terça-feira, 9 de julho de 2013

Nem pra mim nem pra você!

Zona de Negociação é um conceito original em situações de interação e influência. De certa forma, é a amplitude desse espaço imaginado que decide se vai ocorrer algum tipo de acordo e em que dimensão.

O movimento de bloqueio de algumas estradas no Brasil nos últimos dois dias é um exemplo lamentável de situação com zona negocial zero. Se a intenção era negociar, a agressiva tática do ou dá ou desce que foi utilizada por quem liderou o protesto radicalizou o processo e inviabilizou uma solução negociada.

O que vier depois vai precisar amortizar os excessos de agora e agregar um pouco mais de bom senso ao processo.

Uma zona negocial raramente preexiste ou ocorre à parte das intenções e ações proativas dos negociadores e demais interessados. Ela precisa ser cocriada pelos interlocutores da situação e se manifesta pela convergência de ações e comportamentos visando construir um acordo mutuamente viável.

Um exemplo que ilustra bem o conceito é a cena da banheira protagonizada por Richard Gere e Julia Roberts no popular filme Uma Linda Mulher, de 1990. Eles fecham uma semana de acompanhamento por US$3,000. Na conclusão da cena, a personagem de Julia diz que teria ficado por US$2,000 e o personagem de Gere diz que terai pago US$4,000. Bingo!

O exemplo ganhou uma nova versão agora no final de 2012. Saiu Julia, mas Richard Gere continuou firme defendendo de forma lúdica e inteligente esse importante conceito.

A cena ocorre dessa vez no filme Arbitrage, traduzido no Brasil como A Negociação. Neste novo filme Gere é um milionário que está prestes e vender sua companhia para um grande banco.  O negócio está amarrado. Ele procura o outro negociador e provoca uma oferta.

O comprador oferece 450 milhões, o vendedor pede 550 e o negócio  é fechado por 525 milhões de dólares. Bingo de novo!

Para não perder o costume, antes de sair pergunta ao comprador quanto este teria pago. 600 milhões! Quanto teria aceito? 475, responde, e depois corrige para 400 milhões.

Os limites da zona negocial são definidos pelo mínimo que um aceita e pelo máximo que o outro pode pagar. Como as duas cenas também ilustram, ninguém vai direto ao ponto.

Em situações reais, quem oferece começa abaixo do que pretende pagar e quem pede o faz acima do que espera, de fato, receber. Quando um e outro não exageram nem radicalizam nos valores, a negociação avança para o pragmático nem pra mim, nem pra você.

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