quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Bitcoin ultrapassa US$ 50.000 pela primeira vez desde 2021, sinalizando recuperação massiva


A moeda mostra recuperação neste início de ano - Crédito: Freepik/@ frimufilms

O Bitcoin ultrapassou o limite de US$ 50.000 pela primeira vez em mais de dois anos na segunda-feira – o mais recente sinal de uma recuperação massiva para o setor de criptografia abalado por escândalos.

A cara criptomoeda subiu quase 5% nas negociações da tarde de segunda-feira e oscilou na marca de US$ 50.000. O Bitcoin subiu mais de 16% desde o início do ano.

Os fanáticos por criptografia foram encorajados pelas expectativas de que o Federal Reserve em breve afrouxará as condições de mercado, cortando as taxas de juros. O mercado projecta que o primeiro corte das taxas da Fed em anos poderá ocorrer já em Maio.

A aprovação pela SEC no mês passado de ETFs de bitcoin à vista – que permitem aos investidores adquirir participações em fundos que possuem bitcoin – também parece estar alimentando um otimismo renovado entre os investidores.

Os proponentes dizem que os ETFs aumentarão a demanda, facilitando o acesso dos investidores comuns ao mercado de criptografia. O Bitcoin caiu brevemente após a aprovação, mas as negociações têm sido robustas desde então.

“Acho que a aprovação dos ETFs à vista foi um evento do tipo ‘compre o boato, venda as notícias’ e, depois de alguma realização de lucros, todos no mercado estão puxando na mesma direção”, disse Christopher Alexander, diretor de análise da Pioneer. Grupo de Desenvolvimento.

Outro fator chave é a iminente “redução pela metade” do bitcoin, um evento pré-planejado que ocorre uma vez a cada quatro anos e reduz pela metade a quantidade de moeda digital que as pessoas recebem para “mineração”. Historicamente, os preços do bitcoin subiram após o halving – e o próximo deverá acontecer em meados de abril.

“Isso sempre ocorreu em torno de uma corrida de touros e, embora possa não ser a causa direta de um aumento no preço do BTC, é definitivamente um evento psicológico que tem algum impacto no mercado”, acrescentou Alexander.

O Bitcoin passou por uma grande queda logo após atingir seu preço mais alto de US$ 69.000 em novembro de 2021. O principal token criptográfico não era negociado acima de US$ 50.000 desde dezembro daquele ano.

A indústria foi abalada por um chamado “inverno criptográfico” em 2022, com o bitcoin caindo impressionantes 64%, à medida que o aumento nas taxas de juros levou alguns investidores a se desfazerem de suas participações criptográficas em favor de opções menos arriscadas.

O problema foi agravado por impressionantes implosões da stablecoin TerraUSD e de sua criptomoeda irmã interligada, Luna.

O golpe mais significativo ocorreu em novembro de 2022, com o colapso do império FTX do fraudador condenado Sam Bankman-Fried. Bankman-Fried está aguardando sentença depois de ser condenado no final do ano passado por roubar US$ 10 bilhões de seus clientes .

Os comerciantes recuperaram o apetite por ativos de risco, apesar das advertências do presidente da SEC, Gary Gensler, que permaneceu crítico das criptomoedas como veículo de investimento, apesar da aprovação dos ETFs à vista por sua agência.

“Os investidores devem estar cientes de que o ativo subjacente é um ativo altamente especulativo e volátil”, disse Gensler à CNBC no mês passado. “Entre seus casos de uso está realmente para atividades ilícitas – lavagem de dinheiro e sanções e ransomware e similares.”

As “metades” do Bitcoin têm como objetivo garantir a escassez da moeda ao longo do tempo . Embora os eventos sejam frequentemente comparados a desdobramentos de ações corporativas, os estoques de bitcoins existentes não são afetados a não ser pelas alterações de preços resultantes.

Embora o impacto exato de cada redução pela metade no valor do bitcoin seja uma questão de debate, o último corte em 2020 ocorreu cerca de um ano e meio antes de uma recuperação sustentada que viu o preço subir ao seu máximo histórico.

O Bitcoin aumentou quase 1.000% nos 12 meses após o halving de 2016 e cerca de 8.000% no ano após o halving de 2012, de acordo com a Bloomberg .

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Bombardier lucra mais que o esperado e amplia receita no 4º trimestre

 File:Bombardier Logo.svg - Wikimedia Commons


A Bombardier teve lucro líquido ajustado de US$ 143 milhões no quarto trimestre de 2023, equivalente a US$ 1,37 por ação, segundo balanço publicado nesta quinta-feira. O resultado superou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam ganho de US$ 1,35 por ação no período. No último trimestre de 2022, a fabricante canadense de aviões regionais havia lucrado US$ 212 milhões.

A receita total da Bombardier, que é a principal concorrente da brasileira Embraer, teve expansão anual de 15% entre outubro e dezembro, a US$ 3,06 bilhões. O Ebitda ajustado, por sua vez, avançou 30% na mesma comparação, a US$ 458 milhões. No fim de dezembro, a carteira de pedidos da Bombardier totalizava US$ 14,2 bilhões.

Vale e Hydnum Steel assinam acordo para desenvolver planta de briquetes na Espanha

 Ficheiro:Logotipo Vale.svg – Wikipédia, a enciclopédia livre


A Vale informou nesta quinta-feira, 8, que assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com a Hydnum Steel para desenvolver soluções de baixo carbono para a produção de aço. O acordo inclui a avaliação conjunta da possibilidade de construção de uma planta de briquetes de minério de ferro no projeto principal da Hydnum Steel para aço verde em Puertollano, na Espanha.

A fábrica da Hydnum começará a produzir 1,5 milhão de toneladas de aço laminado em 2026 e está projetada para ter uma capacidade anual de 2,6 milhões de toneladas a partir de 2030.

Para o diretor de Desenvolvimento de Produtos e Negócios da Vale, Rogério Nogueira, juntar-se à Hydnum neste projeto é mais um passo importante para o objetivo de reduzir as emissões de escopo 3, referentes à cadeia de valor, em 15% até 2035.

“A combinação do nosso briquete inovador e de baixo carbono com o aço verde produzido pela Hydnum apoiará nossa meta de atingir zero emissões no processo siderúrgico”, afirma em nota.

Já o diretor de Estratégia da Hydnum Steel, Fernando Pessanha, destaca que a siderúrgica contribui para uma mudança tecnológica inexorável na indústria siderúrgica mundial. “Demonstra que a produção de aço verde de alta qualidade não é apenas competitiva, mas também benéfica para o futuro do nosso planeta”.

A Vale observa que a Hydnum Steel será desenvolvida com tecnologia de última geração, concebida para substituir o uso de combustíveis fósseis por hidrogênio verde, contribuindo assim para a descarbonização do setor.

Para a Vale, este MoU reforça a sua confiança na utilização do hidrogênio para permitir a descarbonização da siderurgia.

“A Vale assinou acordos para estudar soluções de descarbonização em conjunto com mais de 50 clientes, que respondem por cerca de 35% das emissões de escopo 3 da empresa. Algumas dessas soluções incluem a construção de plantas de briquetes próximas às instalações dos clientes”, lembra a empresa.

O briquete é um produto desenvolvido pela Vale em seu centro tecnológico em Minas Gerais. É produzido a partir da aglomeração em baixa temperatura de minério de ferro de alta qualidade, utilizando uma solução tecnológica de aglomerantes, o que confere ao produto final alta resistência mecânica. Pode ser utilizado como fonte metálica na rota de redução direta, possibilitando a produção de aço verde. Também pode ser utilizado no alto-forno, reduzindo em 10% as emissões de CO2.

A empresa lembra que além do compromisso de reduzir 15% das emissões líquidas de escopo 3 até 2035, a Vale busca reduzir suas emissões absolutas de escopo 1 e 2 em 33% até 2030 e atingir zero líquido até 2050, em linha com o Acordo de Paris, liderando o caminho para a mineração sustentável.


Entenda a ‘guerra do orçamento’ entre Arthur Lira e o governo

 


Os últimos dias foram marcados por uma “guerra” entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A crise entre os dois poderes ficou explícita durante o discurso do alagoano, na segunda-feira, 5, para marcar o retorno aos trabalhos do Congresso Nacional. Na ocasião, ele cobrou a gestão petista por “respeito” e “cumprimento com a palavra dada”.

No decorrer do discurso, Lira destacou que o Orçamento não é exclusivo do Poder Executivo, em referência ao veto do presidente Lula, em dezembro de 2023, que cortou R$ 5,6 bilhões de emendas de comissão, aprovadas pelo Congresso em R$ 16,6 bilhões. Essas emendas são consideradas “herdeiras” do chamado “orçamento secreto”, que foi extinto pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em dezembro de 2022.

A discussão sobre o Orçamento de 2024 está ligada às eleições municipais, em outubro deste ano, pois os valores são direcionados para projetos que trazem apoio eleitoral para deputados e senadores.

Segundo a legislação eleitoral, a liberação dos recursos é proibida após julho, três meses antes do pleito. Há suspeita de que o governo tenha feito o corte por temer que as emendas sejam direcionadas principalmente aos aliados do chamado “Centrão”, uma coalizão informal composta por partidos de centro e centro-direita que tem como representante Arthur Lira.

“(O Orçamento) não é e nem pode ser de autoria exclusiva do Executivo e muito menos de uma burocracia técnica, que apesar do seu preparo não foi eleita para escolher as prioridades da nação e não gasta a sola do sapato percorrendo os pequenos municípios brasileiros como nós senadores e deputados”, disse o presidente da Câmara dos Deputados, durante o discurso.

Convívio difícil com a Câmara

O presidente Lula não participou da cerimônia de abertura dos trabalhos do Congresso Nacional, mas enviou uma mensagem, lida pelo deputado federal Luciano Bivar (União-PE), na qual disse ser necessário diálogo para superar as “filiações partidárias”.

“O diálogo é condição necessária para a democracia. Diálogo que supera filiações partidárias. Que ultrapassa preferências políticas ou disputas eleitorais. Que é, antes de tudo, uma obrigação republicana que todos nós, representantes eleitos pelo povo, temos que cumprir”, completou.

O presidente ainda destacou que teria o “maior prazer” em explicar sobre o veto no Orçamento de 2024 aos parlamentares. “Negocio com o Congresso sempre. Ontem tive de vetar R$ 5,6 bilhões em emendas. Tenho o maior prazer de juntar lideranças e explicar por que foi vetado. Na questão das emendas é importante lembrar que o ex-presidente (Bolsonaro) não tinha governança. Vou repetir: ele não tinha governança. Quem governava era o Congresso. Ele não tinha sequer capacidade de discutir o orçamento, porque não queria ou não fazia parte da lógica dele. Queria que os parlamentares fizessem o que quisessem”, acrescentou.

Relação ruim entre Lira e Haddad

Haddad
Fernando Haddad (Crédito:Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Outro ponto dessa crise entre o Legislativo e o Executivo é a relação ruim entre Lira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), após o petista ter levantado a suspeita de lavagem de dinheiro, superfaturamento e atividades ilícitas no Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), instituído por meio da Lei n° 14.148/21 para estabelecer ações emergenciais e temporárias para o setor durante a pandemia de Covid-19.

No discurso de segunda-feira, Arthur Lira citou Perse como uma “conquista essencial para que milhões de empregos de um setor devastado pela pandemia se sustentassem”, que “não pode retroceder sem ampla discussão com este Parlamento”.

Os supostos indícios de irregularidades no programa são investigados pela Receita Federal. O Congresso Nacional prorrogou o Perse até 2026 por meio de um Projeto de Lei de Conversão. Depois, uma MP editada pelo governo, estabeleceu o seu encerramento assim que o recurso de R$ 20 bilhões previstos chegarem ao fim.

Segundo o jornal “Estadão”, o ministro da Fazenda teve uma reunião com a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) na qual teria dito que as declarações já estariam indicando o custo de quase R$ 17 bilhões e que a projeção indicava um rombo de até R$ 100 bilhões se nada for corrigido.

O autor do programa, o deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), disse que não entende o tamanho da renúncia de R$ 17 bilhões. “Se alguém teve o benefício sem ter o direito, a culpa não é do programa nem do Parlamento nem dos setores no eixo do Perse. É preciso negociar e fazer ajustes”, completou.

O ruído na relação entre Lira e Haddad também teria impactado uma reunião que o ministro teria com os parlamentares. O encontro acabou sendo cancelado para evitar um “climão” após as declarações de Lira.

Mesmo assim , Haddad se reuniu apenas com senadores e disse que levará ao presidente Lula a proposta de apresentar um projeto de lei para discutir a reoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia de forma separada da MP do Perse.

Outra crise

Na segunda-feira, 5, o presidente da Câmara protocolou um RIC (Requerimento de Informações) no Ministério da Saúde para questionar a ministra Nísia Trindade Lima sobre os critérios utilizados na distribuição das transferências da pasta aos estados e municípios.

Dentre os sete questionamentos enviados, Lira pede detalhes a respeito das regras, se valem para emendas e transferências. Além disso, é cobrado se os tetos para emendas para casos de atenção primária, média e alta complexidade, são os mesmo para as rubricas.

*Com informações do Estadão Conteúdo

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Mineira Vertown capta R$ 7 milhões de duas indústrias gigantes para "acabar com o lixo no mundo"

 


Somente em 2023, a Vertown fez a gestão de mais de 6,7 milhões de toneladas de resíduos

 

 Mineira Vertown capta R$ 7 milhões de duas indústrias gigantes para "acabar com o lixo no mundo"

 

 

Guilherme Arruda, da Vertown: "No Brasil hoje, ainda mais de 40% dos resíduos são destinados de forma incorreta" (Rafael Motta / Vertown/Divulgação)

A preocupação ambiental, a gestão de custos e a pauta ESG fizeram com que as

 Guilherme Arruda, da Vertown: "No Brasil hoje, ainda mais de 40% dos resíduos são destinados de forma incorreta" (Rafael Motta / Vertown/Divulgação)

A preocupação ambiental, a gestão de custos e a pauta ESG fizeram com que as empresas se movimentassem para entender o que produzem de resíduo - e para onde ele vai.

 Se até há poucos anos, algumas gigantes listadas em bolsas sequer sabiam quanto lixo produziam, agora quase toda grande (e, por que não, média e pequena) empresa tem uma gestão mais consciente dos seus resíduos.

Isso pode ser atestado pelos números de mercado em constante crescimento. Mundialmente, o mercado de gestão de resíduos deve crescer de 1,3 trilhão de dólares em 2023 para cerca de 2 trilhões de dólares em 2030 -- numa escalada anual de 5%. 

Foi essa oportunidade que o mineiro Guilherme Arruda identificou em 2017 para criar a Vertown, startup que oferece uma plataforma para indústrias fazerem gestão de resíduos. Pelo dashboard da Vertown, é possível ver quantas toneladas cada indústria produz de resíduo, para onde ele é destinado e se tudo está sendo feito conforme a legislação. 

Hoje, a Vertown atende 100 empresas que, juntas, possuem mais de 2.000 unidades fabris. Mas quer crescer mais, e multiplicar por dez o faturamento em três anos. Para isso, acaba de receber um aporte de 7 milhões de reais com os fundos de Corporate Venture Capital (CVC) Açolab Ventures, da indústria de aços ArcelorMittal, e Irani Ventures, da indústria de embalagem Irani.

"No Brasil hoje, ainda mais de 40% dos resíduos são destinados de forma incorreta e a legislação, apesar de estar melhorando e ficando cada vez mais restritiva, ainda não é tão aplicada”, diz Arruda. “Hoje o gerador é responsável pelo resíduo em todo o seu ciclo de vida, e a nossa tecnologia garante toda a rastreabilidade do processo, incluindo indicadores e gráficos para que as empresas consigam acompanhar e melhorar seu processo desde a geração até a destinação do resíduo", destaca o CEO,  Guilherme Arruda.

Ele cita como exemplo uma indústria alimentícia que pagava para descartar em aterro parte de seus resíduos animais. Com a Vertown, conseguiram quantificar isso, dar valor e substituir o descarte para a venda a indústrias de rações. 

Somente em 2023, a Vertown fez a gestão de mais de 6,7 milhões de toneladas de resíduos. O faturamento, porém, não é divulgado. 

Como o aporte será usado

Esse é o segundo aporte que a mineira Vertown recebe. O primeiro foi no início da operação, por um investidor-anjo. 

Com os 7 milhões de reais de agora, a startup irá acelerar sua estratégia de crescimento e criar novos produtos para auxiliar na redução de emissões de CO2 e custos em todo o processo de gestão de resíduos. Também vão investir em marketing para ficarem mais conhecidos e numa máquina de vendas. A meta é crescer 10 vezes em três anos.

Para a Açolab Ventures, fundo da produtora de aço que liderou a rodada, o  investimento na Vertown está alinhado com a ideia da criação do CVC, que é destinar recursos a startups com visões semelhantes de futuro do que as das ArcelorMittal,  e com solução validada que, de alguma maneira, enriqueça a cadeia de valor do aço. 

Até o momento, o Açolab Ventures, que é gerido pela Valetec Capital, investiu em outras quatro startups: 

  • Agilean (construção)
  • Modularis Offsite Building (construção)
  • Sirros (focada em IoT)
  • Beenx (energia)

“No total, mais de 1.400 startups e empresas pequenas já foram avaliadas”, diz Rodrigo Carazolli, gerente geral de inovação e Açolab da ArcelorMittal. “Ao todo, serão desembolsados, até 2025, mais de 100 milhões de reais e a meta da companhia é chegar em 10 a 15 startups e empresas investidas”.

Já para a Irani, o aporte foi motivado pelos pilares de sustentabilidade e inovação. Segundo o diretor de Pessoas, Estratégia e Gestão da Irani, Fabiano Alves de Oliveira, os motivos práticos que levaram a empresa a receber o aporte foram:

  • promover a economia circular
  • ampliar geração de renda 
  • reduzir ao máximo de danos ambientais

Qual a história da Vertown

Por trás da Vertown está o mineiro Guilherme Arruda. Formado na área de tecnologia, ele abriu a primeira startup em 2010, desenvolvendo livros infantis digitais. 

“Fazíamos livros interativos, e o negócio deu certo, conseguimos licença até de grandes personagens, como o Scooby Doo”, diz.

Mas o que funcionava na criatividade, não dava certo na ponta do lápis. As contas não fechavam e o pouco conhecimento administrativo fizeram com que a empresa fechasse. “Nós gastávamos 30.000 dólares para fazer um livro e vendíamos por 5.000 reais, não conseguimos manter a operação”. 

O mosquito do empreendedorismo, porém, já tinha picado o empreendedor. Depois da empreitada com livros infantis, fez um aplicativo de contabilidade e outro para ajudar psicólogos a trabalharem com crianças. 

Entre 2016 e 2017, conheceu uma consultoria na área ambiental que ajudava as empresas a ganharem a certificação ISO 14001, que atestava as boas práticas na gestão de resíduos. Foi quando teve a ideia de fazer essa plataforma para facilitar a vida das companhias. 

“Meu pai trabalha já trabalhava com resíduo há 30 anos”, diz. “Foi a ideia inicial e de lá para cá, escalamos o produto e demos novas funcionalidades”. 

Hoje é possível fazer toda rastreabilidade desse resíduo pelo dashboard da Vertown, garantindo que ele terá a destinação correta. No mundo das ideias, o plano da startup é deixar o “mundo sem nenhum lixo”. Com esse aporte de agora, dão mais um passo nesse caminho. 

Créditos

Repórter de Negócios

Formado em jornalismo pela UFRGS, escreve sobre negócios e empresas desde 2019. Foi repórter em coluna de economia no jornal Zero Hora e na Rádio Gaúcha. Está na Exame desde 2023

“O Magazine Luiza não tem medo do novo”, diz Luiza Helena Trajano ao Limonada, da Oficina Reserva

 


Uma das dez participantes da nova temporada do programa, empresária fala sobre o início de sua trajetória e dos maiores erros e acertos como gestora

 

 “O Magazine Luiza não tem medo do novo”, diz Luiza Helena Trajano ao Limonada, da Oficina Reserva

 

 

Luiza Helena Trajano é uma empreendedora? Sobrinha da fundadora do Magazine Luiza, que ajudou a modernizar e a transformar em um gigante que faturou R$ 60 bilhões em 2022, ela se enxerga mais como uma gestora. “Empreendedor é aquele que busca a solução”, disse ela ao programa Limonada, da Oficina Reserva, cuja nova temporada foi produzida em parceria com a EXAME. “Já eu sou mais gestora. Todo mundo precisa entender se é mais gestor do que empreendedor ou mais empreendedor do que gestor. Do contrário você não pede ajuda. Eu não teria feito o que a minha tia fez: comprar sem dinheiro uma loja e trabalhar dia e noite. Mas ela precisou de alguém que a ajudasse a estruturar o negócio, a ter gestão.”

Limonada: uma série de entrevistas

O Limonada surgiu como uma série de podcasts. Bernardinho, Luciano Huck e Eduardo Mufarej, do RenovaBR, foram algumas das personalidades que participaram da primeira temporada. Reformulado, o programa passou a trazer uma série de entrevistas exclusivas com empreendedores brasileiros, com o objetivo de dar o devido destaque àqueles que são “construtores de soluções” e “transformadores de limões em limonadas”.

Essas duas descrições fazem parte do manifesto da marca que o grupo Reserva lançou em 2018, a Oficina Reserva. A grife, cuja razão de ser é vestir e dar voz a empreendedores do tipo, é conhecida pelas peças sem estampas ou símbolos e pela evidente aposta no minimalismo. A Oficina Reserva é voltada, explica o manifesto, “para gente que vai lá e faz”.

Quem apresenta a nova temporada do Limonada é Ivan Padilla, editor de Casual da EXAME. Além de Luiza Helena Trajano, uma das mulheres mais ricas do país, ele conversou com Alex Atala, Edu Lyra, João Adibe, Camila Farani, Dilma Campos, Fernanda Ribeiro, Diogo Roberte, Gustavo Cerbasi e Facundo Guerra. Todas as entrevistas foram gravadas em vídeo e podem ser assistidas, na íntegra, gratuitamente.

Uma aula de empatia Em seu episódio, Luiza Helena Trajano contou que começou a trabalhar no Magalu quando tinha 12 anos de idade — calma, só durante as férias. Isso porque ela queria comprar presentes. “Então vai trabalhar”, disse-lhe a mãe. “Foi muito legal”, afirmou a empresária, que hoje preside o conselho de administração da companhia. “Todos os meus primos, depois meus filhos e até minha neta foram trabalhar lá em dezembro.”

Ela começou a dar expediente de fato na empresa só aos 17 anos. “Comecei no balcão de vendas, onde aprendi o que é empatia, algo fundamental no varejo”, recordou. “É trocar de papel com o outro, mas se colocando no mundo do outro. Você entra em contato com clientes muito simples, por exemplo, e que não sabem muito como comprar. E você precisa saber ajudá-los.”

“Vivo acertando e errando” Depois de passar por diversas áreas, da cobrança à gerência, das vendas à direção comercial, Luiza Helena assumiu o comando do Magalu em 1991. “Não tenho muito compromisso com acertos”, admitiu a Padilla. “Vou fazendo. E se eu errar, pego outro caminho. Então vivo acertando e errando. Não tem jeito, você não pode ensinar um filho a não errar. Você tem de ensiná-lo a ‘redirecionar o erro’ rapidamente. Eu não sofro muito porque não tenho o compromisso de acertar em tudo. Treinei-me para dar o melhor de mim em cada momento, seja ele qual for. Ok, acho que erramos ao comprar muitas empresas de um certo tipo, e poucas de outro — não que todas não estejam bem.”

Qual foi o maior acerto dela como empresária? Ela respondeu a essa pergunta da seguinte maneira: “Manter a cabeça aberta para o novo. O Magazine Luiza não tem medo do novo, e isso vem da minha tia. Quando ela comprou uma antiga lojinha, chamada Cristaleira, só tinha dinheiro para pagar a primeira prestação. Daí ela fez um concurso na única rádio da cidade para o povo escolher o nome, o que só foi possível porque minha tia já era conhecida. Nossa família gosta de se arriscar e do novo. Viver sob os louros de vitórias passadas não é comigo. Vamos celebrar as conquistas? Vamos. Mas bola para frente”.

Trajano, por sinal, disse que não dá muita bola para riscos. Instada a apontar sua maior qualidade como empreendedora e gestora, disse o seguinte: “Acho que é o carisma e a capacidade de falar a verdade. Quando optei por ser eu mesma as pessoas passaram a me olhar de outra forma, sabendo que eu estou falando a verdade. Destaco também a minha capacidade de buscar aprender com tudo. E detesto diagnósticos — de que adianta só dizer que algo está ruim? Prefiro fazer acontecer e tenho muita capacidade de colocar ideias em prática”.

Fábrica de Juiz de Fora busca mercado externo da energia solar

 

Atualmente, os principais destinos da empresa são os mercados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Mato Grosso

 


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Fábrica na Zona da Mata produz equipamentos para geração distribuída (GD) de energia solar e tem cerca de 240 funcionários | Crédito: Divulgação/MTR-Arcol 
 

A MTR-Arcol realizará investimentos de R$ 50 milhões para expansão da sua fábrica em Juiz de Fora, na Zona da Mata. A expectativa da fabricante de equipamentos para geração distribuída (GD) de energia solar é que as vendas cresçam 30% em 2024. A empresa, uma joint venture do Grupo MTR Solar com Arcol, pretende dobrar a produção de estruturas fixas para usinas de solo e planeja dar um novo passo ainda este ano: expandir suas vendas para exportações na América Latina, África e Europa.

Atualmente, os principais destinos da empresa são os mercados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Mato Grosso. “Estamos nos preparando para atender exportação nos nossos certificados internacionais, para que possamos atender América Latina, parte da Europa, África, e de forma muito sólida. A partir do segundo semestre, ou, se demorar muito, no início do ano que vem”, revela o diretor da MTR-Arcol, Adriano Nascimento. Em 2023, as vendas da empresa cresceram 45%.

O diretor explica que a fabricante decidiu apontar para novos mercados de energia solar por conta de seus atuais clientes. Alguns são empresas estrangeiras que querem levar as soluções de geração distribuída da fábrica de Juiz de Fora aos outros países onde atuam.

A previsão de começar a exportar apenas no segundo semestre – ou no ano que vem – deve-se ao demorado processo para se adequar ao mercado externo. A MTR-Arcol está na finalização do seu certificado internacional com empresas dos Estados Unidos, China e Espanha homologadas para essa certificação.

A expectativa do crescimento de 30% nas vendas representa ultrapassar a barreira de 2 Gigawatts-pico (GWp) instalados. No mercado de energia solar, a empresa já conta com mais de 1,5 GWp instalados.

Crescimento da fábrica de Juiz de Fora

Empreendimento de tecnologia nacional, a MTR-Arcol buscou parcerias com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para desenvolvimento de sua equipe de trabalho e equipamentos. “Estamos envolvendo também o setor público e o setor de apoio à indústria nacional nesse planejamento de crescimento”, comenta o diretor. A intenção é que a MTR-Arcol se torne uma fábrica 4.0, com um sistema operacional digital totalmente integrado ao fim do segundo semestre deste ano.

Hoje com cerca de 240 empregados, a estimativa da empresa é aumentar a equipe para, ao menos, 380 funcionários. “Expandindo somente para fabricar 2 GWp, já estamos planejando um passo bem além. Na verdade, é a base de um projeto bem maior que vamos estar pavimentando ao longo dessa jornada”, conta Nascimento.

Geração centralizada de energia solar no radar

Além da exportação, o outro passo no radar da indústria de Juiz de Fora para expandir seus negócios está na geração centralizada de energia solar. O novo segmento aumentaria sobremaneira o mercado da MTR-Arcol, especializada na geração distribuída.

A empresa analisa o momento certo de entrar neste ramo que, no momento, está em baixa. “Estamos focados em geração distribuída, mas assim que a geração centralizada aquecer novamente, a gente já vai estar com a base preparada para entrar nesse mercado. Estamos só está observando”, finaliza Nascimento.