sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A Petrobras perdeu até o senso



ARTIGO - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
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Sabe qual a melhor coisa que poderia acontecer para a Petrobrás? Uma forte queda do preço internacional do petróleo. Isso derrubaria também as cotações da gasolina e do diesel, produtos que estão quebrando a estatal brasileira. Como não há produção interna suficiente desses combustíveis, a companhia tem que importá-los. Como o governo Dilma segura os preços internos para conter a inflação, a Petrobrás se vê na situação esdrúxula de comprar caro e vender barato – que perdura mesmo depois do reajuste anunciado na última terça. Prejuízo na veia.

Logo, se o governo não deixa aumentar mais o preço interno, resta torcer pela queda da cotação internacional.

Pode? Uma companhia petrolífera, dona de reservas elevadas, dependendo de uma queda no preço de seu principal ativo!

Acrescente aí uma forte valorização do real e o quadro “melhoraria” ainda mais para a estatal. Se o dólar voltasse, digamos, para R$ 1,70, a Petrobrás economizaria cerca de 15% nas suas compras externas de combustível.

Claro que, nesse caso, também cairia o valor das reservas da Petrobrás. De novo, pode? Uma companhia precisando de queda no valor de seu patrimônio.

Por outro lado, que sempre tem, a queda do preço internacional de petróleo colocaria em risco a operação no pré-sal. Ainda não se sabe o custo exato, pois a tecnologia está em desenvolvimento, mas certamente será muito caro retirar o óleo lá do fundão do oceano. Assim, se a cotação global cair muito, o pré-sal torna-se economicamente inviável.

Consequências: a Petrobrás não conseguiria financiamento para as novas operações e os estados e municípios perderiam os royalties pelos quais tanto brigaram.

Ou seja, é uma ideia de jerico torcer pela queda dos preços internacionais do óleo e dos combustíveis.
De outro lado, ainda, um dólar mais barato facilitaria as importações de equipamentos para extração e refino. Bom, não é mesmo?

Seria, se as políticas para o setor tivessem alguma lógica. Ocorre que a Petrobrás é obrigada pelo governo a dar preferência ao produtor nacional, mesmo pagando mais caro, até um certo nível. Ora, com o real valorizado, a diferença de preços entre o local e o estrangeiro ficará bem maior, de modo que a estatal não terá como justificar a compra do equipamento made in Brasil.

Isso destruiria a política do governo para estimular a indústria nacional ou, caso o modelo fosse mantido, aumentaria os custos da Petrobrás em reais.

Ou seja, é outra ideia de jerico torcer pela valorização do real neste caso.

Voltamos assim ao senso comum, pelo qual uma companhia de petróleo deve se dar bem quando o preço do petróleo está em alta. Esta lógica não mudou. O que a subverte é a gestão do governo brasileiro. Um desastre de grande competência: não é fácil fazer uma petrolífera perder dinheiro.

Outra coisinha: lembram-se de toda aquela campanha do governo Lula comemorando a autossuficiência em petróleo? Pois é, foi só marketing eleitoral. Só não, porque a estatal, que não pertence só ao governo, muito menos ao PT, pagou por aquela fraude. Custo na veia da população.
Protecionista quem?

Andam dizendo por aí que as negociações comerciais entre Mercosul e União Europeia (UE) não avançam por causa por causa do protecionismo dos dois lados.

Curioso. A UE, só na América Latina, tem acordos de livre comércio fechados com Chile e México (já em vigor) e mais Peru, Colômbia e América Central (a vigorar neste ano). Fora da região, tem acordos com diversos países da Ásia, inclusive Coreia do Sul, e esta prestes a iniciar negociações com os Estados Unidos.

Já o Mercosul tem acordos com Israel e Jordânia.
Mas, dizem governo Dilma e aliados, neste ano as conversas com a Europa vão avançar.

Sério?

Se o Brasil não consegue ter livre comércio nem com a Argentina, principal sócia no Mercosul, se a Argentina, pelo calote, está excluída do mercado financeiro global, e se a Venezuela, nova sócia, só quer acordos com os amigos bolivarianos, Cuba, por exemplo, quem mesmo vai negociar com a UE?

No último fim de semana, a Comunidade dos Estados da América Latina e Caribe, Ceal, reuniu-se com a UE – encontro de cúpula, solene. Olhando bem, no entanto, os líderes europeus mantiveram duas conversas bem diferentes. Uma com o pessoal do Mercosul – só protocolar, para os fotógrafos.
Outra, para valer, com o chamado bloco do Pacífico, liderado por Chile, Peru, Colômbia e México. 

Enquanto o Mercosul torna-se cada vez mais restrito ao grupo bolivariano de Chávez, Cristina Kirchner e outros menores, o bloco do Pacífico já tem acordos com os EUA, Europa e negocia um megatratado com a Ásia.

Devem estar todos equivocados, não é mesmo?

Carlos Alberto Sardenberg é jornalista

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Problemas de caixa da Petrobras começam a contaminar parceiros


 
Leila Coimbra e Jeb Blount
  • Arquivo Folha Imagem
RIO DE JANEIRO, 31 Jan (Reuters) - A Petrobras tem atrasado pagamentos a fornecedores e provocado dificuldades financeiras na cadeia de prestadores de serviços, após ter adotado uma política de redução de custos em meio a prejuízos na sua divisão de Abastecimento, aumentos de custos e produção estagnada.

Há também o atraso de pagamento para fundos de recebíveis criados para financiar esses prestadores de bens e serviços, segundo afirmaram fontes à agência de notícias Reuters, observando que a estatal alterou sua política de pagamentos recentemente e vem olhando com mais rigor os contratos.

Com isso, tem demorado mais tempo para liberar os recursos. Em uma espécie de efeito dominó, os prestadores de serviços também atrasam seus compromissos financeiros.

"Não vou dizer que a Petrobras é inadimplente, mas que está em atraso. Enquanto algumas companhias estão sofrendo, estou confiante que os pagamentos serão feitos", disse à Reuters Fernando Werneck, gestor de um portfólio de fundos creditórios na BI Invest, exclusivos de fornecedores da Petrobras.

Alguns dos fundos de investimento dedicados exclusivamente aos fornecedores da Petrobras registraram aumento da inadimplência. 

Os pagamentos em atraso em cinco Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) saltaram 58,6%, para R$ 18,4 milhões, em 31 de dezembro, ante R$ 11,6 milhões em setembro, segundo uma pesquisa da Reuters junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). 

O FIDC existe para ajudar a Petrobras a terceirizar o negócio de financiamento aos fornecedores. Fundos de investimento fazem empréstimos às empresas que possuem contratos com a estatal utilizando como garantia os recebíveis junto à Petrobras.

Ao longo dos últimos dois anos a Petrobras aportou cerca de R$ 7 bilhões para ajudar os fornecedores.

Pedidos de falências

Problemas financeiros já empurraram algumas empresas fornecedoras da estatal menores, como a GDK, a um processo de recuperação judicial. Grandes empresas, tais como a Lupatech, tiveram que vender ativos e levantar capital novo para evitar o pior.

Preocupações sobre como fazer negócios no Brasil, onde a Petrobras é responsável por mais de 90% da produção de petróleo, levaram a uma queda de 34% nas ações da italiana Saipem na quarta-feira.

A empresa prestadora de serviços e equipamentos offshore disse que os problemas do Brasil poderiam ajudar a cortar o seu lucro em 80% em 2013. As concorrentes Subsea 7 e Technip França, ambas também fornecedoras da Petrobras, chegaram a cair mais de 6% na quarta-feira (30).

O programa de redução de despesas, que visa cortar custos de R$ 32 bilhões no período de 2013 a 2016, foi anunciado no final do ano passado, após a Petrobras ter acumulado nos nove primeiros meses de 2012 mais de R$ 17 bilhões em prejuízo na área de Abastecimento (combustíveis), ao mesmo tempo que tem um plano de cinco anos de investir mais de US$ 200 bilhões.

Nessa conjuntura que favorece o crescimento do passivo, a agência de classificação de risco Moody's alterou em dezembro para negativo o rating da dívida da companhia.

Dificuldade para receber

Segundo fontes de empresas que prestam bens e serviços à estatal, a Petrobras tem demorado mais tempo para liberar os aditivos aos contratos.

Nas licitações, as empresas ganhavam oferecendo um orçamento abaixo do valor de mercado e depois recorriam aos aditivos, uma prática comum, já que depois esses aditivos eram liberados com mais facilidade.

"Agora há um rigoroso processo de avaliação por parte da estatal e sempre há a necessidade de mais e mais documentos. Enquanto isso, o dinheiro não sai", disse uma fonte de uma empreiteira de médio porte que presta serviço à Petrobras.

Com a demora na liberação dos pagamentos, as empresas precisam tomar empréstimo de curto prazo, disse a fonte, a custos altos, gerando um desequilíbrio nas contas. 

"Em geral tem demorado uns meses a mais. Como dois terços do nosso faturamento depende de contratos com a Petrobras, há um desajuste", disse à Reuters o executivo, na condição de não ter seu nome divulgado.

Algumas empresas têm quase a totalidade das receitas atreladas aos contratos com a Petrobras e podem acabar falindo com o atraso dos pagamentos. 

É o caso da Tenace Engenharia, que com 90% de faturamento oriundo da estatal pediu falência no fim do ano passado. 

A empresa tinha um grande contrato de construção de uma unidade de gasolina e diesel no Polo de Guamaré, no Rio Grande do Norte. Também prestava serviços para a estatal em Urucu, no Amazonas.

Segundo uma fonte da empresa, a Petrobras não concordou em renegociar aditivos aos contratos. A Tenace enviou um comunicado aos seus credores responsabilizando a estatal pelo seu fechamento, segundo a fonte, que preferiu não ser identificada.

A construtora GDK, também grande fornecedora da estatal, teve o seu pedido de recuperação judicial aprovado no dia 10 de janeiro pela Justiça da Bahia, segundo nota enviada pela empresa à Reuters.

E a construtora Egesa, responsável por parte das obras de uma unidade de fertilizantes da Petrobras, também anunciou recentemente aos seus funcionários e credores que "está passando por uma reestruturação financeira em função do cenário econômico atual".

Segundo a Petrobras, os pagamentos de seus compromissos "reconhecidos" são realizados de acordo com os prazos estabelecidos contratualmente.

Procurada pela Reuters, a estatal disse em nota que os eventuais pleitos de pagamentos adicionais aos contratados por parte dos fornecedores são submetidos a uma avaliação técnica por uma comissão constituída para este fim, bem como a uma avaliação jurídica.

"Após a conclusão deste processo, que está de acordo com contrato e com a legislação vigente, a negociação é submetida à aprovação das instâncias corporativas competentes. Dessa forma, eventuais pleitos não representam a existência de dívida por parte da Companhia", disse a estatal.

Parlamento Debate a Reforma Migratória

A Câmara analisa proposta que poderá reformular o chamado Estatuto do Estrangeiro e ampliar os direitos dos imigrantes. As medidas estão previstas no Projeto de Lei 5655/09, de autoria do Poder Executivo.

O Estatuto é uma lei de 1980 (Lei 6.815/80) que estabelece os princípios para visita, estada e permanência de um estrangeiro no Brasil. Ao longo do tempo, no entanto, a lei foi bastante alterada e os números sugerem que ela precisa ser revista.

Nos primeiros nove meses de 2012, mais do que triplicaram as autorizações concedidas a estrangeiros com pouca escolaridade para trabalhar legalmente no Brasil. O número de trabalhadores com baixa qualificação aumentou 246% em relação aos nove meses do ano anterior.

O número cresceu muito mais do que no caso das permissões para trabalhadores com doutorado, mestrado e pós-graduado, os chamados superqualificados, que são o objetivo do governo e a maioria dos autorizados a trabalhar no País. Em 2010 eram 961 mil estrangeiros vivendo regularmente no Brasil, número que aumentou para quase 1,46 milhão no ano passado.

A ajuda humanitária do Brasil no Haiti, desde o terremoto ocorrido no país em 2012, contribui para esse aumento. Já entraram no País cerca de 4 mil haitianos.

A relatora da proposta na Comissão de Relações Exteriores, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), acha que a reforma do Estatuto do Estrangeiro precisa avançar. O projeto, de autoria do Executivo, tramita há três anos, mas o turismo foi o assunto mais discutido até agora, já que a Comissão de Turismo e Desporto  aprovou o texto em novembro do ano passado.

Para Perpétua Almeida, na Comissão, o debate precisa ser aprofundado. “Vou ouvir as instituições que lidam com esse assunto, inclusive do governo federal. Acho importante trazer algumas personalidades importantes em áreas importantes para o Brasil para que a gente possa fazer a discussão”, detalha.

Segundo a parlamentar, sem dúvida é possível fazer o debate com tranquilidade e abertura. “Se nós provarmos e comprovarmos de que há uma necessidade hoje em áreas estratégicas do Brasil, há um interesse nacional sobre o assunto, temos que estar abertos a essa discussão e inclusive a adotar essas medidas”, argumenta.

Perpétua Almeida pretende promover audiências públicas para discutir o assunto ainda no primeiro semestre deste ano.

O presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) considera a questão polêmica, pois os estrangeiros tiram os bons empregos dos brasileiros. Ele cobra maior fiscalização por parte do Ministério do Trabalho. “Acho que o Ministério do Trabalho tem que aumentar a fiscalização na questão do trabalhador imigrante que vem ao Brasil. Pra montar uma estrutura, pra montar uma empresa tudo bem. O que ele não pode é ficar permanente aqui e tirar os empregos dos brasileiros, e, principalmente, repetindo, os melhores empregos, e tem acontecido exatamente isso”, critica.

O texto do projeto que reformula o Estatuto do Estrangeiro, já aprovado pela Comissão de Turismo e Desporto, cria o visto eletrônico, feito por meio da internet, e modifica o projeto original do Executivo para estabelecer o prazo de validade de dez anos para o visto de turista, com a possibilidade de o ministro das Relações Exteriores alterar esse prazo, considerando o interesse nacional.

A proposta altera, ainda, o prazo de permanência do turista no país, que passa de 90 para 180 dias a cada 12 meses, prorrogável por 30 dias em caso de viagens de negócios.

Após análise na Comissão de Relações Exteriores, a proposta segue para a Comissão de Constituição e Justiça.

(Cenário MT – 30/01/2013)

Por que a Petrobras vale menos do que a Ecopetrol, mesmo produzindo mais?


 

Companhia brasileira foi ultrapassada novamente pela colombiana na última sexta-feira, refletindo falta de confiança com a política nacional, aponta Financial Times.

A Ecopetrol, companhia colombiana de petróleo, mais uma vez superou a Petrobras como a maior empresa de energia de capital aberto por valor de mercado na última sexta-feira (25), segundo informações do Financial Times divulgadas nesta segunda (28). Entretanto, a colombiana produz cerca de três vezes menos do que a petrolífera brasileira. O que explica essa diferença?

Isso se deve à postura política "mais amigável" da Ecopetrol em relação aos negócios, atraindo assim os investimentos da indústria internacional de petróleo. Vale ressaltar que o governo colombiano possui 80% do capital da gigante do petróleo, respondendo também por cerca de 80% da produção do país - o que afasta qualquer comentário leviano de que a Petrobras é mal vista pelo mercado pelo fato de ser controlada pelo governo brasileiro.
No fechamento da última sexta-feira (25), o valor da Ecopetrol atingiu os US$ 129,5 bilhões, em comparação aos US$ 126,8 bilhões da brasileira. Entretanto, segundo a publicação, a valorização dos papéis da petrolífera colombiana não se justificam pelos fundamentos de seu negócio, mas sim uma maior confiança dos investidores não só na Ecopetrol como também na Colômbia.

Até o próprio diretor executivo da Ecopetrol, Javier Gutiérrez, ao ser questionado pelo Financial Times, ressaltou que não é possível compará-las, porque a Petrobras é uma gigante em diversos aspectos. Contudo, a percepção mais favorável dos investidores à empresa e ao país em relação ao Brasil ajuda nessa performance.

Falta de confiança é o principal motivo
 

Em contraponto, está a situação complicada da Petrobras que, apesar  da animação  com  as  recentes descobertas de petróleo no pré-sal, perderam 45% do valor de mercado  nos  últimos três anos.   Este movimento decorre do desapontamento dos investidores com os resultados   financeiros,   além   das preocupações com o grande volume de investimento necessário para exploração   das   descobertas e com as políticas de regulação do preço dos combustíveis, que vêm trazendo prejuízos  à  Petrobras.

O Financial Times destaca ainda que,  por   pertencer ao governo, a Ecopetrol é bastante sensível às decisões políticas,  além  de  contar com  um  mercado  de ações local menor, o que contribui para a tamanha demanda para as suas ações.

Analistas avaliam ainda que o fluxo de investimentos é o que está por trás  do  bom  desempenho  da Ecopetrol, uma vez que as restrições dos fundos de pensão colombianos a investimentos estrangeiros aumentariam os investimentos para a petrolífera. Com os fundos recebendo maiores aplicações,   eles estariam investindo mais na companhia.

Sucesso da Ecopetrol se explica pelo fracasso da Petro
 

Já o blog do Financial Times, Beyond Brics, destaca ainda que, como a forte queda dos papéis da Petrobras é um dos principais motivos para a Ecopetrol a ultrapassar em valor de mercado, um fator deve ser considerado, uma vez que as duas companhias são estatais.
"A percepção é de que os investidores veem as decisões políticas do Brasil como menos amigáveis do que na Colômbia", avalia o blog 

(InfoMoney, 29/1/13)

Petrobrás perde 40% de valor em 3 anos e cai em ranking de petrolíferas

31/01/2013 - 06:42:36 


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Empresa passou da segunda para a quarta colocação na lista de maiores empresas de gás e petróleo dos Estados Unidos e América Latina, segundo estudo da Economatica.
 
A Petrobrás perdeu 40% do seu valor de mercado em três anos e passou da  segunda  para a  quarta  posição   no  ranking  das maiores  empresas  de  gás e petróleo dos Estados Unidos e da América    Latina,    segundo    levantamento    da   consultoria Economatica para o Estado.
 
A estatal valia US$ 199,3 bilhões no dia 1º de janeiro de 2010, valor que despencou para US$ 119,9 bilhões nesta quarta-feira - uma diferença de quase US$ 80 bilhões. Em 2012, a  Petrobrás foi ultrapassada pela primeira vez pela Ecopetrol e a diferença agora se amplia. A empresa colombiana está avaliada hoje em US$ 130,1 bilhões e ocupa o terceiro lugar no ranking.
 
Com trajetória oposta à da concorrente brasileira, a Ecopetrol viu o seu valor de mercado disparar 165% no mesmo período, roubando o posto da Petrobrás de maior empresa latino-americana. As norte-americanas ExxonMobil e Chevron, que atualmente lideram o ranking do setor, também se valorizaram entre 2010 e 2013, com altas de 27,7% e 47,5%, respectivamente.
 
Para o professor de finanças do Insper Ricardo Almeida, o principal fator que explica o descolamento da Petrobrás é a decepção dos acionistas minoritários com a bilionária  capitalização   da  companhia, realizada em setembro de 2010. "O governo fez a cessão onerosa de uma forma que as regras ficaram muito   questionáveis.     Houve   um   desequilibro entre as condições do governo e a dos outros investidores", explica Almeida.
 
A chamada cessão onerosa foi uma troca feita entre a União e a Petrobrás. O governo "cedeu" barris de petróleo do pré-sal para a estatal e, em troca, recebeu ações da empresa. Nessa operação, na visão do  mercado  , o   governo    aumentou   a   sua   participação   na companhia com base em um valor superestimado do barril.
 
"Temos ainda um componente de incerteza que é a revisão dessa cessão onerosa,  quando teremos as mesmas dúvidas que ocorreram em 2010 em relação ao preço do barril",   destaca Almeida. Para ele, enquanto a revisão estiver pendente,  o papel  da empresa seguirá pressionado.     A nova leitura está marcada para setembro de 2014.
 
Interferência
 
Para o analista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi, prevalece a sensação  de  que o  governo  está interferindo  fortemente  na  Petrobrás,  destruindo  seu  valor. "Lá na frente,  a  empresa pode  ficar sufocada por prejuízos e não conseguir nem mesmo tocar o pré-sal."
 
Na  visão  de Galdi, a  redução  do  Imposto  sobre  Produtos  Industrializados   (IPI)  impulsionou a produção de carros no País, sem que o refino de combustíveis tenha crescido na mesma proporção. "Por esse motivo, a companhia precisa importar e paga um preço maior lá fora do que vende aqui dentro."
 
O reajuste   de  6,6%  para a gasolina e de  5,4% para o diesel, anunciado pela estatal na última terça-feira, não foi suficiente para mudar o ânimo dos investidores. Apenas no pregão desta quarta-feira, as ações ON da Petrobrás recuaram 5,12%, enquanto as PN caíram 4,76%.    Grande parte dos analistas esperava   um  reajuste maior, entre 7% e 10%. Segundo Galdi,  mesmo com a alta nos preços, ainda resta uma defasagem de 6% no valor da gasolina.
 
Ânimo minado
 
A perda de valor de mercado da Petrobrás nos últimos três anos também é reflexo da frustração  dos investidores com a empresa, afirma o analista da corretora Coinvalores Bruno Piagentini.  "O ânimo com o pré-sal foi minado ao longo do tempo com números de produção abaixo da meta e atrasos em projetos, que elevaram os custos." Segundo ele, o  mercado agora  está apenas   precificando a  forte ingerência do governo na empresa.
 
Piagentini destaca, contudo, que a troca de comando na companhia - agora presidida por Graça Foster - trouxe mais transparência, além de um planejamento mais realista. "Não acredito que   s papéis vão despencar muito mais. Agora os investidores estão de olho nos números de produção.      " Os dados financeiros e de produção serão publicados na próxima segunda-feira, dia 4

 (O Estado de S.Paulo, 31/1/13)

Atraso em repasse da Petrobras afeta fundo

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Noticiário cotidiano - Indústria naval e Offshore
A mudança na política de pagamentos dos fornecedores pela Petrobras no fim do ano passado começou a afetar os fundos de recebíveis criados para financiar a cadeia de prestadores de serviço da estatal. Desde novembro, houve um aumento dos créditos com pagamentos em atraso em pelo menos três dos cinco Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) criados com essa finalidade e registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em um desses portfólios, gerido pela BI Invest, os créditos em atraso já chegam a 18% da carteira que somava R$ 24,574 milhões em dezembro, sendo que desse total R$ 3,469 milhões se referem a pagamentos com atraso superior a 90 dias.

Ao alterar a política de pagamento dos fornecedores que têm atrasado a entrega dos pedidos, a Petrobras tem demorado mais para repassar recursos. Como a maioria dessas operações são "a performar", a estatal resolveu não liberar os recursos enquanto não receber as entregas. Nesse cenário, algumas empresas têm tido maiores dificuldades financeiras.

E algumas dessas empresas que tiveram problemas estavam nos FIDCs de fornecedores da Petrobras, o que explica o aumento dos créditos com pagamentos em atraso nessas carteiras.

Procurada, a Petrobras informou que "não interfere na relação entre os fornecedores cedentes de crédito e os FIDCs", embora seja responsável pelo repasse dos pagamentos.

No fundo gerido pela Brasil Plural, que tem R$ 286,2 milhões de patrimônio, os créditos com pagamentos em atraso passaram de R$ 2,403 milhões em novembro para R$ 5,399 milhões em dezembro. Já no FIDC gerido pela Silverado Asset Management, que tem R$ 137,773 milhões de patrimônio, a parcela de créditos em atraso saltou de zero em outubro para R$ 3,059 milhões em dezembro. O atraso, na maior parte desses ativos, se concentrava na faixa entre 31 e 60 dias.

O diretor de risco da Silverado, Carlos Santos, confirma que tem ocorrido alguns atrasos na liberação de pagamento por parte da Petrobras em função da performance de alguns fornecedores, mas diz que são casos pontuais.

No FIDC do Brasil Plural, a inadimplência está concentrada em um único fornecedor com participação relevante no portfólio, afirma Leandro Albuquerque, diretor da área de operações estruturadas da Standard & Poor's, responsável pelo rating do fundo.

Para reduzir o risco, a Silverado aumentou desde setembro a diligência das carteiras e tem adotado critérios mais rígidos na avaliação dos fornecedores.

A gestora têm na carteira cerca de 25 fornecedores, com uma média de faturamento mensal entre R$ 3 milhões a R$ 5 milhões.

Em pesquisa interna realizada pela Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) no final de 2012, que reúne 140 associados, foi verificado que 10% das empresas associadas estavam preocupadas com o futuro de seus contratos com a Petrobras. "As pendências estão sendo negociadas diretamente entre a estatal e as empresas, e em breve a questão deverá estar solucionada", diz Antonio Müller, presidente da entidade.

A Petrobras tem demorado até dois meses em alguns casos para aprovar a documentação que permite que os fornecedores possam fazer o desconto das receitas com os fundos de recebíveis ou com as instituições financeiras.

A Petrobras tem sido mais rigorosa na revisão de contratos, não aceitando aditivos de custos, prática comum antes nessas operações em que os prestadores de serviços acabavam oferecendo um orçamento abaixo do valor de mercado para ganhar a licitação.

Como muitos fornecedores dependem da liberação de novos pagamentos para concluir as encomendadas que já deveriam estar financiadas, isso tem trazido dificuldade financeira para algumas companhias, que chegaram a entrar com pedido de recuperação judicial, como a Mana Engenharia e a GDK, que atua na montagem industrial e instalação de plantas de produção na área de petróleo e gás. Houve até mesmo uma decretação de falência, da Tenace Engenharia e Consultoria, que atuava na montagem e manutenção de refinarias e plataformas de petróleo.

Diante desse cenário, alguns gestores têm enfrentado dificuldade em encontrar fornecedores com boa qualidade de crédito. É o caso do fundo gerido pela Petra Capital, o Red FIDC Fornecedores, que estava com 65% do patrimônio em caixa, que somava R$ 56,822 milhões. Por ser mais conservador nas concessões, o fundo não apresentou aumento da inadimplência. A Petra tem se concentrado em operações de curto prazo voltadas para capital de giro, em média de sete meses, e trabalhado com tíquete médio menor, em torno de R$ 2 milhões. "Temos uma carteira bastante pulverizada, com concentração máxima de 5% do patrimônio por fornecedor", diz Fernando Fontes, diretor da Petra.

O fundo só não foi liquidado antecipadamente, como aconteceu com o FIDC Fornecedores BR 2 da BI Invest, porque o cotista subordinado nesse caso, que está arcando o custo da aplicação em títulos de renda fixa que rendem menos que os recebíveis, não é a Petrobras, mas sim o consultor do portfólio que é a Redfactor Factoring e Fomento Mercantil.

Fontes diz que o mercado ainda deve levar um tempo para se adaptar ao novo modelo de gestão de contratos da estatal. "Vai haver maior demanda de operações com perfil mais adequado." A estatal já lançou nove FIDCs dedicados a fornecedores, que desembolsaram, até novembro, R$ 511 milhões.

Fonte: Valor Econômico/Silvia Rosa | De São Paulo

Riqueza no lixo



31/1/2013 - 11h25

por Luciene de Assis, do MMA

Resíduos sólidos não aproveitados dão prejuízo de R$ 10 bilhões anuais ao país
O Brasil joga no lixo, a cada ano, cerca de R$ 10 bilhões por falta de reciclagem e destinação adequada de resíduos sólidos, e de uma política de logística reversa que gerencie o retorno de embalagens e outros materiais descartados de volta à indústria. É esta realidade que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) pretende transformar com a implantação, em todo o país, da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), tema de oficina realizada no início da tarde desta quinta-feira, 30, último dia do II Encontro Nacional de Prefeitos e Prefeitas, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

Dentro da PNRS, a meta do governo federal é eliminar os lixões de todos os municípios brasileiros até o final de 2014, explicou o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU) do MMA, Pedro Wilson Guimarães. Os governos estaduais e municipais deverão providenciar a substituição dos lixões por aterros sanitários, pois, a partir de 2014, a liberação de recursos da União estará condicionada à existência de planos estaduais e municipais de gestão de resíduos sólidos e de saneamento básico. De acordo com anúncio feito pela presidenta Dilma Rousseff, na segunda-feira, durante a abertura do encontro, os prefeitos terão, em 2013, R$ 35.5 bilhões para investir em obras de saneamento, pavimentação e mobilidade urbana selecionadas no final de 2012.

Desperdício

"Os lixões são um problema sério que precisa ser enfrentado por todos os gestores”, disse o analista de Infraestrutura da SRHU, Eduardo Rocha Dias Santos. Ele afirmou que os prejuízos são enormes para o meio ambiente, com queda na qualidade de vida, no bem estar e na saúde pública, além de gerar desperdícios econômicos e impactos sociais significativos. A proposta é não gerar resíduos sólidos, mas reduzir, reutilizar e reciclar, tratando e dando destinação adequada.

Santos salientou que apenas a Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, não é suficiente para implantar o que se deseja. “Mas já é um começo”, admitiu. A lei define o compartilhamento de responsabilidades entre as três esferas de governo, o planejamento de ações de gestão e a implantação de infraestrutura adequada, priorizando-se a educação ambiental e a cobrança pela prestação desse serviço público com o objetivo de dar sustentação financeira à PNRS.

* Publicado originalmente no site Ministério do Meio Ambiente.