quarta-feira, 25 de junho de 2014

É abusivo construtora cobrar taxas de corretagem e de assistência


O comprador de um imóvel na planta não pode ser obrigado a bancar comissão de corretagem e taxa de Serviço de Assistência Técnica Imobiliária (Sati). Assim entendeu a 2ª Turma Cível do Colégio Recursal Central de São Paulo ao condenar uma construtora e uma imobiliária a pagarem em dobro o valor desembolsado por uma família por cobranças consideradas abusivas. As empresas ainda deverão pagar indenização de R$ 5 mil por danos morais.
Os consumidores haviam reservado um imóvel em condomínio projetado em Barueri (SP), mas desistiram do negócio por discordarem de cláusulas contratuais e devido ao atraso nas obras. Segundo Carlos Henrique Bastos da Silva, representante da família e sócio do Bastos Silva e Gnann Advogados Associados, as empresas quiseram devolver cerca de R$ 800, descontando mais de R$ 12 mil por causa das duas taxas.
O caso então foi levado à Justiça, e a 1ª Vara do Juizado Especial Cível Central considerou irregular apenas a taxa Sati, determinando a devolução de R$ 1.955. No Colégio Recursal, porém, a 2ª Turma estipulou que os autores recebam quase R$ 30 mil, incluindo-se a indenização pelo sofrimento pelo qual passaram.

Enquanto as obras ainda não começam, a única opção para o consumidor é procurar o corretor que fica no stand de vendas, disse o colegiado. Por isso, não faz sentido estipular comissão pelo serviço desse intermediário. “Considerando que quem contratou a corretora foi a própria empreendedora, cabe somente a esta última arcar com eventual comissão devida”, escreveu em seu voto o juiz relator Luís Scarabelli.
Sobre a cobrança da Sati, ele afirmou que “não se vislumbra sequer qual a função de aludida taxa, por ser inerente à própria atuação da corretora efetuar todas as verificações mínimas necessárias para a celebração do negócio”. Para Scarabelli, os cuidados de assistência já são obrigatórios para a corretora, pois o artigo 723 do Código Civil estabelece que o corretor deve executar a mediação “com diligência e prudência”. A tese venceu por unanimidade.
Clique aqui para ler a decisão.
Processo 1008188-63.2013.8.26.0016

terça-feira, 10 de junho de 2014

CONTRATAÇÃO DE ESTRANGEIROS

O processo pode ser feito pela internet e a documentação enviada eletronicamente ao MTE.
A situação econômica brasileira traduz um decrescente número de preenchimento de vaga por brasileiros, principalmente nas funções mais técnicas e especializadas. Em contrapartida, é notório o aumento da contratação de empregados estrangeiros no mercado de trabalho brasileiro.
Os trabalhadores de fora do país formam uma comunidade já considerável no Brasil, tanto em relação à ocupação de cargos que necessitam de conhecimento técnico-especializado, quanto para dar suporte nos eventos de amplitude global sediados pelo Brasil nos últimos anos, como a Copa das Confederações de 2013, Jornada Mundial da Juventude de 2013 e Copa do Mundo de 2014.
Em síntese, para que um estrangeiro venha trabalhar no Brasil, para um empregador brasileiro, este deve solicitar autorização de trabalho ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que vai se converter em visto temporário. Na concessão da autorização é analisada a necessidade da demanda e se esta não pode ser suprida por brasileiro, que tem prioridade nas vagas. Para contratar estrangeiros, a empresa deve justificar o motivo da contratação ao ministério e possuir 2/3 de empregados brasileiros, pelo menos.
O processo inteiro pode ser feito pela internet, através do pré-cadastro, pela empresa contratante. Em seguida, a documentação deve ser enviada eletronicamente ao MTE, através do Cadastro Eletrônico de Entidades Requerentes de Autorização para Trabalho a Estrangeiros (Certe) e o Sistema de Gestão e Controle de Imigração (Migranteweb).
Com o deferimento, o visto será expedido no país em que o estrangeiro reside. Ao chegar ao Brasil, o trabalhador estrangeiro deverá solicitar a Cédula de Identidade do Estrangeiro (CIE) e em seguida obter a Carteira de Trabalho (CTPS).
A legislação brasileira – Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980 – não permite a transformação de um visto temporário (sem contrato de trabalho) num visto permanente. Somente estrangeiros, com vínculo de emprego no Brasil, com contrato de trabalho superior a dois anos, poderão requerer a transformação do visto temporário em permanente, no caso do contrato de trabalho ser estendido, por exemplo.
Em relação ao trabalho na Copa do Mundo, segundo a Lei da Copa – Lei nº 12.663, de 5 de junho de 2012 -, deverão ser concedidos, sem qualquer restrição, de forma prioritária e sem custos, concentrados em um único órgão, os vistos de entrada, aplicando subsidiariamente a Lei nº 6.815, para: membros do comitê da Fifa; equipe da Fifa em si ou empregados de empresas em que a Fifa detenha 99% do capital social; convidados da Fifa; funcionários das confederações, associações e prestadores de serviços da Fifa; árbitros e profissionais designados para trabalhar nos eventos; membros das seleções participantes (toda a delegação); equipe dos parceiros comerciais da Fifa; equipe das emissoras de transmissão da Fifa e das que possuem o direito de transmissão.
Para os trabalhadores, caso sejam exigíveis, serão emitidas permissões de trabalho, desde que comprovado por documento expedido pela Fifa sua autenticidade, para que seja confirmado que a entrada no país seja para o desempenho do trabalho nas atividades da Copa.
Os prazos de validade dos vistos e das permissões de trabalho também são particulares à ocasião, encerrando-se no dia 31/12/2014, com prazo de estadia fixado a critério da autoridade competente, exceto aos espectadores, que possuem tempo máximo de permanência de 90 dias.
Apesar da burocracia na contratação de estrangeiros, as empresas brasileiras ainda precisam se submeter ao trâmite, diante da falta de pessoal qualificado disponível para contratação no Brasil, retratando a situação de insuficiência da mão de obra e da educação de qualidade no país.
Fernanda Brandão
(Correio 24h – 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Google tem US$ 30 bilhões para aquisições fora dos EUA


Segundo carta aos reguladores, companhia está mantendo uma grande parte do seu dinheiro fora dos EUA para poder utilizar em possíveis aquisições

Brian Womack, da
Philippe Huguen/AFP 

Pessoa toca em tela aberta na página do Google
Tela aberta na página do Google: segundo carta, companhia precisa do dinheiro para fazer acordos porque a concorrência no exterior está aumentando

San Francisco - A Google está mantendo uma grande parte do seu dinheiro fora dos EUA para poder utilizar até US$ 30 bilhões em possíveis aquisições, disse a empresa em uma carta aos reguladores.

A proprietária do principal motor de pesquisa web gera aproximadamente a metade da sua renda no exterior e evita os pagamentos dos impostos dos EUA mantendo os lucros fora desse país. 

A Google precisa do dinheiro para fazer acordos porque a concorrência no exterior está aumentando, de acordo com uma carta do dia 20 de dezembro enviada à Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos EUA, que foi apresentada ontem como parte de uma correspondência com a agência sobre a divulgação de informações.

“Ainda esperamos um uso substancial dos nossos lucros no exterior para realizar aquisições porque nossos negócios internacionais estenderam-se a outras ofertas de produtos, como os aparelhos móveis”, de acordo com a carta. 

“É razoável prever que a Google precisa de aproximadamente US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões dos lucros no exterior para financiar potenciais aquisições de objetivos estrangeiros e de direitos de tecnologia estrangeira de objetivos nos EUA em 2013 e depois”.

A Google, embora tenha enfrentado críticas por manter o dinheiro parado no exterior, vem aprimorando suas atividades de negócio. 

Um exemplo é a compra por US$ 3,2 bilhões, no início deste ano, da fabricante de termostato digital Nest Labs, com sede em Palo Alto, Califórnia. 

A empresa também realizou diversas compras menores, que beneficiaram a publicidade, os serviços na nuvem e os negócios de tecnologia móvel da Google.

“Nos últimos anos realizamos aquisições significativas, a magnitude individual de cada negócio foi aumentando nos anos mais recentes e a tendência é que isso provavelmente continue acontecendo nos próximos anos”, disse na carta a empresa com sede em Mountain View, Califórnia.

A carta foi uma resposta a uma pergunta da SEC sobre os planos de reinvestimento dos lucros estrangeiros.


Repatriamento de fundos


As maiores empresas com sede nos EUA adicionaram US$ 206 bilhões a suas pilhas de lucros no exterior no ano passado, de acordo com documentos sobre valores de 307 corporações revisados pela Bloomberg News.

No fim do ano passado, US$ 33,6 bilhões dos US$ 58,7 bilhões da Google em valor de caixa, equivalentes de caixa e títulos comercializáveis eram mantidos por suas subsidiárias estrangeiras.

“Se esses fundos forem necessários para as nossas operações nos EUA teríamos que acrescentar e pagar os impostos dos EUA para repatriar esses fundos”, disse a empresa em documento de fevereiro. 

“No entanto, nossa intenção é reinvestir permanentemente esses fundos fora dos EUA e nossos planos atuais não mostram a necessidade de repatriá-los para financiar as nossas operações nos EUA”.

Além das aquisições, a empresa vê outros usos para os lucros no exterior, como gastos de capital de US$ 2 bilhões a US$ 4 bilhões. Isso inclui centros de processamento de dados e outras operações. 

A empresa também necessita de US$ 12 bilhões a US$ 14 bilhões para um acordo de compartilhamento de custos de pesquisa e desenvolvimento, de acordo com a carta.


Perguntas de divulgação

O registro de ontem foi parte de uma correspondência entre a SEC e a Google, que começou no ano passado, relacionada a perguntas sobre divulgação de informações no relatório anual de 2012 da empresa.

A SEC pressionou para obter mais informações sobre publicidade, tecnologia móvel e rendas.
A empresa terminou dizendo que revelaria mais informações sobre as atividades de publicidade. 

No mês passado, o diretor-financeiro Patrick Pichette disse que a Google iria detalhar os preços de anúncios – e a quantidade de cliques que receberam – para os sites da Google e os de seus parceiros de rede.

Ex-CEO do Citi no Brasil ajuda a fundar assessoria de fusões

Gotas de chuva sobre fachada do Citigroup

A finalidade da nova empresa é lucrar com a duplicação do fechamento de negócios na maior economia da América Latina

Cristiane Lucchesi e Francisco Marcelino, da
Kim Kyung-Hoon/REUTERS
Gotas de chuva sobre fachada do Citigroup
Citigroup: as fusões subiram para US$ 27,4 bilhões

São Paulo - Três ex-executivos do Citigroup Inc., incluindo Gustavo Marin, antigo CEO do banco no Brasil, iniciaram uma empresa de assessoria para fusões para lucrar com a duplicação do fechamento de negócios na maior economia da América Latina.

Marin fundou a MKP Assessoria e Gestão com André Kok, ex-chefe de banco de investimento e de banco corporativo do Citigroup no Brasil, e David Panico, que foi codiretor do negócio de banco de investimento da empresa com sede em Nova York no Brasil, disseram os três executivos em entrevista.

“Nosso capital é composto por nossas relações, pela confiança e pelo acesso que temos a grandes homens de negócios no Brasil”, disse Marin, 56, em entrevista concedida em seu escritório particular, no Itaim, São Paulo, onde a empresa irá operar até abrir sua própria sede.

A MKP se une a empresas americanas butique como Moelis Co. e Greenhill Co. ao abrir escritório no Brasil em meio a um aumento de 120 por cento nas fusões e aquisições neste ano.

As fusões subiram para US$ 27,4 bilhões, contra US$ 12,5 bilhões no mesmo período do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os negócios cresceram 13 por cento, para US$ 75,4 bilhões em 2013.

A ideia é atender empresas que procuram serviços de assessoria para fusões de nível sênior, disse Kok, 48.
“Pode ser um valor de US$ 1 bilhão ou US$ 300 milhões, mas o mercado brasileiro de fusões e aquisições é sempre relevante e suficientemente profundo e há lugar para todo mundo”, disse ele.

A MKP começou a operar em fevereiro e está trabalhando em três negociações, segundo Kok.
Panico, 40, disse que a estratégia da empresa será continuar “pequena e focada”. A empresa está “disposta a ter um pequeno número de projetos e clientes que podem se beneficiar com nossa atenção total”, disse ele.


Negócio internacional


A MKP está trabalhando com um cliente estrangeiro, segundo Marin. 

“Se você é estrangeiro e quer ter acesso ao CEO ou aos donos de uma grande companhia brasileira você precisa trabalhar com alguém com esse tipo de acesso”, disse Marin, que foi substituído no Citigroup por Hélio Magalhães, em junho de 2012, após 32 anos no banco.

Marin, que agora tem cidadania brasileira, começou sua carreira como estagiário na subsidiária do Citigroup no Uruguai, onde ele nasceu. Foi também CEO do Citigroup no Peru e no Paraguai e chefe da América Latina.

Trabalhou no conselho de diretores da Febraban, a Federação Brasileira de Bancos, e fez parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, um conselho de assessoria para políticas, na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Kok conheceu Marin no Citigroup quando começou sua carreira, em 1998. Ele depois trabalhou no UBS AG e foi chefe de banco de investimento do Banco Itaú BBA SA. Marin o contratou de volta para o Citigroup em março de 2011.

Três meses depois, Kok contratou Panico, que na época estava na Merrill Lynch Co., do Bank of America Corp.


Negócios acionários


Os três executivos participaram de 70 ofertas acionárias ao longo de suas carreiras e levantaram cerca de US$ 100 bilhões, disse Panico.

Kok e Panico assessoraram a fabricante de cimento Camargo Corrêa SA na aquisição, por US$ 5,43 bilhões, de ações da Cimpor-Cimentos de Portugal SGPS em 2012. 

A transação deu à Camargo Corrêa, que tem sede em São Paulo, mais de 90 por cento da empresa portuguesa. Eles também trabalharam com a BR Properties SA em sua negociação para adquirir a One Properties em 2012.

A Moelis, fundada pelo ex-executivo do UBS AG Kenneth Moelis, disse em março que estava abrindo um escritório no Brasil, enquanto a Greenhill Co., a assessoria para aquisições com sede em Nova York fundada por Robert F. Greenhill, abriu sua primeira filial sul-americana em São Paulo, em outubro.

A Moelis nomeou Otávio Guazzelli e Jório Salgado-Gama como diretores de banco de investimento para o país. Guazzelli anteriormente dirigiu bancos de investimento do BR Partners e do Citigroup no Brasil. Salgado-Gama foi chefe de fusões e aquisições do BR Partners e também trabalhou no Citigroup.

Daniel Wainstein, ex-sócio e presidente da unidade de banco de investimento do Goldman Sachs Group Inc. no Brasil, se tornou chefe da Greenhill no país em outubro.

Lenovo está interessada em novas aquisições, diz diretor

Computador da Lenovo

A companhia está perto de concluir duas grandes aquisições nos EUA, cujo valor combinado chega a US$ 5,21 bilhões

Getty Images 

Computador da Lenovo
Lenovo: empresa levantou recentemente US$ 1,5 bilhão a partir de uma oferta de títulos
Hong Kong - A fabricante de computadores chinesa Lenovo está aberta a novos negócios e pode financiar outra aquisição bilionária, disse o diretor financeiro da empresa, Wong Wai Ming.

A companhia está perto de concluir duas grandes aquisições nos EUA, cujo valor combinado chega a US$ 5,21 bilhões.

"Se for um negócio de US$ 10 bilhões, está fora do nosso alcance, mas se for um negócio de US$ 1 bilhão, financeiramente podemos fazê-lo", disse Wong Wai Ming nesta quinta-feira. 

"Mantemos nossos olhos abertos, porque Fusões & Aquisições é como um relacionamento. Se a oportunidade correta aparece e você não demonstra interesse, ele ou ela se aproximarão de outra pessoa."

A Lenovo espera concluir a aquisição da operação de celulares do Google, Motorola Mobility, e do negócio de servidores de computador de pequeno porte da International Business Machine. 

Ambos os negócios aguardam a aprovação de autoridades regulatórias dos EUA. A Lenovo prevê que ambos sejam aprovados até o fim do ano.

Em 31 de março, a Lenovo tinha cerca de US$ 3,5 bilhões em reservas de caixa líquidas e US$ 455 milhões em empréstimos bancários. 

A Lenovo também levantou recentemente US$ 1,5 bilhão a partir de uma oferta de títulos.
A emissão de bônus "foi tão bem que, se quiséssemos, poderíamos levantar alguns milhões a mais, ou até mais do que isso", disse ele. 

Wong se recusou a dizer que tipos de empresas a Lenovo pode avaliar em seguida para possíveis aquisições.

Segundo ele, tanto o Google como a IBM queriam vender seus ativos, e a Lenovo não foi o única a falar com eles.

"Você não pode ir ao Google e dizer: 'me dê seis meses'. Se a Lenovo não comprasse a Motorola Mobility, alguém teria comprado, e então a Lenovo teria que lidar com mais um grande concorrente no mercado global de smartphones", disse Wong. 

Fonte: Dow Jones Newswires.

Gisele Bündchen não é modelo para Beleza Natural do Brasil

A marca de cosméticos enfoca as mulheres com cabelos cacheados ou crespos, que correspondem à maioria da população feminina do Brasil

Christiana Sciaudone, da
Divulgação 

Gisele Bündchen em comercial da P%26G
Gisele: o padrão de beleza brasileiro é influenciado pela supermodelo

São Paulo - Uma das mulheres limpava casas. A outra fazia hambúrgueres. Elas se juntaram para fundar uma empresa de cuidados para o cabelo que depois foi financiada por um dos maiores fundos de private-equity da América Latina e agora é uma das redes de salões de beleza mais presentes do Rio de Janeiro.

Heloísa “Zica” Assis e Leila Velez fundaram a Beleza Natural há duas décadas com R$ 10.000 raspados em conjunto de economias e da venda de um Fusca. Hoje a rede de salões caminha para chegar a R$ 1 bilhão (US$ 451 milhões) em vendas até 2018, de acordo com a empresa.

Num país onde o padrão de beleza é influenciado pela supermodelo loira de cabelos ondulados Gisele Bündchen, a Beleza Natural enfoca as mulheres com cabelos cacheados ou crespos, que correspondem à maioria da população feminina do Brasil.

“Era um nicho de mercado que tinha sido esquecido”, disse Assis em entrevista telefônica do Rio de Janeiro, no dia 13 de maio.

Beleza Natural, a empresa de capital fechado cujo nome corporativo é Cor Brasil SA, está aproveitando um aumento na demanda entre a crescente classe média do país, o terceiro maior mercado do mundo para produtos de higiene e cuidados pessoais.

Muitas mulheres brasileiras usam tratamentos como o alisamento com base em formaldeído, que foi proibido no Canadá em 2010 e na Itália em 2013 devido a seus químicos tóxicos, para alisar seus cachos.

Beleza Natural, com seu foco sobre os cabelos cacheados ou crespos, está estimulando as mulheres a exibirem sua aparência natural.


Mais filiais


A GP Investments Ltd., fundada pelo bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann, comprou um terço da Beleza Natural por R$ 70 milhões no ano passado. Lemann vendeu sua participação na GP Investments em 2004.

Com o financiamento, a Beleza Natural, com sede no Rio de Janeiro, busca multiplicar por seis a quantidade de filiais, para 120, em quatro anos, disse Assis. A receita vai aumentar em relação aos R$ 148 milhões em 2013, de acordo com um documento regulatório.

A GP, com sede em Hamilton, Bermuda, adquiriu uma participação como uma “oportunidade de entrar em uma companhia com vantagens competitivas claras e de se beneficiar de um mercado extremamente favorável”, conforme um documento regulatório de quando comprou a participação em julho.


Classe média


Beleza Natural exemplifica a crescente classe média do Brasil, disse Renato Meirelles, presidente da empresa de pesquisa Data Popular.

Com mais mulheres trabalhando, e como quatro de cada cinco trabalhos para mulheres exigem contato com o público, há uma preocupação maior com a própria aparência.

“Com o aumento de renda, algo uma vez visto como supérfluo virou uma necessidade, e é um caminho sem retorno porque as mulheres não querem parar de trabalhar”, disse Meirelles.

Nos últimos 11 a 12 anos cerca de 42 milhões de pessoas passaram a fazer parte da classe média no Brasil.
“O meu cabelo de blackpower foi um sucesso, eu ganhava concorrências de cabelo”, disse Assis. “Mas para entrar na casa das pessoas para trabalhar, eu tinha que fazer tudo o que podia para baixar o volume do meu cabelo e não estava acontecendo”.

Os negros no Brasil representam mais da metade da população, embora sejam quase invisíveis na sociedade, das propagandas às novelas e ao governo, disse Luiza Bairros, ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, em entrevista por telefone.

“É preciso que nós possamos romper essa barreira para que as pessoas percebam que o Brasil é uma sociedade diversa e que, mais do que isso, hoje o Brasil é uma sociedade de maioria negra”, disse Bairros.

“Nós somos 51 por cento da população e não é possível mais se comportar como se nós não existíssemos”.
Assis e Velez veem o fortalecimento das mulheres como parte do trabalho que realizam.      
         
“Eu não vendo um produto, a gente vende alta autoestima pura”, disse Assis, que quer um dia levar o conceito da Beleza Natural ao resto do mundo. “A gente sabe que os EUA são também um grande negócio para nós. A gente sonha em estar lá, a gente quer estar lá”.


Wikimedia Commons

São Paulo - As mulheres mudaram, mas muitas vezes as marcas parecem não saber. Não é preciso ir longe, em busca de campanhas antigas e empoeiradas: nos últimos anos  (ou até meses) muitos anunciantes entraram na mira dos consumidores por apresentar uma visão restrita ou depreciativa da mulher.

Confira nas imagens exemplos de anúncios que tropeçaram nos assuntos de gênero (e despertaram a ira do público), e outros que conseguiram acrescentar originalidade ao tema.

Aposta de estrangeiro em ações é a maior para ano eleitoral


Até agora, o saldo desse tipo de investidor na Bovespa está positivo em quase 10 bilhões de reais

Priscila Jordão, da
Marcos Issa/Bloomberg
Operador da Bolsa de Valores de São Paulo, a Bovespa
Bovespa: dados mostram que houve ingresso líquido de capital externo no mercado acionário doméstico de R$ 9,7 bilhões neste ano

São Paulo - Os estrangeiros estão demonstrando em 2014 apetite inédito pela bolsa brasileira para anos de eleição presidencial no país. Até agora, o saldo desse tipo de investidor na Bovespa está positivo em quase 10 bilhões de reais.

Os dados mais recentes da BM&FBovespa mostram que houve ingresso líquido de capital externo no mercado acionário doméstico de 9,7 bilhões de reais neste ano até 20 de maio.
Em 2010, ano da última eleição presidencial, o estoque era negativo em 2,8 bilhões de reais nos cinco primeiros meses do ano.
Em 2006 e 2002, houve ingresso de recursos, mas em montante bem mais tímido, de 1,7 bilhão e de 622 milhões de reais, respectivamente, até maio dos respectivos anos.
Nas eleições diretas anteriores (1989, 1994 e 1998), o mercado acionário brasileiro era bem menos desenvolvido, com reduzido volume de negócios.
O aporte líquido de estrangeiros na Bovespa também já se aproxima do visto em todo o ano passado, quando os ingressos foram de 11,7 bilhões de reais, e tem surpreendido até mesmo especialistas.
Uma das justificativas atribuídas ao movimento são expectativas sobre mudanças na condução da política econômica, em um momento de ceticismo de agentes do mercado com o governo Dilma Rousseff e enquanto a presidente perdia terreno nas pesquisas sobre a corrida eleitoral.

Mas a entrada de capital é resultado, principalmente, da reavaliação dos ativos brasileiros, o que indica que os recursos podem permanecer no Brasil por algum tempo, independentemente do rumo das pesquisas eleitorais.

"Tivemos uma realocação de capital no mercado mundial gerada pela necessidade de buscar rendimento. E a crise da Rússia fez países emergentes descontados até o momento ficarem mais atrativos", disse à Reuters o chefe da mesa de ações da corretora do banco suíço Credit Suisse no Brasil, Mauro Oliveira. "Todo mundo subestimou essa necessidade de realocação".

De fato, a grande incursão dos estrangeiros ocorreu a partir de 14 de março, quando o Ibovespa atingiu seu menor nível de fechamento em quase cinco anos. 

Naquela data, o saldo de capital externo em ações brasileiras estava positivo em pouco mais de 500 milhões de reais. Desde então, na esteira do fluxo de dinheiro para cá, o Ibovespa subiu 16,1 por cento até o fechamento do pregão de 21 de maio.

Foi também em março que militantes pró-Rússia invadiram a península da Crimeia, na Ucrânia, aumentando as tensões e a instabilidade política na região após o ex-presidente foragido Viktor Yanukovich ter sido acusado de "assassinato em massa" no fim de fevereiro.

Segundo Oliveira, em meados de março a relação de preço da ação sobre lucro da bolsa brasileira (P/L), usada como medida de retorno de investimentos, era de 8,5 vezes, contra média de 10,2 vezes nos últimos cinco anos. 

A defasagem provocou fluxo para o Brasil, assim como a percepção positiva sobre ações com bons fundamentos que eram consideradas baratas, como de bancos e do setor de serviços.

Com a relação P/L agora em cerca de 10 vezes, a defasagem já foi corrigida, e é provável que pesquisas eleitorais deixem de ter influência tão grande sobre a bolsa, avalia Oliveira.

De todo modo, o capital externo deve continuar por algum tempo aqui, principalmente depois dos balanços corporativos do primeiro trimestre. 

"Os resultados do primeiro trimestre não foram uma maravilha, mas o Brasil sofreu menos revisões do que outros países como México, Colômbia e Chile", resumiu.

Em relatório recente assinado pelos analistas Andre Carvalho e Marina Valle, o HSBC disse esperar que o momento positivo do mercado de ações brasileiro se prolongue um pouco mais.

Entretanto, eles mostraram cautela diante da possível piora dos resultados de empresas após as eleições, já que eventuais ajustes na política econômica podem fragilizar ainda mais a atividade doméstica, o que neutralizaria parte da alta da bolsa.

O Citi, por sua vez, tem preço-alvo para o Ibovespa no fim de 2014 de 55 mil pontos, pouco acima do nível atual. 

"Por enquanto, qualquer expectativa de um novo rali é muito menos sustentável do que a recuperação que levou o mercado de 45 mil a 54 mil pontos", escreveram em relatório os analistas Stephen H.