Após sofrer fortes perdas com a defasagem dos preços dos
combustíveis e com a valorização do dólar, que culminaram em um lucro
30% menor em 2012, o pior dos últimos oito anos, a Petrobras vem cada
vez mais se distanciando, em valor de mercado, das maiores petrolíferas
do mundo.
Segundo dados compilados nesta quinta-feira pela BBC Brasil,
a brasileira possui atualmente valor de mercado inferior a Exxon Mobil
(US$ 404 bilhões), PetroChina (US$ 252 bilhões), Chevron (US$ 227
bilhões), Royal Dutch Shell (US$ 220 bilhões), BP (US$ 140 bilhões) e
Total (US$ 120 bilhões).
Avaliada em US$ 108
bilhões (R$ 215 bilhões) pelo mercado, a Petrobras está atrás até mesmo
da colombiana Ecopetrol, que, apesar de ser a maior empresa do setor na
Colômbia, possui operações menores do que a estatal sediada no Rio de
Janeiro.
O quadro é bem diferente do de março
de 2011, quando as ações da petrolífera atingiram seu pico histórico.
Naquela ocasião, a estatal valia quase duas vezes mais, ou R$ 413,3
bilhões, segundo dados da consultoria Economatica.
O
cenário também se contrapõe ao de setembro de 2010, quando a Petrobras
fez a maior oferta pública de ações da história das bolsas e tornou-se a
quarta maior empresa do mundo em valor de mercado.
Desde
então, no entanto, a estatal brasileira vem perdendo a posição que
havia consolidado entre as maiores companhias do globo e, mais
especificamente, do setor de petróleo.
BP
Na
última segunda-feira, a Petrobras anunciou ter obtido, em 2012, seu
pior lucro em oito anos, R$ 21,18 bilhões, o que representou uma queda
de 36% em relação ao ano anterior. Também no ano passado, de abril a
junho, a estatal registrou prejuízo de R$ 1,346 bilhão, algo que não
acontecia desde o primeiro trimestre de 1999.
O
lucro da Petrobras, de R$ 21,18 bilhões, também foi inferior ao da BP,
mesmo depois de a gigante britânica ter sofrido uma forte sangria devido
a um vazamento em uma plataforma de petróleo no Golfo do México em 2010
e visto seus lucros se reduzirem à metade no ano passado.
No
Brasil, a estatal também deixou de ser a maior empresa do País em valor
de mercado, posição que ocupava há anos, sendo substituída pela Ambev,
do setor de bebidas.
Motivos
Segundo
a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, os resultados da
companhia refletem o impacto principalmente da defasagem nos preços dos
combustíveis no Brasil e da desvalorização do real.
Isso
porque, para atender à crescente demanda interna por gasolina e diesel,
a gigante brasileira compra os combustíveis no exterior a preços de
mercado e depois vende mais barato no País.
Esse
desequilíbrio foi prejudicado ainda mais com a valorização do dólar
frente à moeda brasileira, que elevou os custos de importação.Segundo
dados da Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), consultoria
especializada no setor, de janeiro a outubro de 2012, a Petrobras perdeu
estimados R$ 3,9 bilhões, devido ao descompasso entre a importação e a
receita obtida com a gasolina e o óleo diesel.
A
decisão de não repassar aos consumidores a diferença entre o preço dos
derivados do petróleo no mercado internacional e o preço no mercado
doméstico, ainda que nociva às contas da estatal, segue uma determinação
do governo, que quer evitar a todo custo o aumento da inflação.
Os
dois últimos reajustes nos combustíveis também não foram suficientes
para eliminar a defasagem dos preços, acrescentou Foster na última
segunda-feira.
GNL
Além disso, o
temor de uma possível crise energética fez com que o governo acionasse
as termelétricas em outubro do ano passado, acrescentando um novo
prejuízo à empresa, uma vez que a Petrobras teve de importar gás natural
liquefeito (GNL) e vendê-lo mais barato para manter a operação dessas
usinas.
Se as termelétricas forem mantidas a
100% durante todo o ano, a empresa será impactada por uma perda de cerca
de R$ 4 bilhões, ainda de acordo com o Cbie.
Na
avaliação dos especialistas, a perda em valor de mercado da companhia
brasileira reflete também a desconfiança dos investidores sobre a real
capacidade da empresa de entregar melhores resultados.
Parte desse
pessimismo também advém da lentidão no processo de exploração das novas
reservas do pré-sal, cuja primeira rodada de licitação deve acontecer
apenas em novembro deste ano.
Terra