segunda-feira, 15 de julho de 2013

Dilma quer mais comércio do Mercosul com países da AL e da União Europeia



 
 
A presidente Dilma, afirmou nesta sexta-feira (12/7), em Montevidéu, que o Mercosul possui uma estrutura econômica diversificada e deve ter uma política comercial e externa que reflita as potencialidades da região.
 
 “Uma nova agenda de inserção externa para o bloco poderia contemplar cronogramas mais acelerados para a negociação comercial entre o Mercosul e outros países da América do Sul e a União Europeia, além de negociações, no âmbito do subcontinente, em serviços e investimentos entre as nossas economias”, afirmou. A presidenta participou da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada, em Montevideu, no Uruguai.

Dilma defendeu a transformação da cooperação entre Mercosul e África numa questão estratégica nessa nova agenda. Para ela, os cinco países integrantes do Mercosul devem estabelecer uma estratégia de integração que contemple a presença competitiva do bloco no mundo e esteja em sintonia com o desenvolvimento das populações locais. 
 
Ao comentar a ampliação do bloco, que iniciou tratativas para a adesão da Bolívia, a presidente disse que a entrada da Venezuela no Mercosul, há pouco menos de um ano, trouxe ganhos “econômicos e de escala” para todos os países do grupo. “A Venezuela amplia a capacidade do Mercosul de irradiação para o norte do continente e em direção ao Caribe à América Central”, disse. 
 
 A Venezuela assumiu a Presidência Pro-Tempore do Mercosul durante a reunião.A presidente ponderou, no entanto, que ainda há uma tarefa importante a realizar: o regresso do Paraguai ao bloco, com a posse do presidente eleito Horacio Cartes. “O país e o povo paraguaio são partes essenciais no destino do Mercosul. Queremos tê-los de volta. Essa é uma tarefa que será perseguida por todos nós”, afirmou.

A 45ª Cúpula do Mercosul terminou com a adesão de um novo membro, a Bolívia, e três duras declarações: todas elas políticas e relacionadas ao escândalo de espionagem, desencadeado pelas revelações Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa que prestava serviço para a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA).O Brasil, a Argentina, o Uruguai, a Venezuela e Bolívia convocaram para consulta seus embaixadores nos quatro países europeus que proibiram o avião do presidente boliviano Evo Morales de sobrevoar seus territórios, no último dia 2 de julho.
 
 Havia a suspeita infundada de que Snowden estava a bordo do avião presidencial.O americano, que está há quase três semanas no setor de trânsito do Aeroporto Internacional de Moscou, é procurado pela Justiça norte-americana, desde que revelou à imprensa que o governo dos EUA monitora telefonemas e e-mails de cidadãos comuns, empresas e funcionários públicos de vários países – inclusive do próprio Estados Unidos. 
 
Quando Evo Morales visitou a Rússia, surgiram rumores de que ele estava transportando Snowden para a Bolívia. Portugal, a Espanha, Itália e França proibiram o avião do presidente de sobrevoar seus territórios, que teve que fazer um pouso não programado na Áustria, onde permaneceu durante13 horas.
 
 “Mesmo que ele [Snowden] estivesse dentro do avião, não se podia fazer isso. Violar tratados internacionais jamais foi feito antes em tempos de paz”, disse a presidenta Dilma Rousseff, em entrevista à imprensa, após o encontro com os presidentes do Mercosul. 
 
Convocar embaixadores “para consultas”, na linguagem diplomática, é uma forma de manifestar um profundo mal-estar. Os presidentes do Mercosul também pediram explicações dos embaixadores europeus em seus países, além de exigir desculpas públicas. 
 
As revelações de Snowden foram motivo de outra declaração dura, que não só condena os atos de espionagem como pede à Organização das Nações Unidas que adote normas para impedir que um país viole a soberania de outro e a privacidade de seus cidadãos.  
 
“É necessário que haja uma discussão sobre segurança”, disse Dilma, na entrevista. “Eu sou amplamente favorável e defendo com unhas e dentes as redes sociais como conquistas para a liberdade de expressão e a democratização de todas as posições. 
 
O Estado não pode usar isso para ser o grande irmão que fiscaliza tudo, que vê tudo e que inibe as pessoas”, disse.Segundo Dilma, o argumento de que é necessário monitorar vidas alheias para combater o crime e o terrorismo é “inaceitável” e incompatível com as garantias democráticas. 
 
Os presidentes do Mercosul também defenderam o direito de um país conceder asilo. Essa posição foi uma resposta às pressões exercidas pelos Estados Unidos a países que ofereceram abrigo político a Snowden – entre eles, a Bolívia, Venezuela e Nicarágua. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, lembrou que o asilo político salvou muitos perseguidos das ditaduras militares latino-americanas. 
 
 “Quando falamos nessas resoluções, sabemos do que estamos falando porque vivemos histórias trágicas e sangrentas”, disse Cristina, em seu discurso.Unidos na sua ação internacional, os países do Mercosul ainda não conseguiram solucionar um problema interno: a reincorporação do Paraguai, um dos quatro membros fundadores, junto com o Brasil, a Argentina e o Uruguai.  
 
O país foi suspenso há um ano, depois da destituição do então presidente Fernando Lugo. O impeachment-relâmpago foi criticado pelos governos da região, que suspenderam o Paraguai do Mercosul até a posse do presidente eleito, Horacio Cartes, no próximo dia 15 de agosto.“Todos nós nos comprometemos a comparecer à posse de Cartes”, disse Dilma.  
 
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro – que assumiu a presidência pro tempore do Mercosul – declarou em seu discurso que quer resolver qualquer mal-entendido com os paraguaios. Mas ele foi considerado “pessoa não grata” pelo Congresso paraguaio, que o acusa de ter interferido nos assuntos internos do país, durante o processo de impeachment de Lugo.Cartes, apesar de dizer que o Paraguai tem interesse de voltar ao Mercosul, não aceita que a Venezuela ocupe a presidência pro tempore do bloco.  
 
opinião pública paraguaia e o Partido Colorado, ao qual Cartes pertence, consideram que foram punidos sem razão, uma vez que a Constituição paraguaia prevê o impeachment de um presidente. 
 
Fonte: Agência Brasil
 

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