sexta-feira, 5 de maio de 2023

Meta de inflação com tempo de execução flexível é melhor para a economia, diz Haddad


Meta de inflação com tempo de execução flexível é melhor para a economia, diz Haddad

Consumidora faz compras em supermercado de São Paulo

SÃO PAULO (Reuters) – A menos de dois meses da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) que deve deliberar sobre a meta de inflação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira que perseguir uma meta com um horizonte de execução mais flexível é melhor para a economia do que ter um objetivo estritamente vinculado ao calendário gregoriano, como acontece atualmente.

“Eu penso que a meta contínua é muito melhor que a meta-calendário… Você não tem o calendário gregoriano, mas você tem a trajetória que vai fazer (a inflação) chegar a 3% em uma situação que você não vai desorganizar a economia nacional”, disse Haddad em entrevista à rádio CBN.

“Então você vai dar um fôlego para ela, mas mirando inflação bem baixa”, acrescentou ele, argumentando que há momentos em que o custo de tentar cumprir uma meta de inflação baixa é alto para a economia.

Haddad fez seus comentários em resposta a pergunta sobre qual seria a posição defendida por ele no encontro do CMN, responsável por definir as metas de inflação a serem perseguidas pelo Banco Central, em reunião prevista para 29 de junho. Sem defender uma mudança numérica das metas, o ministro afirmou que o governo só anunciará uma decisão de fato quando ela estiver definida.

Este ano, o CMN precisa definir a meta de inflação de 2026, mas críticas recorrentes do governo, e particularmente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao regime de metas criaram a expectativa de que o conselho também poderá aprovar uma mudança nas suas regras. O CMN normalmente delibera sobre as metas em sua reunião de junho.

Lula já criticou várias vezes o sistema de metas de inflação, e chegou a pressionar por uma elevação dos níveis almejados. Atualmente, o centro do objetivo oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e para 2024 e 2025 é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

“O mundo desenvolvido tem meta de inflação, quando tem, explícita ou não de 2%… Os outros países que mantém meta, em geral, fixaram em 3%”, disse Haddad nesta sexta.

“Está havendo uma discussão no mundo inteiro, inclusive no mundo desenvolvido. O que as pessoas estão procurando fazer hoje é alongar o horizonte temporal para o cumprimento da meta. Todo mundo quer inflação baixa, mas nas condições atuais, todo mundo está vendo que o sacrifício para atingir a meta com uma taxa de juros que vai arrebentar a economia é um custo demasiadamente oneroso”, acrescentou o ministro.

O CMN é formado por Haddad, pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Campos Neto já defendeu anteriormente a manutenção dos níveis das metas, argumentando que uma elevação do objetivo a ser perseguido teria o efeito de aumentar as expectativas de inflação, dificultando a queda dos juros.

(Por Luana Maria Benedito; Reportagem adicional de Fernando Cardoso)

 

Brasil registra fluxo cambial positivo de US$844 mi em abril, diz BC


Brasil registra fluxo cambial positivo de US$844 mi em abril, diz BC

Dólar

 

SÃO PAULO (Reuters) – O Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 844 milhões de dólares em abril, puxado pela entrada de moeda pela via comercial, após encerrar março com entradas líquidas de 3,745 bilhões de dólares, informou nesta quarta-feira o Banco Central.

Os dados mais recentes são preliminares e fazem parte das estatísticas referentes ao câmbio contratado.

Pelo canal financeiro, houve saídas de 5,174 bilhões de dólares em abril. Por este canal são realizados os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, as remessas de lucro e o pagamento de juros, entre outras operações.

Pelo canal comercial, o saldo de abril foi positivo em 6,018 bilhões de dólares.

No acumulado do ano até 28 de abril, o Brasil registra fluxo cambial total positivo de 13,533 bilhões de dólares.

(Por Fabrício de Castro)

 

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Grupo Heineken anuncia investimento de R$1,5 bi em fábricas do Nordeste

As melhores marcas de cerveja em uma só casa! | Grupo Heineken

 

 

SÃO PAULO (Reuters) – O Grupo Heineken anunciou nesta quinta-feira investimentos de 1,5 bilhão de reais nas cervejarias de Igarassu (PE) e Alagoinhas (BA) para ampliar capacidade produtiva na região.

De acordo com a companhia, com o aporte, a fábrica de Igarassu irá triplicar a capacidade produtiva das marcas Amstel e Devassa, além de incrementar em 45% a operação de linhas de embalagens retornáveis.

No caso da unidade de Alagoinhas, os recursos adicionais serão usados para ampliar em 60% a produção da marca Heineken, que tem o Brasil como o maior país consumidor do mundo, segundo a empresa.

A cervejaria disse que direcionará parte do investimento para a implementação de tecnologias que tornarão a unidade pernambucana uma referência em eficiência hídrica, reduzindo em 30% o consumo de água utilizada na produção em até três anos.

A planta de Igarassu, por sua vez, funcionará com fontes de energia 100% renovável, a exemplo de biogás e biomassa, permitindo também uma redução de 25% no consumo de energia térmica, segundo o comunicado.

No ano passado, a Heineken investiu 1,8 bilhão de reais na construção de nova cervejaria em Passos (MG) e 320 milhões de reais nas unidades de Jacareí e Araraquara (SP). Em 2020, o grupo investiu 865 milhões de reais na ampliação da unidade de Ponta Grossa (PR).

(Por Paula Arend Laier)

 

Brasil perde R$30,5 bi em 2023 com déficit de armazenagem de grãos, estima Cogo


Brasil perde R$30,5 bi em 2023 com déficit de armazenagem de grãos, estima Cogo

Caminhão descarrega milho em Sorriso, Mato Grosso

Por Roberto Samora

 

SÃO PAULO (Reuters) – Safras recordes e um elevado déficit de armazenagem de grãos no Brasil têm pressionado os prêmios da soja e do milho para níveis negativos em relação ao mercado internacional, o que indica perdas para a cadeia produtiva do país de 30,5 bilhões de reais em 2023, estimou nesta quinta-feira a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio.

Das perdas totais, a soja responderia por cerca de 19 bilhões de reais, e o milho, por 11,5 bilhões de reais, apontou a Cogo. Os valores foram obtidos considerando os prêmios negativos –no caso da soja, os piores em cerca de 20 anos– e os embarques já realizados e previstos para os próximos meses.

Com a safra recorde, vendas lentas de produtores e um déficit de armazenagem de 124 milhões de toneladas, considerando a colheita deste ano estimada em 313 milhões de toneladas, houve a formação de uma “tempestade perfeita”, notou o sócio-diretor da consultoria, Carlos Cogo, durante um evento com jornalistas.

Além da questão estrutural (o déficit de armazenagem), ele chamou a atenção para o fator conjuntural.

“Os produtores venderam pouca soja antecipada no ano passado. Quando chegou na colheita (deste ano) tinha menos de um terço da safra vendida, o menor volume de vendas antecipadas nas últimas oito safras”, disse ele, lembrando que a lentidão dos negócios esteve associada a uma alta de custos que interferiu na estratégia dos agricultores.

Cogo observou que é natural que o prêmio em relação às cotações negociadas na bolsa de Chicago seja menor na colheita, especialmente com uma safra recorde como a brasileira.

Mas atribuiu à armazenagem uma importância preponderante, já que agricultores poderiam segurar seus produtos nos armazéns, sem aceitar qualquer preço, se houvesse capacidade.

Em abril, houve uma mínima recorde para os prêmios no Brasil, que bateram -2,10 dólares por bushel, com a média do mês ficando em -1,90 dólar/bushel.

“Isso só tinha acontecido em 2004”, afirmou ele, acrescentando que para embarques em maio os diferenciais estão em -1,50 dólar/bushel.

“Estamos com prêmios negativos até agosto, coisa que também não é inédita, mas muito raro”, disse, lembrando que os diferenciais ficam mais fracos para compensar problemas no carregamento, pagamento de multas por atrasos nos embarques dos navios, tempo de espera nos portos, entre outros fatores.

Ele disse que esse fator estrutural do déficit de armazenagem vai permanecer e “mostrar sua pior face na colheita da safra de milho” –a segunda safra cereal chega ao mercado entre junho e julho.

(Por Roberto Samora)

 

JBS USA cria empresa de limpeza após terceirizada ser multada por contratar menores


JBS USA cria empresa de limpeza após terceirizada ser multada por contratar menores

Unidade da JBS nos EUA

CHICAGO (Reuters) – A JBS USA, um dos maiores frigoríficos dos Estados Unidos, está criando uma empresa para limpar algumas de suas plantas de processamento, depois que uma empresa privada que ela contratada foi acusada de contratar menores para trabalhos perigosos.

O lançamento mostra as complexidades envolvidas na substituição da Packers Sanitation Services Inc (PSSI), contratada para limpar abatedouros.

O governo dos EUA disse em fevereiro que a PSSI pagou 1,5 milhão de dólares em multas por empregar mais de 100 adolescentes menores de idade em frigoríficos em oito Estados.

A nova empresa, a JBS Sanitation, vai “iniciar imediatamente a transição” para a limpeza de 10 instalações da JBS USA, que produzem carne bovina e suína, segundo comunicado divulgado esta semana.

A JBS Sanitation também fará limpeza interna para a Pilgrim’s Pride Corp e criará “centenas de empregos sindicalizados”, disse o comunicado.

A JBS USA é a unidade norte-americana da brasileira JBS SA, que também detém a maior parte da Pilgrim’s Pride.

A JBS USA não respondeu imediatamente a perguntas sobre os custos do lançamento da nova empresa.

O maior sindicato de frigoríficos dos Estados Unidos, o United Food and Commercial Workers International Union, disse que está trabalhando com a JBS USA em atividades de limpeza das unidades.

A PSSI disse que tem uma política contra o emprego de menores.

A JBS USA disse anteriormente que rescindiu contratos com a PSSI em “várias” unidades, incluindo três fábricas onde ocorreram supostas violações de trabalho infantil.

As empresas terceirizadas que atendem aos padrões de verificação de emprego continuarão a limpar algumas fábricas da JBS USA e da Pilgrim’s Pride, de acordo com o comunicado.

A rival Cargill Inc. disse que estava cortando todos os laços com a PSSI, mas que o processo levará meses.

(Reportagem de Tom Polansek)

 

Chanceler alemão apoia candidatura da União Africana a vaga no G20


Chanceler alemão apoia candidatura da União Africana a vaga no G20

Chanceler alemão, Olaf Scholz, em Berlim

Por Sarah Marsh e Andreas Rinke

 

BERLIM (Reuters) – A Alemanha apoia a candidatura da União Africana para obter um assento no grupo G20 de grandes economias, disse o chanceler Olaf Scholz na quinta-feira durante sua segunda viagem à África, conforme o Ocidente procura atrair o continente para longe dos rivais em crescimento como a China.

Scholz falava depois de se reunir com o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, em Adis Abeba na primeira parte de uma viagem de três dias à Etiópia e ao Quênia.

“A África deve desempenhar um papel maior nas relações internacionais, um papel que faz justiça ao continente e à sua população crescente”, disse ele em uma coletiva de imprensa conjunta, observando estar “convencido” de que a União Africana conseguirá um assento no G20 em breve.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, foi o primeiro representante de um Estado membro do G20 a pedir a inclusão

do bloco de 55 países, no ano passado. A África do Sul é atualmente o único membro do continente africano no G20, formado por 19 países e a União Europeia.

A proposta de Ramaphosa recebeu rapidamente o apoio do presidente norte-americano, Joe Biden, e do presidente francês, Emmanuel Macron, em meio a um esforço do Ocidente para se posicionar como parceiro dos países africanos diante da competição crescente com países autoritários como a Rússia e a China.

A China tem tentado expandir sua influência no continente africano pelo financiamento de projetos de infraestrutura.

Uma vaga no G20 daria a uma das regiões de mais rápido crescimento do mundo uma voz mais forte em questões importantes, como as mudanças climáticas.

(Reportagem de Sarah Marsh e Andreas Rinke)


 

Mercado Livre tem lucro três vezes maior no 1º trimestre


Crédito: Nacho Doce/Reuters

O Mercado Livre teve lucro líquido de 201,4 milhões de dólares de janeiro ao final de março (Crédito: Nacho Doce/Reuters)

Por Andre Romani

 

SÃO PAULO (Reuters) – O Mercado Livre teve um salto de 208,5% no lucro líquido no primeiro trimestre frente a igual período do ano passado, com avanço de receitas apesar de maiores custos, em especial com tecnologia, informou a companhia nesta quarta-feira.

O Mercado Livre, que opera um marketplace de mesmo nome e uma fintech, o Mercado Pago, teve lucro líquido de 201,4 milhões de dólares de janeiro ao final de março, contra expectativa média de analistas de lucro de 161 milhões, segundo dados compilados pela Refinitiv.

“Foi um resultado muito bem equilibrado”, disse à Reuters o vice-presidente sênior de estratégia, desenvolvimento corporativo, André Chaves. Ele destacou avanços de receita em dólar no Brasil, que representa mais de metade do faturamento da empresa, Argentina e México, bem como entre as divisões financeira e de comércio eletrônico.

O resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de 340 milhões de dólares, crescimento de 145% contra igual etapa de 2022. Analistas, em média, esperavam 397,8 milhões de dólares de Ebitda, de acordo com a Refinitv. A margem Ebitda foi de 11,2% no trimestre, ante 6,2% um ano antes.

A receita total da companhia ficou em 3 bilhões de dólares, uma alta 35,1% (58,4% em moeda constante) na base anual. Analistas, em média, projetavam receita de 2,87 bilhões de dólares.

No negócio de comércio eletrônico, a receita teve alta de 31,2% (53,9% em moeda constante), a 1,68 bilhão de dólares, diante de um volume de vendas medido pelo conceito GMV de 9,4 bilhões de dólares, aumento de 23,1% ano a ano.

Enquanto isso, a unidade de serviços financeiros da companhia viu a receita crescer 40,1% (64,3% em moeda local), para quase 1,36 bilhão de dólares. O volume total de pagamentos (TPV) via Mercado Pago foi de 37 bilhões de dólares no trimestre, alta de 46% frente a um ano antes.

A carteira de crédito da companhia atingiu 3 bilhões de dólares, leve alta ante os 2,8 bilhões de dólares no quarto trimestre de 2022, com a inadimplência de até 90 dias caindo de 10,3% para 9,5%.

“Temos continuado a melhorar os modelos de risco e crédito, e elevamos o foco em segmento de menor risco”, disse Chaves. Ele acrescentou que o Mercado Livre manteve uma postura conservadora em relação à originação de crédito, o que impactou o crescimento da empresa, embora tenha voltado a acelerar emissões de cartão de crédito “em algumas partes do negócio”. Março foi o mês de maior emissão em 14 meses.

A alta de lucro veio apesar de aumento dos custos. As despesas com desenvolvimento de produtos e tecnologia foram a 381 milhões de dólares, alta de 62,8% anualmente.

A empresa anunciou investimentos totais de 19 bilhões de reais no Brasil em 2023, alta de 11,5% anualmente, e contratações de cerca de 5,7 mil funcionários, sendo aproximadamente 400 na área de tecnologia e produtos.

As despesas gerais e administrativas subiram cerca de 13,2% em 12 meses, a 180 milhões de dólares.

COMPETIÇÃO

O setor de comércio eletrônico no Brasil ganhou os holofotes no último mês, após o governo federal estudar, e depois voltar atrás, o fim da isenção de impostos sobre remessas de encomendas de até 50 dólares entre pessoas físicas. O movimento mirava varejistas internacionais, em especial asiáticas, que supostamente estavam se beneficiando ilegalmente do benefício para vender produtos mais baratos.

Após a repercussão, a varejista de moda Shein, inclusive, anunciou planos para produzir no Brasil, com um investimento de 750 milhões de reais no país nos próximos anos.

Questionado sobre como o Mercado Livre viu essa discussão e se há temor de um maior cenário competitivo, Chaves disse que a partir do momento que se tem uma logística própria no país, “você consegue garantir que todo os produtos que estão rodando em sua logística própria são itens como nota fiscal”.

“Os jogadores tem que jogar de acordo com as regras. A grande questão aqui no fim das contas é, sendo a regra de 2022 ou de 2023, se outros agentes estavam jogando dentro das regras.”

A companhia disse que menos de 5% de suas vendas no Brasil são “realizadas por pessoas físicas, isentas de pagar tributos de acordo com o Código Tributário Nacional, ou por grandes redes que possuem seu próprio sistema automático de emissão de nota fiscal”. A China representa 0,5% do GMV do Mercado Livre no Brasil, de acordo com Chaves.