terça-feira, 15 de junho de 2021

Na Trybe, mais dinheiro e aquisições para resolver um dos principais gargalos do Brasil


A edtech pretende formar milhares de profissionais de tecnologia no País. Para isso, levantou mais capital e acaba de anunciar a aquisição da desenvolvedora de software Jungle Devs. Matheus Goyas, cofundador e CEO da startup, conta os planos com exclusividade ao NeoFeed


Matheus Goyas, cofundador e CEO da Trybe

O problema é crônico no mundo inteiro, mas, no Brasil, é alarmante. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, o País terá um déficit de profissionais de tecnologia que pode chegar a 260 mil até 2024.

Foi de olho nesse gap que a Trybe, uma escola de formação de desenvolvedores, nasceu em agosto de 2019. E surgiu com bons cartões de visita. Investimentos seed e série A que somavam US$ 15,4 milhões até o fim do ano passado. Esse era o montante captado até então revelado. Mas tem mais aí.

Matheus Goyas, cofundador e CEO da Trybe, contou com exclusividade ao NeoFeed que, em janeiro deste ano, a companhia recebeu uma extensão da rodada série A no valor de US$ 6 milhões, liderada pelo Base Partners, o mesmo que investiu em Nubank e Wildlife. E, com esse dinheiro, está indo às compras.

A Trybe Holding, companhia que controla a edtech Trybe e a fintech Trybe SCD, acaba de adquirir 100% da desenvolvedora de softwares Jungle Devs, de Santa Catarina. Parte do pagamento será feita em dinheiro e a outra parte em ações do grupo. O valor do negócio não é revelado.

“As conversas vinham desde o ano passado, mas na época não fizemos a aquisição para não expor a Trybe a um investimento que seria maior do que ela suportava”, diz Goyas ao NeoFeed. O empresário, de 30 anos, soube esperar a hora certa para concretizar o negócio.

A Jungle Devs trabalha majoritariamente com clientes internacionais – 75% de seus projetos são feitos para empresas de fora do Brasil. E tem um modelo que chamou a atenção da Trybe porque mescla essa experiência com clientes estrangeiros com uma dinâmica educacional.

Os funcionários ocupam 75% de seu tempo em projetos específicos de clientes e os outros 25% são direcionados a um programa de formação de quatro anos. Aprendem desde inglês a questões técnicas, com mentoria com os funcionários mais experientes. “É uma empresa escola”, diz Goyas.

Além de absorver parte do conhecimento da companhia com uma perspectiva global, a Trybe também indicará alunos formados para a empresa. “É a mesma lógica de uma residência médica de um hospital”, diz Goyas. Aliás, esse é um dos maiores gargalos da Jungle Devs. “É ter acesso a um pool de pessoas preparadas”, diz Antonio Duarte, cofundador e CEO da Jungle Devs, ao NeoFeed.

A Trybe também deverá alavancar os negócios da Jungle Devs, uma empresa fundada em 2018, hoje com pouco mais de 80 funcionários. “A Trybe vai trazer o relacionamento com investidores e isso é estratégico para a gente”, afirma Duarte.

 

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São, de fato, investidores de referência. Quando buscaram o seed money de US$ 3,7 milhões, Goyas e seus sócios conseguiram atrair fundos como Canary, Maya Capital e e.bricks e Joá (que se uniram e viraram Igah) e o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga.

Na primeira rodada série A, em janeiro de 2020, quando a Trybe captou US$ 11,7 milhões, entraram fundos como Atlântico, Global Founders Capital, Norte Ventures, e investidores como José Galló e Nizan Guanaes.

O interesse é óbvio. “A Trybe está formando profissionais para a maior demanda do mercado. E o aluno paga depois, quando tiver renda”, diz Guanaes, da N Ideias, ao NeoFeed. E prossegue. “É uma empresa que cumpre papel social e ganha dinheiro.” Trata-se, na opinião de Guanaes, de uma companhia que atua dentro dos preceitos do shared value, o que é fundamental para o sucesso nos novos tempos.

Ela vem para resolver um gap no mercado. Não há um único empresário ou executivo brasileiro que não reclame da falta de profissionais de tecnologia no mercado. Contratar virou quase que um jogo de rouba-monte, dada a escassez de profissionais preparados.

Em recente entrevista ao NeoFeed, Rodrigo Dantas, que vendeu sua startup Vindi para a Locaweb por R$180 milhões, disse que o PIB do Brasil pode parar de crescer caso não forme mais profissionais. Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, também relatou ao NeoFeed o problema da falta de mão de obra nessa área e disse que tem apostado na formação “dentro de casa”.

Além da Trybe, outras empresas têm entrado com força nesse segmento. É o caso da Alura, do empresário Paulo Silveira, que atua na educação voltada para competências tecnológicas; e da Inteli, uma universidade bancada pelos sócios do BTG Pactual, que terá cursos como engenharia da computação, engenharia de software, ciência da computação e sistemas de informação.

Diante da aceleração digital e da necessidade de mais profissionais no mercado, nem mesmo todas juntas conseguem suprir a demanda. Até hoje, a Trybe já formou cerca de 200 profissionais. As primeiras turmas começaram em setembro de 2019 e cada curso dura 12 meses.

Goyas afirma que, do total dos alunos, 96% arrumaram emprego em até 90 dias após a formatura. Empresas como Ambev, Arco Educação, Itaú, Localiza e Méliuz estão entre as que absorveram profissionais saídos do curso da Trybe, que são 100% online e ao vivo.

Toda a grade curricular é montada pelo time da startup, que conta com 235 pessoas. Por enquanto, o único produto é o curso de desenvolvimento de software web. Em 2022, entretanto, a startup planeja ter cursos de desenvolvimento mobile, data science, entre outros voltados para a tecnologia.

A meta da Trybe é ter 3 mil pessoas estudando até o fim de 2021 e, em 2022, dobrar para 6 mil alunos. O preço do curso varia de acordo com o modo de pagamento. À vista, sai por R$ 18 mil. O parcelado, em dez vezes, custa R$ 20 mil. Já o modelo de sucesso compartilhado, pago somente quando o aluno tiver uma renda mensal a partir de R$ 3 mil, é vendido por R$ 36 mil. “Nesse caso, o aluno paga 17% de sua renda por mês”, diz Goyas.

Oitenta e cinco por cento dos alunos que se matriculam optam pelo modelo de sucesso compartilhado. E, como tem emprego sobrando para quem sai do curso, ao que parece, o risco de inadimplência tem sido baixo. Tanto que a Trybe aumentou sua aposta recentemente e, em abril, levantou um FDIC de R$ 50 milhões para bancar essa empreitada.

A vida dentro de uma escola

A história de vida de Goyas, mineiro de Belo Horizonte, se mistura com o setor de educação. Sua mãe, uma professora de português e espanhol, chamada Tânia, dava aula em vários colégios para sustentar a família. De manhã, ela deixava o filho na escola, buscava no horário do almoço e o levava para o colégio onde daria aula a tarde e, em seguida, para onde lecionaria à noite.

“Dos 3 anos aos 14 anos, eu vivia o dia inteiro dentro de escola”, diz Goyas. “Ficava na cantina, na sala dos professores, na secretaria. Vivi a educação a minha vida toda.” Aos 14 anos de idade, ganhou bolsa para estudar no colégio Santo Antônio, um dos mais tradicionais da capital mineira. “Em 2004, quando estava na sétima série, queria fazer as mesmas coisas que os meus amigos nos finais de semana, mas não tinha dinheiro”, diz Goyas.

A saída foi começar a dar aulas particulares de matemática. E ali, naquele ambiente, acabou fazendo amizade com as pessoas se transformariam em seus sócios. Em 2008, ainda na escola, criou ao lado do amigo Rafael Luiz uma escola de tutoria chamada Tire Dúvida.

O negócio foi tocado até 2012, mas os sócios perceberam que era um negócio restrito. “Não tinha o impacto que queríamos”, diz Goyas. Por conta disso, montaram a edtech App Prova para ajudar em testes do Enem. Os alunos faziam testes em um aplicativo e a empresa entregava um relatório com o diagnóstico das matérias que deveriam ser estudadas.

Em 2013, a companhia ganhou o prêmio Startup Brasil; em 2014, foi acelerada pela Fundação Lemann; em 2015, recebeu Série A da Igah; em 2017, o Google investiu na empresa; e, em seguida, a Somos Educação comprou a startup que tinha 5 milhões de usuários e mais de 1 mil instituições de ensino como clientes.

Em 2018, quando a Kroton comprou a Somos, o processo de saída de Goyas e seus sócios foi acelerado por conta de uma cláusula no contrato que estipulava o adiantamento do earn-out em caso de mudança de controle na Somos. No início de 2019, todos estavam prontos para empreender novamente. Dos 74 funcionários da App Prova, 60 acabaram indo para a Trybe.

“É a máfia do pão de queijo”, brinca Goyas. Mas, antes de montar a startup, os sócios viajaram o mundo para mapear o mercado e ver qual problema focariam em resolver. “Eu fui para a para a China, a África do Sul, vários países da Europa, os Estados Unidos e para vários da América Latina. O Rafael foi para o Japão, Coreia do Sul, Austrália.” Cada um foi buscar o que existia de problemas e soluções. Daí veio o problema da empregabilidade. A senha para a criação da Trybe.

O negócio foi estruturado sobre alguns pilares. O primeiro é o da inteligência. No Brasil, as pessoas estudam a mesma coisa que estudavam na década de 1950. Era preciso, portanto, um currículo que conversasse com as demandas dos novos tempos, principalmente das empresas. O segundo era a dedicação exclusiva dos professores. E, por último, um rigoroso processo seletivo.

O processo seletivo tem três etapas. Na primeira, um desafio técnico para o qual a startup dá o “pré-vestibular” de graça para as pessoas. A segunda etapa envolve uma prova de raciocínio lógico e, no final, uma entrevista na qual as habilidades socioemocionais são avaliadas.

Quem acha que é só chegar, responder umas perguntas e pagar a conta, se engana. Desde a sua fundação, das 120 mil pessoas já se aplicaram para estudar na instituição, apenas 2 mil pessoas foram aprovadas.

 

Notre Dame aumenta aposta no Sul com Hospital Maringá


Compra no valor de R$ 92 milhões sucede aquisições em Londrina e em Porto Alegre 
 
Companhia mantém estratégia de crescimento no Sul

A NotreDame Intermédica anunciou que sua subsidiária BCBF adquiriu o Hospital Maringá, na cidade de Maringá (PR), por R$ 92 milhões. Uma parte do pagamento será à vista, em dinheiro, na data de fechamento, descontados o endividamento líquido, outra parcela no prazo de dois anos (sujeito ao atingimento de certas metas operacionais) e uma parcela retida por seis anos para eventuais contingências.

O Hospital Maringá é um dos mais tradicionais da região, contando com uma infraestrutura de 81 leitos (12 UTIs), sete consultórios e seis salas cirúrgicas em um imóvel próprio com uma área total de 6,3 mil metros quadrados. "O Hospital Maringá, em conjunto com a recente aquisição do Hospital do Coração de Londrina, busca impulsionar a presença da companhia na região, através das cidades de Maringá e Londrina, importantes polos de desenvolvimento populacional e econômico do Paraná, e que contam, de forma conjunta, com aproximadamente 1,9 milhão de habitantes e 555 mil beneficiários de planos de saúde", relata o fato relevante.

No ano passado, o Hospital Maringá apresentou uma receita líquida de R$ 42,9 milhões. O plano de integração prevê sinergias operacionais e administrativas com as operações da Clinipam do Paraná. Com o anúncio da transação, a companhia demonstra a intenção em manter sua estratégia de crescimento na região sul. Há uma semana o grupo também anunciou a aquisição do Centro Clínico Gaúcho (CCG) por R$ 1 bilhão.

A consumação da operação está sujeita a certas condições precedentes, no entanto a Notre Dame afirma que não está sujeita à aprovação prévia da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e nem do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

 

 https://amanha.com.br/categoria/negocios-do-sul1/notredame-adquire-hospital-maringa-por-r-92-milhoes

Lojas Colombo compra a catarinense Feirão de Móveis


Aquisição faz parte da estratégia de expansão física no Sul 
 
 
O valor do negócio não foi informado pelas empresas

A Lojas Colombo anunciou a aquisição da catarinense Feirão de Móveis e suas 70 lojas e um centro de distribuição em Palhoça. A compra – liderada pelo vice-presidente Eduardo Colombo e sua equipe com o aval do presidente do Conselho e fundador da rede, Adelino Colombo – só depende, agora, da autorização dos órgãos competentes do setor. O valor do negócio não foi informado pelas empresas.

A aquisição faz parte da estratégia de consolidação de expansão física no Sul bem como do aumento da amplitude do e-commerce em nível nacional. "Ficaremos mais robustos, chegando a 303 lojas, e aumentaremos a eficiência da logística e a agilidade na entrega dos produtos aos consumidores", garante Eduardo. "Queremos aumentar ainda mais nossa qualidade e agilidade na entrega nos mercados em que estamos fisicamente, conquistando corpo nacional para o Sudeste e Nordeste", acrescenta o neto do fundador, Adelino, hoje com 90 anos.

Aos 62 anos, a Lojas Colombo se mantém em fase totalmente ascendente. O Grupo Colombo alcançou faturamento de R$ 1,9 bilhão em 2020, resultado mais de 20% superior a 2019. No próximo dia 23, está programada a abertura de mais uma operação em Viamão e, nas semanas subsequentes, outras 12 serão revitalizadas, incorporando-se a mais 50 unidades reformadas desde janeiro.

A Colombo está presente em 190 municípios do Sul, convertendo-se na oitava rede de eletromóveis do Brasil em 2019, conforme a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo. A Colombo é a 107ª maior empresa da região e também a 39ª maior do Rio Grande do Sul, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado por AMANHÃ com o apoio técnico da PwC. Leia o anuário completo clicando aqui, mediante pequeno cadastro.

 

 https://amanha.com.br/categoria/negocios-do-sul1/lojas-colombo-compra-a-catarinense-feirao-de-moveis

 

Advent adquire fatia da fintech paranaense Ebanx por US$ 430 milhões


Maior parte do aporte será usada para expansão do negócio 
 
Investimento também apoiará potencial IPO nos Estados Unidos

O Ebanx anunciou que recebeu um investimento de US$ 430 milhões feito pela Advent International. Com o acordo, a Advent investe agora US$ 400 milhões e compromete outros US$ 30 milhões para apoiar o futuro IPO da companhia paranaense, a ser realizado nos Estados Unidos. Após o aporte, a Advent entra como sócio minoritário e os fundadores do Ebanx permanecem como majoritários. A FTV Capital, que investiu no Ebanx em outras rodadas, continua entre os sócios.

Por meio das soluções financeiras da fintech, mais de 70 milhões de consumidores latino-americanos já pagaram pelos produtos e serviços de empresas como Spotify, Uber, Shopee, Alibaba e Amazon. A empresa cresceu em um ritmo exponencial nos últimos anos e processou mais de 145 milhões de transações só em 2020.

Desde 2008, a Advent já investiu mais de US$ 5 bilhões em onze empresas de pagamentos e apoiou essas companhias em mais de 40 aquisições.

 

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quinta-feira, 10 de junho de 2021

MadeiraMadeira compra startup de logística e abre sua temporada de aquisições

 


Depois de receber um aporte de US$ 190 milhões e virar unicórnio, a plataforma online de móveis e artigos para casa inaugura sua estratégia de aquisições com a compra da iTrack Brasil, startup de softwares de rastreamento e roteirização de entregas

 


Guide Shop da MadeiraMadeira, em Curitiba

Em janeiro, quando anunciou um aporte de US$ 190 milhões liderado pelo Softbank e pela Dynamo, a MadeiraMadeira abriu a temporada de unicórnios brasileiros em 2021. Cinco meses depois, com o caixa reforçado, a plataforma online de móveis e produtos para casa está inaugurando uma agenda de aquisições.

A empresa anuncia nesta quarta-feira, 9 de junho, a compra da iTrack Brasil, startup paulistana de softwares para logística. A transação é a primeira aquisição da MadeiraMadeira e marca o início de uma estratégia de crescimento inorgânico da empresa.

O valor da transação não foi revelado. Pelos termos do acordo, que envolveu dinheiro e troca de ações, Daniel Drapac, fundador da iTrack Brasil, permanecerá no comando da startup, que seguirá operando de forma independente, mas compartilhará estruturas de backoffice com a MadeiraMadeira.

“A logística é um dos pilares para destravar o potencial da nossa categoria, que tem entregas muito complexas”, diz Daniel Scandian, cofundador e CEO da MadeiraMadeira, ao NeoFeed. “E a compra da iTrack está alinhada com a necessidade de incorporar tecnologias para lidar com essa questão.”

A aproximação entre as duas empresas teve início quando a MadeiraMadeira passou a adotar parte dos sistemas da iTrack Brasil. A empresa viu nesse portfólio uma alternativa para antecipar o desenvolvimento de softwares destinados à sua área de logística.

Fundada em 2017, a iTrack Brasil tem um portfólio que cobre e ajuda a gerenciar todas as etapas do transporte de mercadorias. O leque inclui desde softwares de rastreamento de carga e de roteirização até um programa de avaliação, mensuração e compensação de emissões de CO2 nas entregas.

Com essa oferta, a empresa tem atualmente uma carteira de 200 clientes e mais de 46 mil motoristas ativos integrados à sua plataforma. A startup já rastreou aproximadamente 3,6 milhões de entregas desde a sua fundação.

“Vamos ser acionistas, mas seguiremos como clientes da iTrack”, conta Scandian. Ele observa que a MadeiraMadeira vai injetar mais recursos na startup, especialmente para ampliar a estrutura de desenvolvedores da operação, além das áreas de vendas e de marketing.

Daniel Scandian, cofundador e CEO da MadeiraMadeira

A aquisição da iTrack Brasil integra os investimentos da MadeiraMadeira para consolidar a Bulky Log, seu braço de logística, criado há pouco mais de dois anos. Hoje, a divisão já conta com 14 unidades, entre centros de distribuição e operações de última milha.

Essa malha conta ainda com uma unidade de 35 mil metros quadrados, em Jundiaí (SP). No local, a companhia está tocando um projeto-piloto de serviços de fulfillment há dois meses, com sete clientes. A ideia é estender essa oferta, gradativamente, a outras empresas da sua base.

Até o fim de 2021, a empresa planeja ampliar essa estrutura de logística em até 50%. A expansão vai priorizar regiões como o estado de São Paulo e pode passar ainda por investimentos no Nordeste. Nesse caminho, estão previstos outros dois centros de oferta de fulfillment.

Hoje, a MadeiraMadeira tem cerca de 10 mil vendedores e uma oferta de mais de 2,5 milhões de itens em sua plataforma. Em menos de cinco meses, a empresa saiu de um quadro de 900 funcionários para 1,8 mil profissionais, muitos deles, alocados nas operações de logística.

“A logística é o grande desafio para as plataformas online da categoria”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo. Além dos gargalos tradicionais de infraestrutura, ele destaca que questões como tamanho e materiais envolvidos complicam ainda mais as entregas.

Ao mesmo tempo, empresas como a MadeiraMadeira ainda não têm a capilaridade de rivais tradicionais, que contam com a estrutura de suas lojas físicas para apoiar a logística. “Fica inviável entregar um produto em estoque em dez dias se uma Tok&Stok fizer o mesmo em 48 horas.”

Aquisições, lojas físicas e marca própria

Em um contexto mais amplo, a compra da iTrack Brasil é parte da estratégia de aquisições da MadeiraMadeira, que começou a tomar forma em 2020, com a montagem de um time destinado a essa frente. Essa questão ganhou fôlego com o aporte captado no início do ano.

Assim como aconteceu nesse primeiro acordo, um dos critérios será manter os fundadores à frente dos ativos adquiridos. “Nossos investidores sempre nos deram muita autonomia”, diz Scandian. “E queremos replicar esse modelo com os empreendedores que trouxermos para operação.”

Além do alinhamento desses empreendedores com a estratégia da MadeiraMadeira, as aquisições terão como foco áreas como tecnologia, logística e a oferta de serviços complementares, mais relacionados ao dia a dia da operação.

“Não vemos nenhum acordo transformacional. A ideia é acelerar o que já estamos fazendo”, afirma Scandian. Ele acrescenta que não há limite para o tamanho dos cheques a serem assinados, bem como para o número de aquisições. “No momento, temos meia dúzia de conversas mais avançadas.”

Uma parcela do montante levantado junto aos investidores será reservada à expansão das Guide Shops, lojas físicas da marca. O formato começou a ser estruturado em 2020 e inclui unidades, em média, de 170 metros quadrados, nas quais os consumidores têm acesso a parte do catálogo ofertado.

Atualmente, a MadeiraMadeira tem 42 Guide Shops e a projeção é encerrar 2021 com uma rede de 120 lojas. Além de reforçar a presença no Sul e no Sudeste, especialmente no estado de São Paulo, a empresa também avalia levar o modelo para a região Nordeste.

A MadeiraMadeira tem cerca de 10 mil vendedores e uma oferta de mais de 2,5 milhões de itens em sua plataforma

Outra prioridade é a construção da marca própria da companhia, lançada recentemente. Com móveis e outros itens de preço mais acessível, essa oferta conta com aproximadamente 400 produtos e já responde por 20% das vendas da empresa.

Com todas essas iniciativas, a MadeiraMadeira é uma das empresas que estão buscando ampliar a fatia do online no mercado de móveis e decoração, que movimenta, anualmente, cerca de R$ 90 bilhões no País, segundo a consultoria IEMI Inteligência de Mercado.

Além de nomes tradicionais, que começam a migrar para o online, a MadeiraMadeira disputa a preferência dos consumidores com duas rivais que nasceram no digital e abriram capital recentemente: Mobly e Westwing, que levantaram, respectivamente, R$ 812 milhões e R$ 1,16 bilhão em seus IPOs.

As duas companhias também estão destinando parte dessas cifras à logística. A Mobly ampliou a malha da Mobly Log, sua empresa voltada à última milha, com dois centos de distribuição e planeja adicionar ao menos mais uma unidade a essa estrutura ainda nesse ano.

Já a Westwing também planeja reforçar sua malha logística, batizada de Westlog. Atualmente, essa estrutura inclui um centro de distribuição, um hub urbano em São Paulo e uma frota de veículos próprios e de parceiros responsável pelas entregas na Grande São Paulo.

 

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CVC muda sua marca e toma um banho de loja


A maior operadora de turismo do Brasil anuncia a mudança de sua marca e programa uma repaginação de suas lojas de olho numa maior digitalização. Leonel Andrade, CEO da companhia, conta os detalhes ao NeoFeed

 


Novo conceito de loja da CVC

Em 1º de abril de 2020, quando o executivo Leonel Andrade assumiu o comando da operadora de turismo CVC Corp, as ações da empresa eram cotadas em R$ 8,84, o valor de mercado estava em R$ 1,3 bilhão e muita gente no setor financeiro via a companhia com descrença depois de erros contábeis que atingiram R$ 362 milhões.

Na época, se Andrade dissesse para alguém que, depois de um ano, a companhia veria seu valor multiplicado por mais de quatro em meio a pandemia do coronavírus, que acertou o turismo em cheio, o interlocutor certamente diria que era uma mentirinha de 1º de abril. Pois não é. Ontem, as ações da CVC fecharam cotadas em R$ 27,98 e o valor de mercado atingiu R$ 5,62 bilhões.

Há um ano, a pergunta que analistas se faziam era se a CVC aguentaria o tranco da crise e sobreviveria. “Hoje, ninguém do mercado questiona se estaremos vivos. Trabalhamos agora muito forte para ter cada vez mais saúde”, diz Leonel Andrade, CEO da CVC Corp, ao NeoFeed. E, diante disso, a companhia acaba de anunciar uma nova logomarca e um plano de renovação de suas lojas.

“Tínhamos uma marca de 49 anos com traços de envelhecimento, pouca flexibilidade e praticamente nada de digitalização e novas aplicações”, diz Daniela Bertoldo, diretora-geral da CVC. Em parceria com a agência FutureBrand, a companhia partiu da logomarca antiga para evoluir com traços de movimento. “Pode ser inserida em várias aplicações, com várias cores diferentes”, diz ela.

As lojas vão acompanhar essa renovação e a meta da empresa é ter toda as 1.200 unidades – antes da pandemia eram 1.360 – repaginadas em até 24 meses. “A loja atual é muito pobre do ponto de vista da experiência do cliente, pobre de tecnologia, muito manual”, diz Andrade. “O que estamos fazendo é uma imensa transformação dessas lojas num ponto de venda de experiência, sustentável e 100% integrado ao mundo digital.”

Com espaços que vão de 40 metros quadrados a 110 metros quadrados, as lojas deverão consumir investimentos de até R$ 120 mil cada. Elas mesclarão móveis de madeira aparente com temáticas de viagem; terão vitrines digitais, com promoções mudando toda hora; espaços mais amplos e não haverá mais papéis ou folhetos. Tudo, dos orçamentos às indicações de roteiros, será feito via links ou QR Codes.

O que à primeira impressão sugere uma mudança cosmética é, na verdade, um salto que pode trazer mais vendas para a companhia. E já há um exemplo concreto do que isso significa. Andrade explica que, se um cliente aparecer na loja querendo um pacote de viagens para, por exemplo, a Croácia, atualmente, o consultor pega um grande livro, chamado de completão, e mostra o destino virando as páginas. Ao sair da loja, ele leva um folder e um orçamento em papel.

A nova marca da CVC

“O cliente saía da loja para decidir com a família em casa. Quando voltava, o preço tinha mudado ou não tinha mais vagas”, afirma Andrade. “Em média, só 10% das viagens são compradas num primeiro momento.” Para mudar essa realidade, a companhia implementou um orçamento dinâmico. O cliente recebe um link pelo celular e vai acompanhando as alterações.

Com isso, o pacote pode ser fechado à distância. “Desde que implementamos essa medida, a conversão passou de 10% para 11,8%”, diz Andrade. Isso significa que as vendas cresceram 18%. Outro ponto fundamental dessa mudança proporcionada por links e QR Codes é a possibilidade de o consultor vender fora da loja, algo que não é permitido atualmente. “Seremos omnichannel”, diz Andrade.

Guardadas as devidas proporções, é uma espécie de criação de uma rede de “agentes autônomos” do setor de turismo. “Isso terá início no primeiro semestre de 2022 e pode fazer com que o número de vendedores cresça”, diz Andrade. Hoje, são mais de 6 mil que trabalham nas lojas espalhadas pelo País.

Esse anúncio acontece num momento em que a companhia anunciou ao mercado que pretende fazer um follow on e contratou os bancos BTG Pactual e Citi para isso. No mercado, o comentário é de que a expectativa é captar cerca de R$ 450 milhões. Andrade não fala sobre o assunto.

Ainda não foi definido se a capitalização será aberta ao mercado ou restrita aos atuais acionistas. O dinheiro trará mais liquidez e ajudará a reduzir o endividamento. No primeiro trimestre do ano passado, logo quando Andrade assumiu, a dívida líquida estava em R$ 1,6 bilhão. No primeiro trimestre deste ano, caiu para R$ 600 milhões.

Isso é fruto de captações feitas no ano passado e no começo deste ano. E também pelo turnaround implementado pelo executivo e principais acionistas. Houve uma troca completa de gestão. O conselho de administração foi 100% renovado e 80% do time executivo sênior foi mudado.

O executivo explica que a companhia, que antes era focada apenas em vender, passou a olhar o ciclo do cliente. A empresa fez um investimento em data lake e data science para conectar os dados de 19 milhões de clientes. “A CVC sempre pautou suas vendas pela rede de lojas e comunicação massiva, nunca segmentando e tendo capacidade de influenciar clientes”, diz Andrade.

Leonel Andrade, CEO da CVC Corp

Se antes, noventa por cento da verba de marketing era destinada para outras mídias. Agora, 70% vão para a mídia de performance e canais digitais. “Até o fim do ano, vamos ter uma base de 27 milhões de clientes contatáveis, resgatando clientes antigos”, diz ele. Mais do que números grandiosos, isso permitirá maior relacionamento com a base.

A companhia está investindo em um motor de inteligência artificial preditiva para poder oferecer com mais assertividade viagens que possam interessar aos seus clientes. O pacote de planos que serão desengavetados pelo management da CVC ainda inclui um programa de fidelidade que será lançado no primeiro semestre do ano que vem.

O segundo projeto é um marketplace de viagens temáticas (ecoturismo, 60 mais e bem-estar). A companhia vai plugar sellers de turismo de apoio como lojas de malas, empresas de seguro-viagem, de câmbio, de receptivo. Não está descartada também a entrada da CVC em outros marketplaces de grandes varejistas.

O objetivo é interligar todos os projetos e lançar um app para estar em contato constante com o cliente, mesmo quando ele não está em uma viagem vendida pela companhia. A pessoa pode estar em Paris, por exemplo, e pesquisar por uma entrada na Euro Disney. Ao identificar isso, a companhia mandará um push para o usuário com sugestões de vendas de entradas. “Temos milhões de clientes e não aproveitávamos isso porque não tínhamos ferramentas digitais.”

O mercado está comprando o discurso e a execução do plano. “A CVC deve ser uma das principais beneficiárias da vacinação. Nós vemos com bons olhos o turnaround feito pelo management desde o ano passado e a grande escala e o poder de barganha com fornecedores (principalmente operadores hoteleiros). Mas vemos grandes desafios (alinhamento entre a base de franqueados e o crescimento/competição online com as OTAs)”, escreveram os analistas Luiz Guanais e Victor Rogatis, do BTG Pactual. A volta aos patamares de 2019, pré-pandemia, só em 2022 no caso do B2C e, em 2023, no caso do B2B.


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Deixou de ser vilã? Huawei agora estuda fabricar equipamentos 5G no Brasil


A chinesa Huawei esteve no centro do debate do 5G, por conta das pressões dos EUA para banir a empresa dos leilões ao redor do mundo – inclusive no Brasil. O executivo Atilio Rulli fala ao NeoFeed sobre os planos da companhia no País

 


A Huawei fabrica 40% do que vende ao Brasil localmente

A novela do 5G está perto de chegar ao seu clímax no Brasil e a chinesa Huawei, que até pouco tempo atrás era pintada como uma vilã, tem a chance de dar uma reviravolta nesse enredo.

A companhia, que é considerada uma ameaça à segurança nos Estados Unidos, mesmo sob o governo do democrata Joe Biden, que manteve as restrições impostas na época de Donald Trump, não deve ser banida do Brasil.

Com isso, as empresas de telefonia, como Vivo, Claro e TIM,  poderão comprar os equipamentos de telecomunicações de 5G da companhia chinesa. O leilão das frequências da quinta geração da internet móvel, que em testes reais apresentou taxas de transmissão até 100 vezes superior a das redes 4G, deve acontecer no segundo semestre de 2021 e as atividades comerciais devem entrar em operação em 2022.

E, em mais uma trama desse enredo do 5G, a Huawei informou que está estudando a fabricação de equipamentos 5G no Brasil. Hoje, a empresa tem fábricas em Sorocaba e Manaus e 40% de tudo o que vende no País sai de uma delas.

“Temos planos sim. Não tenho uma data exata do início de fabricação. É uma previsão. Precisamos ter volume”, diz ao NeoFeed Atilio Rulli, diretor executivo da Huawei no Brasil.

Rulli, que é umas faces públicas da Huawei e um dos principais porta-vozes da companhia no Brasil, com bom trânsito pelos corredores de Brasília, condiciona a fabricação ao volume e as exportações para outros países da região. “Fabricar no Brasil significa justificar exportar para a América do Sul e para a América Latina. É um estudo de fabricação em Sorocaba”, diz o executivo.

Aparentemente, isso não deve ser um problema. Hoje, a Huawei estima que 50%  das redes de telefonia do Brasil usem seus equipamentos. Esse percentual, em tese, já é um sinal de que terá pedidos, pois é mais fácil fazer a implantação sobre a rede já instalada. Em alguns casos, bastaria uma troca de placas ou a atualização de software, diz Rulli.

Presente há 23 anos no Brasil, a Huawei atua com equipamentos de telecomunicações, como as estações rádio bases (as populares antenas de telefonia celular), que são seu principal negócio por aqui. Além disso, ela atende o segmento corporativo com soluções de telefonia, tem presença na área de computação em nuvem (é concorrente de AWS, Microsoft e Google) e conta com produtos para consumidores finais, como celulares, tablets e smartwatches.

Atilio Rulli,diretor executivo da Huawei

Mesmo com os problemas com os Estados Unidos, a Huawei segue sendo uma gigante no setor de telecomunicações. Globalmente, ela faturou US$ 136,7 bilhões e lucrou US$ 9,9 bilhões, em 2020. No Brasil, os dados não são divulgados – a companhia diz apenas que conta com 16 mil funcionários diretos e indiretos no País.

Nesta entrevista, o executivo da Huawei fala ainda sobre as acusações de espionagem, diz que as companhias chinesas são perseguidas pelos Estados Unidos por conta de uma guerra comercial. E acrescenta que isso é óbvio no caso do 5G. “Os Estados Unidos sempre tiveram uma pujança em tecnologia, mas eles perderam o timing no 5G. Existem motivos comerciais óbvios.” Leia os principais trechos:

Havia resistências do governo brasileiro para que as empresas de telefonia comprassem os equipamentos da Huawei quando as redes 5G começassem a ser construídas. Como está essa situação?
Respondendo sua pergunta no dia 9 de junho de 2021: eu diria que não é que acabou, mas, em todos os processos que estão em curso, não existe nenhuma restrição ou banimento da Huawei. O processo foi aprovado em 25 de fevereiro desse ano pelo conselho da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e foi encaminhado para o TCU (Tribunal de Contas da União) em março. Nesse processo, que está em curso no TCU, não tem nenhuma restrição. O leilão deve ocorrer no segundo semestre e só quando as regras do leilão forem oficialmente publicadas vamos ter essa resposta. Até então, não há nenhum impedimento e esperamos que continue assim.

Que trabalho a Huawei fez para convencer o governo brasileiro a não bani-la como uma fornecedora de equipamentos de infraestrutura para as empresas de telefonia, como queria os Estados Unidos?
A Huawei começou a trabalhar com 5G em 2009. O Brasil implementou o 4G em 2012. O nosso trabalho com o Brasil começou há aproximadamente três anos, quando a Anatel começou a fazer os primeiros drafts (do edital). Fizemos um trabalho de mostrar nossas tecnologias, nossa experiência de desenvolvimento nesses 12 anos, os cases mundiais de 2018 e 2019 até agora. E um grande trabalho, esse não é mérito da Huawei, mas da indústria de telecom, foram as operadoras de telefonia na sua unanimidade se manifestaram a favor de não ter uma restrição a Huawei. E isso tem um peso até mais forte.

Qual o percentual que as redes de telecomunicações dessas operadoras têm de equipamentos da Huawei?
Temos cerca de 50% do market share. Em algumas operadoras, um pouco menos. Em outras, um pouco mais.

A Huawei tem planos de fabricar equipamentos 5G no Brasil?
Temos planos sim. Não temos, no momento, uma previsão ainda exata. Mas temos planos de fabricar 5G no Brasil.

O que você quer dizer quando afirma não tem previsão?
Não tenho uma data exata do início de fabricação. É uma previsão. Precisamos ter volume. E fabricar no Brasil significa justificar exportar para a América do Sul e para a América Latina. É um estudo de fabricação em Sorocaba.

“Os Estados Unidos sempre tiveram uma pujança em tecnologia, mas eles perderam o timing no 5G. Existem motivos comerciais óbvios”

O governo do republicano Donald Trump, nos EUA, iniciou uma guerra comercial com a China. E fazia pressão em diversos países para banir a Huawei do 5G. Com a vitória do democrata Joe Biden, imaginava-se que isso ia mudar. Mas, em março, o governo do Biden considerou a Huawei uma empresa que ameaça a segurança nacional americana. E vários países acusam a Huawei de espionagem. Como vocês respondem a esses questionamentos?
Com a mudança do Trump para o Biden existia uma expectativa de que isso ia mudar. Mas não do nosso lado. A Huawei e muitas empresas chinesas vêm sendo perseguidas desde o primeiro mandato do presidente Barack Obama. Desde 2011, essa guerra comercial ocorre. E vamos lembrar que o vice-presidente do Obama, naquela época, era o Biden. Nós não estávamos com a esperança de uma grande melhora porque essa questão faz parte de uma grande guerra comercial. A Huawei continua em uma lista que os EUA chamam de “Entity List”, que é a lista de empresas que fazem a ameaça à segurança dos EUA. No caso do 5G, isso é muito claro. Se nós formos ver os grandes players de 5G no mundo: temos uma empresa finlandesa (Nokia), uma sueca (Ericsson) e uma chinesa. Está faltando um país com pujança em tecnologia, que não tem nenhuma presença de 5G. É facilmente explicável o porquê dessa guerra. Os Estados Unidos sempre tiveram uma pujança em tecnologia, mas eles perderam o timing no 5G. Existem motivos comerciais óbvios.

E os outros países que fazem acusações semelhantes?
Nessa questão, só temos os Estados Unidos e Austrália efetivamente banindo. Muitos países falam, a mídia fala, mas nós não temos banimentos oficiais em outros países.

O Reino Unido não baniu a Huawei?
O Reino Unido fez uma restrição para o futuro. Ele fez um timeline para 2025, mas ainda continua usando e tem entregas da Huawei lá. Temos, inclusive, um laboratório de cibersegurança em parceria com o governo.

O Japão também não baniu a Huawei?
O Japão fez restrições, mas não fez banimento.

Você colocou esses banimentos e restrições em um contexto de uma guerra comercial, mas objetivamente o que a Huawei tem a dizer sobre a espionagem?
Objetivamente, eu diria que não existe nenhuma comprovação. A Huawei segue as leis nos 170 países em que está. Nunca teve nenhum problema de espionagem oficialmente confirmado. A Huawei é a única empresa de infraestrutura de telecom que abre seus códigos para o governo. Se o governo quiser analisar códigos de software e hardware dos nossos produtos, nós abrimos. As outras não abrem. E sem medo de errar, a Huawei é a empresa mais testada do mundo por essas razões de ameaças. Os governos testam. As operadoras testam. E testam muito. E nunca pegaram nada. Sobre a questão de espionagem, nós temos total segurança que não existe nada. E a Huawei tem todas as certificações internacionais de cibersegurança possíveis e imagináveis.

“A Huawei é a empresa mais testada do mundo por essas razões de ameaças. Os governos testam. As operadoras testam. E testam muito. E nunca pegaram nada”

Quantas operadoras usam a tecnologia 5G?
Nós divulgamos contratos até 2019. Foram 92 contratos com operadoras no mundo com o 5G. Em 2020 e 2021, não divulgamos por uma política interna.

Você disse que não havia, pelo menos na visão da Huawei, uma perspectiva de mudança da política americana em relação às empresas chinesas. Falando do Brasil, cujo governo de Jair Bolsonaro era mais alinhado com o governo Trump do que com Biden. Houve mudança da posição do governo brasileiro?
O governo brasileiro, independentemente de o governo americano ter a guerra comercial com a China, tinha muito mais proximidade com o governo Trump do que com o Biden. Mudou mais a relação entre esses dois governos do que na nossa esfera. Nós continuamos na “Entity List” americana.

Mas havia uma pressão clara do governo americano para que outros países banissem a Huawei. Isso acabou?
Eu sinceramente acho que não acabou. Mas diminuiu a narrativa e a truculência.

Isso ajudou a Anatel a fazer um edital sem restrições aos fornecedores?
A Anatel fez um edital tecnicamente muito bem escrito. E não colocou restrições, porque a Huawei atende tecnicamente todos os requisitos.

Quanto vocês investem no Brasil. E com o 5G, isso vai aumentar?
Vou dar alguns números. Em 2020, a Huawei pagou R$ 1,3 bilhão em impostos. E executou compras locais de R$ 600 milhões dentro do Brasil. Fazemos investimentos desde modernizações de plantas até centros de open lab, um conceito em que criamos espaço para nossos parceiros estarem dentro da Huawei e testarem ou customizarem nossos produtos. Não temos hoje um investimento específico em P&D no Brasil. Somos uma das empresas que mais investem no mundo. Em média, 15% da nossa receita anual é reinvestida em P&D. Em 2020, fechamos com US$ 136 bilhões em receita e investimentos de US$ 21 bilhões em P&D.

Qual o impacto que o 5G vai ter para a economia brasileira?
A Deloitte fez uma pesquisa, sob nossa solicitação, cujo principal destaque é que a implementação do 5G em sua plenitude vai gerar um aumento do PIB em 1,25% ao ano. E, sem dúvida, o grande propulsionador desse aumento é B2B. Não é o consumidor final.

A Huawei tentou duas vezes entrar no mercado de smartphones no Brasil. Como está a operação?
Hoje, estamos como uma operação muito pequena de celulares no Brasil, praticamente nula. A nossa parte de ‘consumer’ está limitada a smartwatches, tablets e outros dispositivos wearables. No caso de celular, é muito simples a explicação. Os banimentos recentes, a Entity List, as restrições de chipset e do Android pago nos atingiu demais. A Huawei, por sua vez, é bem ágil e lançou essa semana um sistema operacional próprio, chamado de HarmonyOS. Ele abrange notebooks, tablets, celulares e smartTVs. O HarmonyOS vai ser a parte disruptiva de voltarmos em mercados, no qual o banimento nos pegou em cheio, sendo bem franco. E o Brasil foi um deles.

Em 2019, a Huawei foi a segunda maior vendedora de smartphones do mundo. Em 2020, caiu para terceiro. E no primeiro trimestre não está nem entre as cinco maiores empresas. A explicação é o fato de não poder usar o Android?
Foram dois fatores. O primeiro foi o banimento porque em vários países nós deixamos de vender e tínhamos um certo market share. Não era o caso do Brasil, mas, em vários países da América do Sul, tínhamos uma presença muito forte. Mas o segundo fator foi até mais responsável do que esse. A Huawei tinhas duas linhas de celulares: uma Huawei e outra chamada Honor, que vendemos. E, como ela era uma unidade mais low cost, vendia mais aparelhos. Com a venda, perdemos um grande market share.

 

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