quarta-feira, 15 de maio de 2024

CCJ da Câmara convida Paulo Pimenta para explicar inquérito de fake news sobre enchentes no RS

 Deputado Federal Paulo Pimenta - Portal da Câmara dos Deputados

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira, 14, um convite para que o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta (PT) explique o pedido de abertura do inquérito pela Polícia Federal (PF) sobre disseminação de informações falsas sobre as enchentes no Rio Grande do Sul.

Inicialmente, o pedido era para uma convocação, mas foi transformado em um convite. A data sugerida para a presença de Pimenta no colegiado é 28 de maio, mas o ministro pode se recusar a comparecer à audiência, caso queira.

O requerimento foi protocolado pelo deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) sob alegação de que a investigação proposta por Pimenta e acatada pelo ministro de Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, tem como alvo apenas opositores do atual governo.

Na lista de pessoas a serem investigadas estão aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), um dos filhos dele, e o coach e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB).

No documento, o parlamentar justifica que o objetivo é que Pimenta “preste esclarecimentos acerca da abertura de um inquérito para perseguir opositores que denunciaram falhas e abusos do governo federal na tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul, entre outros”.

Também estavam em votação requerimentos para a convocação de Lewandowski, mas foram retirados da pauta. A partir de um acordo com a base aliada do governo, o ministro da Justiça vai se encontrar com os deputados nesta quarta-feira, 15, para explicar a investigação.

Casa dos Ventos quer investir R$ 55 bilhões em data center no Pecém e atrair big techs

 


Companhia cearense planeja construção de equipamento para trazer empresas como Apple, Amazon, Google, Meta e Microsoft

Escrito por Paloma Vargas e Luciano Rodrigues 

Mário Araripe
Legenda: Mário Araripe, presidente da Casa dos Ventos
Foto: Ismael Soares

 

A Casa dos Ventos, empresa cearense do ramo de energias renováveis, deve investir na construção de um data center na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). O investimento total no equipamento deve ser de R$ 55 bilhões

A afirmação foi feita nesta quinta-feira (9) por Mário Araripe, sócio-fundador da Casa dos Ventos, durante a entrega da Medalha do Mérito Industrial, do qual o empresário é um dos agraciados com a comenda. O evento é realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) em celebração ao Dia da Indústria.

Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, Mário Araripe explica que o projeto do data center será no Pecém justamente por causa da ZPE. O empresário vislumbra a atração de uma das grandes multinacionais do setor de big techs, tais como Apple, Amazon, Google, Meta e Microsoft, para processarem os dados das empresas no equipamento a ser construído no Cipp.

O data center vai ser no Pecém porque tem uma ZPE. Minha ideia é viabilizar a vinda da Microsoft, ou do Google, ou da Amazon. A gente faz o armazém grande, que vai ser de 12 campos de futebol. Aí elas vêm e enchem de computador. O investimento maior é do Google, ou da Amazon, ou do Facebook, ou da Apple. Mas o que a gente faz é a base. Quero fazer isso porque quero gerar demanda por energia. O Ceará tem muita capacidade de gerar energia, somos o maior desenvolvedor do mundo. A gente tem 35 GW de capacidade de geração. 

Mário Araripe
Sócio-fundador da Casa dos Ventos

Ainda de acordo com o empresário cearense, a aposta pelo data center no Pecém está na esteira da descarbonização, e o Ceará reúne condições geográficas e climáticas próximas da perfeição para atrair investimentos vultuosos no setor.

"As big techs controlarão a inteligência artificial, e decidiram que não vão mais consumir combustíveis fósseis, só energia renovável. Elas virão para cá, vão procurar a nossa energia do vento e do Sol. Talvez a gente consiga implementar aqui os maiores data centers do mundo, e tem a vantagem do entroncamento, da distância", vislumbra.

Hidrogênio verde para atrair novas empresas

O Ceará, mais especificamente o Hub Tecnológico de Fortaleza, na Praia do Futuro, se consolidou como um dos pontos mais conectados do mundo por cabos submarinos. No local, já existem diversos data centers, por onde passa mais de 90% de todos os dados processados no Brasil e na América do Sul, conforme dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

A relação com a construção de um data center na ZPE do Pecém é pelas plantas a serem instaladas de hidrogênio verde (H2V) no local. Há pelo menos seis pré-contratos assinados para produzir o elemento no local, dentre elas uma da própria Casa dos Ventos.

 Data Center Ceará

Legenda: Ceará já conta com diversos data centers, instalados geralmente nas proximidades da Praia do Futuro, em Fortaleza, maior ponto de conectividade por cabos submarinos das Américas
Foto: Tatiane Fortes/Governo do Ceará

"É como se fosse o celular e o orelhão. Quem apostou no orelhão, acho que não se deu muito bem. Não existe muita dúvida quanto a isso. A dúvida que existe é a velocidade com que isso ocorre. É uma coisa um pouquinho mais complexa, mas espero que no Brasil seja mais rápido que nos outros países, e o Nordeste tem os melhores ventos do mundo, isso é dado comprovado. Vai ser aqui, se não atrapalharem muito", aponta Mário Araripe.

Uma das analogias feitas pelo empresário cearense foi com o aplicativo de GPS Waze, bastante utilizado por motoristas em todo o mundo. Atualmente, o processamento da localização, segundo Araripe, é feito no Texas, no sul dos Estados Unidos. O objetivo é atrair as principais empresas de ramo de tecnologia para ancorarem essas informações no data center do Pecém.

"O que eu queria era processar o sinal deles. Talvez a gente consiga fazer isso, é um projeto extremamente agressivo, e eu imagino que isso possa ser feito no Porto do Pecém, vamos orientar os americanos quando eles quiserem se deslocar de carro", define.

Incorporação com petroleira e regulamentação do H2V

Embora seja cearense, um terço da Casa dos Ventos hoje está nas mãos da multinacional francesa de óleo & gás TotalEnergies, que mantém ativos no setor petrolífero. A participação da empresa europeia na companhia brasileira se deve, segundo o empresário, às mudanças que reduzirão consideravelmente o uso de combustíveis fósseis.

"Não existe dúvida nenhuma que o hidrogênio verde vai substituir o petróleo. A sexta maior petroleira do mundo comprou 34% da Casa dos Ventos pagando ágio que eu não podia recusar. As petroleiras sabem que elas não vão continuar no petróleo, então vêm para renováveis. A renovável precisa de estabilidade, de vento, sol e bateria. Quando é que ela vai tomar o espaço de uma vez do petróleo? Quando a bateria cair de preço", diz Araripe.

hidrogênio verde
Legenda: Implantação de tecnologias para viabilizar a produção de energias limpas e renováveis, como o H2V, estão entre os investimentos previstos
Foto: Divulgação/EDP

Apesar dos investimentos bilionários, o hidrogênio verde ainda não pode ser produzido comercialmente no Brasil. Isso porque a regulamentação para a geração do composto no País ainda tramita no Congresso Nacional, mas articulações estão em curso, incluindo movimentações do próprio Mário Araripe.

"Estou tentando contribuir, vamos dizer assim, na regulamentação. Fiz um estudo de como 58 países estão tratando o hidrogênio e entreguei (para o Governo Federal). É muito difícil a análise absoluta. É muito mais fácil a análise relativa. Vamos ver o que os outros fizeram e a gente aprende com os outros", arremata o empresário. 


https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/negocios/casa-dos-ventos-quer-investir-r-55-bilhoes-em-data-center-no-pecem-e-atrair-big-techs-1.3510458

 


Ações da Petrobras desabam na Bolsa após demissão de Prates

 


Sede da Petrobras

Sede da Petrobras (Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

As ações da Petrobras desabam nesta quarta-feira, 15, bolsa brasileira após o anúncio de mudança de comando na maior estatal do país e preocupação do mercado com o risco de maior interferência política na gestão da petroleira.

Às 13h03, as preferenciais caíam 5,75%, a R$ 38,52, enquanto as ordinárias perdiam 6,73%, a R$ 40,04, capitaneando as perdas do Ibovespa, que cedia 0,46%, aos 127.920 pontos. Já o dólar à vista registrava queda de 0,03%, cotado a R$ 5,129. Veja cotações.

A engenheira Magda Chambriard foi indicada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para exercer o cargo de presidente da Petrobras, em substituição a Jean Paul Prates, demitido pelo presidente Lula.

A informação sobre a mudança na presidência da Petrobras de comando na maior estatal do País saiu por volta das 21h da terça-feira, 14, depois do fechamento do mercado financeiro nacional. No chamado after hours” da Bolsa de Nova York (Nyse), os papéis da Petrobras (ADR) fecharam em queda de 7,59%.

“Vai ser um dia muito pesado, o Ibovespa deve cair porque a Petrobras tem um peso enorme no índice, e a notícia trará incertezas também do ponto de vista do câmbio e de juros, já que a Petrobras é uma estatal extremamente importante para o Brasil”, disse Felipe Corleta, diretor de Investimentos da GTF Capital.

Para o economista Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos, o episódio vai “reverberar muito mal”. A leitura dos analistas é que cresce as chances de maior interferência política na gestão da Petrobras.

O anúncio da mudança no comando da Petrobras aconteceu um dia após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre da empresa, cujo lucro caiu 38% na comparação anual, para R$ 23,7 bilhões. Antes, no entanto, já havia no governo descontentamento com os rumos da companhia e com a própria gestão de Prates.

“O último ano foi um teste para a governança da Petrobras em diversos aspectos, demonstrando que, apesar das tentativas de interferência política, parte das diretrizes da empresa foi mantida, embora seja necessário reconhecer que em certos aspectos, como a defasagem nos preços dos combustíveis, houve falhas na implementação”, disse Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, destacando que ainda não há uma compreensão clara das mudanças que serão implementadas.

Próximos passos

A XP explicou que, segundo o estatuto da empresa, o novo CEO da Petrobras precisa primeiro ser eleito como membro do conselho de administração da empresa. O nome deve ser aprovado pelo Comitê de Pessoas do conselho, para cumprimento de várias regras de elegibilidade, antes de ser submetido a uma votação pelo colegiado.

“O caminho mais rápido para a nomeação é a renúncia de um dos membros do conselho atual, para que o novo nomeado possa ser designado como substituto no conselho e subsequentemente eleito CEO — o que acreditamos que acontecerá neste caso”, afirmaram os analistas.

A Petrobras informou que recebeu na terça-feira solicitação de Prates para que o conselho de administração da estatal se reunisse para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como CEO. A reunião, que pode aprovar sua saída, está marcada para esta quarta-feira.

Em mensagem a amigos obtida pela Reuters, Prates afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu seu cargo, acrescentando que deveria “nomear Magda”. Ele citou ainda que os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, estavam satisfeitos com sua saída.

Prates sofreu críticas e pressões públicas para que a Petrobras investisse mais em gás natural e acelerasse investimentos de interesse do governo, como o setor de fertilizantes e indústria naval. A “fritura” se deveu ainda à cobrança por maior velocidade na execução dos projetos anunciados pela empresa, principalmente em relação à encomenda de navios aos estaleiros brasileiros.

terça-feira, 14 de maio de 2024

Ipiranga e Chevron firmam acordo para retorno da marca Texaco ao Brasil

 Texaco-vector-logo - Oleo Bahia


A Ipiranga e a Chevron Brands International firmaram um acordo para trazer de volta a marca Texaco para o Brasil. O acordo prevê a criação de novos postos de combustíveis que terão a bandeira Texaco e ainda uma nova rede de lojas de conveniência, a Star Mart, da Chevron, que serão operados pela Ipiranga.

As duas empresas já mantêm relações comerciais no Brasil. Elas detêm a Iconic, que comercializa lubrificantes, fluidos e graxas, das marcas Ipiranga e Texaco, e distribui óleos básicos Chevron, sendo líder do mercado neste segmento.

Por ora, as duas empresas não informaram detalhes do acordo, tais como o investimento a ser realizado, número de postos de combustíveis a serem abertos e a localização. Os atuais pontos de venda de combustíveis da Ipiranga não serão remodelados.

“Planejamos continuar a construir a força da marca Texaco em estreita colaboração com a Ipiranga”, diz Tracey Gardiner, vice-presidente de lubrificantes da Chevron para as Américas, em nota.

A executiva ressaltou que o acordo permitirá a oferta de combustíveis com a tecnologia Techron. Trata-se de um aditivo que possui propriedades detergentes para ajudar a manter limpa as peças-chave do motor, segundo definição do produto pela Texaco. A promessa do produto é a de ajudar a combater a formação de depósitos no sistema de admissão de combustível do motor e reduzir ao mínimo a acumulação de depósitos prejudiciais na câmara de combustão, o que prolonga a vida do motor.

Em nota, a Ipiranga informa que o movimento é benéfico para o mercado de distribuição no país. “É uma oportunidade interessante para complementar a nossa rede de postos, principalmente em mercados onde já temos força com a presença da marca Ipiranga”, diz Bárbara Miranda, vice-presidente de marketing e desenvolvimento de negócios da Ipiranga.

Com 86 anos atuando no Brasil, atualmente a Ipiranga tem uma rede de 6 mil postos espalhados pelo País, além de possuir a maior quantidade de franquias próprias de lojas de conveniência, a AmPm, e de troca de óleo, a Jet Oil.

A Chevron tem presença global e atua há mais de 100 anos no Brasil, inicialmente vendendo produtos Texaco. Desde 1997, a empresa atua em atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo, denominado pelo jargão do mercado de upstream.

Atualmente, a Chevron tem interesse em 19 blocos de exploração e produção de petróleo e gás em águas profundas na costa do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Entre outros negócios, uma subsidiária da empresa, a Chevron Oronite, também opera uma fábrica de aditivos para lubrificantes no Polo Petroquímico de Mauá, em São Paulo.

Grandes players do Vale do Silício pressionam o governo dos EUA para reformas urgentes na imigração para atrair talentos estrangeiros

A Google tem novo logótipo - Logotipo.pt



Mara Pessoni


O Google está pressionando o governo dos EUA a atualizar suas políticas de imigração para atrair e reter talentos internacionais em IA e áreas tecnológicas relacionadas. A empresa argumenta que as rígidas restrições atuais impedem que as empresas americanas recrutem os melhores profissionais do mundo, colocando os EUA em desvantagem na corrida global pela inovação.

O Google não está sozinho em defender reformas nas políticas de imigração dos EUA. Diversas outras empresas de tecnologia e organizações também estão pressionando por mudanças.

Pontos chave do argumento do Google:

    Falta de mão de obra qualificada: O Google afirma que há uma escassez significativa de trabalhadores qualificados em IA nos EUA. Essa escassez é ainda mais acentuada em áreas específicas de pesquisa e desenvolvimento de IA, onde a demanda por especialistas é alta.
    Competitividade global: O Google argumenta que os EUA estão perdendo competitividade global para países com políticas de imigração mais flexíveis, como Canadá e China. Esses países estão atraindo os melhores talentos em IA de todo o mundo, o que pode levar a um êxodo de inovação e expertise dos EUA.

    Benefícios econômicos: O Google argumenta que a reforma das políticas de imigração para atrair talentos em IA traria benefícios econômicos significativos para os EUA. A IA tem o potencial de impulsionar o crescimento econômico, criar novos empregos e aumentar a produtividade.

Propostas do Google:

O Google propõe uma série de reformas nas políticas de imigração dos EUA, incluindo:

    Expandir o visto H-1B: O visto H-1B é um visto de trabalho não imigrante que permite que empresas americanas recrutem trabalhadores estrangeiros com habilidades especializadas. O Google pede o aumento do número de vistos H-1B disponíveis e a simplificação do processo de solicitação.
    Criar um visto para startups de IA: O Google propõe a criação de um novo visto para empreendedores estrangeiros que desejam fundar startups de IA nos EUA. Este visto facilitaria a captação de capital e a contratação de talentos para essas startups.

    Benefícios econômicos: O Google argumenta que a reforma das políticas de imigração para atrair talentos em IA traria benefícios econômicos significativos para os EUA. A IA tem o potencial de impulsionar o crescimento econômico, criar novos empregos e aumentar a produtividade.

O debate em curso:

A proposta do Google para reformar as políticas de imigração dos EUA tem gerado debate acalorado. Alguns defendem a necessidade de atrair talentos internacionais para manter a competitividade dos EUA na área de IA, enquanto outros expressam preocupação com os impactos no mercado de trabalho americano e na segurança nacional.

Conclusão:

O Google acredita que a reforma das políticas de imigração dos EUA é crucial para atrair e reter talentos em IA garantindo assim que os EUA permaneçam na vanguarda da inovação tecnológica. As propostas da empresa estão sendo cuidadosamente consideradas pelo governo dos EUA, com a decisão final dependendo de um equilíbrio entre os benefícios econômicos potenciais e as preocupações com o mercado de trabalho e a segurança nacional.

Além das informações acima:

    A questão da imigração é complexa e controversa, com argumentos válidos a serem feitos de ambos os lados.
    A decisão final sobre como reformar as políticas de imigração dos EUA terá um impacto significativo no futuro da indústria de IA nos EUA e na economia americana como um todo.

 

 

Mara Pessoni

Advogada, Especializada em Imigração e Comércio Exterior, com uma vasta experiência de atuação há mais de 10 anos na área de imigração, sendo responsável por fundar e administrar o Witer, Pessoni & Moore An International Law Corporation. OAB/GO - 61.550.



https://www.migalhas.com.br/depeso/407195/players-do-vale-do-silicio-pressionam-o-governo-dos-eua-para-reformas

RS: 90% das cidades em calamidade hoje enfrentaram emergências desde 2013

 


Ao todo, elas formam um grupo de 303 municípios e somam 953 decretos nesse período 
 
 
Imagem de satélite mostra parte de Porto Alegre submersa por conta das fortes chuvas

 

 

Desastres ambientais em decorrência de chuvas vêm sendo recorrentes nos últimos anos na maioria dos 336 municípios do Rio Grande do Sul que tiveram o estado de calamidade pública decretado pelo governo federal por meio de portaria recente. Levantamento da Agência Lupa, ao qual o Portal AMANHÃ teve acesso, revela que 90,1% dessas cidades já decretaram alguma situação de emergência ou estado de calamidade devido às chuvas ou causas associadas entre 2013 e 2023, a exemplo de deslizamentos. Ao todo, elas formam um grupo de 303 municípios e somam 953 decretos nesse período. Desse número, 267 decretos foram publicados somente ano passado — cerca de 28%. Esse foi o maior volume de decretos emitidos da série histórica analisada. Em setembro do ano passado, as enchentes provocadas por um ciclone deixaram 54 mortos. Até então, esse tinha sido o pior desastre natural da história do Rio Grande do Sul. Isso aconteceu após uma queda nos números de decretos registrada entre os anos de 2018 e 2022.

Os dados extraídos do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, indicam também que o número de cidades atualmente em situação de emergência ou calamidade é ainda maior do que no ano passado: ao menos 395 municípios foram duramente atingidos pelas chuvas desde janeiro no Rio Grande do Sul e estão sob o efeito de decretos. Além dos 336 das atuais enchentes, entre janeiro e abril, 59 cidades já haviam decretado emergência por conta de tempestades. Para essa análise, foram considerados apenas tipologias de desastres provocados por chuvas e tipologias associadas, excluindo assim incêndios, estiagem, doenças infecciosas virais e infestações de animais. Vale lembrar ainda que alguns dos desastres notificados, como deslizamentos, podem ter outras causas. Os dados analisados incluem decretos de situação de emergência ou estado de calamidade pública. Ambos os cenários ocorrem após uma situação anormal provocada por um desastre. A diferença, de acordo com o Decreto 10.593, de dezembro de 2020, está no comprometimento da capacidade de resposta do poder público.

Em casos de situação de emergência, o comprometimento da capacidade de resposta do poder público é parcial. O município, neste caso, não necessariamente vai precisar de apoio estadual ou federal. Quando há um desastre de grande magnitude, que demande a adoção de medidas administrativas excepcionais para resposta e recuperação, adota-se o estado de calamidade pública. Nesta situação, "o comprometimento da capacidade de resposta do Poder Público do ente atingido é substancial". Com a decisão, os municípios podem ter acesso a recursos federais de forma facilitada, fazer compras emergenciais sem licitação e ultrapassar as metas fiscais previstas para custear ações de combate à crise. Analisando a série histórica, é possível observar que o número de estados de calamidade pública decretados foi significativamente menor em comparação com os de situação de emergência: foram emitidos 65 decretos de calamidade, contrastando com os 882 decretos de situação de emergência. Esses números destacam a magnitude da tragédia que os gaúchos estão enfrentando atualmente: o total de cidades atualmente em calamidade pública (395) é cinco vezes maior do que a soma do registrado entre 2013 e 2023.

 

Ranking de municípios

 
A cidade de São Jerônimo, com cerca de 21 mil habitantes, lidera entre 2013 e 2023 o número de municípios que declararam situação de emergência ou estado de calamidade, totalizando 13 decretos (11 de emergência, um de calamidade pública e outro não identificado). Até a noite de segunda-feira (6), aproximadamente 4,8 mil pessoas estavam desalojadas, buscando abrigo com familiares ou amigos, enquanto outras 1 mil estavam desabrigadas devido às fortes chuvas, de acordo com a prefeitura local. O rio Jacuí estava 10,5 metros acima do seu nível e seguia baixando lentamente. Seis municípios aparecem empatados em segundo lugar, com nove decretos. São eles: Cachoeira do Sul, Cristal, Eldorado do Sul, São Gabriel, Soledade e Venâncio Aires. O prefeito de Eldorado do Sul, Ernani de Freitas Gonçalves, declarou que praticamente toda a cidade foi submersa pela água. A estimativa é de que entre 20 mil e 30 mil pessoas estejam desabrigadas. Ou seja, dos quase 40 mil habitantes, cerca de 75% foram atingidos. Já o prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa, afirmou durante uma entrevista a uma rádio local que o cenário era de "destruição total" devido ao alto nível do rio Taquari. Em Soledade, município com quase 30 mil habitantes, as chuvas provocaram alagamentos, levando à perda de móveis, eletrodomésticos, além de danos estruturais em muitas casas. O mesmo ocorreu em São Gabriel, com 58,4 mil habitantes. Por lá, cerca de 400 residências foram atingidas e 1,7 mil pessoas tiveram as casas alagadas.

 

Situação atual
 
 
Autoridades e especialistas avaliam que o Rio Grande do Sul está enfrentando uma tragédia climática sem precedentes. O elevado volume de chuvas, combinado com fenômenos como correntes intensas de vento e a influência de um corredor de umidade proveniente da Amazônia, juntamente com um bloqueio atmosférico causado por ondas de calor, resultou em inundações e, até o começo da tarde desta quarta-feira (8), causou a perda de uma centena de vidas. O professor Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP), disse recentemente, em entrevista ao site do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que as chuvas no Rio Grande do Sul podem ser vistas como a materialização do aumento da frequência e da intensidade de eventos extremos previstos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). "Não há dúvida que esse aumento de enchentes, essas chuvas muito torrenciais, são definitivamente associadas com as mudanças climáticas e a aceleração dessas mudanças no nosso planeta inteiro", contextualizou.
 
 https://amanha.com.br/categoria/brasil/rs-90-das-cidades-em-calamidade-hoje-enfrentaram-emergencias-desde-2013

Brasil vai importar arroz para evitar possível desabastecimento

 


Rio Grande do Sul é responsável por 70% da produção do grão no país 
 
O Brasil produz cerca de 10,5 milhões de toneladas de arroz, sendo que entre 7 e 8 milhões vêm de produtores gaúchos

 

Para evitar uma possível escalada no preço arroz, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai comprar o produto já industrializado e empacotado no mercado internacional. A informação foi dada na terça-feira (7) pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Trata-se de um dos efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional de arroz. De acordo com o ministro, perdas na lavoura, em armazéns alagados e, principalmente, a dificuldade logística para escoar o produto, com rodovias interditadas, poderia criar uma situação de desabastecimento, elevando os preços no comércio. "O problema é que teremos perdas do que ainda está na lavoura, e algumas coisas que já estão nos armazéns, nos silos, que estão alagados. Além disso, a grande dificuldade é a infraestrutura logística de tirar do Rio Grande do Sul, neste momento, e levar para os centros consumidores", explicou. Os recursos para a compra pública de estoques de arroz empacotado serão viabilizados por meio da abertura de crédito extraordinário.

"Uma das medidas já está sendo preparada, uma medida provisória autorizando a Conab a fazer compras, na ordem de 1 milhão de toneladas, mas não é concorrer. A Conab não vai importar arroz e vender aos atacadistas, que são compradores dos produtos do agricultor. O primeiro momento é evitar desabastecimento", acrescentou o ministro. A medida provisória depende da aprovação, pelo Congresso Nacional, de um decreto legislativo que reconhece a calamidade pública no Rio Grande do Sul e, com isso, suspende os limites fiscais impostos pela legislação para a ampliação do orçamento.

Na primeira etapa, o leilão de compra da Conab, uma empresa pública federal, será para 200 mil toneladas de arroz, que devem ser importados dos países vizinhos do Mercosul, como Argentina, Uruguai e Paraguai, e eventualmente da Bolívia. "Se a gente for rápido na importação, a gente mantém [o preço] estável", garantiu. O restante, até totalizar 1 milhão de toneladas, será importando conforme a avaliação de mercado. Essa cota ainda poderá ser elevada, se for necessário, assegurou o ministro. Fávaro explicou que a Conab só deverá revender o produto no mercado interno diretamente para pequenos mercados, nas periferias das cidades, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, para não afetar a relação dos produtores de arroz brasileiros com os atacadistas, que são seus principais clientes.

Em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia antecipado a informação de que o país poderia ter que importar arroz e feijão. No entanto, segundo o ministro Fávaro, apenas a importação de arroz será necessária. O Brasil produz cerca de 10,5 milhões de toneladas de arroz, sendo que entre 7 e 8 milhões vêm de produtores gaúchos. O consumo interno anual, de 12 milhões de toneladas, supera a produção nacional, e o país já costuma importar o grão todos os anos.

Com Agência Brasil