Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
A disputa entre a Vigor e a francesa Lactalis em relação ao
futuro da Itambé terá um capítulo que pode ser decisivo hoje. A Câmara
de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo decidirá se a
cooperativa CCPR tem o direito de transferir ações que possui na Itambé
para o grupo Lactalis.
A Vigor tenta barrar o movimento. Dona de
50% da Itambé até o ano passado, a empresa havia costurado a venda de
sua fatia para a mexicana Lala, que demonstrara interesse em ficar
também com a participação da CCPR e, assim, deter controle total da
Itambé. A CCPR não quis se desfazer de suas ações e exerceu direito de
preferência para comprar a parte da Vigor. Logo depois, porém, anunciou
que a Lactalis adquirira 100% da Itambé. A Vigor contesta a operação e
diz que houve violação do acordo de acionistas.
Em pauta no Tribunal de Justiça está a continuação do julgamento de uma
liminar. Caso a Vigor saia vitoriosa em seu pleito de barrar a
transferência de ações da CCPR para a Lactalis, a francesa não poderá
comprar a Itambé da cooperativa.
Se o tribunal entender que a operação é válida, a Lactalis poderá
finalizar a compra, mas o caso não estará resolvido. Ela ainda terá de
esperar o resultado de uma arbitragem para assumir de fato a empresa
brasileira de lácteos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Para historiador, Google, Facebook e Amazon competem em revolução digital e redes sociais ficam arcaicas.
Quando descreveu os perigos da internet em seu primeiro livro há dez
anos, Andrew Keen ficou conhecido como o anticristo do Vale do Silício,
uma rara voz dissonante num momento em que o mundo parecia celebrar as
maravilhas das redes sociais.
Em “O Culto do Amador”, o
historiador que trocou seu Reino Unido natal pela meca do “big tech” na
Califórnia, onde fundou uma série de start-ups que fracassaram, já
falava na erosão da confiança em instituições que são pilares da
sociedade moderna.
Ele previu a era das “fake news”, com a crise
da mídia tradicional diante da ascensão da opinião de amadores na rede
mundial, e o fim de certas experiências humanas, como a solidão e a
privacidade, que desapareceriam num ambiente dado ao exibicionismo
total.
Uma década depois, Keen aponta as consequências de um mundo inebriado pela internet em seu mais novo livro.
“How to Fix the Future”,
recém-lançado nos Estados Unidos, descreve o quadro de medo e paranoia
que domina a época atual e aponta a eleição de Donald Trump como
fenômeno de um momento em que a crença cega na suposta transparência do
ambiente virtual acabou gerando sociedades mais opacas.
Nesta
entrevista, Keen comenta a crise de imagem do Vale do Silício, prevê um
futuro controlado por inteligência artificial e aponta ameaças que o
amor à tecnologia pode impulsionar, entre elas o levante de uma
tecnocracia digital na China e de uma nova guerra fria causada por
políticas digitais divergentes.
Folha - Seus livros e artigos são um alerta sobre os perigos da internet há uma década. Como vê a rede mundial hoje?
Andrew Keen - Tenho
uma visão histórica sobre a revolução digital e a vejo como outras
grandes mudanças tecnológicas e culturais do passado, como a Revolução
Industrial e a Reforma Protestante, mas já não gosto mais de usar essa
palavra internet.
A internet está em todos os lugares hoje em
dia e provocou uma mudança profunda na forma como aprendemos,
conversamos e administramos governos e os negócios.
É uma mudança
tão forte quanto a Revolução Industrial, com a diferença que já não há
crianças trabalhando em fábricas que cospem fumaça nem o surgimento de
uma nova classe proletária.
Em vez disso, as empresas de
tecnologia se tornaram as mais ricas e poderosas do planeta e estão
todas concentradas na costa oeste dos Estados Unidos. Isso gerou outros
níveis de riqueza e figuras como Jeff Bezos, o dono da Amazon que é
talvez o homem mais rico da história.
O que está no horizonte como próxima fase dessa evolução?
Sempre
tendemos a superestimar a velocidade com a qual a tecnologia pode mudar
o mundo, mas acredito que nos próximos 15 anos a inteligência
artificial vai mudar todas as indústrias e todos os relacionamentos
humanos, por isso empresas como Google, Facebook e Amazon agora estão
competindo para ver quem vai dominar essa área.
Mas acredito que
pode até haver uma nova empresa, uma espécie de novo Google ou Amazon,
que vai surgir e transformar todas as coisas.
A inteligência
artificial já é uma realidade, não é só conversa ou uma propaganda
vazia. E ela vai mudar a maneira em que pensamos sobre nós mesmos quando
começar a substituir as pessoas em fábricas ou a servir fast food ou a
trabalhar como médicos, advogados e até professores.
Os humanos podem se tornar obsoletos no futuro próximo?
Não
penso isso, mas precisamos entender o que está acontecendo e
desenvolver novas formas de agir. Na era das máquinas inteligentes e dos
algoritmos, precisamos entender o que só os humanos ainda conseguem
fazer.
Mas, enquanto essa reflexão não amadurece, acredita que a
tecnologia e as redes sociais vão continuar a agravar o quadro de
descrença em relação à política da atualidade descrito em seu livro mais
recente?
A tecnologia não é o que levou Donald Trump ao
poder ou o que está por trás da xenofobia. Mas a realidade é que a
revolução digital criou outras formas de escassez. Há escassez de
confiança e de capacidade de prestar atenção. Estamos confiando cada vez
menos em todas as coisas.
Isso começou com a maneira como a
internet gerou um fetiche em torno de amadores, minando nossa confiança
em especialistas, curadores, profissionais e críticos. Foi a natureza
democrática dessa tecnologia que nos levou a essa crise de confiança.
Trump
é o presidente da internet. Ele representa os piores elementos das
redes sociais, o narcisismo, a obsessão com o próprio ego, a inabilidade
de ouvir. É o primeiro presidente antissocial.
Qual o antídoto para isso?
Mesmo que a
tecnologia tenha provocado essa crise, acredito que nossa confiança
possa ser reconstruída usando essa mesma tecnologia.
Seu livro dá exemplos bons e ruins de nações como Estônia e
Cingapura, que estão ancorando seus governos em inovações tecnológicas.
Quais são as vantagens e os perigos da ideia de país inteligente?
Nada
é inevitável em relação à tecnologia, então tudo depende de como ela é
usada. A Estônia é um bom exemplo de como um governo pode ser mais
transparente com a tecnologia. Não é perfeito, mas está inspirando
sistemas parecidos em todo o planeta.
O caso de Cingapura é mais
preocupante porque há uma ausência de democracia, mas até o sistema
paternalista deles parece funcionar melhor do que a democracia
disfuncional que estamos vivendo agora nos Estados Unidos.
A China também está avançando nesse cenário e exerce grande
controle sobre seus cidadãos censurando a internet e monitorando
manifestações online. Como avalia isso?
O modelo de
países inteligentes tem problemas, mas em todos eles há um grau de
prestação de contas à sociedade que não existe na China.
Deveríamos
estar bem mais preocupados com o caso chinês. Eles estão construindo um
sistema orwelliano, em que o governo determina o destino das pessoas em
termos de moradia, educação e privilégios sociais com base nos dados
que tem sobre eles.
Eles estão se aproximando cada vez mais de um
regime totalitário. É um pesadelo, uma tecnocracia digital onde os
direitos individuais são ignorados.
No século 21, podemos ter uma
nova guerra fria em que a base do conflito não será mais a diferença
entre regimes econômicos e sim a maneira como cada país conduz as suas
políticas digitais.
Mas mudanças como a decisão dos EUA de acabar com a
neutralidade da rede não contribuem para um controle excessivo no resto
do mundo?
Essa coisa de neutralidade da rede é uma ilusão completa, é “fake news” criada pela esquerda americana.
Eles
sugerem que o perigo está no controle da rede por empresas como
AT&T e Comcast, mas elas são minúsculas perto do Google e da Amazon.
Esse debate é um desperdício de tempo que só reflete o medo e a paranoia dessa época em que estamos vivendo.
A
real ameaça à democracia está em como o Facebook e o Google se tornaram
superpoderes globais enquanto o governo americano não funciona. Ninguém
ali trabalha.
Você acredita que os EUA deveriam seguir os passos da União Europeia e impor mais restrições a essas empresas?
Os
americanos sempre gostam de pensar que são mais avançados do que o
resto do mundo, mas nesse ponto ficaram muito para trás em relação aos
europeus. O século 21 já nos deu motivos para repensar as regras
antitruste.
Haverá cada vez mais pressão para uma proteção maior
de dados pessoais, como já existe na Europa. E penso que nas próximas
eleições aqui os candidatos vão disputar cargos com plataformas
anti-Vale do Silício da mesma forma que já atacaram Wall Street.
O “big tech” está vivendo o auge de uma crise de imagem?
O
espírito dessa época é outro. A histeria em torno das redes sociais já
se esgotou. Elas se tornam cada vez mais arcaicas e fora de moda.
Há dez anos eu era o único a dizer que elas enfraquecem a credibilidade e a verdade, enquanto hoje todos concordam com isso.
Elas
prometiam transparência, mas nosso mundo só se tornou mais opaco e
ninguém sabe o que essas empresas fazem com todos os nossos dados.
Os
consumidores vão começar a peitar essas firmas. E o Google e o Facebook
vão precisar aprender algumas lições com outras indústrias, como a dos
automóveis, que se repensou para sobreviver.
A tecnologia é tão perigosa quanto o nosso amor por ela.
RAIO-X
Vida
Nasceu em Londres, em 1960, e hoje vive em Berkeley, nos Estados Unidos
Formação
Estudou história e ciências políticas na Universidade de Londres e na Universidade da Califórnia, em Berkeley
Carreira
Em 1995, ele fundou a Audiocafe.com, que
fechou cinco anos depois. Trabalhou em empresas de tecnologia como
Pulse 3D, SLO Media e Santa. Ele hoje faz palestras sobre a revolução
digital e é autor de quatro livros, entre eles “O Culto do Amador” e
“How to Fix the Future”
HOW TO FIX THE FUTURE AUTOR Andrew Keen EDITORA Atlantic Monthly Press QUANTOUS$ 16,30 (R$ 52,98), 288 págs (Folha de S.Paulo, 5/3/18)
SÃO
PAULO (Reuters) - A agência de classificação de risco Fitch informou
que os planos do governo dos Estados Unidos de impor tarifas para
importação de aço e alumínio do país podem aumentar os riscos ao
comércio global, mas o efeito direto no setor é limitado.
Contrução de metal em Moscow
09/02/2018
REUTERS/Maxim Shemetov
Segundo
a Fitch, a imposição de tarifas tem o potencial de elevar os riscos ao
crescimento global caso resulte em medidas de retaliação que levem a
ruptura comercial e preços mais altos de bens de consumo.
“O
efeito direto das tarifas sobre exprotadores de aço para os EUA
provavelmente seria limitado uma vez que uma demadna regional saudável e
cortes na capacidade chinesa continuam a fornecer um ambiente positivo
para a perspectiva para o setor”, escreveu a equipe da Fitch.
Recursos serão investidos em ampliações de unidades
Da Redação
redacao@amanha.com.br
Contratos de financiamento do Banco Regional do
Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que somam R$ 33,2 milhões, foram
assinados nesta segunda-feira (5), durante a 19° Expodireto Cotrijal, em
Não-Me-Toque (RS). O ato de assinatura ocorreu no estande da
instituição, no Parque de Exposições, com a presença do vice-governador
José Paulo Cairoli. Os contratos vão viabilizar recursos para
investimentos em duas cooperativas e duas empresas gaúchas. Em
fevereiro, o BRDE liberou R$ 45 milhões para cooperativas do Paraná (veja mais detalhes aqui).
Cairoli
(na foto, ao centro) agradeceu ao banco pelo investimento e às
cooperativas por acreditarem no Estado do Rio Grande do Sul. "Acreditem
no nosso projeto. Ele é voltado para aqueles que mais precisam. Estamos
em um trabalho de transformação para o futuro das gerações", ressaltou. O
presidente financeiro do BRDE, Odacir Klein, disse que a Expodireto é
uma promotora e o banco é um financiador de inovação, de produtividade e
de desenvolvimento econômico. "Esses contratos visam à inovação para
armazenagem, para movimentar safras, para aumentar a produtividade",
garantiu.
Cooperativas e empresas beneficiadas
O
financiamento de R$ 6,7 milhões será destinado para a ampliação da
capacidade de armazenagem da empresa Três Tentos Agroindustrial nos
municípios de Capão do Cipó, Fortaleza dos Valos, Joia, Entre-Ijuís e
Santa Bárbara do Sul. Para a Cooperativa Tritícola Santa Rosa
(Cotrirosa), a contratação do financiamento de R$ 9,5 milhões servira
para a ampliação da capacidade de recebimento e de armazenagem de grãos,
com a aquisição e a instalação de silos armazenadores em quatro
filiais, em Tucunduva, Santo Cristo, Cândido Godói e Ubiretama.
Conforme
o diretor industrial e de desenvolvimento da Ipacol Máquinas Agrícolas,
Luis Carlos Parise, os recursos de R$ 6 milhões serão utilizados para o
desenvolvimento de uma linha de máquinas Colhedoras de Forragem
Autopropelidas (CFA), com tecnologia nacional, no município de
Veranópolis. Para a Coagrisol Cooperativa Agroindustrial, a contratação
do financiamento foi no valor de R$ 10,6 milhões, para investimentos em
15 unidades de recebimento e armazenagem de grãos. O diretor financeiro
da Coagrisol, Paulo Regis Correa, revelou que a cooperativa passa por um
processo de reestruturação e novo modelo de gestão. Para ele, o
investimento vem para somar. "Esse é o momento de fazer novos
investimentos, que há anos não fazíamos, e que vai beneficiar seis mil
produtores que representam mais de 30 mil pessoas", estimou.
Milton Pomar analisa os movimentos da CMPort no Paraná
Por Milton Pomar
redacao@amanha.com.br
A China está avançando sobre o Brasil com a voracidade que
lhe é peculiar, desde que começou a sua longa marcha, há pouco mais de
20 anos, para se tornar a maior economia mundial. Como a estratégia das
empresas chinesas segue a estratégia maior do país, e o Brasil é um
parceiro estratégico para a China, por razões mais que óbvias,
continuarão investindo aqui na compra de portos, aeroportos,
agroindústrias, reservas de petróleo, minas de ferro e de outros metais,
usinas de etanol, e o que mais houver interessante e barato – a
expressão “bacia das almas” está em desuso, mas o seu significado
permanece vivo entre nós, infelizmente.
Notícias sobre
investimentos de grande porte se sucederão nos próximos meses, pois os
chineses retomaram o ritmo em relação ao Brasil. A compra do terminal de
contêineres de Paranaguá (veja mais detalhes aqui),
o porto pelo qual entram e saem milhões de toneladas de fertilizantes e
de soja, negociadas há muitos anos pelo “pool” de cooperativas do
Paraná,, pode ser apenas a primeira. Esse negócio, de R$ 3 bilhões, mais
R$ 1 bilhão prometidos em investimentos no porto, terá fortes
implicações para a agricultura brasileira, historicamente à mercê de
custos elevados de logística, decorrentes do modelo rodoviário
dominante.
Paranaguá é o segundo maior porto do Brasil, uma
referência na exportação de produtos agrícolas do Paraná e Mato Grosso
do Sul, por exemplo. Ao ser vendido para a China Merchants Port, com a
“benção” da Frente Parlamentar de Logística de Transporte e Armazenagem,
em evento no Congresso Nacional em fevereiro, o porto de Paranaguá
passa a integrar a estratégia chinesa em relação à compra de alimentos
no mundo, de redução de custos de logística e de intermediação, via
compra direta e fornecimento dos meios de transporte.
Empresas
chinesas quando tomam uma decisão é porque já estudaram o assunto
exaustivamente. Daí a possibilidade de serem verdadeiras as informações
que circulam no Paraná a respeito das novas investidas da CMPort, sobre a
área de Imbocuí, vizinha a Paranaguá, para construção de um novo porto,
e sobre a Rumo Logística, para terem também o modal ferroviário de 12
mil km dessa empresa, que atende de São Paulo ao Rio Grande do Sul,
ganhando escala e consequentemente competitividade.
Alta de 1% no
PIB de 2017 e criação de 78 mil postos de trabalho em janeiro confirmam
retomada da economia após
OTIMISTA Fernanda de Figueiredo, na piscina do imóvel
que comprou em São Paulo: “Acredito na melhora da economia” (Crédito:
Claudio Gatti)
A julgar pelas notícias da última semana, a crise econômica é
coisa do passado. O prolongado e doloroso ciclo de recessão que
perdurou de 2015 a 2016, anos em que o Produto Interno Bruto (PIB) ficou
negativo em 3,5%, ainda está longe de ser superado, mas os principais
indicadores mostram que o País voltou a crescer. Em 2017, o PIB fechou
em 1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
que divulgou o dado na última quinta-feira.
A taxa juros é a mais baixa
da história (6,75%). A inflação, em 2,2% ao ano, está abaixo da meta do
Banco Central e o setor público obteve em janeiro superávit de R$ 46,9
bilhões — o melhor resultado desde 2001, quando a série histórica foi
iniciada. Na indústria, o crescimento foi de 2,5% em 2017, contrastando
com as quedas de 6,4% em 2016 e 8,3% em 2015.
Até o índice de
desemprego, que se mantinha estacionado na preocupante casa de 12,2%, dá
sinais de queda, com a criação de 77.822 mil novas vagas em janeiro,
algo que não ocorria desde 2012, segundo o Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged). Ainda que a positividade dos dados não se
reflita de forma prática na melhoria das condições de vida dos
brasileiros, os indicadores confirmam que a confiança no País voltou.
Prova disso é a Bolsa de Valores de São Paulo estar registrando recorde
após recorde neste início de ano.
Então por que ainda persiste a sensação de que o fim da
crise é quase uma utopia? “A gente vê que, de uma maneira geral, a
economia vem melhorando. Mas é uma melhora lenta e gradual” afirma o
economista Marcel Grillo Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia
(Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Uma das razões para a
lentidão da retomada é a o efeito destruidor da recessão no biênio
anterior, o que, na prática, colocou a economia no mesmo patamar que
estava em 2010.
Com o avanço do PIB no ano passado, avançamos para o
cenário de 2011. É muito atraso para recuperar de uma vez só. A única
vez que o PIB brasileiro ficou negativo por dois anos seguidos foi logo
após a crise de 1929, e mesmo assim, em níveis menores. Estudos do
próprio Ibre/FGV apontam que deverão ser gerados em 2018 entre 700 mil e
1 milhão de postos de trabalho.
“A única vez que o PIB caiu duas vezes seguidas foi logo após a crise de 1929. Em 2017 tivemos o primeiro ano pós-recessão” Marcel Grillo Balassiano, economista do Ibre/FGV
Somada aos juros baixos e à inflação sob controle, a
recuperação do emprego irá aumentar a renda das famílias e estimular o
consumo, aquecendo ainda mais a economia. A recuperação das vendas já é
significativa na indústria automobilística, que cresceu 20,1% em 2017 e
segue no mesmo ritmo este ano. Otimistas com esse cenário de retomada,
empresas de outros setores também voltaram a fazer grandes aportes. É o
caso da OLX, plataforma de compra e venda online, que vai investir no
Brasil R$ 200 milhões em tecnologia e inovação neste ano, segundo
presidente Andries Oudshoorn.
“Pós crise”
Não é só o grande empresário que aposta. Por acreditar na
tendência de valorização no longo prazo, a administradora paulistana
Fernanda Pirajá de Figueiredo, 52 anos, acaba de comprar um imóvel na
Vila Mascote, bairro de classe média em São Paulo. “Acredito na melhora
da economia e a hora de comprar apartamento é antes que os preços subam
novamente”, afirma. Também os cariocas Guga Weigert e Rodrigo Lasmar
resolveram investir mais de R$ 7,5 milhões em um empreendimento dentro
do Jockey Club do Rio de Janeiro, que será inaugurado no sábado 10. Para
o CEO Dante Seferian, da Construtora e Incorporadora Danpris, de Osasco
(SP), “este é um bom momento para adquirir imóveis, principalmente
pelas condições de pagamento oferecidas, em que se pode usar recursos
próprios como o FGTS e opções como crédito imobiliário, financiamento e
consórcio imobiliário.” Tanto é que o setor de equipamentos para
construção civil foi o que mais cresceu em 2017: 40,1%.
Gestor da Golf Invest, braço da XP Investimentos, a maior do
País, o economista Shan Butler diz sentir que há espaço para um bom
crescimento e que o investidor brasileiro já se prepara para o
pós-crise. “Ele teve que buscar alternativas e acabou migrando para
plataformas que dividem as aplicações e remuneram melhor. Há sinais de
reaquecimento da economia, agora vai depender só da política. Se
permitirem, vai melhorar”, diz Butler. Para os analistas, a certeza de
que a crise realmente acabou depende ainda da eleição. O economista
Marcel Grillo Balassiano, do Ibre/FGV, acredita que o mercado reagirá na
medida em que os candidatos pró-reformas forem ganhando força nas
pesquisas. “Quando a gente souber o presidente eleito e qual política
econômica vai prevalecer em 2019, a incerteza vai passar”, afirma.
"Apostamos na contramão das expectativas, numa cultura corporativa baseada na coragem".
Rob Kowalski, Novartis - Diretor Global de Assuntos Regulatórios
O grupo suiço Novartis aposta no big data e na inteligência
artificial para descobrir novas fórmulas para um mundo que fica mais
velho. Para trafegar no movediço território das enfermidades, a empresa
mete a mão no caixa e cultiva uma cultura que valoriza, mais que o risco
a coragem de cada colaborador.