segunda-feira, 15 de julho de 2013

BC reduz custo para que financeiras tragam recursos de filiais para o Brasil



 
 
O Banco Central (BC) definiu mais uma medida para estimular a entrada de dólares no país e, por consequência, ajudar a conter a alta da moeda americana. 

O procedimento, divulgado na noite de ontem (11) no sistema de informações do BC, modificou o cálculo do requerimento de capital para cobrir riscos de exposição em moeda estrangeira, ouro, ativos e passivos sujeitos à variação cambial.
 
Na prática, a decisão reduz o custo para que as instituições financeiras tragam recursos de filiais no exterior para o país. A norma entrou em vigor imediatamente. De acordo com o BC, a medida não reduz “a prudência e a solidez do sistema financeiro”.
 
Para o BC, as regras prudenciais brasileiras “continuam significativamente mais conservadoras que o padrão internacional”. O governo também anunciou, recentemente, outras medidas para suavizar a alta do dólar. No último dia 3, o BC eliminou as restrições de prazos para que os exportadores financiem pagamentos antecipados
 
Antes, os exportadores que quisessem antecipar o recebimento das receitas com as vendas para o exterior poderiam pegar empréstimos de até cinco anos. O BC derrubou esse limite, permitindo que financiamentos de prazos mais longos sejam concedidos, o que aumenta a oferta de dólares no mercado, empurrando a cotação para baixo.  
 
O BC também retirou o depósito compulsório sobre a posição vendida de câmbio. Com isso, os bancos deixaram de recolher à autoridade monetária parte dos valores aplicados em apostas de que o dólar vai cair. 
 
Outra atuação do BC é por meio de operações de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro. Além dessas ações do BC, o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os estrangeiros que aplicam em renda fixa no Brasil. Antes, a alíquota era 6%. 
 
Outra mudança foi a isenção de IOF, que era cobrado, com alíquota de 1%, sobre a venda de moeda estrangeira no mercado futuro.
 

 Fonte: BC e Agência Brasil

Dilma quer mais comércio do Mercosul com países da AL e da União Europeia



 
 
A presidente Dilma, afirmou nesta sexta-feira (12/7), em Montevidéu, que o Mercosul possui uma estrutura econômica diversificada e deve ter uma política comercial e externa que reflita as potencialidades da região.
 
 “Uma nova agenda de inserção externa para o bloco poderia contemplar cronogramas mais acelerados para a negociação comercial entre o Mercosul e outros países da América do Sul e a União Europeia, além de negociações, no âmbito do subcontinente, em serviços e investimentos entre as nossas economias”, afirmou. A presidenta participou da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada, em Montevideu, no Uruguai.

Dilma defendeu a transformação da cooperação entre Mercosul e África numa questão estratégica nessa nova agenda. Para ela, os cinco países integrantes do Mercosul devem estabelecer uma estratégia de integração que contemple a presença competitiva do bloco no mundo e esteja em sintonia com o desenvolvimento das populações locais. 
 
Ao comentar a ampliação do bloco, que iniciou tratativas para a adesão da Bolívia, a presidente disse que a entrada da Venezuela no Mercosul, há pouco menos de um ano, trouxe ganhos “econômicos e de escala” para todos os países do grupo. “A Venezuela amplia a capacidade do Mercosul de irradiação para o norte do continente e em direção ao Caribe à América Central”, disse. 
 
 A Venezuela assumiu a Presidência Pro-Tempore do Mercosul durante a reunião.A presidente ponderou, no entanto, que ainda há uma tarefa importante a realizar: o regresso do Paraguai ao bloco, com a posse do presidente eleito Horacio Cartes. “O país e o povo paraguaio são partes essenciais no destino do Mercosul. Queremos tê-los de volta. Essa é uma tarefa que será perseguida por todos nós”, afirmou.

A 45ª Cúpula do Mercosul terminou com a adesão de um novo membro, a Bolívia, e três duras declarações: todas elas políticas e relacionadas ao escândalo de espionagem, desencadeado pelas revelações Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa que prestava serviço para a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA).O Brasil, a Argentina, o Uruguai, a Venezuela e Bolívia convocaram para consulta seus embaixadores nos quatro países europeus que proibiram o avião do presidente boliviano Evo Morales de sobrevoar seus territórios, no último dia 2 de julho.
 
 Havia a suspeita infundada de que Snowden estava a bordo do avião presidencial.O americano, que está há quase três semanas no setor de trânsito do Aeroporto Internacional de Moscou, é procurado pela Justiça norte-americana, desde que revelou à imprensa que o governo dos EUA monitora telefonemas e e-mails de cidadãos comuns, empresas e funcionários públicos de vários países – inclusive do próprio Estados Unidos. 
 
Quando Evo Morales visitou a Rússia, surgiram rumores de que ele estava transportando Snowden para a Bolívia. Portugal, a Espanha, Itália e França proibiram o avião do presidente de sobrevoar seus territórios, que teve que fazer um pouso não programado na Áustria, onde permaneceu durante13 horas.
 
 “Mesmo que ele [Snowden] estivesse dentro do avião, não se podia fazer isso. Violar tratados internacionais jamais foi feito antes em tempos de paz”, disse a presidenta Dilma Rousseff, em entrevista à imprensa, após o encontro com os presidentes do Mercosul. 
 
Convocar embaixadores “para consultas”, na linguagem diplomática, é uma forma de manifestar um profundo mal-estar. Os presidentes do Mercosul também pediram explicações dos embaixadores europeus em seus países, além de exigir desculpas públicas. 
 
As revelações de Snowden foram motivo de outra declaração dura, que não só condena os atos de espionagem como pede à Organização das Nações Unidas que adote normas para impedir que um país viole a soberania de outro e a privacidade de seus cidadãos.  
 
“É necessário que haja uma discussão sobre segurança”, disse Dilma, na entrevista. “Eu sou amplamente favorável e defendo com unhas e dentes as redes sociais como conquistas para a liberdade de expressão e a democratização de todas as posições. 
 
O Estado não pode usar isso para ser o grande irmão que fiscaliza tudo, que vê tudo e que inibe as pessoas”, disse.Segundo Dilma, o argumento de que é necessário monitorar vidas alheias para combater o crime e o terrorismo é “inaceitável” e incompatível com as garantias democráticas. 
 
Os presidentes do Mercosul também defenderam o direito de um país conceder asilo. Essa posição foi uma resposta às pressões exercidas pelos Estados Unidos a países que ofereceram abrigo político a Snowden – entre eles, a Bolívia, Venezuela e Nicarágua. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, lembrou que o asilo político salvou muitos perseguidos das ditaduras militares latino-americanas. 
 
 “Quando falamos nessas resoluções, sabemos do que estamos falando porque vivemos histórias trágicas e sangrentas”, disse Cristina, em seu discurso.Unidos na sua ação internacional, os países do Mercosul ainda não conseguiram solucionar um problema interno: a reincorporação do Paraguai, um dos quatro membros fundadores, junto com o Brasil, a Argentina e o Uruguai.  
 
O país foi suspenso há um ano, depois da destituição do então presidente Fernando Lugo. O impeachment-relâmpago foi criticado pelos governos da região, que suspenderam o Paraguai do Mercosul até a posse do presidente eleito, Horacio Cartes, no próximo dia 15 de agosto.“Todos nós nos comprometemos a comparecer à posse de Cartes”, disse Dilma.  
 
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro – que assumiu a presidência pro tempore do Mercosul – declarou em seu discurso que quer resolver qualquer mal-entendido com os paraguaios. Mas ele foi considerado “pessoa não grata” pelo Congresso paraguaio, que o acusa de ter interferido nos assuntos internos do país, durante o processo de impeachment de Lugo.Cartes, apesar de dizer que o Paraguai tem interesse de voltar ao Mercosul, não aceita que a Venezuela ocupe a presidência pro tempore do bloco.  
 
opinião pública paraguaia e o Partido Colorado, ao qual Cartes pertence, consideram que foram punidos sem razão, uma vez que a Constituição paraguaia prevê o impeachment de um presidente. 
 
Fonte: Agência Brasil
 

Empresa alemã Siemens delata cartel em licitações dos metrôs de SP e DF

 
 
 
Em busca de anista, a multinacional alemã Siemens fez acordo com autoridades antitruste brasileiras e delatou a existência de um cartel --do qual fez parte-- em licitações para compra de equipamento ferroviário, construção e manutenção de linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal. 
 
A notícia foi destaque no domingo e nesta segunda-feira do jornal Folha de S. Paulo que apurou que o esquema delatado pela companhia envolve subsidiárias de multinacionais como a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui.A Alstom disse que "está colaborando com as autoridades" após receber um "pedido do Cade para apresentar documentos relacionados a um procedimento administrativo referente à lei concorrencial". 
 
A Mitsui disse que tem "diligentemente cooperado com as investigações", mas não comenta o caso em andamento.A Serveng afirmou que não tem conhecimento aprofundado da investigação para se manifestar. As demais empresas não se manifestaram.Combinações ilícitas entre empresas podem resultar em contratações com preços superiores (entre 10% e 20%, segundo estimativas) aos praticados caso elas concorressem normalmente.No início do mês, a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) realizou busca e apreensão nas sedes das companhias delatadas.
 
A Operação Linha Cruzada executou mandados judiciais em São Paulo, Diadema, Hortolândia e Brasília.Pelo menos seis concorrências estão na mira das autoridades. Em São Paulo, são as da linha 5-lilás (fase 1) do metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e a extensão da linha 2-verde do metrô. A manutenção e contratação de trens e o projeto Boa Viagem, todas da CPTM, completam a lista. 
 
No Distrito Federal, a apuração é sobre o contrato de manutenção do metrô.

De olho da América Latina, Walmart investe em logística no Brasil


 
 
O executivo Michael Duke (foto), CEO mundial do Walmart, fez uma visita ao Brasil no começo de maio. Ele veio conhecer pessoalmente a operação brasileira do Walmart.com, a divisão de comércio eletrônico da companhia. 

A visita do comandante da maior rede varejista do mundo, cujo faturamento global em 2012 foi de US$ 469,2 bilhões, já provocaria por si só uma grande agitação entre os funcionários. 

A expectativa era ainda maior porque Duke visitaria, pela primeira vez, o espaço projetado para sediar na América Latina o departamento digital da empresa, setor que passa há alguns meses por uma profunda reformulação em suas estratégias comerciais, tecnológicas, de distribuição e logística e tem recebido investimentos vultosos por parte da matriz. 

Inaugurado em janeiro, o espaço ocupa uma área total de cinco mil metros quadrados, espalhados por cinco andares de um edifício comercial em Alphaville, no município de Barueri, na região metropolitana de São Paulo. 

Quem teve a missão de recepcionar Duke foi o executivo gaúcho Fernando Madeira, ex-diretor-geral do Terra, recrutado em setembro de 2012 para ser ser o presidente da operação latino-americana do Walmart.com. 

Sua contratação foi justamente para liderar o processo de reestruturação dessa divisão, que tem na entrega da nova sede sua face mais visível até o momento. Enquanto caminhava com Duke pelas dependências – multicoloridas e informais –, Madeira explicava ao chefe que a intenção da decoração era propiciar uma atmosfera jovem e descontraída.  

Em outras palavras, um lugar com cara de internet. A inspiração veio de empresas digitais do Vale do Silício, como Google e Facebook, que apostam num ambiente leve e divertido para estimular a criatividade e a cooperação. 

Por sua experiência no Terra, do qual é dos fundadores, Madeira está acostumado ao estilo despojado do mundo digital. 


Tinha dúvidas, no entanto, da impressão de Duke, um executivo veterano de 64 anos, com vasta experiência no setor de varejo e um dos mais convencionais e conservadores do mercado, sobre aquilo tudo. 

Por isso Madeira começou por explicar que, para aliviar o estresse dos funcionários, a sede possui salas de videogame, mesa de sinuca, pingue-pongue ou até mesmo para um breve descanso durante o expediente. 

domingo, 14 de julho de 2013

Empresa alemã Siemens delata cartel em licitações do metrô de SP



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CATIA SEABRA
JULIANA SOFIA
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA

A multinacional alemã Siemens delatou às autoridades antitruste brasileiras a existência de um cartel --do qual fazia parte-- em licitações para compra de equipamento ferroviário, além de construção e manutenção de linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal. 

Gigante da engenharia, a empresa já foi condenada em outros países por conduta contra a livre concorrência. 

 
A Folha apurou que o esquema delatado pela companhia envolve subsidiárias de multinacionais como a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui. 
 
Essas empresas e a Siemens são as principais candidatas a disputar o megaprojeto federal do trem-bala que ligará Rio e São Paulo. O leilão deve ser no mês que vem. 

Combinações ilícitas entre empresas podem resultar em contratações com preços superiores (entre 10% e 20%, segundo estimativas) aos praticados caso elas concorressem normalmente. 

No início do mês, a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) realizou busca e apreensão nas sedes das companhias delatadas. A Operação Linha Cruzada executou mandados judiciais em São Paulo, Diadema, Hortolândia e Brasília. 

Segundo as denúncias, o cartel atuou em ao menos seis licitações. Mas ainda não se sabe ao certo o tamanho real, alcance, período em que atuou e o prejuízo causado. 

Ao entregar o esquema, a Siemens assinou um acordo de leniência, que pode garantir à companhia e a seus executivos isenção caso o cartel seja confirmado e condenado. 

A imunidade administrativa e criminal integral é assegurada quando um participante do esquema --antes que o governo tenha iniciado apuração-- denuncia o cartel, suspende a prática e coopera com as investigações.

No caso de condenação, o cartel está sujeito a multa que pode chegar a 20% do faturamento bruto da empresa no ano anterior à abertura de processo pelo Cade. 

No final da década de 90, houve uma troca no comando mundial da Siemens depois de escândalos de pagamento de propina em vários países. A empresa foi punida no exterior por formação de cartel. 

A análise do material apreendido levará até três meses. Confirmados os indícios de cartelização, o Cade abrirá processo contra as envolvidas. O conluio, segundo a apuração, inclui outras sete empresas: TTrans, Tejofran, MGE, TCBR Tecnologia, Temoinsa, Iesa e Serveng-Civilsan.

sábado, 13 de julho de 2013

Empreendedores buscam liberdade em micronegócios


 
FILIPE OLIVEIRA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
 
Ao contrário do que se pode imaginar pelo título, "A Startup de $ 100" (ed. Saraiva) não fala de empreendedores que querem virar o próximo Google ou Facebook. 

O autor escapa das teorias tradicionais para a construção de empresas de internet. Sua preocupação está na conquista da liberdade, em que a pessoa consegue viver daquilo que gosta, de preferência trabalhando de qualquer lugar do mundo e com pouco estresse. 

Após uma análise de milhares de histórias de "empreendedores não convencionais", Chris Guillebeau conta que conseguiu encontrar 1.500 exemplos de empreendedores que satisfaziam a maior parte dos pontos que o interessavam. 

No seu radar estavam empreendedores que realizavam atividades pelas quais são apaixonados, investiram menos de US$ 1.000 de capital inicial e conseguiram uma renda mínima de pelo menos US$ 50 mil por ano. Também priorizou negócios que não exigissem conhecimentos específicos.
Editoria de Arte/Folhapress
Daí se chega aos 50 micronegócios que são apresentados durante os capítulos e ilustram as lições que o autor quer passar.

INESPERADOS
 
Entre os "empreendedores inesperados", que descobriram seus negócios ao perder um emprego, se cansar do que faziam ou simplesmente por encontrar um novo modo de chegar ao mercado, estão os designers Jen Adrion e Omarque Noory. A dupla iniciou um negócio de mapas customizados após fazer um de Nova York para usar em uma viagem. Despretensiosamente, colocaram alguns à venda na internet e fizeram sucesso. 

Outra história prosaica exemplifica a visão do autor sobre o empreendedorismo como libertação: Kelly Newsome, que passou a empreender dando aulas de ioga na casa de executivas atarefadas. Sua renda passou a ser de um quarto do que recebia em um escritório de advocacia, mas com mais satisfação pessoal. 

As considerações de Guillebeau são feitas em linguagem direta sem jargões do ramo dos negócios. Em um dos seus ensinamentos, ele compara a possibilidade de encontrar possibilidades a um restaurante em que o chef chama os clientes para ajudar a preparar o prato na cozinha. Ao constatar que a experiência seria desagradável (a menos que a pessoa tivesse ido lá para cozinhar), conclui que o bom negócio não é aquele que ensina a pescar, mas o que dá o peixe. 

PASSO A PASSO
 
O livro também traz momentos de sistematização. Um exemplo é quando mostra como fazer marketing gastando pouco ou aumentar a receita do negócio a partir da cobrança recorrente (receber mensalmente por um serviço, em vez de fazer uma única venda). 

Ao falar sobre como se deve fazer um lançamento de produto, por exemplo, o autor enumera 39 passos que ajudam a manter a expectativa antes, controlar o que acontece durante e manter o sucesso depois. 

Outra passagem memorável, pela ironia de um autor que busca sempre a liberdade, está na descrição do modelo de franquia: "Siga rigorosamente as instruções operacionais impostas pela empresa, sem exceções. Se o negócio tiver sucesso, você ganhará em média US$ 47 mil anuais depois de passar três anos apertando o cinto e trabalhando as mesmas 50 horas por semana que passaria em um emprego formal com muito menos estresse". 

O livro é francamente otimista sobre o empreendedorismo. Mesmo com algumas ressalvas, como quando diz que nem tudo o que gostamos de fazer corresponde a algo que as pessoas estão dispostas a nos pagar. Mesmo assim, há um exagero em especial no "Manifesto" em prol da liberdade que abre o livro. 

Se a pesquisa foi rica em encontrar exemplos de sucesso com baixo investimento, por outro lado pouco se detém sobre os riscos do negócio próprio, fato relevante ao levar em conta que uma em cada quatro empresas fecham em menos de dois anos no Brasil. 

Defesa da Petrobras sobre dívida de R$ 7 bi é 'aberração', diz governo

 


FILIPE COUTINHO
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA

Em nova ofensiva do governo contra a Petrobras, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, ligada ao Ministério da Fazenda, classificou de "aberração" os argumentos da empresa para suspender uma dívida de R$ 7,3 bilhões. 

O governo recorreu à Justiça para recuperar os valores referentes a Imposto de Renda não recolhidos pela estatal entre 1999 e 2002. 

A Folha teve acesso ao pedido da PGFN, que representa o governo, para que o ministro Benedito Gonçalves, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), reconsidere sua decisão de suspender a cobrança ou submeta o recurso à Primeira Turma do tribunal. 

O caso é duplamente explosivo para a Petrobras. Além da dívida bilionária cobrada pelo governo, a briga na Justiça pode levar à suspensão das principais operações da empresa. 

Sem a certidão negativa de débitos, que já deixou de ser renovada pela PGFN na briga judicial, a empresa afirma ficar impossibilitada de importar, exportar e participar de leilões do pré-sal. 

Apesar do impacto nas contas da estatal e da queda nas ações na Bolsa de Valores quando a Folha revelou o caso, em junho, o governo insiste em cobrar a dívida. 

No pedido da Procuradoria da Fazenda levado ao STJ no fim de junho, o governo diz que vai "desconstruir" argumentos "inconsistentes e absurdos" da Petrobras. 

No recurso, o governo diz também que alegar que a dívida de R$ 7 bilhões é alta é uma "aberração do raciocínio" e que a estatal "defende uma relação odiosa entre credores e jurisdicionados [quem recorre à Justiça]". 

A PGFN questiona ainda se a Petrobras usaria a mesma lógica para quem lhe deve.
Os procuradores da Fazenda argumentam, ainda, que a Petrobras tem que quitar o débito porque não é um "cidadão comum", mesmo com a "notória indisponibilidade de caixa" e tendo sido "obrigada a reduzir o orçamento de investimentos no pré-sal". 

A PGFN diz também que o ministro do STJ Benedito Gonçalves "ultrapassou limites" ao alterar sua própria decisão para livrar a estatal da exigência de certidão negativa de débito. 

IMPACTO
 
Quando o caso ainda tramitava no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, o Ministério Público classificou a dívida de "estratosférica" e afirmou que o pagamento poderia quebrar a empresa. 

As ações da estatal caíram quase 4% quando o caso foi revelado pela Folha.

O ministro reverteu sua decisão em 24 horas. 

Primeiro, manteve a suspensão do certificado de débito e derrubou temporariamente a exigência do pagamento, garantindo à empresa o certificado para operar. 

Na segunda decisão, destacou a situação "dramática" da empresa e alegou que a suspensão do certificado seria "potencialmente danosa". 

A dívida que motivou o cancelamento da certidão da Petrobras está relacionada ao não recolhimento de IR sobre remessas para o exterior em pagamento de plataformas petrolíferas móveis, entre 1999 e 2002. 

A empresa foi autuada em 2003 e, desde então, questiona na Justiça a cobrança da dívida.