Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
O
Banco Safra, que não assinou o acordo firmado entre Americanas e banco
credores em novembro, partiu novamente ao ataque e questiona a
legalidade do plano de recuperação judicial (PRJ) da rede de varejo. Em
petição de 44 páginas nesta segunda-feira, 4, na Justiça, obtida pelo Broadcast
(sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), pede a anulação do
plano e fala que o acordo com credores tem cinco tentativas de fraude.
O
PRJ “encobre ilícitos civis, contábeis e criminais”, destaca a petição
dos advogados do Safra, que tem R$ 2,5 bilhões a receber do grupo
varejista. Para os advogados, o objetivo claro da Americanas, ao fazer
uma “corrida” e tentar aprovar “à fórceps” o plano no “encerrar das
luzes de 2023” se dá por conta da busca de benefícios tributários
exclusivos, para a própria rede de varejo e “instituições financeiras
coniventes com a fraude”. A assembleia de credores está marcada para o
dia 19 deste mês.
Na
petição, os advogados do Safra questionam “graves ilegalidades” e
argumentam que elas podem anular todo o PRJ da Americanas. Neste ponto,
mencionam cinco tentativa de fraudes encobertas no acordo firmado entre
os credores – Bradesco, Santander, BTG Pactual e Itaú Unibanco.
Uma
das tentativas de fraude é o compromisso que os bancos firmaram no
acordo de não litigar contra a Americanas e os acionistas de referência –
Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Os advogados do
Safra argumentam que os credores precisaram renunciar aos seus direitos
constitucionais para fazerem jus à opção de pagamento, o que, além de
ser uma “coação”, é ilegal, pois é garantido pela Constituição o direito
à ação na Justiça. “Nada mais absurdo”, conclui o texto.
Os
advogados do Safra questionam como é possível renunciar ao direito de
litigar sem o devido acesso à informação sobre o que aconteceu com a
Americanas, como as informações que estão sendo apuradas pelo Comitê
Independente, criado para apurar a fraude, e investigações pendentes.
“Lemann,
Telles e Sicupira, como se estivessem acima da lei, tentam impedir que
os credores continuem as investigações para tentar apurar as verdadeiras
causas da fraude”, argumenta o banco.
Uma outra tentativa de
fraude, segundo o Safra, é o tratamento diferenciado entre os credores
de uma mesma classe. A petição argumenta que certos credores
quirografários – no caso os bancos – para receberem o mesmo valor de
recuperação que os demais credores quirografários – como gestoras de
recursos – são obrigados a conceder novas fianças para a Americanas. Se
não concederem, receberão menos que os demais credores quirografários, o
que configura tratamento diferenciado.
Também
como mais uma tentativa de fraude, o banco menciona que o PRJ reconhece
que a data-base de apuração dos créditos é em 19 de janeiro, enquanto a
lista de credores do administrador judicial considera a data-base de 12
daquele mês. Por isso, é necessária a apresentação desta última lista
de credores para a data do dia 19.
O Brasil ainda pretende direcionar esforços para
um impulso decisivo para concluir o acordo de livre-comércio entre o
Mercosul e a União Europeia (UE), mesmo após o “não” expressado pelo
presidente da França, Emmanuel Macron, no último sábado (02/12). Em
entrevista exclusiva à DW em Berlim, o ministro das Relações Exteriores,
Mauro Vieira, afirmou que não considera que a oposição de Macron tenha
sido um balde de água fria num momento em que as negociações pareciam
caminhar para um desfecho decisivo.
Macron voltou a expressar oposição ao tratado, classificando o texto
como “antiquado” e “incoerente” e afirmando que ele não “é bom para
ninguém”, depois de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, às margens da COP28. Após as falas do líder francês, Lula disse
que, se não houver acordo, não terá sido por falta de vontade do bloco
sul-americano.
“Ainda estamos trabalhando com uma perspectiva [de fechar o acordo].
Vamos ver se é possível superar os últimos pontos ainda pendentes”,
disse Vieira, que acompanha Lula em visita oficial. Na capital alemã, a
viagem de Lula inclui a segunda edição das Consultas Intergovenamentais
de Alto Nível, mecanismo de diálogo com o governo alemão que foi
retomado após um hiato de oito anos.
Além de abordar o acordo entre Mercosul e UE, Vieira defendeu uma
ampliação do Conselho de Segurança da ONU – também uma demanda da
Alemanha – e afirmou que o Brasil espera uma solução pacífica na crise
entre a Venezuela e a Guiana. Segundo o ministro, Brasília avalia que a
questão está nas mãos da Corte Internacional de Justiça, em Haia, que na
semana passada deu uma vitória à Guiana, determinado que a Venezuela
não interfira no status territorial do país vizinho.
DW: No sábado, durante a COP28, o presidente da França,
Emmanuel Macron, afirmou que é contra os atuais termos do acordo
comercial entre o Mercosul e União Europeia, isso num momento em que as
negociações finais pareciam avançar. É um balde de água fria de Macron
no acordo?
Mauro Vieira: Não. Não foi. Inclusive porque já
conhecíamos as posições francesas. Nós temos negociado com a Comissão
Europeia, diretamente com a estrutura da presidente da Comissão, Ursula
von der Leyen. Nossos negociadores têm feito muito progresso
ultimamente. Nós esperamos que se possa concluir ainda um acordo a nível
técnico, e fechar essas negociações agora um pouco antes da cúpula do
Mercosul, nesta semana, no Rio de Janeiro.
As posições dos países do lado europeu são levadas pela
Comissão e no nível político está o chefe de gabinete da presidente da
Comissão, que é o interlocutor de nível político. Com ele nós temos
falado, inclusive nesses dias em Dubai, durante a COP28, e ainda estamos
trabalhando com uma perspectiva. Vamos ver se é possível superar os
últimos pontos ainda pendentes. Eu acho que é um acordo de interesse,
que será estratégico para não só para o Mercosul, mas também para a
União Europeia, como já foi declarado mais de uma vez por vários
comissários e pela própria presidente Ursula von der Leyen.
Se o “não” francês não é determinante, qual seria o impulso decisivo que ainda falta?
O governo francês expressou sua posição. O presidente Macron tem
evidentemente dificuldades internas, tem oposição ao acordo, mas nós
estamos negociando, estamos ainda conversando com a direção mais alta da
União Europeia. Havia questões complexas que já foram superadas, como
as compras governamentais e agora faltam alguns detalhes, algo que é
parte da negociação e que esperamos concluir até o dia da cúpula.
Em 2023, com a volta de Lula ao poder, a Alemanha e o Brasil
fizeram diversos esforços de reaproximação após a turbulência dos anos
Temer e Bolsonaro. Quais seriam os resultados concretos dessa
reaproximação?
É mais do que reaproximação. A relação entre a Alemanha com o Brasil,
e do Brasil com a Alemanha, ela é tradicional, é antiga. Em 2024, nós
vamos celebrar os 200 anos do início da imigração alemã ao Brasil. Nós
temos relações antigas, estáveis, férteis e profundas.
A Alemanha tem enormes investimentos na área industrial do Brasil.
Houve uma retomada do diálogo a nível político, que infelizmente tinha
sido paralisado pelo governo anterior, mas, como o presidente Lula
declarou, ‘o Brasil voltou’. Imediatamente retomamos os contatos. O
presidente Lula já se encontrou com o chanceler Scholz pelo menos três
vezes, em Brasília, em Nova York, e às margens do G7, em Hiroshima. O
diálogo é muito fluído, muito próximo. E o nível do diálogo inclusive é
mais aberto, mais próximo e mais natural que se poderia ter.
Tanto a Alemanha quanto o Brasil pleiteiam uma reforma e
vagas no Conselho de Segurança da ONU. Nos anos 2000, os dois países
chegaram a propor uma resolução conjunta com Índia e Japão para pedir
uma ampliação do organismo. Neste momento, como a Alemanha e o Brasil
podem se apoiar para avançar essa demanda?
Nós criamos 20 anos atrás o G4, que une o Japão, a Índia, o Brasil e a
Alemanha justamente para discutir e promover a reforma do Conselho de
Segurança. São quatro países que têm a mesma posição: a reforma do
Conselho nas duas categorias de membros, dos membros permanentes e dos
membros não permanentes, e também uma reforma dos métodos de trabalho do
Conselho. Não é uma tarefa simples.
O Conselho de Segurança é um órgão desigual. Há cinco membros
permanentes com direito a veto e dez membros eleitos. O G4 está por
enquanto neste grupo dos dez membros eleitos. O Brasil está neste
momento terminando um mandato como membro eleito. Começou no ano passado
e terminará esse mandato no dia 31 de dezembro.
Os países do G4 têm uma visão muito clara de que é preciso reformar o
Conselho, fazê-lo mais representativo, inclusive com uma representação
africana. Existe o projeto de que ele tenha pelo menos dois países
africanos como membros permanentes, além de ampliar o número de membros
eleitos. Junto com a África, a América Latina é outra região que não tem
nenhuma representação. São dois continentes que estão ausentes da
representação permanente.
E tanto a Alemanha quanto o Japão se unem nessa discussão apoiando
esses princípios enunciados como comuns para a reforma. E continuamos
lutando. Não é fácil. Qualquer reforma que mexa em privilégios
estabelecidos – ainda mais desde 1945 – não é fácil. Mas nós temos
esperança de que vamos avançar os quatro em conjunto bastante, e em
breve. Basta ver a situação em que estamos com guerras em que há uma
ausência de ação do Conselho de Segurança, que reflete esse
desequilíbrio de representatividade.
A paralisia do Conselho de Segurança reforça então a necessidade de reforma?
Não tenho dúvida. Se o Conselho fosse mais democrático e
representativo, outras vozes se uniriam ao debate e seria mais fácil
encontrar uma solução.
Qual pode ser o papel do Brasil na atual crise entre
Venezuela e Guiana? Como o Brasil enxerga os planos do regime
venezuelano de reclamar uma fatia considerável do país vizinho e
organizar um referendo popular sobre o tema?
O papel do Brasil é dar o exemplo de que nós sempre valorizamos e
sempre adotamos um princípio que, inclusive, é constitucional, de
solução pacífica de controvérsias. O Brasil teve nove questões de
limites com nove dos seus dez vizinhos imediatos na América do Sul e
todas foram resolvidas por negociação pacífica e pela arbitragem
internacional. Portanto, esse é o melhor exemplo.
E já expressamos para ambos os lados essa nossa posição, o apoio e o
estímulo que a questão seja resolvida pela negociação, pela solução
pacífica. E, no momento, a questão está nas mãos da Corte Internacional
de Justiça em Haia, que, inclusive se manifestou nos últimos dias, já
preliminarmente e é o que nós esperamos que aconteça e que possa
solucionar essa questão de fronteiras entre os dois países, ambos
vizinhos imediatos do Brasil, com os quais mantemos excelentes e
importantes relações.O Brasil assumiu a presidência do G20. Nesse papel de
liderança, o que o Brasil pretende realizar? O que seria uma vitória do
Brasil na presidência do G20?
Uma vitória no G20 é conseguir promover uma discussão profunda e de
qualidade que mostre alguns resultados sobre os temas básicos que
orientam a nossa presidência do G20, como o combate à desigualdade,
combate à fome, a promoção do desenvolvimento sustentável e a questão
climática.
O
presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo
Santin, foi eleito presidente do International Poultry Council (IPC,
sigla em inglês). Em nota, a ABPA diz que Santin é o primeiro brasileiro
a comandar a entidade máxima da avicultura mundial, que reúne 54
integrantes (entre associações e empresas) de 30 países, responsáveis
por mais de 73% da produção mundial de carne de aves e de mais de 86% da
exportação avícola global. Santin, que sucede o canadense Robin Horel,
deve reforçar a presença global do conselho, focado em questões
relativas aos desafios sanitários globais (especialmente em relação à
Influenza Aviária).
“Temos
questões intrassetoriais a serem superadas e temas que avançam sobre a
cadeia alimentar global. Neste sentido, trabalharemos para construir,
de forma uníssona, soluções que alcancem todos os elos da cadeia
produtiva dentro de seu propósito de produzir alimentos de forma ampla e
democrática, auxiliando a segurança alimentar global e reafirmando o
papel desta fundamental proteína”, afirmou Santin.
Com
Santin, foram eleitos para o comando do IPC Richard Griffiths (British
Poultry Council – BPC), como vice-presidente e Jim Sumner (USA Poultry
and Egg Export Council – USAPPEC) como tesoureiro.
Para 2024, o Relatório Focus trouxe estabilidade na estimativa de
crescimento do PIB, que continuou em 1,50%. (Crédito: Marcello Casal
Jr./Agência Brasil)
Estadão Conteúdoi
O
Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 4, pelo Banco Central
manteve a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A
mediana para a alta da atividade em 2023 seguiu em 2,84%, contra 2,89%
há um mês. Considerando apenas as 30 respostas nos últimos cinco dias
úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 caiu de 2,84% para 2,81%.
Para
2024, o Relatório Focus trouxe estabilidade na estimativa de
crescimento do PIB, que continuou em 1,50% na semana, mesmo patamar de
um mês atrás. Considerando as 30 respostas nos últimos cinco dias úteis,
a estimativa para o PIB de 2024 também foi mantida em 1,50%.
Em
relação a 2025, a mediana caiu de 1,93% para 1,90%, ante 1,90% de quatro
semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para
2026, que se manteve em 2,00%, mesmo nível de um mês atrás.
O
Ministério da Fazenda revisou em novembro sua projeção para o
crescimento do PIB deste ano de 3,2% para 3,0%. Já no Banco Central, a
estimativa atual é de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação
(RTI) de setembro.
Dívida/PIB
O
Boletim Focus trouxe estabilidade na projeção para o endividamento
público neste ano na edição publicada nesta segunda. A estimativa para o
indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o
Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 seguiu em 61,00%, ante 60,61% de um
mês atrás.
Para o déficit primário em relação ao PIB neste ano, a
mediana continuou em 1,10%, mesmo nível de um mês antes. O Ministério
da Fazenda buscava entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em
2023, mas o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, admitiu em
novembro que o déficit primário “provável” deste ano deve ficar em torno
de 1,32% do PIB, acima da linha.
Já
a estimativa do Focus para o déficit nominal este ano seguiu em 7,60%
do PIB, ante 7,51% de um mês atrás. O resultado primário reflete o saldo
entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da
dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as
despesas com juros.
2024
Para
o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida passou de 63,90% para
63,95% do PIB, ante 63,65% de quatro semanas antes. Já o déficit
primário esperado para 2024 continuou em 0,80% do PIB. O déficit nominal
projetado na Focus se manteve em 6,80% do PIB. Há um mês, os
porcentuais eram de 0,80% e 6,80%, respectivamente.
No fim de
agosto, o governo apresentou o projeto de lei orçamentária de 2024 ao
Congresso. A peça prevê superávit de R$ 2,8 bilhões em 2024 (0% do PIB),
mas depende da arrecadação de R$ 168,5 bilhões em medidas extras,
entregues ao Parlamento junto com o Orçamento. O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva já avisou que o governo “dificilmente chegará à meta
zero”, até porque o chefe do Executivo “não quer fazer cortes em
investimentos e obras”. Desde então, aumentou o debate sobre uma
possível alteração na meta fiscal do próximo ano.
Déficit em c/c
O
resultado das transações correntes ficou negativo em outubro deste ano,
em US$ 230 milhões, informou o Banco Central. Este é o melhor
desempenho para meses de outubro desde 2006, quando o saldo foi positivo
em US$ 1,296 bilhão. Em setembro, o resultado foi deficitário em US$
1,375 bilhão.
O saldo negativo da conta corrente em outubro ficou menor que a mediana do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que apontava para déficit de US$ 950 milhões. O intervalo ia de déficit de US$ 2,60 bilhões a superávit de US$ 1,10 bilhão.
Pela
metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo
positivo de US$ 7,372 bilhões em outubro, enquanto a conta de serviços
ficou negativa em US$ 3,548 bilhões. A conta de renda primária também
ficou deficitária, em US$ 4,223 bilhões. No caso da conta financeira, o
resultado ficou positivo em US$ 169 milhões.
No ano até outubro, a
conta corrente teve rombo de US$ 20,847 bilhões. Em 12 meses, o saldo
das transações correntes está negativo em US$ 33,976 bilhões, o que
representa 1,62% do Produto Interno Bruto (PIB).
A estimativa
atual do BC é de déficit na conta corrente de US$ 36 bilhões em 2023,
conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.
Lula com o premiê alemão Olaf Scholz em Berlim (Crédito: AFP)
Ansai
(ANSA) – BRASILIA, 04 DIC – O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e seu homólogo alemão, Frank-Walter
Steinmeier, falaram hoje sobre meio ambiente e as atividades do G20, que
é comandado pelo Brasil desde 1° de dezembro, durante reunião em
Berlim.
“Conversamos sobre os avanços na economia, sobre investimentos no
novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], da retomada da
proteção ambiental e sobre a presidência do Brasil no G20”, declarou o
mandatário sul-americano.
A reunião com Steinmeier aconteceu no âmbito das Consultas de Alto
Nível, realizadas pela última vez em agosto de 2015, quando a então
chanceler Angela Merkel visitou Brasília.
“O Brasil voltou a ter um governo que trabalha e é referência
positiva no mundo. Vamos reforçar nossa parceria e cooperação em muitas
áreas, estamos retomando o diálogo com os alemães, que tinha sido
abandonado em governos anteriores”, disse o petista.
Por sua vez, o presidente Steinmeier agradeceu em nome da “Alemanha e
do mundo” pela “retomada da proteção do meio ambiente e da Amazônia”,
informou o Palácio do Planalto. (ANSA).
Claudia Massei, da Siemens, é entrevistada na série 'DNA da Liderança', que conta histórias de líderes e traz dicas de carreiras
Bruna Klingspiegel
Formada peloITA,
a engenheira aeronáutica Claudia Massei tem um currículo invejável.
Fala oito idiomas, tem MBA na escola de negócios mais antiga dos EUA e
foi a única mulher estrangeira CEO no Oriente Médio, de 2018 a 2020, em
Omã (país que faz fronteira com Emirados Árabes Unidos e Iêmen). Ainda
no início da sua carreira, a executiva brasileira foi professora em um
cursinho preparatório e conta que várias das habilidades que usa até
hoje vieram da época de sala de aula.
Hoje ela atua
como assessora do CEO global na unidade de negócios de motion control
(controle de movimento) e é líder de transformação da empresa na
Alemanha. Para ela, fornecer um ambiente onde as pessoas se sintam
motivadas a tentar coisas é essencial para impulsionar o crescimento da
companhia.
"Enquanto CEO, eu pensava a partir da ideia que eu
trabalhava para os meus funcionários, eu estava ali para servir se
algum deles tivesse um problema", conta.
Confira trechos da entrevista:
Como foi o início da sua carreira?
Comecei minha
carreira como professora de cursinho durante a faculdade de engenharia
aeronáutica no ITA e eu acho que várias das habilidades que uso até hoje
vieram da época de sala de aula. Em seguida, fiz um estágio de pesquisa
na França, quando me encantei com a ideia de morar fora do país. Ao
retornar ao Brasil, escolhi não seguir a engenharia e entrei na
consultoria estratégica em São Paulo.
No segundo ano
efetivada, tive uma chance de voltar para a França e depois para África
do Sul participar de alguns projetos. Voltei para o Brasil e comecei a
aplicar para o MBA em algumas escolas. Acabei indo para o Wharton, nos
Estados Unidos, e fiz meu estágio de verão na Microsoft.
Nessa época, um rapaz do ITA que conheci na época em que
eu estava indo para o MBA me escreveu falando que estava começando um
projeto para fazer uma empresa de educação tecnológica e que ele
precisava de investimento. Resolvi investir. Trabalhamos juntos nesse
período, mas precisava de um emprego. Busquei algumas oportunidades, mas
acabei escolhendo ir para a Siemens. A empresa me esperou por um ano e
meio para eu ajustar a minha empresa e quem tocou foi meu sócio.
Quando
entrei na Siemens , participei de um programa chamado CEO Program. Fiz
rotações na Alemanha, Portugal, China, Alemanha, Dinamarca. Depois do
programa, voltei para a Alemanha e então tive a chance, depois de um
ano, de me chamarem para um processo seletivo para CEO em Omã. Passei e
fiquei como CEO por 4 anos, de 2018 a 2020
Como dar aula ajudou profissionalmente?
Dar
aula nada mais é do que você contar uma história com a ajuda de
gráfico, de material visual. Quando eu dava aula, eu precisava preparar o
storytelling. Eu precisava preparar a lousa de forma que fique tudo
bonitinho do começo até o fim para o aluno que perdeu a aula por
qualquer razão.
E isso é muito parecido com o
trabalho em consultoria, porque você vai fazer uma apresentação para o
seu cliente, você tem que ter uma história, você tem que ter todos os
slides.
Na verdade, você está querendo provar um ponto ou você
está querendo expor uma ideia e você precisa das partezinhas. Você tem
que levar todo mundo para a mesma página e depois garantir que vai
chegar ao seu objetivo, convencendo o público daquele ponto que você
quer.
Como é o seu dia a dia de trabalho hoje?
Hoje
em dia, ocupo a posição de assessora de um CEO global em uma unidade de
negócios chamada Motion Control. Eu lido com diversos temas
estratégicos, comunicação e programas especiais.
Além
disso, participo ativamente do planejamento de reuniões, visitas e
viagens, quando ocorrem. Sou também a líder de transformação na mesma
unidade de negócios, cujo foco é promover uma transformação cultural,
indo além do digital.
Nós gostamos de afirmar que já
realizamos as transformações digitais nesta unidade de negócios,
direcionando nossos esforços para a transformação cultural. O objetivo é
justamente fazer as pessoas colaborarem mais umas com as outras aqui
dentro.
Você foi uma das principais executivas do Oriente Médio no período em que liderou a Siemens em Omã. Como foi essa experiência?
Acho
que as pessoas pensam que é mais diferente do que realmente é, tendo
como referência do Brasil. Omã é o país mais simpático do Golfo Pérsico (região que inclui Irã, Emirados Árabes Unidos e outros países). Então eu não achei assim tão desafiador.
Claro
que sendo mulher e sendo estrangeira, ajudou um pouco mais do que se eu
fosse só mulher. Eu era é a única mulher estrangeira CEO no país, então
as pessoas não sabiam exatamente onde me encaixar, mas foi mais fácil
por eu ser CEO do que se eu fosse gerente, por exemplo, porque no fim
das contas, eu era CEO antes de ser mulher.
Experimentei
um choque cultural maior na Alemanha. Lá, as interações eram diretas;
se você fazia uma pergunta e as pessoas não estavam interessadas, elas
simplesmente diziam não na sua cara.
Em certo
sentido, liderar uma equipe onde nem todos realizam o trabalho
perfeitamente pode ser mais desafiador, mas também mais gratificante.
Tive
a oportunidade de desempenhar um papel crucial, atuando como um filtro
de qualidade, garantindo que detalhes importantes não fossem
negligenciados.
Minha experiência em Omã foi muito valiosa, porque eu
sentia que minha presença fazia diferença. Essa é uma das maiores
vantagens: se eu não tivesse lá vendo aquele documento naquela hora, uma
determinada cláusula do contrato teria passado e ninguém teria visto.
Quais características são essenciais para um líder?
De
certa maneira tem o lado de você ganhar o respeito das pessoas. Talvez
eu esteja falando isso pela minha experiência como mulher em lugares em
que somos minoria, mas acho que você tem de ganhar respeito, e às vezes
você ganha o respeito de pessoas diferentes de maneiras diferentes.
Tem
as pessoas que vão valorizar um título acadêmico ou o fato de você ter
atingido recorde de vendas em algum lugar. Então o negócio é você
entender isso.
Basicamente você precisa personalizar
sua mensagem no seu pitch (idéia, resumo breve) para cada pessoa, mas ao
mesmo sem parecer muito arrogante, tentar explicar o que você fez que
foi bom, mas sem parecer que você se acha superior aos outros.
Outro ponto importante é criar um ambiente de segurança
psicológica. Em Omã minha porta ficava sempre aberta, porque quando eu
queria falar algo confidencial eu falava em alemão e pronto, mas a minha
porta era sempre aberta.
Na hora em que algum
colaborador queria falar comigo, eu parava o que estava fazendo. Algumas
pessoas por definição cultural tinham um certo receio de falar com a
chefe. Então eu pensava que se tivesse uma pequena barreira que seja
eles vão iam se privar de tentar falar comigo.
Você
também tem de fazer as pessoas sentirem que você confia nelas. Então,
por exemplo, às vezes a pessoa não sabe fazer uma coisa, mas você fala:
'vai lá e tenta, e se der errado você volta aqui, a gente conversa
então'.
Ela precisa saber que, se ela errar ou se estiver com algum problema, não haverá uma retaliação.
Quais são as dicas que você dá para quem quer chegar a um cargo de liderança?
Liderança
tem a ver com cuidado das pessoas. Acho que diferentes pessoas têm
diferentes motivações para estar à frente de uma equipe, mas acredito
que a mais legítima delas é justamente você querer cuidar daquelas
pessoas.
Cuidar pode ser em termos de ajudar a se desenvolver ou
simplesmente ajudar a proteger e conseguir a atenção que o funcionário
precisa ter nos seus projetos, por exemplo.
Além
disso, fornecer esse ambiente para pessoas se sentirem motivadas a
tentar coisas, porque acredito que isso que faz uma equipe crescer. E as
pessoas não devem ter medo de tentar.
Então minha
dica é você desenvolver sua capacidade de liderança pensando muito em
como consigo fazer o melhor para as pessoas que estão abaixo de mim?
Enquanto
CEO, eu pensava a partir da ideia que eu trabalhava para os meus
funcionários, eu estava ali para servir se algum deles tivesse um
problema.
Você precisa sempre se preocupar em como
servir o time e em como fazer com que essas pessoas se tornem pessoas
melhores. E como que você pode desenvolvê-las a ponto de que o conjunto
cresça junto.
O
presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta terça-feira (28) que
uma nova proposta para a desoneração da folha de pagamento deve ser
discutida após a aprovação da reforma tributária no Congresso Nacional.
Em reunião com representantes de diversas entidades do setor privado,
Alckmin informou que, após a viagem do ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos Emirados Árabes, a
ideia é se debruçar sobre essa questão para apresentar uma proposta
para os setores que estavam sendo beneficiados com a desoneração da
folha.
Na semana passada, Lula vetou integralmente a proposta aprovada pelo Congresso Nacional
que prorrogava até 2027 a medida que estabelece que a contribuição para
a Previdência Social de 17 setores produtivos seja entre 1% e 4,5%
sobre a receita bruta, em vez da contribuição de 20% sobre a folha de
pagamento. Sem a prorrogação, a medida vale só até o dia 31 de dezembro
deste ano.
“O grande desafio do mundo vai ser emprego e renda, não só nosso, mas
mundial. Então, a gente [deve] procurar, pós-reforma tributária, buscar
caminhos, e nós podemos discutir isso, para a desoneração de folha que
já existe hoje na área rural para pessoa física e não teve perda de
receita, você só muda a fonte de contribuição”, disse Alckmin.
Em reunião de instalação do Fórum MDIC de Comércio e Serviço, Alckmin
disse que, quando era deputado federal, foi relator da legislação que
estabelece que pessoas físicas na área rural não paguem contribuição
previdenciária sobre a folha, mas sim um percentual na venda do produto.
“Para você estimular o emprego, estimular a formalização”, explicou o
presidente em exercício.
O ministro Fernando Haddad
também já declarou que vai aguardar a tramitação da reforma tributária
para enviar uma nova proposta de desoneração da folha ao Congresso.
Desenrola Empresas
Na reunião, Alckmin também disse que o governo estuda uma nova versão
do programa Desenrola, que possibilita a renegociação de dívidas, para
beneficiar também as empresas.
“Estamos discutindo o Desenrola Empresas também, para ajudar as
empresas que tiveram dificuldade a poderem sair”, disse, lembrando que o
programa do governo já beneficiou quase 2 milhões de pessoas que
deixaram de estar negativadas e voltam a ter crédito.
"Nós tivemos, especialmente meses atrás, taxas de juros muito
elevadas e muitas empresas vindo ainda de problemas do tempo da pandemia
tiveram dificuldade. Então, há necessidade de se ter uma discussão, da
mesma forma que se buscou um Desenrola para as pessoas, ter um Desenrola
para as empresas", completou.
Fórum
O Fórum MDIC de Comércio e Serviço é formado pelas secretarias do
Ministério e por 26 entidades representativas do setor privado, como
Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Confederação Nacional de
Dirigentes Lojistas (CNDL), Associação Brasileira de Bares e
Restaurantes (Abrasel) e Associação Brasileira de Comércio Eletrônico
(Abcomm).
O objetivo do Fórum é a troca de informações entre os setores público
e privado para identificar as políticas que afetam a competitividade e a
produtividade do setor, bem como as necessidades e medidas de
fortalecimento do comércio e serviços.