segunda-feira, 29 de julho de 2013

Unesco prepara dados sobre inovação empresarial e pública em 100 países



 
 
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) informou neste domingo (29/7) que vai iniciar em agosto um estudo sobre pesquisas de inovação empresarial e em órgaos públicos em cerca de cem países para montar uma base de dados mundial que poderá balizar o aprimoramento de políticas globais de inovação. Um dos exemplos apontados é o projeto do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha, o Fab Lab (foto), premiado na categoria escolha do público, porque traz contribuições tecnológicas, como painéis solares flexíveis desenvolvidos com tecnologia espanhola e norte-americana e que representa um avanço significativo na integração arquitetônica de sistemas solares.

O estudo da Unesco foi planejado pelo Instituto de Estatísticas da organização (UIS, na sigla em inglês), com sede no Canadá, e as conclusões deverão ser divulgadas no segundo semestre de 2014. Um relatório sobre o projeto-piloto dessa coleta global, reunindo informações de 12 países, incluindo o Brasil, mostrou como as diferenças de metodologias e níveis de desenvolvimento desafiam a realização desse tipo de proposta estatística.

Com base nesses resultados, a UIS decidiu limitar o escopo do levantamento mundial somente à indústria de transformação, excluindo outras atividades econômicas como serviços, agricultura e mineração. Após o projeto-piloto, cujos resultados foram divulgados em 2012, a UIS produziu outro estudo para auxiliar na coleta de dados que se inicia no próximo mês. 

Essa coleta de metadados de inovação gerou um relatório, divulgado no mês passado, com estatísticas de 26 países, a maioria não vinculada à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Atualmente não existe uma base de dados global com indicadores sobre inovação. Apenas a União Europeia (UE) dispõe de um repositório similar na Eurostat (agência de estatísticas da Europa), feito a partir da Community Innovation Survey (CIS) – série de inquéritos estatísticos que permite aos cerca de 30 países do bloco compararem seus resultados. 

“Há uma demanda grande por estatísticas de inovação, mas ainda não existe essa base de dados. Nossa meta é criá-la e torná-la disponível para o público em geral”, afirma Luciana Marins, economista brasileira que trabalha desde 2010 como pesquisadora do UIS.

A meta principal da UIS é organizar a coleta de dados secundários, ou seja, reunir os dados agregados já obtidos pelos países sobre a inovação em seus territórios. A coleta global vai buscar informações de ao menos 95 países que promovem pesquisas de inovação.

Inicialmente foi feito um inventário das nações que realizam esses estudos e quantas rodadas já foram feitas em cada local. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está concluindo neste ano a quinta rodada da Pesquisa de Inovação (Pintec), referente ao ano de 2011. O trabalho consistiu também em documentar as perguntas sobre inovação apresentadas pelos organizadores locais e identificar as mais comuns.

Um dos maiores desafios é reunir resultados obtidos a partir de metodologias distintas, mesmo que baseadas em manuais internacionais. “Só pudemos utilizar dados de indústrias de transformação, pois serviços e outras áreas não eram uniformes entre os países. Muitas vezes os serviços incluídos na pesquisa do Brasil, por exemplo, não estão incluídos na pesquisa da Malásia.” Também há diferenças em cada caso no momento de mensuração das empresas; a classificação de tamanho das firmas nem sempre é com base no volume de funcionários, mas sim no volume de vendas.

Segundo a economista, uma das discussões em aberto sobre as pesquisas nacionais se refere ao levantamento conjunto ou separado de dados de inovação e de pesquisa e desenvolvimento (P&D). No Brasil, por exemplo, a Pintec reúne informações dos dois temas no mesmo questionário, mas há países que separam essas pesquisas. 

“Há vantagens e desvantagens. A reunião de dois tópicos em um só questionário permite mais espaço para correlacionar as duas variáveis em uma mesma amostra; além do mais, incomoda-se menos as empresas com um questionário único, o que pode melhorar a adesão”, enumera Marins.No entanto, entre os pontos negativos estão: a necessidade de se elaborar um questionário demasiadamente longo e abrangente e a possibilidade de o 
representante da empresa que fornece as respostas ter mais afinidade com inovação do que com P&D, ou vice-versa. 

Normalmente as pesquisas sobre P&D costumam realizar um levantamento censitário do país, englobando todas as empresas que realizam a atividade. Já as pesquisas de inovação costumam optar por amostragens que possam representar uma parte significativa do universo de firmas que desenvolvem atividades de inovação.

Além de organizar os dados nacionais, o UIS oferece treinamento para países ou regiões que queiram conduzir pela primeira vez pesquisas de inovação, o que permite compreender melhor as vantagens da adoção do Manual de Oslo, que, apesar de ter pontos a serem melhorados, é a melhor opção para se definir metodologias, segundo Marins.
Fonte: Inovação Unicamp
 

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