Dentro os alimentos com alta, a batata-inglesa é destaque, com aumento de 20,61% (Crédito: Arquivo/Agência Brasil)
Os dados referentes à inflação oficial de maio, registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aumentam as apostas de analistas do mercado financeiro de que o ciclo de cortes na Selic está próximo do fim. A alta do índice foi de 0,46% em maio, ante 0,38% em abril.
A Selic está atualmente em 10,50% ao ano. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) acontece nos dias 18 e 19 de junho. O Boletim Focus divulgado na segunda-feira, 11, trouxe a previsão da taxa básica de juros em 10,25% no final do ano, o que simboliza mais um corte de 0,25 ponto percentual ainda em 2024. Os dados porém são anteriores à divulgação da inflação.
+IPCA: inflação acelera para 0,46% em maio, puxada por alimentos; preço da batata salta 20,6%
“O IPCA veio acima da projeção esperada de 0,41%”, diz Volnei Eyng, CEO da Multiplike. “Esse número no teto da projeção vai deixar reflexo na reunião da semana que vem da Selic, tirando as esperanças de corte. Com certeza joga um balde de água fria na expectativa da redução da Selic de 10,5% para 10,25%.”
“Não é uma inflação fora de controle, mas é uma inflação que não vai chegar na meta”, reforça Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. No ano, a alta acumulada da taxa é de 2,27%. A meta para 2024 é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 percentual para baixo ou para cima.
O economista e mestre em economia política André Perfeito destaca a alta da inflação em Porto Alegre, que foi de 0,95% no mês, influenciada pela batata inglesa, botijão de gás e gasolina. Para ele, o último corte da taxa básica de juros no ano deve ocorrer na próxima reunião do Copom.
“Os dados reforçam a perspectiva mais hawkish [de maior aperto monetário] do Banco Central do Brasil e devem aumentar as apostas para apenas mais um corte da SELIC”, diz o economista André Perfeito.
Sócio da Equus Capital, Felipe Vasconcellos lembra que os dados ainda não pegaram todo o impacto da tragédia climática que atinge o Rio Grande do Sul. Nos próximos meses, o analista acredita que um aumento no preço dos combustíveis é provável. Assim, aposta que já na próxima reunião não deve haver cortes da Selic.
Analista de investimentos da Unicred, Carlos Magno concorda que a próxima reunião do Copom já deve manter a Selic em 10,5%. O especialista destaca que os dados de juros e inflação dos EUA terão influência decisiva no futuro da Selic este ano.