União cria gigante mundial e 5ª maior empresa brasileira em valor de mercado, avaliada em R$ 83 bi
A fusão entre as duas maiores produtoras de celulose do País,
Fibria e Suzano, consolida o papel da indústria brasileira como o maior
player mundial do segmento.
“Trata-se de uma transação equilibrada, que olha para todas as partes
do processo: pela ótica dos acionistas das duas empresas e também do
Brasil”, declarou o presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter
Schalka, em coletiva à imprensa na sexta-feira (16). “Estaremos
preparados para fazer frente a inúmeros competidores estrangeiros”,
garantiu.
Quando concretizado, o negócio resultará na maior produtora de
celulose do mundo, somando 11 fábricas e capacidade para produzir 11
milhões de toneladas de celulose por ano e 1,4 milhão de toneladas de
papel, com volumes anuais de exportação de R$ 18 bilhões e previsão de
investimentos de R$ 6,4 bilhões em 2018. Será a quinta maior empresa
brasileira em valor de mercado, avaliada em R$ 83 bilhões.
A operação foi aprovada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), que é acionista de ambas, por meio da
subsidiária BNDESPar. “Até o último minuto, procuramos o melhor retorno
ao contribuinte”, diz o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro.
“Esse negócio não torna ninguém campeão nacional, isso é muito pouco.
Cria um gigante mundial”, destacou. O banco informou em nota que “o
pagamento ao BNDES concilia recebimento de parte significativa em
dinheiro, cerca de R$ 8,5 bilhões, e de ações da companhia resultante,
com a perspectiva de valorização a partir de ganhos sinérgicos e de
produtividade com transação.”
O Conselho da Fibria tem até 15 dias, a partir de sexta, para
deliberar sobre os termos do acordo. O presidente da Suzano afirmou que,
devido ao aumento da dívida causada pela transação, a nova companhia
não fará grandes investimentos no curto prazo. “Vamos exercer
responsabilidade financeira de desalavancagem, a disciplina financeira é
fundamental”, acrescenta. A transação vai elevar a dívida de R$ 21
bilhões para cerca de R$ 50 bi.
O acordo ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) e de órgãos antitruste para ser concretizado.
Caso não seja concluída, a Suzano terá de pagar à Fibria multa de R$ 750
milhões. “Temos alternativas de remédios antitruste. Caso seja acima
desse valor, não fará sentido”, disse Schalka. Ele não acredita em
grandes restrições ou necessidade de venda de ativos.
Repercussão
A participação da nova empresa no mercado mundial de celulose de
eucalipto chegaria a 49%, segundo estimativas. Com anúncio, as ações da
Suzano dispararam 21,79% na bolsa, movimentando o maior volume da sexta,
de R$ 1,25 bilhão. Já a Fibria caiu 10,22% e movimentou R$ 942 milhões.
Até a finalização, as duas empresas permanecerão operando de forma
independente.
A retomada da economia global vinha elevando a demanda pela celulose,
o que elevava a pressão pela consolidação, na avaliação do analista da
Tendências, Marcelo Domingues. “Com isso, as empresas vinham avaliando
novos investimentos, mas ao se unir elas se tornaram um player mais
forte”, explica.
A tendência de consolidação, inclusive, já vinha se desenhando há
alguns anos, na opinião do especialista da empresa de análise Levante,
Eduardo Guimarães. “Consolidação é um movimento natural nesse negócio,
pela necessidade de escala. A união das brasileiras é uma questão de
defesa.
Além disso, havia uma forte vontade da Suzano de crescer nesse
negócio, uma vez que, ao contrário da Fibria que só faz celulose, ela
também converte o produto em papel.”
Para o especialista em comércio exterior e sócio da Barral MJorge
Consultoria, Welber Barral, o mais importante será o ganho de
competitividade do Brasil no mercado internacional com a enorme sinergia
obtida com a fusão.
“A fusão entre duas empresas brasileiras, mantém o País no comando
da produção e na posição de liderança desse negócio, mesmo que isso não
represente uma grande mudança na balança comercial brasileira”, explica
Barral.
http://www.dci.com.br/industria/brasil-consolida-lideranca-global-com-fus-o-entre-fibria-e-suzano-1.691574