As
negociações entre EUA e a União Europeia (UE) em busca de um acordo de
livre comércio prosseguem nesta terça-feira em Washington em um clima de tensão após as revelações de espionagem norte-americana.
O representante do Comércio Exterior
norte-americano, Michael Froman, e o chefe negociador europeu, Ignacio
García Bercero, lideram esta rodada de discussões sobre uma das principais zonas de livre comércio do mundo, com 820 milhões de habitantes.
O processo está cambaleante depois de
ser revelada a espionagem norte-americana a seus sócios da UE; Paris
ameaçou suspender as discussões antes da solução sugerida pela Alemanha, de lançar as conversações e exigir, ao mesmo tempo, esclarecimentos de Washington.
"Os governos da UE poderão se opor um
pouco aos EUA, mas isso não terá efeito a longo prazo sobre o acordo",
estima Joshua Meltzer, da Brookings Institution de Washington.Gary Hufbauer, pesquisador do Peterson
Institute, prevê fortes atritos em matéria de transferência de dados
pessoais e particularmente bancários.As barreiras alfandegárias não são um
problema: já são frágeis de ambos os lados, abaixo de 3% em média e sua
eliminação é quase um consenso, apesar de alguns setores continuarem sendo protegidos (nos EUA as tarifas sobre o calçado possam atingir 50%, por exemplo).
As negociações devem se concentrar
então nas regulamentações e normas que os produtos devem cumprir para
que sua venda seja autorizada."Isso poderia marcar verdadeiramente
uma diferença. É muito caro para uma empresa se adequar às regras
exigidas por outros países e isto pode frear o comércio", considerou Hufbauer.
A UE não renunciará facilmente a suas
normas fitossanitárias e ao princípio de precaução invocado, por
exemplo, para justificar a proibição de produção e consumo de produtos agrícolas norte-americanos geneticamente modificados.
Os EUA poderiam, por sua vez, valer-se
de leis como as chamadas "Small Business Act" para pequenas empresas, ou
"Buy American Act", que promove
as compras de produtos norte-americanos, para reservar certos mercados
públicos como prioritários para as empresas norte-americanas de pequeno porte.Com um acordo, os norte-americanos
poderiam reduzir seu déficit comercial: em 2012 importaram US$ 380,8
bilhões de bens provenientes da Europa
e exportaram muito menos, US$ 265,1 bilhões.
Contudo, recuperam terreno
se for considerada a venda de serviços, em particular financeiros e de informática.Para a UE o que está em jogo é ainda
mais importante: uma possibilidade de combater a recessão que atinge a
zona do euro há 18 meses e se beneficiar do moderado crescimento de seu sócio do outro lado do Atlântico.
Fonte: redação com agências |
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