segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Artesp vai abrir nova licitação para aeroportos paulistas





Sergio Moraes/Reuters
Vista aérea das obras do aeroporto São Gonçalo do Amarante (RN), primeiro terminal sob concessão da iniciativa privada no país
Obra: o investimento mínimo ao longo de 30 anos de concessão será de R$ 90,1 milhões, dos quais R$ 32,4 milhões serão concentrados nos quatro primeiros anos
 
Fátima Laranjeira, do Estadão Conteúdo


São Paulo - A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) informou que a Comissão Especial de Licitação manteve a inabilitação da Gran Petro Distribuidora de Combustível para participar da licitação de concessão de cinco aeroportos paulistas, apesar do recurso apresentado pela empresa.

A Artesp diz que já iniciou as ações administrativas para, em breve, republicar o edital. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado do sábado, 27.
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Segundo a agência, em 26 de julho, a GWI Empreendimentos Imobiliários e a Gran Petro entregaram propostas e documentação para participar da concorrência.

A GWI já havia sido considerada inabilitada pela Comissão de Licitação por não ter apresentado garantia de proposta.

A Gran Petro foi inabilitada por não ter apresentado documentos conforme regras previstas no item 19.4 do edital, diz a Artesp. Com isso, a Comissão declarou prejudicado o certame.

A concessão em disputa envolve os aeroportos Comandante Rolim Adolfo Amaro (Jundiaí), Arthur Siqueira (Bragança Paulista), Campos dos Amarais (Campinas), Gastão Moreira (Ubatuba) e Antônio Ribeiro Nogueira Júnior (Itanhaém) cujo edital está disponível no site da Artesp (www.artesp.sp.gov.br).

"Todos são vocacionados primordialmente para o desenvolvimento da aviação geral, com foco na aviação executiva e táxi aéreo", diz a agência.

De acordo com a Artesp, a concessão representa potencial de crescimento para as regiões onde os aeroportos estão situados, com a geração de novos negócios e postos de trabalho.

O investimento mínimo ao longo de 30 anos de concessão será de R$ 90,1 milhões, dos quais R$ 32,4 milhões serão concentrados nos quatro primeiros anos.

As obras previstas para os aeroportos contemplam melhorias nos sistemas de pistas, pátios e sinalização, reformas nos terminais de passageiros e ampliações na infraestrutura de hangares.

Além de investimentos em obras, a concessão do lote de cinco aeroportos engloba ainda a adequação, operação, equipagem e manutenção dos equipamentos.

Por que Dilma será condenada pelo tribunal da história

As principais respostas de Dilma aos senadores até agora


Por Mario Sabino

Dilma Rousseff está no Senado enquanto escrevo.

No seu discurso de defesa, ela afirmou que não decretou a abertura de créditos suplementares sem autorização do Congresso e negou ter contraído empréstimos proibidos junto a bancos públicos, a fim de encobrir a cratera lunar nas contas do governo. Os seus crimes de responsabilidade são golpe da oposição, dos ex-aliados traidores, das elites econômicas e, como de hábito, da imprensa.

Para tentar suscitar compaixão nos seus juízes, a petista apelou às torturas sofridas durante o regime militar (que, não esqueçamos, ela queria ver substituído por uma ditadura comunista) e ao câncer do qual se curou (como se doença fosse certificado de idoneidade).

Agora, nas respostas às perguntas dos senadores, nem mesmo petistas e afins conseguem segurar-se nas cadeiras e fingir alguma atenção às suas falas desconexas. Preferem fazer selfies com Chico Buarque, na parte da galeria reservada aos convidados. Posso imaginar, aliás, o desespero de Chico Buarque. Ouvir Dilma Rousseff é pior do que ouvir a Ópera do Malandro.

Dilma é previsível, tentou ser patética, mas carece de sintaxe e, sobretudo, pathos. Não inspira simpatia ou comiseração. Pelas expressões dos senadores, desperta apenas estupor.

Sabemos que a petista é prova de que não é necessário ter carisma para ser eleito ou para governar. Sabemos que a sua vitória nas urnas é prova de como grande parte dos brasileiros é composta por bobocas. Dilma, contudo, atesta que, assim como uma obra de arte precisa de pathos para atravessar o tempo, um político dele necessita para ser absolvido, se não no presente, pela posteridade.

Por falta de pathos, ainda que fosse inocente, ela será julgada culpada no tribunal da história, não importam os documentários ou os livros que a pintarão como vítima.

Euforia com impeachment no Brasil cega operadores de títulos




Getty Images
Nota de Real - dinheiro
Dívidas empresariais: S&P tem perspectiva negativa para mais de 60% das empresas tomadoras de crédito no Brasil, mas isso não freou investimento
 
 
Aline Oyamada, da Bloomberg


As finanças das empresas brasileiras estão se deteriorando rapidamente, mas seus títulos entregam aos investidores alguns dos retornos mais impressionantes dos mercados emergentes.

A incongruência ressalta como a euforia desencadeada pelo esforço para cassar a presidente Dilma Rousseff tem mascarado os problemas de solvência das empresas do país.

A S&P Global Ratings agora atribui perspectiva negativa para os ratings de mais de 60 por cento das empresas tomadoras de empréstimos do Brasil, taxa mais alta em uma década.

Isso não impediu os investidores de adquirirem notas de empresas como Petrobras e Vale apostando que o presidente interino, Michel Temer, alavancará o crescimento da maior economia da América Latina.

Os títulos deram retorno de 23 por cento neste ano, quase duas vezes a média dos mercados emergentes. Os senadores decidirão sobre o impeachment de Dilma em votação nesta semana, mais de três meses após o afastamento temporário da presidente por suposta maquiagem dos números do orçamento.

“Existe uma desconexão entre o comportamento dos índices no Brasil e a nossa análise de crédito fundamental para as corporações do país”, disse Yann Le Pallec, chefe global de títulos corporativos da S&P.

Oito das 21 empresas de mercados emergentes que deram calote em títulos neste ano são brasileiras, acrescentou. “Trata-se de um número revelador sobre a magnitude dessa crise”.

Embora as empresas do país tenham visto seus custos de crédito caírem em meio ao rali, elas ainda precisam lidar com a recessão mais longa em mais de um século e a perspectiva de aumento da taxa de juros dos EUA pode fazer os investidores tirarem seu dinheiro dos mercados emergentes, segundo Le Pallec.

David Tawill, da Maglan Capital, reconhece que os ativos brasileiros podem estar vulneráveis a uma forte queda na eventualidade de alta dos juros pelo Federal Reserve.

Contudo, os ativos de alto rendimento do país são difíceis de ignorar em um momento de predomínio de taxas de juros baixas em muitos países desenvolvidos, disse ele.

“Se você é um grande investidor global, você precisa colocar o dinheiro para trabalhar na América Latina”, disse Tawill, presidente e cofundador da Maglan, que tem sede em Nova York.

“Poucos lugares oferecem rendimentos tão elevados com relativa segurança e suficiente profundidade de mercado”.


Dilma e Aécio revivem clima das eleições de 2014 no Senado





Paulo Whitaker e Sergio Moraes/Reuters
Combinação com os candidatos do segundo turno da eleição, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB)
Combinação com os candidatos do segundo turno da eleição, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB)
 
 
 
 
São Paulo - Protagonistas da eleição mais acirrada desde a redemocratização, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) voltaram a se enfrentar nesta segunda-feira durante julgamento final do impeachment

O tucano foi o 11º senador a questionar a presidente afastada. Começou sua fala dizendo que não imaginava que iria encontrar a petista, depois dos debates, nesta situação e que não é com alegria que a interroga nesta segunda-feira. ""não é desonra perder uma eleição, sobretudo, quando se cumpre a lei. Eu não diria o mesmo de vencer eleições faltando com a verdade", afirmou.

Ele se refere ao discurso de Dilma na corrida eleitoral de 2014 que teria sido desmentido logo após posse da presidente. O senador lembrou de debate eleitoral em setembro de 2014, quando Dilma Rousseff afirmou que a inflação estava próxima de zero e negou que a economia estivesse ruim. Segundo ele, os números de 2015 provam que ela mentiu.

Em resposta, a presidente afirmou que, embora ambos tenham se respeitado durante a corrida eleitoral, Aécio e seu partido teriam tomado uma série de medidas para desestabilizar seu governo como o pedido para recontagem dos votos e a abertura da ação que questiona a legalidade dos gastos da campanha da petista. 


Apesar dos tropeços, o Brasil perdeu o medo de competir



Brian Snyder / Reuters
Competição de vela nas Olimpíadas Rio-2016, dia 15/08/2016
Competição de Vela nas Olímpiadas Rio-2016: muitos atletas brasileiros de origem pobre superaram percalços e se saíram bem na competição internacional
 
Luciano Pádua, da Revista EXAME
 
 
São Paulo — Pode ser uma manifestação do tal complexo de vira-lata, mas, no dia 22, milhões de brasileiros, em maior ou menor grau, respiraram aliviados. Encerrados na véspera, os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro ocorreram sem incidentes capazes de manchar a imagem do Brasil no exterior. Não houve ataque terrorista, as arenas não desabaram, os mosquitos transmissores da zika não atacaram.

Os graves problemas de segurança pública do Rio de Janeiro, como a escalada de assaltos e roubos a mão armada, foram relativamente controlados durante a competição pela presença da Força Nacional e pela ostensiva vigilância da polícia e das Forças Armadas. Até mesmo a poluída Baía de Guanabara colaborou: ficou menos poluída.

Alguns velejadores, como as medalhistas de ouro brasileiras Martina Grael e Kahena Kunze, celebraram a vitória com mergulhos nas águas que, por causa do vento e da falta de chuvas, mantiveram-se razoavelmente limpas durante a competição.

Como o temido vexame internacional no fim das contas não veio, ficou a sensação de que o país cumpriu a missão de organizar bem o maior espetáculo esportivo do mundo — coroado por mais uma bela festa no encerramento. O alívio foi reforçado por declarações de dirigentes do Comitê Olímpico Internacional (COI).

O suíço Thomas Bach, presidente da organização, disse que, se pudesse voltar no tempo, teria tomado novamente a decisão de escolher o Rio de Janeiro como sede. O jornal americano The New York Times, que semanas antes da competição havia dito que o evento seria um dos mais desorganizados dos 120 anos de história da Olimpíada moderna, ao fim destacou que o Rio de Janeiro havia renascido com os Jogos.

“O Brasil provou que consegue fazer um evento de nível mundial”, diz Christopher Sabatini, professor de relações internacionais na Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos. Deixe o vira-latismo de lado e celebre: o Brasil mandou bem. O Rio de Janeiro ganhou o direito de sediar os Jogos num momento completamente diferente do atual. Vivíamos o auge do oba-oba da era Lula.

Em outubro de 2009, quando o COI anunciou a escolha, o Brasil era um dos poucos países com algum sinal de recuperação após a forte recessão que o mundo enfrentou com o estouro da bolha imobiliária americana no ano anterior. A retomada do crescimento da economia brasileira no segundo semestre de 2009 levou o PIB do país à expansão de 7,5% no ano seguinte — a maior em 25 anos.

A euforia com a economia e com a novidade do pré-sal, que transformaria o Brasil em potência, alimentava uma megalomania — já havíamos conquistado também o direito de sediar a Copa do Mundo de futebol de 2014. A realização aqui dos dois maiores eventos esportivos globais deveria vir como uma consagração, a de que estávamos galgando o pódio das nações desenvolvidas.

O que se viu depois foi que o sonho de grandeza não tinha base para se concretizar. Os excessos cometidos ainda no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e a má gestão da presidente Dilma Rousseff levaram o país ao buraco — em 2016, o PIB deve cair mais de 3% pelo segundo ano consecutivo, fato inédito na nossa história recente.

Sem dinamismo na economia, o Brasil perdeu também a estabilidade política na esteira dos escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava-Jato e do processo de impeachment de Dilma.

Com tamanho baixo-astral, era até natural esperar que desse tudo errado.

Mas, se a economia não correspondeu à expectativa dos anos de oba-oba, o sucesso da Olimpía­da mostra que o país conquistou o direito de dizer: podemos não ser a maravilha que o discurso populista de outrora pregava, mas podemos, sim, ir longe.

“A sensação de alívio pós-Jogos é uma chance de romper a maré de baixo-astral que abate o país”, diz Paulo Sotero, diretor do Instituto Brasil no centro de pesquisa política Woodrow Wilson, localizado em Washington.

 

Emergente viável


O sucesso da Olimpíada reabre a questão: valeu a pena sediar o evento? Os gastos com metrô, linhas de ônibus e arenas que mudaram a cara do Rio, e custaram estimados 40 bilhões de reais, foram controversos — especialmente num estado cujo governo declarou calamidade pública em maio por não ter dinheiro para pagar o salário dos funcionários. É uma boa, e talvez eterna, discussão.

Os que defendem o controle das contas dirão que foi tudo exageradamente custoso. Estarão certos. Mas, ao final, a boa imagem que passamos ao mundo ao colocar de pé um evento grandioso em condições tão adversas traz uma série de benefícios que, ao contrário dos gastos, é quase impossível de medir.

“A Olimpíada mostrou ao mundo um país emergente viável, distante de tensões geopolíticas e de terrorismo e com boas perspectivas quando coloca energia no que faz”, afirma Octavio Barros, economista-chefe do Bradesco. Boa parte do acerto advém do fato de que o Brasil experimentou algo que deveria fazer muito mais: expor-se ao mundo.

Ao reunir as representações de mais de 200 países e concentrar a atenção da mídia internacional por um mês, na qualidade de anfitriões e organizadores do evento, os brasileiros assumiram uma responsabilidade enorme. O histórico das Olimpíadas é fundamentalmente ligado aos países ricos, e houve casos em que mesmo economias poderosas penaram para fazer o trabalho direito.

Passamos, portanto, por um teste duro. O mesmo se pode dizer em relação aos atletas brasileiros. Com 19 medalhas, sete delas de ouro, o país teve o melhor desempenho de sua história nos Jogos Olímpicos. Boa parte das conquistas veio de gente que enfrentou uma jornada de percalços, a começar pela pobreza.

É o caso da judoca medalhista de ouro Rafaela Silva, nascida na Cidade de Deus, bairro de uma das áreas mais problemáticas da periferia do Rio. Rafaela venceu uma infância barra-pesada: conta que tinha apenas um par de chinelos e passava o tempo inteiro com ele para não correr o risco de ser roubada.

Ou de Thiago Braz, ouro no salto com vara, abandonado pela mãe na casa dos avós aos 2 anos por falta de dinheiro para sua criação. Essa disposição para encarar a competição aberta é um exemplo para um país que precisa ampliar sua inserção internacional. O Brasil, que tradicionalmente virou as costas para o intercâmbio, leva o título de a mais fechada entre as grandes economias.

De acordo com o Banco Mundial, em 2015 a exportação representou apenas 13% do PIB brasileiro, bem abaixo de vizinhos latino-americanos, como México e Chile, cujos índices superam 30%. Nossas empresas que batalham para participar do comércio mundial ou estão instaladas em outros países são exceções.

“Os Jogos mostraram que os brasileiros são capazes de competir com os países mais desenvolvidos para a realização de eventos mundiais. Falta agora os brasileiros terem mais autoconfiança em outros campos”, diz a economista espanhola Lourdes Casanova, da Universidade Cornell, nos Estados Unidos. “O Brasil e as empresas brasileiras precisam se abrir mais para o comércio mundial.

Suas deficiências podem ser contornadas pela resistência do povo em lidar com adversidades. Basta não ter medo.” Ou seja, é preciso ousar mais. A torcida é para que o sucesso da organização dos Jogos e o desempenho dos atletas brasileiros ajudem a inspirar um novo Brasil. Se o importante é competir, vamos competir.

Só temo a morte da democracia, diz Dilma no Senado





Agência Brasil
Dilma Rousseff durante interrogatório no Senado - 29/08/2016
 
 
 
 
 
São Paulo – Em seu discurso inicial de defesa para o Senado, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) adotou um tom mais emocional do que técnico. Reforçou a tese de que o processo de impeachment em curso é um golpe contra a democracia e voltou a repetir elementos dos discursos que marcaram os 110 dias em que esteve apartada do poder. Veja íntegra do discurso

A sessão de hoje — uma das principais do julgamento final — começou com meia hora de atraso com casa lotada. Dilma Rousseff falou durante cerca de 44 minutos aos senadores.

Da galeria do plenário, era ouvida atentamente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho político, que acompanhou o discurso ao lado do cantor Chico Buarque e outros 30 convidados da petista.

A presidente afastada abriu sua fala inicial lembrando que foi eleita por 54 milhões de votos e que jamais “praticaria atos contrários aos interesses daqueles” que a elegeram. Ela admitiu que, nessa jornada longe do cargo, ouviu muitas críticas e as acolhia com humildade. “Até porque, como todos, tenho defeitos e cometo erros”, disse.
 

Ditadura


Em mais de um momento, Dilma lembrou de sua luta contra a Ditadura Militar e disse que, apesar do medo da morte e das sequelas da tortura, resistiu. “Aos quase setenta anos de idade, não seria agora, após ser mãe e avó, que abdicaria dos princípios que sempre me guiaram”, afirmou.

Voltou a afirmar que, com o processo de impeachment em curso, sente novamente, na boca, “o gosto áspero e amargo da injustiça e do arbítrio”.  Diante disso, afirmou que luta pela democracia. “Não luto pelo meu mandato por vaidade ou por apego ao poder”, afirmou. 
 

Golpe


“No passado, com as armas, e hoje, com a retórica jurídica, pretendem novamente atentar contra a democracia e contra o Estado do Direito”, disse. “São pretextos, apenas pretextos, para derrubar (...) o governo de uma mulher que ousou ganhar duas eleições presidenciais consecutivas”.

De acordo com ela, a continuidade de seu mandato não é o único aspecto em jogo neste processo. “O que está em jogo é o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição”, disse.

“Quem afasta o Presidente pelo “conjunto da obra” é o povo e, só o povo, nas eleições. E nas eleições o programa de governo vencedor não foi este agora ensaiado e desenhado pelo Governo interino e defendido pelos meus acusadores”, afirmou. 

"A forma só não basta. É necessário que o conteúdo de uma sentença seja justa. Nunca haverá justiça em uma eventual condenação minha", afirma. 
 

Democracia


A presidente afastada afirmou que não abriu mão do cargo porque respeita o Estado democrático de direito. "Jamais o faria porque não renuncio à lei", disse. "A violência do preconceito me assobrou e, em alguns momentos, muito me magoaram". 

E voltou a agradecer o empenho das mulheres que a acompanharam nesse período de luta: "Bravas mulheres brasileiras que tenho a honra de representar como primeira presidente da República", afirmou. 

"Tenho a consciência tranquila, não pratiquei crime de responsabilidade. Cassar meu mandato é como me submeter a uma pena de morte política", disse. 

Emocionada, a presidente afastada relembrou da tortura e do câncer que combateu antes das eleições de 2010. Disse que temeu a morte nessas duas ocasiões, mas que, hoje, só teme a "morte da democracia". 

Veja a íntegra do discurso de Dilma e continua acompanhando o interrogatório no blog ao vivo de EXAME.com



E-House é a nova aposta das indústrias





iStockphoto
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Mina extrativista: locais remotos são os mais beneficiados por E-Houses, que reúnem equipamentos elétricos para a distribuição de eletricidade
 
Imagine toda a logística necessária para levar energia à mina de cobre Constancia, no Peru, a uma altitude de 4 300 metros e a cerca de 100 quilômetros de Cusco, a cidade mais próxima. Para evitar o deslocamento de uma grande equipe de engenheiros e técnicos para construir uma estrutura que abrigasse os equipamentos, a concessionária de energia Hudbay Minerals investiu nas chamadas E-Houses, mais conhecidas no Brasil como eletrocentros. As 12 salas pré-montadas no local reúnem os equipamentos elétricos e de automação para a distribuição de eletricidade em toda a região extrativista.

Grandes indústrias de geração de energia, extração mineral, exploração de petróleo e óleo e gás têm investido na tecnologia, que já está presente em mais de 20 países. O conceito chegou ao Brasil na década de 1970, mas começou a se popularizar recentemente, com a evolução dos equipamentos elétricos. 

Diferentemente de subestações convencionais, feitas de alvenaria, a estrutura de uma E-House costuma ser de metal, como num contêiner, e é facilmente transportável por caminhão. Uma sala elétrica convencional precisa ser construída no local onde irá funcionar, mas há também a versão pré-fabricada, que pode ser enviada para a indústria já pronta. 

Locais remotos são os mais beneficiados pela tecnologia, uma vez que a estrutura pronta reduz o trabalho em campo. Em áreas afastadas, nem sempre há profissionais qualificados para executar tarefas importantes, como a manutenção dos equipamentos. Além do fornecimento rápido e confiável de energia, há potencial de gerar uma economia de custos de até 20%, em comparação às estruturas convencionais.

Um dos benefícios é a possibilidade que a indústria tem de personalizar a E-House de acordo com suas necessidades. É possível, por exemplo, incluir diversos módulos na mesma estrutura para potencializar a distribuição de energia. “Por serem feitas sob encomenda, as E-Houses atendem a qualquer tipo e tamanho de salas elétricas”, diz Edgard Torres, professor do departamento de engenharia elétrica da PUC-Minas.

Veja este exemplo. O porto de águas profundas de Moçambique recebeu cinco E-Houses com equipamentos de distribuição de baixa e média tensão para energizar as minas de carvão na região montanhosa do Tete. O Corredor Logístico Integrado de Nacala investiu cerca de 115 milhões de euros nas soluções de energia elétrica. As salas foram importadas da Alemanha totalmente equipadas. 

Além disso, todas têm revestimentos especiais para resistir à poeira e ao ar salino da região. 

Outra característica de destaque é a segurança que as E-Houses proporcionam. Os equipamentos são testados antes de sair da fábrica, o que reduz a possibilidade de problemas em campo. O maior controle durante a produção também diminui o risco de acidentes de trabalho. “É muito seguro porque nessas salas não fica ninguém. Elas são totalmente operadas a distância”, diz Torres.

A alternativa moderna às subestações de alvenaria foi pouco explorada no Brasil durante muito tempo, mas já dá sinais de que vai deslanchar. A indústria química Corbion, em Campos dos Goytacazes (RJ), por exemplo, recebeu recentemente sua primeira E-House no lugar da subestação convencional, que apresentou problemas técnicos. “A sociedade toda se beneficia com o uso de um equipamento mais tecnológico, que garante mais qualidade e segurança na fabricação, na instalação e na posterior operação e manutenção”, afirma Torres.