Resultados no 2º tri de gigantes como Coca-Cola são afetados por desaceleração brasileira
Empresas já começam a reduzir estimativas de crescimento; outros emergentes também enfrentam problemas.
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULOEmpresas já começam a reduzir estimativas de crescimento; outros emergentes também enfrentam problemas.
O aumento do consumo dos brasileiros perdeu a vez nos resultados das
multinacionais que atuam no país e deu lugar a queixas sobre baixo
crescimento econômico, inflação, depreciação cambial e os impactos dos
protestos nas vendas de junho.
As reclamações sobre o Brasil marcam o tom dos balanços do segundo
trimestre e das entrevistas a analistas de gigantes como Coca-Cola,
Electrolux, Whirlpool, Unilever e Lexmark. Muito diferente dos anos
anteriores, quando o gasto crescente dos brasileiros era comemorado.
Até o empresário Eike Batista foi citado: a derrocada de seu
conglomerado afetou o lucro líquido da norte-americana General Electric.
A empresa registrou uma baixa contábil de US$ 108 milhões no balanço do
segundo trimestre por causa de um investimento de US$ 300 milhões feito
no grupo EBX.
QUEIXAS
A Coca, cuja taxa de aumento de vendas na América Latina caiu à metade
entre o primeiro e o segundo trimestre (de 4% para 2%), citou "desafios
macroeconômicos" nos principais mercados --leem-se Brasil e México--,
como nível de endividamento, inflação e protestos no país.
"A taxa de crescimento da indústria de bebidas está de 1,5 a 2 pontos
percentuais abaixo da média dos últimos quatro anos na América Latina",
disse Muhtar Kent, presidente da Coca, durante teleconferência com
analistas.
A desaceleração do setor afetou também a Ingredion, fornecedora de insumos para os fabricantes de bebidas.
"A economia brasileira está, de certa forma, estagnada e as nossas
vendas para a indústria de cerveja continuam fracas", disse Ilene
Gordon, presidente da Ingredion.
Em companhias com custos em dólar, a depreciação cambial afetou os
balanços. "Nossos resultados foram impactados por aumento de custos. A
valorização do dólar ante o real tornou matérias-primas mais caras",
afirmou a analistas Keith McLoughlin, presidente da Electrolux.
A rival Whirlpool, dona da Brastemp, reduziu a sua estimativa de
crescimento para o setor. "Vimos uma desaceleração da indústria,
principalmente em junho, devido aos protestos no Brasil. Então decidimos
reduzir nossa expectativa para a demanda na região", disse Jeff Fettig,
presidente da empresa.
A maioria dos problemas, no entanto, não é exclusiva do Brasil. A
desaceleração no consumo é destacada em vários países emergentes. Por
outro lado, as multinacionais comemoram a recuperação dos Estados
Unidos.
"Após uma desaceleração da indústria em junho, devido aos protestos, reduzimos a nossa expectativa para a demanda na região"
Jeff Fettig, presidente da Whirlpool
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