segunda-feira, 11 de abril de 2016

Falta de espaço para negociação dificulta recuperações no Brasil, dizem professores

Cultura do litígio




O Brasil não é um solo propício para a recuperação judicial. A falta de uma etapa pré-judicial, onde os envolvidos no reerguimento da empresa deveriam negociar, impede que se encontre soluções novas para velhos problemas. “Não temos ainda a cultura de preparação para recuperação judicial”, explica o professor, Universidade do Estado do Rio de Janeiro Maurício Menezes .

Em sua fala no 6º Congresso Brasileiro de Direito Comercial, o professor usou a reorganização da General Motors (GM) pós-crise de 2008 para exemplificar como uma organização anterior ao contato com o Judiciário pode resolver muitos entraves e reduzir, ou até inibir, a litigiosidade. O evento ocorreu em São Paulo, no prédio da Associação dos Advogados de São Paulo (Aasp), nesta sexta-feira (8/4).

No caso da GM, o maior credor da empresa foi o governo dos EUA, que aportou US$ 30 bilhões na empresa em parcelas, e, no fim de todo o processo, recebeu US$ 39 bilhões. Todo o trâmite judicial demorou 40 dias, mas as negociações se arrastaram da metade do segundo semestre de 2008 até os primeiros meses de 2009.

O caso mostra como o financiamento de empresas em recuperação pode ser positivo e até lucrativo, sem esquecer de que o credor sempre buscará o maior ressarcimento possível. “Enquanto não entendermos isso, continuaremos batendo cabeça”, criticou o professor.

O professor da FGV-Rio Marcio Guimarães explicou que para haver um ambiente fértil à recuperação judicial é necessário confiança entre devedor e credores, além de acesso a crédito pela empresa recuperanda. “Mas não temos isso hoje”, ponderou.

Nos Estados Unidos e em alguns países na Europa, por exemplo, começa a ganhar força uma modalidade de fornecimento de crédito para essas empresas, o DIP financing (debtor-in-possession financing), que seria uma espécie de financiamento do devedor.

Mauríco Menezes, da Uerj, defendeu a tese de que é necessário conceder benefícios a quem financia o plano de recuperação judicial das empresas, mas ponderou que o fortalecimento dessa prática merece atenção. Isso porque os credores também buscam exercer influência em todo o processo para terem mais garantias de que receberão a quantia devida. “É necessário haver pesos e contrapesos”, disse. Ele destacou que a falta de legislação que trate de incentivos a empresas em recuperação dificulta ainda mais a manutenção da atividade produtiva.

“Nosso sistema oferece mais risco”, sintetizou o professor Franciso Satiro, da Universidade de São Paulo. Como exemplos dessa insegurança, listou o crédito caro, pois o banco precisa manter quantia similar ao valor emprestado contingenciado; a demora na venda de bens para quitação de dívidas; e a falta de transparência.


Menos orgulho


Em sua fala, Marcio Guimarães deu uma dica para os advogados. Ele afirmou que os profissionais do Direito, ao apresentarem uma petição pedindo a recuperação, esquecem de detalhar os problemas — o que seria essencial para os credores e devedores da companhia auxiliarem na sua recuperação. "Falam tanto do passado glorioso e dos pontos positivos das companhias que nem parece ser um caso de resgate da situação financeira".

Menezes complementou, dizendo que muitos procuram a Justiça esperando que o sistema resolva os problemas da recuperação, mas o sistema deve servir como garantidor e fiscalizador das atitudes que serão tomadas.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Janot pede para STF anular posse de Lula na Casa Civil





Lula Marques/ Fotos Públicas
Procurador-geral Rodrigo Janot
Procurador-geral Rodrigo Janot: parecer foi enviado nesta quinta-feira, 7, ao ministro Gilmar Mendes
 
Gustavo Aguiar, do Estadão Conteúdo

Brasília - Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mudou de opinião sobre a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, agora, se mostra favorável à anulação da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil.

O parecer foi enviado nesta quinta-feira, 7, ao ministro Gilmar Mendes, relator da ação que suspendeu a nomeação do ex-presidente como ministro. O mérito do caso deverá ser levado para julgamento em plenário do Supremo.

"O decreto de nomeação, sob ótica apenas formal, não contém vício. Reveste-se de aparência de legalidade. Há, contudo, que se verificar se o ato administrativo foi praticado com desvio de finalidade - já que esse é o fundamento central das impetrações -, e ato maculado por desvio de poder quase sempre ostenta aparência de legalidade, pois o desvio opera por dissimulação das reais intenções do agente que o pratica", escreve Janot.

Em 28 de março, o procurador-geral da República havia enviado um parecer defendendo a posse do ex-presidente, mas pedindo que as investigações sobre ele sejam mantidas na justiça de primeiro grau, ou seja, nas mãos do juiz Sérgio Moro, em Curitiba.


Há 18 meses o Brasil deixou de ser um “mercado maravilhoso” para as marcas de luxo, afirma Phillippe de Rotschild





rock03


Faz alguns anos que todas as grandes marcas de luxo desembarcaram no Brasil e encontraram um paraíso. “O Brasil foi um mercado maravilhoso para todas essas marcas até 18 meses atrás. Hoje é muito complicado. Todo mundo tá com medo”, afirma Phillippe de Rotschild, presidente do Conselho do Banque Rotschild e dono do Château Lafite, um dos vinhos mais especiais do mundo.

Trazido pelo Esper Chacur, ele esteve nos estúdios do Radioatividade falando com exclusividade sobre o mercado de luxo. Aliás, você sabe o que necessário para construir uma marca de luxo? O especialista explica. “Você precisa de tempo, você precisa de qualidade – que seja de moda, que seja de vinho, que seja de carro – e também uma coisa que eu acho muito importante: raridade, exclusividade. Exclusividade pode ser poucas peças, só um país, só uma cidade. Exclusividade é uma marca de luxo”.

Num mercado em que imagem é tudo, difícil encontrar quem admita a pancada da crise econômica. “Ninguém vai falar que está horrível, mas a verdade é que está bem complicado”, afirma Phillippe de Rotschild. “É complicado porque ninguém sabe onde vamos. O dia em que o caminho estiver resolvido, o mercado vai voltar de novo”, aposta.

Para ele, o compasso de espera leva ao corte de supérfluos em todas as classes sociais. “Em qualquer faixa. O cara que tem R$ 1 bilhão, R$ 1 milhão ou R$ 10 mil está segurando, só para ver o que vai acontecer”.

Ainda assim, Phillippe de Rotschild diz que não compensa para nenhuma grande marca de luxo sair do Brasil. São negócios de longo prazo. “Você pode diminuir o tamanho da loja e o número de empregados, mas acho que seria uma besteira enorme desaparecer porque, uma vez que você desaparece, para voltar é muito, muito mais complicado. Então não vale a pena”, calcula.

O conselho dele é seguir o mesmo que aconteceu no Japão, há 5 anos, quando a baixa do mercado atingiu o coração das vendas de luxo. “Se eu fosse CEO, presidente de alguma das marcas, eu diria: vamos segurar, tem algum outro lugar em que a gente possa achar lucro e vai voltar um dia. 

Esperamos que vai ser o mais rápido possível.” Nós também.

 http://blog.jovempan.uol.com.br/radioatividade/2016/04/07/exclusivo-ha-18-meses-o-brasil-deixou-de-ser-um-mercado-maravilhoso-para-as-marcas-de-luxo-afirma-phillippe-de-rotschild/

Oposição quer unificar discurso em evento para apoiar Temer






Geraldo Magela/Agência Senado
Senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante discurso no Plenário do Senado Federal
Senador Aécio Neves (PSDB-MG): oposição vai se unir em ato promovido por Paulinho da Força em apoio a Michel Temer, em São Paulo.
 
Pedro Venceslau e Elizabeth Lopes, do Estadão Conteúdo


São Paulo - O senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, e outras lideranças de oposição no Congresso Nacional participarão nesta sexta-feira, 8, em São Paulo, de um ato de apoio ao vice-presidente Michel Temer promovido pela Força Sindical.

No evento, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente do Solidariedade, apresentará uma carta de reivindicações.
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A lista de demandas dos sindicalistas inclui pautas como a garantia dos programas sociais e a manutenção da atual política de salário mínimo.

"Também queremos numa reforma da Previdência que não tire direito dos trabalhadores. Avisei o Temer sobre o evento", diz o deputado, também conhecido com Paulinho da Força.

Antes do ato, as principais lideranças tucanas participam de um evento no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para afinar o discurso da sigla.

Os senadores José Serra, Aloysio Nunes e Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participam do encontro.


Centenas de sindicalistas pedem impeachment de Dilma em ato em São Paulo

São Paulo, 08 - Centenas de sindicalistas reúnem-se no Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP). O ato intitulado "Impeachment Já" foi chamado pelo deputado Paulinho da Força, aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e um dos principais militantes pela deposição da presidente Dilma Rousseff na Casa.

O ato desta sexta-feira, 8, ocorre no auditório do Sintracon-SP, que está lotado. Há bandeiras da Força Sindical e de sindicatos mesclados a faixas de "Impeachment Já" e "Fora Dilma". "O Brasil vai 'Dilmal' a pior" diz uma das faixas na parede. Sindicalistas se revezam no palco para discursar palavras de ordem contra o governo e contra a presidente.

A maioria das falas destaca que o movimento sindical não está integralmente ao lado do PT. Há sindicalistas e manifestantes também ocupando a rua onde fica o sindicato. Políticos da oposição são esperados para o ato. O presidente do PSDB, Aécio Neves, confirmou presença e deve chegar nesta tarde.

O senador participava de uma reunião com outros líderes tucanos para falar do impeachment no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Além dele, são esperados o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), o presidente do PSB, Carlos Siqueira, o presidente do PPS, Roberto Freire. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), pró-governo, organiza um ato com Lula no fim da tarde, também na capital paulista.

Google pode comprar negócio principal do Yahoo, diz jornal





Reuters/Peter Power
10 - Google
Google: AT&T, Comcast e Microsoft não estão fazendo um lance ainda, afirmou a Bloomberg
 
Da REUTERS


O Google, unidade da Alphabet, está considerando fazer uma oferta pelo negócio principal do Yahoo, informou a Bloomberg nesta quinta-feira, citando uma fonte.

A Verizon Communications, que tem sido citada como candidata a fazer um lance pelo Yahoo, planeja fazer uma oferta pelo negócio do gigante da Internet na próxima semana, informou a Bloomberg, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

AT&T, Comcast e Microsoft não estão fazendo um lance ainda, afirmou a Bloomberg.

O Yahoo pôs à venda seu principal negócio em fevereiro após arquivar planos de cisão de sua participação na empresa chinesa de e-commerce Alibaba.

Verizon e Yahoo se recusaram a comentar.

Google, AT&T, Comcast e Microsoft não puderam ser encontradas imediatamente para comentar.


Repercussão dos Panama Papers surpreende jornalistas





Christof Stache / AFP
Frederik Obermaier e Bastian Obermayer co autores do escândalo dos Panama Papers
Panama Papers: os dois repórteres alemães que divulgaram os escândalos não esperavam que as reações viriam do mundo todo


AFP/Arquivos, da AFP


Os dois jovens repórteres do jornal alemão "Süddeutsche Zeitung", os primeiros a receber os "Panama Papers", estão surpresos com a repercussão das revelações e antecipam que outras, igualmente espetaculares, estão a caminho.

"Nunca imaginei que teria tantas reações, que os canais de televisão falariam tanto sobre isto e que teríamos pedidos de todos os meios de comunicação do mundo", explica Bastian Obermayer, de 38 anos, em entrevista à AFP na sede do jornal em Munique.
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O Süddeutsche Zeitung, segundo jornal da Alemanha em vendas, recebeu mais de 11 milhões de documentos procedentes do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, entregues por um informante anônimo.

O jornal liberal de esquerda as informações com outros meios de comunicação. Desde domingo passado, as revelações dos "Panama Papers" - sobre evasão fiscal ou uso de paraísos fiscais - já provocaram a queda do primeiro-ministro islandês, a renúncia de um dirigente da Uefa e deixaram o primeiro-ministro britânico David Cameron e o presidente argentino Mauricio Macri em posição delicada.

"Ainda estamos na metade das revelações", completa o colega Frederik Obermaier, de 32 anos.

"Nos próximos dias, serão mais temas, que afetam muitos países, e que vão a estar na primeira página", garante.

Nos muitos documentos "vemos os delitos mais diferentes, vemos como os cartéis lavam dinheiro, como os traficantes de armas estão envolvidos, como as sanções (econômicas) são esquivadas (como no caso da Síria, NR), vemos fraude fiscal", resume Bastian Obermayer.

"Se os dirigentes políticos querem realmente acabar com tudo isto, têm que agir agora. Precisamos de um martelo para destruir o sistema de empresas offshore", completa.

Mistério sobre a fonte


Ao falar sobre a identidade da fonte que está na origem do furo de reportagem, o jornalista afirma que não sabe o nome da pessoa que repassou os dados "há mais de um ano".

"Não sei se é um homem ou mulher, ou um grupo. Não conheço a identidade desta pessoa", afirma.

Para proteger a fonte, o repórter não revela se permanece em contato com a pessoa, nem como reagiu após as primeiras revelações.

"Mas suas motivações são claras e morais", destaca.

"A fonte deseja que estes crimes se tornem públicos. Nossa fonte viu muitos destes dados e pensou que era necessário publicá-los".

A fonte quer que a Mossack Fonseca cesse suas atividades", explica Bastian Obermayer.

Ele recebeu o primeiro e-mail da fonte anônima, que apresentava uma proposta de informações, sem entrar em detalhes.

"Não podemos especular sobre as razões pela qual fomos contactados e não outro jornal".

Após um ceticismo inicial, ele percebeu, ao lado de Frederik Obermaier, que os primeiros documentos recebidos eram autênticos. Mais tarde, eles decidiram compartilhar as informações com jornalistas de todo o mundo.

"O futuro do jornalismo está na cooperação internacional. Sempres somos mais fortes quando estamos juntos", afirma.

O Süddeutsche Zeitung, fundado em Munique em 1945, é um dos dois grandes jornais de referência do país, ao lado do Frankfurter Allgemeine Zeitung.

É o segundo em vendas da Alemanha, atrás do Bild, com 368.000 exemplares diários.