sábado, 13 de julho de 2013

Empreendedores buscam liberdade em micronegócios


 
FILIPE OLIVEIRA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
 
Ao contrário do que se pode imaginar pelo título, "A Startup de $ 100" (ed. Saraiva) não fala de empreendedores que querem virar o próximo Google ou Facebook. 

O autor escapa das teorias tradicionais para a construção de empresas de internet. Sua preocupação está na conquista da liberdade, em que a pessoa consegue viver daquilo que gosta, de preferência trabalhando de qualquer lugar do mundo e com pouco estresse. 

Após uma análise de milhares de histórias de "empreendedores não convencionais", Chris Guillebeau conta que conseguiu encontrar 1.500 exemplos de empreendedores que satisfaziam a maior parte dos pontos que o interessavam. 

No seu radar estavam empreendedores que realizavam atividades pelas quais são apaixonados, investiram menos de US$ 1.000 de capital inicial e conseguiram uma renda mínima de pelo menos US$ 50 mil por ano. Também priorizou negócios que não exigissem conhecimentos específicos.
Editoria de Arte/Folhapress
Daí se chega aos 50 micronegócios que são apresentados durante os capítulos e ilustram as lições que o autor quer passar.

INESPERADOS
 
Entre os "empreendedores inesperados", que descobriram seus negócios ao perder um emprego, se cansar do que faziam ou simplesmente por encontrar um novo modo de chegar ao mercado, estão os designers Jen Adrion e Omarque Noory. A dupla iniciou um negócio de mapas customizados após fazer um de Nova York para usar em uma viagem. Despretensiosamente, colocaram alguns à venda na internet e fizeram sucesso. 

Outra história prosaica exemplifica a visão do autor sobre o empreendedorismo como libertação: Kelly Newsome, que passou a empreender dando aulas de ioga na casa de executivas atarefadas. Sua renda passou a ser de um quarto do que recebia em um escritório de advocacia, mas com mais satisfação pessoal. 

As considerações de Guillebeau são feitas em linguagem direta sem jargões do ramo dos negócios. Em um dos seus ensinamentos, ele compara a possibilidade de encontrar possibilidades a um restaurante em que o chef chama os clientes para ajudar a preparar o prato na cozinha. Ao constatar que a experiência seria desagradável (a menos que a pessoa tivesse ido lá para cozinhar), conclui que o bom negócio não é aquele que ensina a pescar, mas o que dá o peixe. 

PASSO A PASSO
 
O livro também traz momentos de sistematização. Um exemplo é quando mostra como fazer marketing gastando pouco ou aumentar a receita do negócio a partir da cobrança recorrente (receber mensalmente por um serviço, em vez de fazer uma única venda). 

Ao falar sobre como se deve fazer um lançamento de produto, por exemplo, o autor enumera 39 passos que ajudam a manter a expectativa antes, controlar o que acontece durante e manter o sucesso depois. 

Outra passagem memorável, pela ironia de um autor que busca sempre a liberdade, está na descrição do modelo de franquia: "Siga rigorosamente as instruções operacionais impostas pela empresa, sem exceções. Se o negócio tiver sucesso, você ganhará em média US$ 47 mil anuais depois de passar três anos apertando o cinto e trabalhando as mesmas 50 horas por semana que passaria em um emprego formal com muito menos estresse". 

O livro é francamente otimista sobre o empreendedorismo. Mesmo com algumas ressalvas, como quando diz que nem tudo o que gostamos de fazer corresponde a algo que as pessoas estão dispostas a nos pagar. Mesmo assim, há um exagero em especial no "Manifesto" em prol da liberdade que abre o livro. 

Se a pesquisa foi rica em encontrar exemplos de sucesso com baixo investimento, por outro lado pouco se detém sobre os riscos do negócio próprio, fato relevante ao levar em conta que uma em cada quatro empresas fecham em menos de dois anos no Brasil. 

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