Em processo complexo, novos donos vão injetar R$ 4 bilhões de capital na empresa, enquanto preparam uma venda
Os detentores de títulos da dívida externa da
Oi estão se preparando para assumir a operadora de telecomunicações
brasileira, no que a Justiça americana chamou de “uma das mais complexas
reestruturações de dívida cross-border da história”. O futuro da
empresa não será nada simples também.
Pela primeira vez na história, a problemática companhia não terá
acionistas controladores. Uma miríade de fundos e o ex-principal
investidor — alguns dos quais estavam em lados opostos em uma batalha na
Justiça alguns poucos meses atrás — agora trabalharão juntos para
fortalecer as finanças da Oi e prepará-la para uma possível venda ou
fusão.
Depois da reestruturação de R$ 64 bilhões em dívida e da conversão
dos eurobônus em ações programada para 31 de julho, os novos donos vão
injetar R$ 4 bilhões de capital no fim do ano, enquanto preparam a Oi
para uma venda procurando aumentar o seu caixa e a sua saúde geral,
segundo uma pessoa familiarizada com o assunto que pediu para não ser
identificada, pois a estratégia não é pública.
O Aurelius Capital Management, um tenaz fundo de hedge que desafiou
outros investidores durante os 18 meses de recuperação judicial da Oi,
ficará com apenas cerca de 2,5% do capital da empresa depois de vender
uma boa parte de seus eurobônus no mercado nos últimos seis meses,
disseram três pessoas familiarizadas com o assunto.
Enquanto isso, a GoldenTree Asset Management, a York Capital
Management Global Advisors e a Solus Alternative Asset Management se
tornarão os maiores acionistas da Oi, com participações entre 7% e 9%
cada, de acordo com cálculos feitos por pessoas familiarizadas com o
assunto.
A Pharol SGPS, atualmente a principal acionista, com 22% de
participação, terá cerca de 7%. Estima-se que a Brookfield Asset
Management fique com cerca de 4%.
A reestruturação da Oi foi uma maratona de batalhas entre acionistas,
credores e o governo desde que a maior operadora de telefonia fixa do
Brasil entrou com pedido de recuperação judicial em junho de 2016. A
administração, algumas vezes apoiada pelos detentores de eurobônus, e o
conselho, controlado pelos acionistas brigaram abertamente. E os
esforços para se negociar com 30.000 pequenos credores levaram ao maior
processo de mediação da história.
De acordo com o plano de recuperação
aprovado em dezembro, a empresa tem até 31 de julho para converter R$
32 bilhões em títulos internacionais em ações e novas dívidas. Depois
disso, a dívida da empresa com os detentores de eurobônus será reduzida
em cerca de 84%, para R$ 5 bilhões, segundo uma pessoa a par do assunto.
A Oi também tem até 20 anos para pagar mais R$ 32 bilhões em
empréstimos bancários, multas e impostos atrasados para a Anatel, a
reguladora de telecomunicações do Brasil.
O plano de reestruturação da Oi “aponta potencial para vantagens
substanciais para os detentores de títulos que optam por participar
tanto da troca quanto do aumento de capital”, disse a Exotix Partners
LLP em um relatório em 25 de julho no qual muda a recomendação dos
eurobônus da Oi, de manutenção para compra.
Os novos acionistas não terão pressa de vender a empresa e preferem
se concentrar em obter o melhor preço possível, disse a pessoa,
acrescentando que a Oi atrairia ainda mais pretendentes se uma nova lei
para o setor de telecomunicações do Brasil fosse aprovada. Mas essa
legislação para mudar regras desatualizadas de telefonia fixa e para
focar em infra-estrutura de banda larga e móvel está parada no Congresso
por mais de 18 meses.
Durante o longo processo de recuperação judicial, investidores como o
financista egípcio Naguib Sawiris, fundos como TPG Capital e Elliot
Management Corp e empresas como a China Telecom Corp mostraram interesse
em adquirir a Oi, disseram pessoas na época. Operadoras locais como a
Vivo Participações SA, de propriedade da Telefónica SA, também podem
estar interessadas em “ativos específicos” da Oi, disse Eduardo Navarro,
presidente da Telefônica Brasil SA, em uma teleconferência com
jornalistas na quarta-feira.
https://exame.abril.com.br/negocios/o-novo-plano-dos-acionistas-da-oi-arrumar-a-casa-para-vender/
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