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Com
o dólar em alta, os micro e pequenos importadores - que compram
produtos em dólar e revendem em real - têm pela frente o desafio de
manter a clientela sem reduzir a margem de lucro e prejudicar as
finanças do negócio.
A
equação parece difícil de ser resolvida, mas segundo Carlos Alberto dos
Santos (foto), diretor-técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (Sebrae ), é possível vencer a alta do dólar sem trazer grandes danos ao negócio.
Primeiramente,
destaca o consultor, o empresário precisa avaliar se houve impacto no
estoque da empresa, pois é possível que o produto adquirido não tenha sofrido tanto com o câmbio. Em segundo lugar, orçamentos de longo prazo devem ser evitados.
E
na hora de fazer novos pedidos, vale considerar a troca de insumos
estrangeiros por versões nacionais, cotadas em real. "O ideal é buscar
no mercado interno produtos que
possam substituir aqueles usualmente adquiridos", aconselha Joseph
Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi).
Mas
se a empresa é 100% importadora e não tem espaço para artigos
brasileiros, negociar desconto e prazo de pagamento com fornecedores é
uma saída para não repassar um alto reajuste ao consumidor, segundo Santos, do Sebrae.
Prejudicado
pela alta do dólar ao negociar produtos com a cotação do mês passado,
Wilson Ribeiro, de 47 anos, dono da JUK Industrial, importadora de
peças, criou uma estratégia para não perder mais dinheiro: passou a
vender em dólar e só manter o orçamento aos clientes durante dois dias.
Ou seja, aboliu a negociação antecipada.
"Se
o consumidor não aceita comprar o produto na moeda americana, eu jogo o
valor lá para cima para reduzir meu risco. Também parei de fazer orçamento
e concretizar o negócio depois de semanas. Com o dólar variando desta
forma, o preço muda de um dia para o outro", explica o empresário.
Quando
o empreendedor está prestes a comprometer as finanças do negócio, como
ocorreu com Ribeiro, a solução é abrir o jogo com o consumidor, alerta
Simone Oliveira, presidente da consultoria America Expert. "O cliente
quer um parceiro no negócio, não simplesmente um fornecedor. Se o preço teve que ser reajustado, o empreendedor precisa deixar isso claro.
"Foi
o que fez o empresário do ramo de vinhos Orlando Pinto Rodrigues
Júnior, de 51 anos, dono da Premium Importação e Exportação. Surpreso com
a valorização da moeda americana, ele não só negociou preços e prazos
com os fornecedores, como decidiu manter o diálogo aberto com os clientes explicando o porquê do reajuste de 6% a 10%.
"Tivemos
de repassar um pouco do aumento aos consumidores porque tenho vários
contêineres chegando já com os novos preços. Não posso mcomprometer minha empresa por causa do descontrole da economia", diz o empresário.
De
acordo com Carlos Eduardo Furlanetti, professor do Programa de
Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração (FIA),
as micro e pequenas empresas são
mais suscetíveis à variação cambial porque possuem menos capital de
giro para cobrir possíveis imprevistos.
Por
este motivo, os pequenos importadores devem priorizar produtos menos
expostos à concorrência. "A venda de commodities, por exemplo, está muito
ligada ao preço. Perfumes importados, contudo, não estão tão sujeitos à
variação cambial porque o consumidor, na maioria das vezes, está disposto a pagar um preço mais caro por eles", explica o professor.
Para
os que temem mais uma decolada do dólar, uma boa notícia: a alta deve
cessar neste segundo semestre, segundo os especialistas ouvidos pelo iG.
"A tendência é que o dólar caia conforme a melhora da economia dos EUA. No entanto, o empresário precisa sempre acompanhar o noticiário nacional e internacional para estar preparado para mudanças no setor financeiro", adverte Furlanetti.
Veja dicas para lidar com a alta do dólar:
- - Evite acumular estoque
- - Avalie a venda de insumos nacionais
- - Priorize produtos com baixa concorrência no mercado
- - Acompanhe o noticiário nacional e internacional
- - Negocie prazos de pagamento e valores com fornecedores
- - Reajuste preços e seja transparente com os consumidores
- - Reduza a margem de lucro sem prejudicar as finanças do negócio
- - Em último caso, faça um hedge cambial (proteção contra oscilação monetária)
Fonte: Brasil Econômico |
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