A
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco) informou neste domingo (29/7) que vai iniciar em agosto
um estudo sobre pesquisas de inovação empresarial e em órgaos públicos
em cerca de cem países para montar uma base de dados mundial que
poderá balizar o aprimoramento de políticas globais de inovação. Um dos exemplos apontados é o projeto
do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha, o Fab Lab (foto),
premiado na categoria escolha do público, porque traz contribuições
tecnológicas, como painéis solares flexíveis desenvolvidos
com tecnologia espanhola e norte-americana e que representa um avanço
significativo na integração arquitetônica de sistemas solares.
O
estudo da Unesco foi planejado pelo Instituto de Estatísticas da
organização (UIS, na sigla em inglês), com sede no Canadá, e as
conclusões deverão ser divulgadas no segundo semestre de 2014. Um
relatório sobre o projeto-piloto dessa coleta global, reunindo
informações de 12 países, incluindo o Brasil, mostrou como as diferenças
de metodologias e níveis de desenvolvimento desafiam a realização desse
tipo de proposta estatística.
Com
base nesses resultados, a UIS decidiu limitar o escopo do levantamento
mundial somente à indústria de transformação, excluindo
outras atividades econômicas como serviços, agricultura e mineração.
Após o projeto-piloto, cujos resultados foram divulgados em 2012, a UIS
produziu outro estudo para auxiliar na coleta de dados que se inicia no
próximo mês.
Essa coleta
de metadados de inovação gerou um relatório, divulgado no mês passado,
com estatísticas de 26 países, a maioria não vinculada à Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Atualmente
não existe uma base de dados global com indicadores sobre inovação.
Apenas a União Europeia (UE) dispõe de um repositório similar
na Eurostat (agência de estatísticas da Europa), feito a partir da
Community Innovation Survey (CIS) – série de inquéritos estatísticos que
permite aos cerca de 30 países do bloco compararem seus resultados.
“Há
uma demanda grande por estatísticas de inovação, mas ainda não existe
essa base de dados. Nossa meta é criá-la e torná-la disponível para
o público em geral”, afirma Luciana Marins, economista brasileira que
trabalha desde 2010 como pesquisadora do UIS.
A
meta principal da UIS é organizar a coleta de dados secundários, ou
seja, reunir os dados agregados já obtidos pelos países sobre a inovação
em seus territórios. A coleta global vai buscar informações de ao menos
95 países que promovem pesquisas de inovação.
Inicialmente
foi feito um inventário das nações que realizam esses estudos e quantas
rodadas já foram feitas em cada local. No Brasil, o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está concluindo
neste ano a quinta rodada da Pesquisa de Inovação (Pintec), referente ao
ano de 2011. O trabalho consistiu também em documentar as perguntas
sobre inovação apresentadas pelos organizadores locais e identificar as
mais comuns.
Um dos
maiores desafios é reunir resultados obtidos a partir de metodologias
distintas, mesmo que baseadas em manuais internacionais. “Só
pudemos utilizar dados de indústrias de transformação, pois serviços e
outras áreas não eram uniformes entre os países. Muitas vezes os
serviços incluídos na pesquisa do Brasil, por exemplo, não estão
incluídos na pesquisa da Malásia.” Também há diferenças em cada caso no
momento de mensuração das empresas; a classificação de tamanho das
firmas nem sempre é com base no volume de funcionários, mas sim no
volume de vendas.
Segundo
a economista, uma das discussões em aberto sobre as pesquisas nacionais
se refere ao levantamento conjunto ou separado de dados de inovação e
de pesquisa e desenvolvimento (P&D). No Brasil, por exemplo, a
Pintec reúne informações dos dois temas no mesmo questionário, mas
há países que separam essas pesquisas.
“Há
vantagens e desvantagens. A reunião de dois tópicos em um só
questionário permite mais espaço para correlacionar as duas variáveis em
uma mesma amostra; além do mais, incomoda-se menos as empresas com um
questionário único, o que pode melhorar a adesão”, enumera Marins.No
entanto, entre os pontos negativos estão: a necessidade de se elaborar
um questionário demasiadamente longo e abrangente e a possibilidade de
o representante da empresa que fornece as respostas ter mais afinidade com inovação do que com P&D, ou vice-versa.
Normalmente
as pesquisas sobre P&D costumam realizar um levantamento censitário
do país, englobando todas as empresas que realizam a atividade. Já as
pesquisas de inovação costumam optar por amostragens que possam
representar uma parte significativa do universo de firmas que
desenvolvem atividades de inovação.
Além
de organizar os dados nacionais, o UIS oferece treinamento para países
ou regiões que queiram conduzir pela primeira vez pesquisas de inovação,
o que permite compreender melhor as vantagens da adoção do Manual de
Oslo, que, apesar de ter pontos a serem melhorados, é a melhor opção
para se definir metodologias, segundo Marins. Fonte: Inovação Unicamp
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