segunda-feira, 8 de julho de 2013

Alta do dólar é ótima para o Brasil e para a JBS, segundo Wesley Batista



 
 
A alta do dólar é “ótima” para o Brasil e para a JBS e é um movimento que vai persistir pelos próximos anos, avalia o presidente da gigante global de proteína animal, Wesley Batista. 
 
Para o empresário, o JBS entrou em um ciclo de valorização do dólar, reflexo da recuperação recente da economia americana em decorrência da melhora na balança comercial e da mudança da matriz energética dos EUA, entre outros fatores.

Segundo ele, foram 10 anos de perda de valor do dólar em relação a outras moedas. Nesse período em que o dólar perdeu terreno, os EUA ganharam competitividade – o que permite a atual recuperação – enquanto os países emergentes, entre eles, o Brasil “ficaram caros”.

O JBS, que anunciou em junho a compra da Seara Brasil do Marfrig, aproveitou o dólar estava fraco e fez aquisições nos EUA, como a Swift Foods em 2007 e a Pilgrim’s Pride em 2009. Batista diz que compraram ativos que estavam depreciando-se lá fora.

Dessa forma, como boa parte das operações do JBS fica nos EUA, a fatia da receita em dólar é elevada, um dado favorável em tempos de alta da moeda americana. Hoje, segundo Batista, 65% das receitas da companhia são em dólar. O índice inclui as exportações feitas a partir do Brasil, que também ficaram mais competitivas, lembra o empresário.

Mas se favorece a receita, a alta do dólar também tem impacto nas dívidas em moeda americana, o que no caso do JBS alcança 70% do endividamento líquido, que era de R$ 15,678 bilhões no fim do primeiro trimestre deste ano. O presidente assevera que existe política de hedge na empresa, e afirma que tem uma boa gestão sobre a exposição cambial do grupo.

A empresa, aliás, foi questionada recentemente pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre o elevado volume de operações com derivativos no mercado. Sobre o tema, Batista disse que o JBS continuará com a administração de riscos, utilizando instrumentos que o mercado oferece.

A mudança no cenário do câmbio não é o único assunto que entusiasma o empresário, que entre 2007 e o início de 2011 comandou a JBS USA, nos Estados Unidos. A recente aquisição da Seara Brasil, que elevará o faturamento anualizado da JBS a R$ 100 bilhões, virou um dos temas mais importantes no dia a dia de Batista.

A compra da companhia, por meio da assunção de dívidas de R$ 5,85 bilhões do Marfrig, amplia a alavancagem (relação entre Ebitda e dívida líquida) do JBS, o que acentuou o mau humor dos investidores na bolsa, num momento em que o mercado estava em queda generalizada. 

Desde o dia anterior ao anúncio da aquisição (7 de junho) até ontem, as ações da empresa recuaram 8,7%, ainda que tenha havido alguma recuperação nos últimos dias. No mesmo período, o Ibovespa caiu 11,34%.

Em referência à valorização dos papéis da empresa na bolsa a partir da última semana de junho, Batista disse que as ações estão voltando. Ele afirma ver com “naturalidade” os movimentos de baixa do mercado que se seguem a aquisições. O presidente exemplifica outra aquisição feita pelo JBS, mais desafiadoras do que a Seara: a Pilgrim’s (em 2009), a ação dela estava em US$ 5. Agora está em US$ 15, de acordo com Batista.

Ele avalia que, à medida que o investidor vai entendendo o negócio, isso se reflete nas ações, referindo-se ao compromisso de desalavancagem do JBS. O indicador era de 3,4 vezes no fim do primeiro trimestre deste ano, mas alcança 4,4 vezes atualmente, conforme relatório do Bradesco sobre o setor de alimentos. O JBS já informou que buscará renegociar as condições da dívida do Marfrig que assumiu junto a bancos.

Convencer o investidor de que a Seara é um bom negócio é só mais um dos desafios da empresa. Outra tarefa é enfrentar a concorrente BRF. No mercado, fala-se que a Seara nas mãos do JBS deve ser uma empresa muito mais forte e competitiva do que era quando estava sob o controle do Marfrig.

Questionado se a empresa pode disputar de igual para igual com a BRF no mercado doméstico, onde esta lidera em industrializados de carnes, Batista afirma que toda empresa, de qualquer setor tem potencial para ganhar espaço de outra, mas isso é fruto do que se faz todos os dias. Não é de um dia para outro que se conquista o consumidor.

No mercado externo, porém, o JBS consolida sua posição como a maior exportadora de carne de frango do mundo após a aquisição da Seara e vai usar sua ampla plataforma internacional para comercializar os produtos da empresa. Com a aquisição da Seara, o JBS terá mais 39 unidades de produção no Brasil, entre frango, peru, suínos e alimentos processados. O número eleva a cerca de 120 o total de plantas da empresa só no Brasil. Segundo o presidente do JBS, ainda é cedo para concluir se serão necessários ajustes na operação da Seara.

Fonte: BeefPoint (texto baseado no jornal Valor Econômico)
 

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