NOVA YORK - A
venda pela BlackRock de 70% de sua carteira de títulos da OGX,
companhia de petróleo e gás de Eike Batista, antes da queda recorde de
valores dos papéis pode ter evitado que a gestora sofra com perdas
multimilionárias como outros fundos, entre os quais a Pimco. Isso
porque, enquanto a BlackRock vendia, a Pimco, uma das maiores gestoras
de fundos de renda fixa do mundo, instensificava a compra de títulos da OGX.
Relatório mais recente da BlackRock enviado a autoridades
regulatórias mostra uma exposição atual de US$ 69 milhões em bônus da
petroleira, posição que já chegou a mais de US$ 220 milhões.
Os preços dos títulos da OGX com vencimento em 2018, que têm valor de face total de
US$ 2,56 bilhões, afundaram para um recorde negativo de 16 centavos de
dólar. Os papéis valiam 77,6 centavos no fim de março e 89,7 centavos em
setembro de 2012, o que faz a petroleira ganhar a posição de pior
performance de ativos do gênero em mercados emergentes.
O abismo em que caíram os títulos, deflagrado pelo fracasso da
companhia em entregar a produção de óleo prometida, mostrou que a
decisão da BlackRock foi acertada em meio ao que poderia se tornar o
maior default privado da história do mercado latino-americano. O Credit
Suisse estima que a OGX vai terminar o ano com apenas US$ 13 milhões em
caixa.
"Sem receita, os acionistas não têm muito com o que contar e estou
certo de que no fim da história os detentores de títulos também não",
disse Arthur Byrnes, que administra cerca de US$ 1 bilhão em ativos,
como diretor sênior da Deltec Asset Management. Deltec vendeu todos os
bônus que detinha da OGX, afirmou. "A grande lição dessa história é que
não se deve comprar promessas", concluiu.
Os relatórios da BlackRock mostram que a maior gestora do mundo
vendeu US$ 160 milhões em títulos da OGX nos últimos seis meses. No
movimento contrário, a Pimco aumentou a posição em bônus da OGX com
vencimentos em 2018 e 2022, de junho de 2012 a março, saindo de US$ 170
milhões para US$ 576 milhões.
Tanto Pimco quanto BlackRock declinaram em comentar as posições e
estratégias dos fundos em relação aos títulos de OGX. A companhia de
Eike Batista também não quis responder sobre a situação de sua dívida e
negou que esteja reestruturando o débito em dólar.
O fundo de alto retorno da BlackRock (High Yield Portfolio), que tem
sob administração US$ 10 bilhões e gerou retorno de 91% em cinco anos,
vendeu toda a carteira de US$ 114 milhões de títulos da OGX entre junho
de 2012 e março de 2013, quando os papéis eram negociados a 88,2
centavos de dólar, conforme relatórios entregues às autoridades
reguladoras.
Se a OGX não pagar a dívida, será o maior default privado da história
da América Latina, segundo dados compilados pela agência Moody's, quase
o dobro da moratória do argentino Banco de Galicia y Buenos Aires, em
2002.
"Uma reestruturação da dívida parece ser iminente", disse Jack Deino,
gestor da Invesco, que administra US$ 1,8 bilhão em títulos de mercados
emergentes.
(Bloomberg News)
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