Com a inteligência artificial (IA) ocupando aos poucos os ambientes de negócios, o Google
revela que deve usar os recursos possíveis da tecnologia para tornar
anúncios e propagandas ainda mais personalizados e direcionados em um
futuro breve.
Durante o evento Think With Google, o CEO para o Brasil da gigante de tecnologia, Fabio Coelho,
revelou um projeto piloto em que a companhia passou a usar IA para
distribuir vídeos curtos – Shorts, como são chamados na plataforma – de
vendedores do Magazine Luiza no YouTube utilizando geolocalização.
“Com
a IA do Google conseguimos fazer uma promoção de Shorts com o conceito
de geolocalização associado com as lojas. Você vê o mapa, geolocaliza,
pega os vídeos, entende o feed de onde veio. Os clientes que
estão em Suzano, aqui em São Paulo, recebem vídeos dos vendedores da
loja do Magalu de Suzano. Os clientes lá da Paraíba vão receber vídeos
de vendedores do Magazine Luiza de lá”, explica o CEO do Google.
Segundo
o executivo, os resultados colhidos mostram que a estratégia aumentou
os indicadores desejados e mostrou que a tática é promissora e poderá
ser replicada. A taxa de cliques – ou Click Through Rate (CTR) – foi
mais do que o dobro do esperado, e demais números de engajamento mostram
um desempenho melhor do que uma distribuição genérica.
Com esses resultados, a diretoria do Google revela que a tática deve ser replicada com outras empresas do varejo.
“Acho
que o potencial [da estratégia] é grande. Falando do varejo, imagine a
agilidade que isso traz. O teste foi super bem com o Magalu e estamos
escalando para outros clientes, e daqui a pouco vai ser quase como default.
Já vai ficar lá e o próprio cliente vai fazer e escalar, isso traz para
eles muita conversão. Ter um vídeo ajuda muito”, conta Gleidys Salvanha, diretora de Negócios do Google Brasil para o varejo, em entrevista à IstoÉ Dinheiro.
A
diretora ainda acrescentou que, seguindo a experiência com empresas do
varejo físico, o Google deve começar a testar a mesma estratégia com marketplaces, “justamente para trazer os vendedores para falar dos produtos dentro da plataforma”.
Stephanie Castus, líder de produto do Google Brasil, diz que as avaliações dos usuários foram positivas justamente por conta da proximidade gerada pela campanha.
“O
legal desse case é reforçar que tivemos muitas respostas positivas das
pessoas por receberem conteúdo da região delas, falando com o sotaque
delas. Elas vão para a loja e veem aquele vendedor [do vídeo]. É um
conteúdo que fica muito próximo. Estamos alimentando a plataforma com um
conteúdo mais pessoal, atualizado e localizado, e deu tudo certo com
esse piloto.”
Para o Google, funil é coisa do passado
Durante
o evento, o CEO do Google relatou que a companhia considera que o
cenário atual “desafia a ideia de funil”, e que a gigante hoje trabalha
com outros pilares.
“Essa ideia do funil foi alterada, fizemos um
estudo com o Boston Consulting Group (BCG) em que entendemos que os
consumidores transitam de forma fluida e simultânea por quatro
comportamentos-chave: streaming, scrolling, searching e shopping. Eles
fazem parte de uma forma diferente, eles se sobrepõe à maneira como a
gente decide”, conta.
Com isso, citou que uma das principais
marcas da companhia segue com grande relevância no comportamento de
consumo. De acordo com uma pesquisa realizada pela Kantar e citada pelo
executivo durante o evento, 81% dos consumidores de vídeo do Brasil
afirmam que o YouTube os ajuda a decidir o que comprar, comparado a uma
média de 63% das demais plataformas.
Sobre aplicação de inteligência artificial
nesse contexto, Coelho conta que, após a pandemia, o comportamento dos
consumidores se tornou “previsivelmente imprevisível”, e que somente IA
pode ajudar as empresas a mapear de forma mais precisa os padrões de
consumo.
O executivo ainda acrescenta que a companhia mantém o
tema de IA como uma prioridade desde meados de 2016 e que segue fazendo
investimentos robustos e lançando produtos, como o Willow – processador
quântico desenvolvido pela Google Quantum AI e revelado
em dezembro de 2024, que resolve um desafio do segmento que perdurava
há cerca de 30 anos, a correção de erros quânticos.