terça-feira, 6 de março de 2018

Terminal em Paranaguá sacia o apetite dos chineses?


Milton Pomar analisa os movimentos da CMPort no Paraná

Por Milton Pomar

redacao@amanha.com.br
Terminal em Paranaguá sacia o apetite dos chineses?, questiona Milton Pomar


A China está avançando sobre o Brasil com a voracidade que lhe é peculiar, desde que começou a sua longa marcha, há pouco mais de 20 anos, para se tornar a maior economia mundial. Como a estratégia das empresas chinesas segue a estratégia maior do país, e o Brasil é um parceiro estratégico para a China, por razões mais que óbvias, continuarão investindo aqui na compra de portos, aeroportos, agroindústrias, reservas de petróleo, minas de ferro e de outros metais, usinas de etanol, e o que mais houver interessante e barato – a expressão “bacia das almas” está em desuso, mas o seu significado permanece vivo entre nós, infelizmente. 

Notícias sobre investimentos de grande porte se sucederão nos próximos meses, pois os chineses retomaram o ritmo em relação ao Brasil. A compra do terminal de contêineres de Paranaguá (veja mais detalhes aqui), o porto pelo qual entram e saem milhões de toneladas de fertilizantes e de soja, negociadas há muitos anos pelo “pool” de cooperativas do Paraná,, pode ser apenas a primeira. Esse negócio, de R$ 3 bilhões, mais R$ 1 bilhão prometidos em investimentos no porto, terá fortes implicações para a agricultura brasileira, historicamente à mercê de custos elevados de logística, decorrentes do modelo rodoviário dominante. 

Paranaguá é o segundo maior porto do Brasil, uma referência na exportação de produtos agrícolas do Paraná e Mato Grosso do Sul, por exemplo. Ao ser vendido para a China Merchants Port, com a “benção” da Frente Parlamentar de Logística de Transporte e Armazenagem, em evento no Congresso Nacional em fevereiro, o porto de Paranaguá passa a integrar a estratégia chinesa em relação à compra de alimentos no mundo, de redução de custos de logística e de intermediação, via compra direta e fornecimento dos meios de transporte.

Empresas chinesas quando tomam uma decisão é porque já estudaram o assunto exaustivamente. Daí a possibilidade de serem verdadeiras as informações que circulam no Paraná a respeito das novas investidas da CMPort, sobre a área de Imbocuí, vizinha a Paranaguá, para construção de um novo porto, e sobre a Rumo Logística, para terem também o modal ferroviário de 12 mil km dessa empresa, que atende de São Paulo ao Rio Grande do Sul, ganhando escala e consequentemente competitividade. 

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