FILIPE COUTINHO
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
Em nova ofensiva do governo contra a Petrobras, a Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional, ligada ao Ministério da Fazenda, classificou de
"aberração" os argumentos da empresa para suspender uma dívida de R$ 7,3
bilhões.
O governo recorreu à Justiça para recuperar os valores referentes a
Imposto de Renda não recolhidos pela estatal entre 1999 e 2002.
A Folha teve acesso ao pedido da PGFN, que representa o governo, para
que o ministro Benedito Gonçalves, do STJ (Superior Tribunal de
Justiça), reconsidere sua decisão de suspender a cobrança ou submeta o
recurso à Primeira Turma do tribunal.
O caso é duplamente explosivo para a Petrobras. Além da dívida
bilionária cobrada pelo governo, a briga na Justiça pode levar à
suspensão das principais operações da empresa.
Sem a certidão negativa de débitos, que já deixou de ser renovada pela
PGFN na briga judicial, a empresa afirma ficar impossibilitada de
importar, exportar e participar de leilões do pré-sal.
Apesar do impacto nas contas da estatal e da queda nas ações na Bolsa de Valores quando a Folha revelou o caso, em junho, o governo insiste em cobrar a dívida.
No pedido da Procuradoria da Fazenda levado ao STJ no fim de junho, o
governo diz que vai "desconstruir" argumentos "inconsistentes e
absurdos" da Petrobras.
No recurso, o governo diz também que alegar que a dívida de R$ 7 bilhões
é alta é uma "aberração do raciocínio" e que a estatal "defende uma
relação odiosa entre credores e jurisdicionados [quem recorre à
Justiça]".
A PGFN questiona ainda se a Petrobras usaria a mesma lógica para quem lhe deve.
Os procuradores da Fazenda argumentam, ainda, que a Petrobras tem que quitar o débito porque não é um "cidadão comum", mesmo com a "notória indisponibilidade de caixa" e tendo sido "obrigada a reduzir o orçamento de investimentos no pré-sal".
Os procuradores da Fazenda argumentam, ainda, que a Petrobras tem que quitar o débito porque não é um "cidadão comum", mesmo com a "notória indisponibilidade de caixa" e tendo sido "obrigada a reduzir o orçamento de investimentos no pré-sal".
A PGFN diz também que o ministro do STJ Benedito Gonçalves "ultrapassou
limites" ao alterar sua própria decisão para livrar a estatal da
exigência de certidão negativa de débito.
IMPACTO
Quando o caso ainda tramitava no Tribunal Regional Federal da 2ª Região,
o Ministério Público classificou a dívida de "estratosférica" e afirmou
que o pagamento poderia quebrar a empresa.
As ações da estatal caíram quase 4% quando o caso foi revelado pela Folha.
O ministro reverteu sua decisão em 24 horas.
Primeiro, manteve a suspensão do certificado de débito e derrubou
temporariamente a exigência do pagamento, garantindo à empresa o
certificado para operar.
Na segunda decisão, destacou a situação "dramática" da empresa e alegou
que a suspensão do certificado seria "potencialmente danosa".
A dívida que motivou o cancelamento da certidão da Petrobras está
relacionada ao não recolhimento de IR sobre remessas para o exterior em
pagamento de plataformas petrolíferas móveis, entre 1999 e 2002.
A empresa foi autuada em 2003 e, desde então, questiona na Justiça a cobrança da dívida.
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