas para quem quiser se manifestar a respeito dos pedidos. O prazo será de 30 dias corridos a partir da publicação da Resolução Camex.

Leite em pó

A Camex aprovou, ainda, a prorrogação, por até cinco anos, do direito antidumping sobre importações de leite em pó (integral ou desnatado) da União Europeia e da Nova Zelândia. Os produtos estão classificados nos códigos 0402.1010, 0402.10.90, 0402.21.10, 0402.21.20, 0402.29.10, e 0402.29.20 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). O direito continua sendo recolhido por alíquotas ad valorem de 3,9% para as importações da Nova Zelândia e de 14,8% para as compras brasileiras da União Europeia.

Trigo em grão

Além disso, a Camex decidiu reduzir temporariamente Imposto de Importação do trigo em grão (NCM 1001.99.00). A alíquota do produto foi alterada de 10% para 0%, no período de 1° de abril a 31 de julho deste ano, com cota de um milhão de toneladas. O produto foi incluído na Lista de Exceção da Tarifa Externa Comum (Letec). A medida foi aprovada em função da quebra de safra na Argentina, principal fornecedor de trigo para o Brasil. O objetivo é garantir o abastecimento interno e evitar pressões inflacionárias.
Sucata de aço

O pedido de criação de Imposto de Exportação para sucata de aço, que estava na pauta da reunião da Camex, não foi analisado pelo Conselho de Ministros. O MDIC solicitou um prazo maior para aprofundar as análises técnicas.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC

China abre investigação antidumping contra celulose do Brasil

 
 
Por Assis Moreira | Valor

GENEBRA - A China anunciou hoje que abriu investigação antidumping sobre produtos de celulose de madeira importados do Brasil, Estados Unidos e Canadá, podendo ter impacto nas vendas brasileiras.

O Ministério de Comércio da China diz que examinará dumping e margem de dumping dos produtos, assim como a extensão de suposto prejuízo sobre a indústria de celulosa da China, para em seguida tomar uma decisão 'de acordo com a lei'.

Investigação pode conduzir a imposição de sobretaxa na entrada do produto no mercado chinês, se comprovado que os preços são deslealmente baixos.

A China é o segundo maior mercado da celulose brasileira, com 26% das exportações totais do produto, comparado a 19% para os EUA e 46% para a Europa. As exportações brasileiras do produto para a China alcançaram US$ 1,237 bilhão no ano passado, numa queda de 4,7% em relação as vendas de 2011.

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de celulose, junto com os Estados Unidos, Canadá e China. É líder em exportação de "wood pulp", e  o maior produtor mundial de celulose de fibra curta branqueada.

A demanda mundial de polpa branqueada de fibra curta de mercado cresceu nos últimos anos, sobretudo pela demanda da China.
(Assis Moreira | Valor)


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Endividamento pode levar agências de risco a rebaixar nota da estatal

Previsão de investimento aumenta 16% para este ano, mas relação entre a dívida líquida e a geração de caixa é preocupante

06 de fevereiro de 2013 | 2h 06
 
RIO, SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo

Ao mesmo tempo em que aumentou em16% a previsão de investimento para este ano, a Petrobrás anunciou a elevação de seu endividamento a "níveis preocupantes", nas palavras da presidente Graça Foster. E com possibilidade de piora neste ano. Serão investidos R$ 97,7 bilhões em 2013; em 2012 foram R$ 84,1 bilhões.

O agravamento do endividamento da companhia pode levar agências de classificação de risco a rebaixarem a nota da companhia, o que acarretaria venda de ações e aumento do custo com empréstimos. "Ainda não temos certeza de como a Petrobrás encontrou confiança em seu balanço para aumentar mais seu capex (investimentos), ou se nós estamos perdendo algo nesta equação", relataram, surpresos, os analistas Gustavo Gattass, Luiz Carvalho e Dario Valdizan, do banco BTG Pactual.

Conforme antecipado pela Agência Estado no mês passado, a Petrobrás rompeu no quarto trimestre a barreira de conforto de 2,5 vezes a relação entre a dívida líquida e a geração de caixa (Ebitda), acendendo a luz amarela na empresa. A vermelha acende no patamar comparativo de três vezes. No fim de 2012 a companhia chegou a 2,77 vezes, elevando a já preocupante relação de 2,42 registrada no terceiro trimestre do ano.

"Devemos ficar em torno deste valor (em 2013). Em alguns momentos, até mais", disse Graça. "Temos uma apreensão muito grande em relação ao grau de investimento. Sabemos que temos urgência para resolver."

Emparedada entre a necessidade de investir mais e a dificuldade de gerar caixa por causa da produção estagnada e da insuficiência no reajuste de combustíveis, a Petrobrás está diante de "um grande risco" : a necessidade de um aumento de capital, segundo os analistas do BTG Pactual. O Bank of America também destacou a piora da relação entre dívida e geração de caixa em relatório de ontem.

Segundo Graça, a melhora na equação deve vir da produção de petróleo, da venda bilionária de ativos no exterior a partir de abril, do reajuste de combustíveis e dos programas internos de redução de custos e aumento da eficiência.

Urgência. Para a presidente da Petrobrás, o potencial da empresa no futuro, com equipe preparada e grandes reservas que começam a elevar a produção no ano que vem, deve ser levada em consideração pelas agências de risco. "Acreditamos que vamos passar por 2013 sem maiores problemas sobre o nosso grau de investimento. É urgente que a Petrobrás mostre resultados para que continue conquistando a confiança das agências", disse Graça.

A Moody's, uma das três grandes agências internacionais - ao lado da Standard & Poor's (S&P) e da Fitch - já colocou a nota da estatal em "perspectiva negativa", embora o grau de investimento conquistado em 2007 esteja mantido.

"O perfil estagnado da produção da Petrobrás em poucos anos daqui para a frente colocarão um desafio nesse período de grandes gastos de capital", escreveram os analistas chefiados por Thomas S. Coleman, em 10 de janeiro.

Já circulava no mercado rumores de que a saída para a companhia seria fazer uma nova capitalização, o que seria ruim para acionistas, por diluir a participação deles na empresa. Mas a presidente garantiu que isso não está nos planos. "Não vai ter capitalização". / EULINA OLIVEIRA, MÔNICA CIARELLI, SABRINA VALLE, SERGIO TORRES e VINÍCIUS NEDER

Embraer e Avibras vão produzir drones juntas


Avibras entrará no capital social da Harpia Sistemas, uma empresa criada pela Embraer em 2011 em conjunto com uma subsidiária da israelense Elbit Systems


Germano Lüders/EXAME.com
Fábrica da Embraer, em São José dos Campos


Fábrica da Embraer: Avibras terá uma participação de 9% das ações da Harpia, enquanto a AEL Sistemas ficará com 40% e a Embraer com os 51% restantes

Rio de Janeiro - A Embraer anunciou nesta terça-feira a assinatura de um acordo com a companhia de defesa Avibras para a produção de aviões não tripulados, conhecidos como drones.

Em virtude do acordo, a Avibras entrará no capital social da Harpia Sistemas, uma empresa criada pela Embraer em 2011 em conjunto com uma subsidiária da israelense Elbit Systems, a AEL Sistemas, com o objetivo de desenvolver aviões não tripulados no Brasil, segundo comunicado.

Deste modo, a Avibras terá uma participação de 9% das ações da Harpia, enquanto a AEL Sistemas ficará com 40% e a Embraer com os 51% restantes.

A Harpia também acrescentará a sua linha de produtos o avião não tripulado do modelo Falcão, que está sendo desenvolvido pela Avibras para as Forças Armadas do Brasil, que será destinado a missões de reconhecimento e de vigilância terrestre e marítima, segundo a nota.

Segundo o presidente da Embraer e do Conselho de Administração da Harpia, Luiz Carlos Aguiar, a entrada da Avibras permitirá à companhia contar com sua "competência técnica".

Luiz Carlos também disse que, com esta operação, a Harpia "passa a cumprir com todos os requisitos" para ser considerada uma empresa estratégica de defesa e assim conseguir receber vantagens tributárias e condições especiais para participar das licitações de compra por parte do governo.

O presidente da Avibras, Sami Hassuani, afirmou que a união terá como resultado a fabricação de drones "de alta competitividade no Brasil e no exterior".