sábado, 5 de abril de 2014

Lula se reúne com Dilma e diz que é preciso evitar CPI


Ex-presidente e sucessora traçam estratégia a fim de minimizar os danos das suspeitas que recaem sobre a compra de refinaria



Vera Rosa e Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo 
 
Brasília - Em encontro de três horas, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversaram nesta sexta-feira, 4, a sós sobre a crise política e a tentativa da oposição de instalar uma CPI da Petrobrás para fustigar o governo na campanha eleitoral. Lula avalia que o Palácio do Planalto deve fazer de tudo para segurar a CPI, considerada uma "arma" perigosa na direção de Dilma.
A reunião entre a presidente e seu padrinho político ocorreu em um elegante hotel da zona sul de São Paulo e foi a primeira depois que veio à tona a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, pela Petrobrás. O negócio é investigado pelo Ministério Público Federal e pelo Tribunal de Contas da União por suspeitas de superfaturamento. 

Na avaliação de Lula, Dilma está na defensiva e precisa reagir, intensificando viagens para mostrar que o governo está fazendo. Para ele, a campanha começa a esquentar agora, porque, além do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Dilma terá em seu encalço o presidente do PSB, Eduardo Campos, que deixou o governo de Pernambuco nesta sexta

Aécio e Campos serão adversários da presidente na disputa pelo Planalto e acertaram uma ofensiva conjunta para montar a CPI da Petrobrás. A estratégia do governo para inviabilizar a apuração do superfaturamento nos negócios da estatal consiste em apresentar sempre novos pedidos de CPI. 

Após vários movimentos de idas e vindas do Planalto, a ideia agora é bater na tecla da necessidade de ampliar o foco das investigações - atingindo, por exemplo, o cartel do Metrô em São Paulo e denúncias de irregularidades no Porto de Suape, em Pernambuco -, para desgastar Aécio e Campos. Na prática, o governo conta com a proximidade da Copa e do calendário de campanha eleitoral para enterrar de vez a CPI. 

Lula avalia que Dilma acabou puxando a crise para o Planalto quando disse que só votou favoravelmente à compra de Pasadena porque recebeu laudos incompletos sobre o negócio. 

Na época, Dilma era ministra da Casa Civil e presidia o Conselho de Administração da estatal. Lula não gostou de ver sua sucessora praticamente apontando o dedo para José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás e indicado por ele para o cargo. 

Sem avisar. A conversa desta sexta entre Dilma e Lula não constava da agenda presidencial. O compromisso só foi incluído ali à noite, quase cinco horas após ter ocorrido. 

A portas fechadas, o ex-presidente mostrou a Dilma o roteiro que pretende percorrer nesse início de campanha, disse esperar que a cúpula do PT resolva os problemas para a montagem de palanques estaduais com o PMDB e prometeu ir logo a Pernambuco, Estado onde ele e Campos nasceram. 

Dilma quer que o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também participe do núcleo de sua campanha à reeleição, que é coordenada pelo presidente do PT, Rui Falcão, para ajudá-la na região Nordeste.

Militância vira critério para receber moradia do Minha Casa Minha Vida

Onze das 12 entidades com projetos aprovados pelo Ministério das Cidades são dirigidas por filiados ao PT; quem marca presença em protestos e até ocupações ganha prioridade na fila da casa própria em São Paulo


Adriana Ferraz e Diego Zanchetta, O Estado de S.Paulo

Líderes comunitários filiados ao PT usam critérios políticos para gerir a maior parte dos R$ 238,2 milhões repassados pelo programa Minha Casa Minha Vida Entidades para a construção de casas populares na capital. Onze das 12 entidades que tiveram projetos aprovados pelo Ministério das Cidades são dirigidas por filiados ao partido. Suas associações privilegiam quem participa de atos e manifestações de sem-teto ao distribuir moradias, em vez de priorizar a renda na escolha. Entre gestores dos recursos, há funcionários da gestão de Fernando Haddad (PT), candidatos a cargos públicos pela sigla e até uma militante morta há dois anos.

A partir de repasses diretos, as associações selecionadas pelo governo federal escolhem quem vai sair da fila da habitação em São Paulo. Os critérios não seguem apenas padrões de renda, mas de participação política. Quem marca presença em eventos públicos, como protestos e até ocupações, soma pontos e tem mais chance de receber a casa própria.

Para receber o imóvel, os associados ainda precisam seguir regras adicionais às estabelecidas pelo programa federal, que prevê renda familiar máxima de R$ 1,6 mil, e prioridade a moradores de áreas de risco ou com deficiência física. A primeira exigência das entidades é o pagamento de mensalidade, além de taxa de adesão, que funciona como uma matrícula. Para entrar nos grupos, o passe vale até R$ 50.

Quem paga em dia e frequenta reuniões, assembleias e os eventos agendados pelas entidades soma pontos e sai na frente. O sistema, no entanto, fere o princípio da isonomia, segundo o advogado Márcio Cammarosano, professor de Direito Público da PUC-SP. “Na minha avaliação, esse modelo de pontos ainda me parece inconstitucional, além de escandaloso e absolutamente descabido. Ele exclui as pessoas mais humildes, que não têm condições de pagar qualquer taxa ou mesmo de frequentar atos públicos”, afirma.


50 mil pessoas. 

Os empreendimentos são projetados e construídos pelas associações, que hoje reúnem uma multidão de associados. São mais de 50 mil pessoas engajadas na luta pelo direito à moradia. Além das entidades dos petistas, há ainda uma outra dirigida por um filiado ao PCdoB.

A força política dos movimentos de moradia, que só neste ano comandaram mais de 50 invasões na cidade, pressionam não só o governo federal, mas a Prefeitura. Em agosto, Haddad publicou um decreto no qual se comprometeu a permitir que entidades possam indicar parte das famílias que serão contempladas com moradias em sua gestão. A promessa de campanha é entregar 55 mil até 2016 – as lideranças querem opinar sobre 20 mil desse pacote.

O cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV, ainda alerta para o um efeito colateral do esquema implementado na capital pelas entidades, que é a cooptação política dos associados, com fins eleitorais.
“O governo deve imediatamente intervir nesse processo e rediscutir as regras. Isso remete ao coronelismo. Além disso, a busca pela casa própria não pode ser um jogo, onde quem tem mais pontos ganha.”


Quem é quem. 

A maior parte das entidades é comandada por lideranças do PT com histórico de mais 20 anos de atuação na causa. É o caso de Vera Eunice Rodrigues, que ganhou cargo comissionado na Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab) após receber 20.190 votos nas últimas eleições para vereador pelo partido. 

Verinha, como é conhecida, era presidente da Associação dos Trabalhadores Sem Teto da Zona Noroeste até março deste ano – em seu lugar entrou o também petista José de Abraão. A entidade soma 7 mil sócios e teve aval do Ministério das Cidades para comandar um repasse de R$ 21,8 milhões. A verba será usada para construir um dos três lotes do Conjunto Habitacional Alexius Jafet, que terá 1.104 unidades na zona norte.

No ano passado, Verinha esteve à frente de invasões ocorridas em outubro em prédios da região central, ainda durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD), e em pleno período eleitoral. Em abril, foi para o governo Haddad, com salário de R$ 5.516,55. A Prefeitura afirma que ela está desvinculada do movimento e foi indicada por causa de sua experiência no setor. 

Outra entidade com projeto aprovado – no valor de R$ 14 milhões –, o Movimento de Moradia do Centro (MMC), tem como gestor Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, filiado ao PT há mais de 30 anos e atual candidato a presidente do diretório do centro. Com um discurso de críticas à gestão Kassab e de elogios a Haddad, ele também nega uso político da entidade. “Qualquer um pode se filiar a nós e conseguir moradia. Esse é o melhor programa já feito no mundo”, diz sobre o Minha Casa Minha Vida Entidades.



Ministério diz que desconhece esquema de pontuação. 


O Ministério das Cidades afirmou desconhecer que a presença em atos públicos, como protestos e ocupações, renda pontos às pessoas que lutam por uma moradia na capital. A pasta informou apenas que as entidades podem criar regras adicionais às estabelecidas pelo Minha Casa Minha Vida, sem a necessidade de aprová-las no governo.

Da mesma forma, o ministério disse que não pode interferir em regras internas dos movimentos de moradia e, por isso, não tem como impedir a cobrança de taxas e mensalidades.

O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP), não quis dar entrevista. Por meio de nota, sua assessoria ressaltou que as entidades não são selecionadas, mas habilitadas a receber verba mediante o cumprimento de uma série de atribuições, como dar apoio às famílias no desenvolvimento dos projetos, assim como na obtenção da documentação necessária. O processo não segue, segundo a pasta, critérios políticos. Além disso, as associações devem se submeter a uma prestação de contas, feita pela Caixa Econômica Federal, que financia as unidades.

6 hábitos do brasileiro no trabalho que gringos não entendem

Como em qualquer relação com culturas diferentes, brasileiros podem ter alguns desafios ao trabalhar com outros povos; veja quais são os mais comuns

Share999
Getty Images
Pessoa com bandeira do Brasil pintada no rosto
Pessoa com bandeira do Brasil pintada: para especialistas, brasileiros tendem a emitir sinais contraditórios no ambiente de trabalho - e isso confunde estrangeiros

São Paulo – As empresas estrangeiras já não são as únicas a ultrapassar as fronteiras dos países de origem para, em alguns casos, mirar o Brasil. Mais e mais, as nacionais também estão ampliando seu campo de atuação e fincando bandeiras em outros territórios.

Uma prova disso é uma pesquisa da Fundação Dom Cabral que mostra que o índice de internacionalização das companhias brasileiras pulou para 18% em 2012 - dois pontos acima do registrado em 2010.

Entre 2012 e 2013, por outro lado, o número de carteiras de trabalho emitidas para estrangeiros no país cresceu mais de 50%, segundo dados publicados no G1. Em outros termos, seja aqui ou no exterior, o contato do brasileiro com diferentes culturas aumentou – e o número tende a crescer nos próximos anos.

Por natureza, a cultura tupiniquim tende a ser mais aberta para o que é novo ou diferente. Mas, mesmo assim, temos alguns pontos de choque quando em contato com outros povos. Principalmente, quando o cenário para este encontro é o mercado de trabalho.

“O conflito cultural nasce porque tivemos experiências pessoais específicas e construímos, a partir delas, ritos e comportamentos”, diz Fabiana Gabrieli, professora da HSM Educação.

De fato, a imagem que se cria sobre um povo não é verdade para todos que estão inseridos naquele grupo. É só você pensar: nem todo brasileiro gosta de samba, futebol e feijão com arroz – características que fazem parte do nosso estereótipo no exterior.

Mas há características gerais que marcam uma dada cultura, como explica a consultora Jussara Nunes, da LCO Partners, que vive há 11 anos na Holanda.

Por isso, as atitudes listadas a seguir são fruto de uma reputação mais geral criada pelos brasileiros no mundo corporativo e baseadas nas experiências de três especialistas no assunto. Confira.

1 Rodear e rodear para, enfim, chegar ao ponto

O principal desafio do brasileiro ao lidar com outras culturas está, vejam só, na comunicação. E não é só uma questão de fluência em outro idioma. O que “pega” para os estrangeiros é a maneira como nos expressamos.

“O brasileiro precisa explicar antes de chegar ao ponto”, afirma Jussara. “Os anglo-saxões, em geral, vão direto ao ponto: falam primeiro o que querem e, depois, tecem uma conversinha conforme o que o outro pede”.

Pode parecer um pequeno detalhe, mas, na prática, esta diferença pode comprometer a relação profissional. “As pessoas chegam a ficar irritadas”, diz a especialista.

2 Usar o “sim” como um “talvez” 

“A gente não quer ferir a outra pessoa, vamos falando devagarinho e, às vezes, não somos totalmente francos ou diretos”, diz Jussara. 

Assim, o “sim” vira “talvez”; o “talvez”, “não” e o “não” propriamente dito nunca aparece – nas promessas, é claro, porque na prática, está presente o tempo todo. Diante disso, estrangeiros tendem a ficar confusos e, no pior dos cenários, frustrados. 

3 Querer amigos, não colegas 

Pesquisa da EY divulgada no mês passado mostra que o colega de trabalho ideal para quem mora no Brasil é inspirador, motivador, amigável e sociável.

Ou seja, na prática, mais do que alguém que ajude a conseguir bons resultados, o brasileiro quer trabalhar com pessoas com quem seja fácil se relacionar. 

“O brasileiro tende a focar no relacionamento. Primeiro, ele tem que confiar e se dar bem. Depois, vem a tarefa”, diz Jussara.

Isso se materializa, por exemplo, nas (“necessárias”) conversas pessoais antes de começar uma reunião, na ocupação do espaço do outro (nos comuns contatos físicos) e até em nossa (velada) dificuldade em separar o que é profissional do que é pessoal. 

“Você dá beijinho, mostra a fotos dos filhos, coloca um pouco de sentimento nas relações”, diz Cristina Santos, da EMDOC. Em outras culturas, o tom é outro: “viemos aqui para fazer negócios, não amigos”, descreve a especialista. 

4 Ajustar o alcance da visão

Segundo Fabiana Gabrieli, da HSM Educação, o brasileiro tende a ter uma visão de negócios focada no curto prazo. “Queremos fechar negócio, fazer movimentos rápidos”, diz. “Enquanto na cultura oriental, por exemplo, as pessoas não fazem negócios com quem não conhecem”. 

Por outro lado, tendo em vista as condições do mercado no Brasil, aprende-se desde cedo que, muitas vezes, é preciso improvisar. Com isso, apesar de não elaborar planos rígidos, por exemplo, o brasileiro tende a guardar na manga um plano B. “Ou C ou D”, brinca Jussara. 

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5 Buscar exceções – o tempo todo 

“Nosso cotidiano é repleto de exceções”, diz Cristina. É o código de conduta que não é seguido à risca; a lei que, na prática, “não é bem assim” e por aí vai. 

Isso não é válido em outras culturas. “Tendemos a ser indisciplinados, precisamos trabalhar com regras rígidas para que o "jeitinho" seja controlado”, afirma Fabiana.

Quando em contato com outras linhas corporativas, o brasileiro, além de ler, precisa seguir o manual – sem criar atalhos. 

6 Não andar no ritmo dos ponteiros 

Uma consequência desta cultura de flexibilidade é a maneira como lidamos com o tempo. Atrasos fazem parte da rotina de muitas corporações por aqui. Quantas vezes, por exemplo, você foi pontual e teve que esperar alguns bons minutos para que a reunião começasse?

Em outros países ou culturas, esta rotina é quase um insulto. E não levar isso em conta quando você trabalha em equipes multiculturais pode ser danoso para a sua própria carreira. 

Brasil só resgata 4% do dinheiro lavado no exterior


País chegou a bloquear quase R$ 1 bilhão em nove anos, mas só R$ 40 milhões retornaram. Ministério da Justiça culpa excesso de recursos pelo baixo índice de “repatriação” do dinheiro

TJAP
Isalino, do Ministério da Justiça: é preciso "asfixiar" financeiramente as organizações criminosas

Vila Velha (ES) – O Brasil conseguiu bloquear US$ 400 milhões (o equivalente a R$ 912,8 milhões) de dinheiro lavado e escondido no exterior entre 2004 e 2013. Entretanto, apenas R$ 40 milhões, ou 4% do total, foram “repatriados”, ou seja, voltaram ao país. Quem afirma é o coordenador-geral de Recuperação do Departamento de Recuperação e Cooperação Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, o delegado Isalino Giacometi Júnior. Ele culpa o lento processo judicial pela baixa retomada do dinheiro.
Em palestra no 6º Congresso dos Delegados da Polícia Federal, em Vila Velha e Vitória, nesta quinta-feira (3), o delegado disse que o bloqueio chegou a US$ 3 bilhões, quando foram mantidos “sequestrados” recursos do fundo do Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Mas ele conseguiu desfazer o bloqueio na Justiça.

Isalino afirmou ao Congresso em Foco que mais eficiente que manter uma organização criminosa atrás das grades por poucos dias – até seus advogados conseguirem soltá-los com habeas corpus – é “asfixiar” financeiramente o grupo. Por isso, bloquear  e repatriar o dinheiro desviado é importante.  “A polícia e o Ministério Público não podem pensar só em prender a pessoa, porque ela não fica presa por muito tempo. Logo consegue um recurso”, disse ele, em entrevista ao site.

A demora na recuperação do dinheiro impressiona. Só recentemente US$ 4,9 milhões desviados em 1999 das obras do prédio superfaturado do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo retornaram ao país. O episódio rendeu a prisão do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto e a cassação do então senador Luiz Estêvão (DF).

Isalino explicou ao site que um dos principais mecanismos de lavar dinheiro é esconder os valores no exterior. Primeiro, porque o sistema bancário brasileiro permite facilmente que contas e clientes sejam rastreados. Segundo, por causa das vantagens de mandar para fora os valores da corrupção, da sonegação, do tráfico e de outros crimes. Dentre elas, abrir contas sem identificação, ou em nome de empresas de fachada ou de offshores.


Judiciário lento


O delegado disse ser preciso mudar a legislação processual para acelerar a retomada das cifras.  Hoje, só quando o caso é encerrado totalmente no Brasil, o chamado “trânsito em julgado”, é possível repatriar o dinheiro. No Senado, uma PEC que estava na pauta desta semana pretende fazer com que recursos ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) não impeçam um juiz de executar a sentença. Isalino disse à reportagem que a medida seria “um grande avanço”.

Ele afirmou a uma plateia de delegados que parte até do que foi recuperado só voltou para o Brasil pela ação de terceiros – e não do Judiciário. Uma ação judicial na Suíça – país que, ao contrário do que acontecia no passado, passou a colaborar efetivamente, segundo Isalino – terminou primeiro que um processo idêntico no Brasil, permitindo que o valor fosse trazido de volta para o país.

Mas não foi possível trazer os valores de volta imediatamente. O juiz brasileiro teve de desfazer sua ordem de bloqueio para, aí sim, os valores serem repatriados.

Valores referentes a obras de arte do banqueiro Edemar Cid Ferreira, do extinto Banco Santos, só retornaram ao país, depois que os ex-clientes conseguiram a decretação de falência da instituição financeira.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Nestlé explica a diferença entre preços de ovos de páscoa e barras de chocolate


A empresa afirma que os ovos de Páscoa necessitam de transportes e embalagens especiais

Redação, Administradores.com,
Reprodução/Jorge Luis Silva (Facebook)
A imagem foi compartilhada por mais de 30 mil pessoas

Uma imagem que compara os preços entre um ovo de páscoa Alpino (Nestlé) e a barra de chocolate correspondente viralizou. Na foto, os usuários questionavam por que o ovo de 500 gramas custa R$ 49,99, enquanto uma barra de 170 gramas do mesmo chocolate pode ser comprada por R$ 2,50. Segundo os usuários, o preço justo da versão de páscoa deveria ser R$ 7,50.

A imagem foi compartilhada por mais de 30 mil pessoas e levou a Nestlé a justificar o preço cobrado pelo produto. De acordo com a empresa, ovos de Páscoa necessitam de embalagens e transportes especiais. 

Veja a nota na íntegra e opine, você considera justo os preços dos ovos Páscoa?

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Os ovos de Páscoa são mais caros quando comparados a uma barra de chocolate da mesma gramatura porque sua composição de custo é diferenciada, já que são produtos concebidos não somente para o consumo tradicional, mas para presentear e encantar. Sua produção e distribuição envolve uma série de necessidades específicas, como a contratação de mão de obra temporária, desenvolvimento de embalagens especiais, processo manual de embalagem, armazenamento e transportes especiais, entre outros. De toda forma, as opções tradicionais de produtos continuam disponíveis como uma alternativa de menor preço, sem nenhum reajuste relacionado à época do ano", disse a Nestlé.

Ipea corrige pesquisa sobre abuso contra mulheres


Na verdade, 26% dos entrevistados concordaram com a afirmação de que mulheres com roupa curta merecem ser atacadas e não 65%


O Estado de S. Paulo
 
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta sexta-feira, 4, que houve um erro na pesquisa divulgada no dia 27 de março que trazia a informação de que 65% dos brasileiros concordavam que mulheres com roupas curtas merecem ser estupradas.
 - Daniel Teixeira/Estadão
Daniel Teixeira/Estadão

Na verdade, 26% dos entrevistados concordaram com essa afirmação e 70% discordaram total ou parcialmente (veja arte divulgada pelo Ipea abaixo). Segundo o instituto, houve inversão dos resultados na hora de divulgar os resultados.

"Com a inversão dos resultados, relatamos equivocadamente, na semana passada, resultados extremos para a concordância com a segunda frase, que, justamente por seu valor inesperado, recebeu maior destaque nos meios de comunicação e motivou amplas manifestações e debates na sociedade ao longo dos últimos dias", diz a nota do Ipea.




Quanto à outra questão que causou polêmica, o Ipea reafirmou os outros resultados: "Contudo, os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros."

O diretor responsável pela área de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Rafael Guerreiro Osório, segundo a nota, pediu sua exoneração assim que o erro foi detectado.


Repercussão


O resultado divulgado na semana passada gerou polêmicas nas redes sociais. A jornalista Nana Queiroz, de 28 anos, criou o movimento #EuNãoMereçoSerEstuprada em que mulheres de todo o País postaram fotos em que empunhavam cartazes que repudiavam agressões.

Ela se pronunciou após ser informada pelo Estado do erro. "Mesmo assim, 26% ainda é um número muito alto. A nossa campanha continua", afirmou Nana, que estava em reunião com a Polícia Federal na hora em que foi avisada. / COM MARINA AZAREDO

Expropriação na Venezuela





O Estado de S. Paulo
 
Em mais um inequívoco passo para a destruição das mais elementares relações econômicas na Venezuela, o governo de Nicolás Maduro deu o exíguo prazo de 60 dias úteis para que proprietários de imóveis residenciais alugados há mais de 20 anos os vendam a seus inquilinos, por um preço estabelecido segundo obscuros critérios do governo, e não os de mercado. Aqueles que se recusarem ou não cumprirem o prazo terão de pagar multas pesadas e poderão ter o imóvel expropriado. 

Essa violência, mais uma no já longo histórico de arbítrio do chavismo, é consequência da regulamentação de uma disposição transitória da Lei de Regularização e Controle dos Arrendamentos de Moradias - um monstrengo aprovado em 2011, ainda sob o governo de Hugo Chávez, que atentou contra os direitos dos proprietários de imóveis residenciais. O falecido caudilho tentava resolver na marra, como era de seu feitio, o crônico déficit habitacional da Venezuela. Não foi suficiente construir a toque de caixa milhares de casas de péssimo acabamento para dá-las aos pobres em troca de sua fidelidade eleitoral; tornou-se necessário avançar sobre os bens privados.

Agora, por força da canetada de Maduro, passou a valer no país a estranha figura da "venda obrigatória" como forma de expropriação. Em qualquer democracia digna desse nome, em que vige o Estado de Direito, ninguém pode ser obrigado a desfazer-se de sua propriedade, a não ser em casos excepcionais, sempre no interesse público e em troca de correta compensação financeira. A Constituição da Venezuela - que Chávez vivia a brandir para dizer que sua truculência estava sempre amparada pela lei - garante o direito de propriedade e estabelece que a expropriação só pode se dar se houver utilidade pública e "mediante sentença firme e pagamento oportuno de justa indenização".

Até onde se sabe, apesar da barafunda de leis de exceção costumeiramente impostas pelo regime chavista, tal proteção constitucional continua válida. Assim, a nova medida do governo Maduro reitera que, na Venezuela, a Constituição, assim como a democracia, é de fachada. Imóveis residenciais alugados há ao menos 20 anos terão de ser vendidos aos inquilinos simplesmente porque, conforme os chavistas interpretam a Constituição, o direito à moradia "é uma obrigação compartilhada entre os cidadãos e o Estado em todos os seus âmbitos". Ou seja, os proprietários de imóveis são, queiram ou não, "sócios" do Estado no esforço de fazer com que todos na Venezuela tenham sua casa.

A legislação ora regulamentada declara de interesse público "toda matéria relacionada com o arrendamento de imóveis destinados à habitação". O aluguel de um apartamento, que deveria ser um arranjo privado, torna-se uma questão "estratégica" de Estado, conforme está dito na lei.

Os inquilinos não podem ser despejados em nenhuma hipótese e eles são, por definição, os compradores preferenciais do imóvel. Se esses inquilinos não puderem ou não quiserem adquirir o imóvel, os proprietários não podem procurar outro comprador - eles são obrigados a vender para o governo, que estabelece o preço. Ainda não se conhecem os critérios para fixar esse "justo valor", porque o governo, às voltas com o descontrole da economia, não estabeleceu o custo do metro quadrado para fins de desapropriação. Mas já se sabe que esse custo não levará em conta nem a inflação, na casa dos 50% anuais, nem as leis da oferta e da procura.

Nesses termos, é óbvio que os proprietários nada podem fazer a não ser aceitar qualquer valor que lhe for oferecido, certamente muito distante do que se pratica no mercado.

Desse modo, não é apenas a lei que Maduro está atropelando. É o bom senso. Em vez de criar condições para que o déficit habitacional diminua, a legislação estimula os proprietários a não alugar seus imóveis, pois a perda é garantida. Mas, num país em que os consumidores são obrigados a deixar suas digitais nos supermercados para que não possam voltar à fila e comprar mais do que o autorizado pelo governo, exigir racionalidade é perda de tempo.